A Bella E A Fera escrita por Ruan


Capítulo 59
2ª Fase: Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

# ANUNCIO DESDE AGORA, ISSO AQUI É UM PLANTÃO ABEAF!

— Galera, tudo bem? Não deixem de ler as notas finais, e boa leitura!



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Atravessei o pátio da minha suposta casa.

De certo modo, algumas formas me pareciam familiar, desde as molduras que revestiam as janelas até as telhas. Enquanto meus pés descalços estavam em contato com o gramado molhado, tentei me concentrar em cada detalhe, como se um milagre fosse acontecer e com um baque, minha memória voltasse.

A casa, ou melhor, a minha casa, ocupava um grande espaço no meio do gramado cercado de coqueiros cujos galhos balançavam-se em sintonia com o vento forte e frio. Havia dois andares, ambos pintados de branco com contrastes em tons de marrons muito elegantes, isso levando em consideração as janelas quadradas com películas pretas das quais ofereciam uma grande privacidade para os moradores. As telhas cinza fundiam-se com a escuridão da noite. Por alguns milésimos de segundos, uma luz invadiu todo o espaço ao meu redor, iluminando a residência e, por conseguinte, ouvi o estrondo de um raio caindo muito perto. Antes que eu piscasse, consegui identificar um amontoado de pássaros que estavam no telhado, levantarem vôo apressados por culpa do barulho.

Pássaros não deviam estar em um lugar seguro durante a tempestade? Perguntei-me, enquanto tirava algumas mechas dos meus cabelos da frente do meu rosto. Por um momento, me arrependi de ter dispensado a companhia do garoto que estava me acompanhando desde a delegacia.

Por fim, caminhei em direção a porta, enquanto os meus olhos tentavam se distrair com o tom de branco tingido na madeira. Em seguida, estendi minha mão para a maçaneta.

Fiquei pronta para dar de cara com a minha nova vida. Recentemente esquecida. Controlei o desconforto que senti na boca do estômago.

Concentre-se. Você pode lidar com isso como uma pessoa racional.

Inesperadamente, a porta se abriu com um solavanco e uma mulher praticamente se materializou diante dos meus olhos.

Ela era muito bonita. Tinha uma estatura baixa e os cabelos negros lisos contornavam as maças do seu rosto, cuja a pele branca atribuía um contraste genuíno diante dos olhos castanhos contornados de delineador. Os lábios encontravam-se em uma linha reta, revelando uma quantidade um tanto absurda de batom vermelho. A mulher trajava um terninho social preto e logo tive que reprimir a angústia que senti ao imaginar meus pés calçando aquelas botas de cano alto.

O cabelo era curto e aquele corte lhe dava um ar jovial.

– Regina. – Seu nome escapou dos meus lábios instantaneamente. E então, foi como se minha mente tivesse liberado um amontoado de informações que estavam reprimidas em uma parte obscura do meu cérebro.

Regina era a minha mãe. Desde pequena, meus pais são separados e ela, além de minha irmã, é tudo o que tenho e é tudo o que importa. Não gosto do meu pai. Não sei porque não gosto dele.

Voltando para a realidade, sustentei o olhar de Regina. Meu coração disparou dentro do peito, enquanto o sentimento de “eu estou encrencada”, causava-me paralisação.

– Você vai correr para o seu quarto e ficará de castigo pelo resto da semana. Lembre-se que só irá sair para ir ao colégio, e para a sua entrevista de emprego amanhã. – Ela me olhou de cima a baixo, enquanto o nariz enrugava-se, provavelmente pelo motivo de eu estar fedida. – E vai arranjar um jeito de lavar esse vestido.

De repente, um misto de emoção atravessou o meu peito e foi como se eu jamais pudesse segurá-los por tempo suficiente para decifrá-los. Senti-me brava por ela estar me tratando como uma criança. Triste por ter que encarar aquele olhar de reprovação, sabendo que a magoei. E, nossa, aquilo só poderia ser saudades, pois tive vontade de abraçá-la.

E foi exatamente o que fiz.

Por um segundo, o mundo parou. Uma parte de mim, ou melhor, todo o meu corpo, vibrou de pura felicidade e segurança. Não consegui distinguir o momento em palavras. No entanto, tive a sensação de que eu não sentia aquilo há muito tempo, como se algo ficasse reprimido dentro do seu peito por uma eternidade. Questionei-me, por um segundo, por quanto tempo eu havia ficado apagada.

Não quis que aquilo acabasse. Nunca.

– Desculpa. – Foi tudo o que consegui dizer.

Lentamente, Regina retribuiu o gesto, passando os braços ao meu redor enquanto afundava minha cabeça em seu peito. O calor familiar fez minha pele se arrepiar de tamanha emoção. Me senti uma criança novamente.

– Nunca mais fuja de casa desse jeito. – Ela suspirou. – Nunca mais faça isso de nenhum jeito.

Tentei recordar dos motivos que me levaram a fugir de casa e instantaneamente, fui recebida com uma pontada na cabeça que fez com que uma lágrima caísse do meu olho. Droga.

Após o término do abraço, Regina me colocou para dentro da casa e me fez atravessar um longo corredor, e em seguida, subimos por um lance de escadas. Tudo ao meu redor estava escuro e por essa razão, não consegui vislumbrar os móveis da casa, embora a curiosidade fosse grande. Afinal, aquele era o meu lar. A última palavra me fez sentir ávida. Lar.

Acompanhei os passos de Regina, até que paramos em uma porta a qual estava emoldurada por uma placa redonda e vermelha, onde lia-se em negrito: “STOP”. Mordi os lábios, uma vez que tive a intuição de que aquele era o meu quarto.

Poxa, havia alguma adolescente rebelde na casa. No caso, a minha própria pessoa.

– Tome o seu banho e vá dormir, você terá um dia cheio amanhã. – Ao dizer tais palavras, Regina beijou o alto de minha cabeça e me deu as costas, descendo pela escada.

Em seguida, estendi o meu braço em direção da maçaneta e a girei sorrateiramente, enquanto que a porta abria-se aos poucos. Em um ato puramente involuntário, liguei a luz do quarto, cuja tomada estava posicionada em meu lado direito. Novamente, fiquei surpreendida com um daqueles momentos que eu sabia como agir.

Varri o quarto com os olhos, me deparando com uma cama imensa e vários espelhos de todos os tipos espalhados ao redor do cômodo. Havia um banheiro por perto, um guarda roupa que tomava uma parede inteira e mais para frente, uma varanda, cujo acesso estava fechado por uma porta de vidro.

Minha cabeça começou a doer quando tentei identificar os objetos ao meu redor. Por isso, desliguei a luz rapidamente e corri para o banheiro. Lá, tomei um banho quente por vários minutos, esfregando-me com sabonete o máximo que consegui até que eu não sentisse mais a terra em minha pele e nos meus cabelos. Em seguida, me sequei com a toalha, enrolando-me nela. Vá dormir, amanhã será um novo dia. Pensei várias vezes, tentando controlar o misto de ansiedade e medo instalado em meus nervos.

Ao caminhar pelo quarto, encontrei em cima da cama uma camisola branca. Fiz questão de vesti-la o mais rápido que pude, jogando a toalha molhada no chão mesmo. Deitei-me no colchão, enrolando-me nas cobertas.

No silêncio da noite, esperei o sono chegar. Lembrei que Regina me disse algo sobre ir para a escola e ter uma entrevista de emprego no dia seguinte.

Mordi os lábios, esperando que os efeitos de qualquer droga que eu havia ingerido cessasse, para assim, minha memória voltar. Era como se todas as minhas recordações tivessem escapados de meus dedos, sendo impossível recuperá-las.

Por fim, peguei no sono em alguns minutos.

Em meus sonhos, fui preenchida com a imagem de uma lápide aonde o sobrenome de uma pessoa o emoldurava: Swan. Por diversas vezes, rosas negras caíam do céu, preenchendo o cemitério inteiro durante a lua cheia. E gritos. Havia gritos por todos os lados. Corvos caiam mortos no gramado, sendo perfurados pelos espinhos das rosas.

Até que tudo acabava. E tudo o que restava eram corvos mortos e rosas negras pelo cemitério inteiro.

Quando acordei pela manhã, ainda meio sonolenta, percebi que minhas mãos estavam grudentas. Em estado de alerta, sentei-me na cama e estendi meus dedos para o meu campo de visão.

Deparei-me com as minhas mãos sujas por uma substancia vermelha e grossa. Ao olhar para baixo, percebi um batom caído entre as cobertas. Fiquei assustada imediatamente e quando percebi, eu estava tremendo de cima a baixo.

E então levantei meus olhos.

Em todos os espelhos do quarto, estava desenhado em vermelhos diversas formas, das quais não consegui identificar. Em alguns pontos, a parede estava manchada, como se alguém tivesse a rabiscado de propósito.

Alguém.

Eu havia desenhado tudo aquilo.

E o pior?

Eu não lembrava de nada.


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Notas finais do capítulo

# PLANTÃO ABEAF! Isso ai mesmo que vocês leram, isso é um plantão. Ou seja, por três dias, irei postar capítulos da história para vocês. E para agradecer, o que as leitoras mais fodas desses planeta devem fazer? Isso mesmo, COMENTAR!
Falando sério galera, percebi que tem MUITA GENTE lendo, mas não estão deixando comentários. Como assim? Pessoal, me deixem por dentro das suas opiniões a respeito da fanfic, sendo que ao comentarem, é como se vocês estivessem valorizando o meu trabalho. Conto com vocês.
Eai, estão gostando? Espero que sim!
Até amanhã e não esqueçam de comentar, certinho?
VALEU TURMA!
— R.