Uma Segunda Chance escrita por KelBumBi


Capítulo 11
Operação Babá


Notas iniciais do capítulo

Obrigada meninas, e Jan, pelos lindos reviews. Adorei mesmo!!
Bom, espero que gostem do cap. enorrrme, vou entender se der preguiça de ler, rsrs.
O próximo tarei postando no sábado. E acho que os dias em que postarei regulamente as minhas duas fic´s serão esses (quarta e sábado.
Enfim, boa leitura,



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Julieta me aguardava na sala, resistente. Sua cara era de poucos amigos, e mesmo eu tentando um sorriso tímido ela continuou restiva. Quando retribuiu o meu sorriso, o fez ríspido.

–Queira me acompanhar, Srta. Puckett. Iniciaremos com a apresentação dos cômodos, depois lhe apresentarei os encarregados do serviço doméstico- disse.

Ela virou de costas, as mãos presas atrás, ereta. A pose era rigorosa e autoritária. Ela era pior que a senhora Brigg’s, minha vontade era de chuta-la na bunda, mas me contive e apenas a acompanhei pelo apartamento no mais absoluto silencio. Não que eu almejava ser a melhor amiga dela, nem nada disso, mas não precisávamos desse tratamento esquivo, podíamos ao menos nos esforçar para um sorriso de vez em quando.

O tour começou pela sala de jantar, seguindo pela sala de estar, cozinha, quarto de hospedes, escritório, mais um quarto de hospedes, biblioteca, e finalmente o quarto do Sean. Agradeci que Freddie não ficou para me ver maravilhada pelo seu apartamento, que era incrivelmente deslumbrante. Depois, Julieta chamou toda a criadagem, que eram uma cozinheira e duas camareiras, e nos apresentou na mesma sala que Freddie havia me apresentado ela, horas atrás. Nem preciso informar que não decorei o nome de nenhuma delas. As criadas me vigiavam desconfiadas, o que me irritou bastante. Estava prestes a perguntar o que tinha de errado quando Julieta me entregou um pequeno livreto.

–O que é isso?- perguntei confusa, sem folhear. Apenas peguei e questionei.

–É só abrir e ler que vai ter conhecimento do que se trata- ela me respondeu, continuando arisca.

O que eu tinha feito para essa velha, hein?

Abri na primeira pagina relutante, o que vi foram horários.

–Parecem ser regras... - arrisquei indecisa.

–Esse é o temário das atividades e horários do Sean. Você tem a obrigação de se certificar que Sean cumpra todos os compromissos, sem atrasos.

–Mas... – balbuciei legível, passando os olhos novamente pelos horários- Aula avançada de religião? Quem precisa vê isso?!- protestei displicente, tendo nítida noção do quão limitado era o lazer do Sean, eram aulas de francês, espanhol, português, inglês e italiano. Matérias avançadas de matemática, estudos sociais, ciências e até religião, porém, sem horário para brincar- Isso ocupa toda à tarde do menino.

– Freddie não passa muito tempo em casa, e Sean precisa se ocupar. O que melhor do que com algo que lhe dará retorno no futuro?!

–Um porquinho de porcelana é algo que lhe dará retorno, ou objetos raros, e não um monte de atividades avançadas. Sean não precisa se ocupar para sentir a falta do pai, não é assim que ocorre- respondi rispidamente, levantando o temário para ela enxergar.

–Quem a senhorita pensa que é para julgar o que é ou não melhor para Sean, e questionar minhas decisões? Apenas obedeça- ela respondeu no mesmo tom que o meu.

–Eu vou ligar para o Freddie.

–Fique a vontade para fazer o que bem quiser. Mas, você acha que Freddie apoiará você, a nova babá do Sean, ou a mim, a avó do seu filho- ela disse desafiadoramente. Petrifiquei com a mão no bolso da calça empunhada no celular, surpresa com a declaração dela. Olhei para Julieta, estática, o queixo caído. Ela, por sua vez, estava satisfeita com o efeito que causou em mim rindo categórica, esperando me atingir com a aquela atitude. Era uma provocação.

–Eu não me importo- respondi fraca, deslizando na minha convicção.

–Isso é uma ameaça?- ela comprimiu os olhos, irritando-se.

–Ah, não. Eu não ameaço, eu ajo. Ameaçar é para os covardes.

–O que quer dizer com isso?- ela indagou, sem toda aquela confiança de antes.

–O que quiser entender.

Nem eu bem sabia o queria dizer, mas eu precisava espanta-la de algum modo, ela precisava baixar um pouco a bola. Dei minhas costas, me retirando para a minha primeira tarefa. Ela me difamou com uma língua que não distingui, então deduzi que ela falava mal de mim em português brasileiro, mas não voltei para satisfações, tinha que ir buscar Sean na aula de francês, ou esse era meu pretexto para não voltar lá e acabar com a mulher.

Todo meu corpo tremia de ódio, fechei os punhos fortes depositando um pouco da minha raiva. O sangue prendeu e logo minha palma e meus dedos estavam esbranquiçados com a ausência da circulação sanguínea. Como Freddie pode ter deixado de me avisar que morava com a sogra, e que ela era a governanta! Era o que esbravejava mentalmente. Por que ele tinha feito isso? Era essa a vingança dele para me humilhar por todos os anos em que o humilhei? Ser obrigada a obedecer à mãe da mulher que o roubou de mim? Era isso mesmo que ele queria? Por que eu não ia cair nessa de que ele esqueceu. Ah, mas isso eu não perdoaria mesmo.

Saquei meu celular do bolso e procurei pelo numero dele, só quando lembrei que ainda não tinha o novo numero dele é que disquei o da Carly.

–Você não acredita no que Freddie fez comigo- disparei cheia de rancor, sem dar tempo de Carly saudar com um “Alô”. Ela bufou impaciente no outro lado da linha, deixando exposta sua insatisfação com o rumo da nossa ligação.

–Não acredito que já brigaram?! De novo, Sam!- reprendeu ela, pronta para o sermão. Eu não esperei cortando-a irritada.

– Aquele Nerd metido a “galo” não me contou que Julieta é sua sogra!

–Ah, isso... Ela é legal Sam.

–Como? Você já sabia? Eu não acredito que não me contou! Pelo visto estou arrodeada num ninho de cobras. Achava que éramos amigas! A velha me odeia!

–Ela não te odeia Sam- respondeu Carly, com aquele jeitinho doce e inocente dela. Argh’ como isso me irritava.

–Odeia sim! Diz isso por que não viu como foi, até um iceberg é menos frio que ela!

–Tenho certeza que você deve ter procurado.

–Carly!

–Olha, só espera, ok?! Freddie teve seus motivos para não contar nada.

–Tô sabendo- respondi sarcástica, Carly entendeu o que insinuava.

–Não apronta nada. E vê se fica calma, à noite vou à sua casa e nos conversamos melhor. Por favor, Sam, não vá arranjar encrenca e não brigue com o Freddie. Na sua casa eu te explico tudo, eu prometo!- fiquei em silencio- Por favor, por mim!- Carly implorou chorosa. Revirei os olhos e cedi de má vontade.

–Okayyy!

–Tá, obrigada. A que horas que vai encerrar o expediente?

–As 20hr.

–Eu vou estar te esperando então. Beijo.

–Beijo.

Carly encerrou a ligação, esperei um pouco antes de fechar o meu celular e colocar de volta no bolso da calça. Falar com a Carly serenou meus ânimos. Esperava ansiosamente para essa nossa conversa, Carly me explicaria direitinho. Talvez fosse melhor assim, se eu falasse com Freddie era certo que brigaríamos, e agora que estávamos nos dando tão bem não queria retroceder para aquele sofrimento.

Suspirei alto, e sai pela porta.


Meu primeiro dia como babá recordou meu primeiro dia como recreatista, errava muitas vezes no desejo de querer acertar. Na minha primeira busca do Sean, na aula de francês, atrasei meia hora. Ele me esperava quieto, em um banco no canto da parede, balançando as pernas para se distrair.

–Sean... – chamei, com remorso por tê-lo feito esperar tanto.

Um sorriso grande e largo se fez no rosto dele

–Tia Sam!- ele correu até a mim, apanhando minha mão na sua, animado.

–Desculpe o atraso, eu me perdi. Nossa, que essa escola é bem maior que a da Sra. Cullen.

–Não é uma escola, é um museu- corrigiu-me ele.

–E você tem aulas de francês em um museu?- ele me deu de ombros- Cada louco com sua loucura- conclui. Sean riu.

O nosso caminho foi curto. Poderíamos ter ido e voltado de carro, mas de acordo com o temário, Sean precisava desse tempo para praticar algum exercício físico.

–Obrigado pelo algodão doce- ele agradeceu, devorando o doce rosa que eu comprei, após ver grande cobiça nos olhos dele. Como eu, com meus queridos bolos gordos.

Atravessávamos um parque que ficava próximo do prédio onde ele morava.

–Não foi nada. Quem em sã consciência proíbe o filho de comer doce? Ei, vai ser nosso segredo, hein? Não conta nada para seu pai.

–Se você me prometer comprar sempre- ele chantageou.

–Vou pensar pirralho. Come rápido que estamos quase chegando... - disse, pegando um pedaço para ajuda-lo a terminar. Ele parecia absorto no doce, quando perguntei curiosa- Sean, você não sente falta da escola?- ele me olhou de canto, confuso- Quero dizer, ter amigos, menos aulas avançadas... Essas coisas...

Sean pensou antes de responder, e meio indeciso respondeu:

–Eu sempre estudei em casa. Papai tentou algo diferente me matriculando numa escola normal, mas... – ele estremeceu- Não deu muito certo... E bem, eu tenho contato com outros garotos nas aulas estrangeiras.

–Tá, mas você gosta?

Sean não me respondeu.

Sean me ajudava a concertar alguns erros, como quando era sua aula de caneca de cerâmica e eu o levei para a de natação, ou quando eu troquei os cardápios vegetarianos do seu lanche. Ele era compreensivo até com meus atrasos. O tempo juntos era muito pouco, na maioria das vezes eu ficava organizando seu quarto ou adiantando a próxima tarefa, enquanto ele estava praticando alguma das atividades. Não precisou muito para perceber que a velha fiscalizava a cada passo que eu dava. Ela nem tentava disfarçar, mas como havia prometido a Carly, me controlei.

As 18hr, Sean fez sua ultima atividade do dia. E as 18:30hr servi seu jantar. Nas 19:30hr ele estava na cama, preparado para se deitar. Eu estava com ele no quarto, observando ele ler um livro antes de dormir.

–Sean, você não gosta de histórias infantis? – perguntei curiosa. Seu livro era sobre Astrologia.

–Não... – respondeu ele, vidrado no livro.

–Não gostaria que eu lesse para você? Eu fazia isso na creche.

Ele analisou a proposta e concordou com um aceno, entregando o livro pra mim. Tomei o livro e lia, enquanto os olhos de Sean tornavam-se mais pesados.

–Ligia, a que horas Freddie chega?- perguntei a uma das camareiras, depois que Sean dormiu.

Ela preparava a mesa do jantar, aparelhando impecavelmente os talheres. Eu nunca entendi o porquê desses ricaços ter mania de tantos talheres na mesa, minhas mãos e boca era o suficiente para devorar uma boa comida, não precisava de uma colher para a sopa e a outra pra sei lá o que.

–O Sr. Benson sempre volta as 19hr. Como nos últimos dias não foi a empresa, e o ofício na empresa acumulou, a Sra. Rodrigues pediu que eu servisse a mesa as 19:45hr.

–Então, o Freddie volta pelas 20hr?

–Ele acabou de me avisar que chegará mais tarde. E pediu que eu providenciasse um taxi para te levar até em casa- respondeu Julieta, aparecendo na sala de jantar. Olhei com desprezo e sai.

Esperaria o taxi fora do prédio.


Carly me esperava do lado de fora, com uma sacola de compras.

–Hey!- cumprimentei, destravando a porta.

Carly arrepiou com a ventania e reclamou:

–Rápido Sam. Estou congelando aqui.

–O que tem na sacola?

–Presunto.

–Presunto- repeti, animada. Já sentia o delicioso gosto na minha boca, no entanto, eu sabia o que Carly estava pretendendo fazer- Está querendo me deixar de bom humor, Shay?

–Tá funcionando?- ela debochou.

–O assunto é sério assim?- questionei insegura.

–Bom, levando-se pelo telefonema... Resolvi me precaver- ela respondeu despreocupada, percebendo que estava bem mais calma que pela manhã.

Carly entrou e se acomodou no sofá, esperando que eu tirasse o casaco e sentasse ao seu lado. Após eu jogar o casaco no canto do sofá ela começou a falar, destinada a me persuadir da sua defesa.

–Sam, o Freddie não te contou nada porque ele sabia que se você ficasse sabendo iria desistir do emprego. Ele ia te contar, mas... Julieta passava um período no Brasil.. E quando ela ficou sabendo do “quase” acidente com o Sean e ele, voltou às pressas. E quando ela chegou em Seattle, vocês já tinham fechado acordo. Ela pegou Freddie de surpresa, ele não esperava que ela voltasse.

–E o que tem isso?- perguntei, sacudindo os ombros, indiferente. Não entendia como isso me convenceria de alguma justificativa para a atitude dele. Ou dela.

–Você não entendeu- disse Carly, simbólica- Sean nunca teve babás. Ela quem era a encarregada de cuidar dele, desde o falecimento da filha.

Ergui as sobrancelhas, surpresa. Carly me encarava suplicante.

–Mas... Por quê?

–Freddie sentiu-se responsável pela morte da Maria, e Julieta havia perdido o marido pouco tempo antes da filha, então ele se tornou praticamente a única família dela. Ela começou há passar uns dias com eles, em Nova York. Dias tornaram-se semanas, semanas tornaram-se meses, meses tornaram-se anos, e logo ela estava cuidando da alimentação e estudos do Sean. Freddie fechou-se para o mundo, preso no trabalho, sem contestar as escolhas dela. O único que ainda consegue alguma uma atenção dele é o filho... E, você- ela pausou achando que eu interferiria, mas continuei calada. Punida demais com sua ultima revelação para falar- Freddie teve que bater o pé para ela aceitar o fato de que você era a nova babá do Sean.

Agora eu estava pasma. O silencio desconfortável se abateu entre nós duas, e eu aproveitei o momento para digerir as informações. Eu não sabia. Nem cogitei a hipótese do Freddie enfrentar a sogra por mim, não é pra menos que ela era rude. E agora, mais que nunca, me arrependia por tê-lo julgado mal, achando que ele queria me humilhar. Contudo, se Freddie acolheu e acatou a sogra, foi porque se sentia culpado. E, por isso, ele também me ajudava.

–Então, Freddie sente-se culpado comigo como com sua esposa- deduzi, com o coração partindo-se. Cerquei meu peito, onde havia se apartado uma dor aguda.

–Não, Sam! Nem pense assim. Por que você sempre distorce tudo?! O Freddie tem seus motivos para te ajudar, além da culpa- Carly terminou irônica.

–Quais? Diga-me Carly, quais os motivos que ele tem que você sabe e eu não?

–Isso é com vocês. Estou cansada de ter que ficar me metendo no relacionamento dos dois. Está mais que na hora de vocês se resolverem, sozinhos... Eu... Eu não sou pombo-correio!- gritou ela severamente. Cruzando os braços abaixo dos seios.

Mais um dos ataques histéricos dela.

–Ei, calma, Shay. Por que não vamos preparar algo com seu presunto, hum? Que você acha?

–Por mim, tudo bem.

Eu preparava a torta de presunto, enquanto Carly preparava uma limonada para jantarmos. Ainda considerava o que Carly tinha me contado, e uma coisa não se encaixava na minha cabeça. Era uma duvida cruel, dessas que você sabe que não terá uma boa noite de sono se ela não for resolvida. E eu odiava ficar na duvida, como odiava surpresas e a palavra calcinha, então decidi que não era o fim do mundo tirar a limpa com Carly. Hesitei, antes de ter coragem para levantar o assunto que me corroía.

–Carly, por que o Freddie se sente responsável pela morte da esposa?

Carly deixou o pote de açúcar cair ao lado da pia, atordoada. Ela aparentava ficar deprimida com o assunto, e me questionei se Carly teria deixado esse assunto de lado propositalmente. Ela apoiou as mãos na pia e girou, sustentando-se nela para manter contato visual.

–Ah, Sam, ela morreu em um acidente de carro. Freddie quem dirigia.




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Notas finais do capítulo

Então???
Bem, sempre gosto de comentar coisas aleatórias aqui, como devem ter percebido. E ontem, no face, foi quando fiquei sabendo a traição da Kris com o Rob. Fala sério, a guria é louca ou o quê? É do Rob que estamos falando, sinceramente fiquei decepcionada com a Kristen, e apesar de não entender esse 'amor' que ela diz que sente por ele, torço para que de tudo certo para os dois.
Pra mim, quem ama mesmo não traí! É minha opinião.