A Bella E A Fera escrita por Ruan


Capítulo 47
2ª Fase: Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

# Vocês devem estar se perguntando... CADÊ VOCÊ RUAN?????!!!!!!!!!!!
Explicações no final.

# Boa Leitura, como sempre. E uma boa surpresa!



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Rosalie Cullen

Ser a única humana no meio de toda confusão não era nada legal.

Alice era um tipo de fada madrinha que aparentava estar o tempo todo treinando para uma apresentação de balé. Bella estava mais para uma heroína vingadora com poderes do mal do que qualquer outra coisa. E Emmett tinha aqueles músculos incríveis, que dava facilmente para confundi-lo com o Hulk. A diferença era que ele não era verde. E nem tão feio. Na verdade, ele não era nem um pouco feio.

Para algumas pessoas até poderia ser incrível vivenciar toda aquela aventura. Mas não na minha humilde opinião. Quer dizer, eu era uma espécie de galinha que estava pronta para o abate. Bastava alguém ter coragem o suficiente para ir lá e torcer meu lindo pescoçinho. Maldição.

Não era fácil ter que fazer uma dieta, já que estávamos nos locomovendo toda hora. Meu estoque de maquiagem estava no fim. E caso eu fosse até Bella e perguntasse se poderíamos dar uma passada em uma loja de conveniência para pegar alguns produtos de beleza, ela seria capaz de dar um de seus surtos e partir para cima de mim, com o intuito de dar umas boas porradas. E eu não queria virar panqueca.

Se bem que eu tinha algo ao meu favor: Edward. Meu irmão.

Ele estava... Como é que Alice falava mesmo? Ah, é mesmo. Uma Fera. Literalmente. Mais cruel do que o próprio Lúcifer. E querendo ou não, ele precisava de motivos o suficiente para voltar a ter um pouco de humanidade em si. Alice afirmava que o beijo do amor verdadeiro era a solução. Tomara. Eu já estava até guardando um gloss para emprestar para Bella na hora H.

Eu estava em um dos "quartos" da cabana. Com o repelente em mãos. Eu espirrava o líquido em minhas pernas e braços, espalhando-o com as mãos pela região logo em seguida. Se tinha algo mais indesejável do que bater o dedinho do pé em uma mobília, era ficar toda picada pelos mosquitos. Argh. Malditos sugadores de sangue.

Um lindo vestido cinza estava esparramado naquilo que costumavam chamar de cama por ali. Afinal, eu tinha uma festa para ir de noite. Confesso que eu estava um pouco nervosa, fazendo com que meu estômago embrulhasse. Eu não estava pronta para encontrar Edward novamente daquele jeito. Era horrível. E se tinha algo que fazia a sem graça da Bella ganhar alguns pontos comigo, era o fato de ter feito meu irmão feliz nos últimos meses.

A porta rangeu de repente. Parei o que eu estava fazendo e olhei na direção do barulho, deparando-me com Alice escorada na porta.

– Rose, hoje de noite você não vai ir à festa. - Ela anunciou.

Só podia ser brincadeira.

– O quê? - Indaguei. Joguei o repelente na cama.

– Bella acha melhor que você fique no bar em alerta para qualquer sinal de Jane. - Alice simplesmente disse e deu as costas, fechando a porta logo em seguida. O cômodo tremeu um pouco e um tanto de cupim caiu no assoalho.

E era exatamente naquelas horas que eu odiava o fato de ser a única humana ali sem nenhum poder super legal. Se eu ao menos tivesse algo ao meu favor que valorizasse minha opinião, as coisas seriam um pouco mais fáceis para o meu lado. Só que não. Eu era a maldita humana no meio de toda a loucura de magia.

Indefesa e vulnerável.

Eu até poderia dar uma de obediente e compreensiva. Porém, estava na hora de ser Rosalie Cullen. E ninguém opinava no que Rosalie Cullen poderia fazer ou não.

Determinada, pulei de cima da cama e saí pela porta, indo em direção do quarto de Bella. No caminho, observei a cadeira caída no chão de madeira e fiquei curiosa a respeito do pobre Cory. Será que havia ganhando sua tão desejada liberdade?

Bem, eu tinha minhas dúvidas.

Assim que cheguei ao cômodo que Bella estava hospedada, abri a porta com um solavanco. Eu estava pronta para questioná-la e meter bronca. Entretanto, parei no meio do gesto quando meus olhos caíram sobre ela. Ou melhor: Sobre sua imagem refletida no espelho.

Bella estava usando um vestido branco com renda preta. O tecido claro e liso que provavelmente era seda ajustava-se perfeitamente em seu corpo, fazendo a curva de dar inveja em sua cintura enquanto descia até os pés. Na parte de cima era um tipo de tomara que caia sem alças, enfeitado com algumas pedras brilhantes na frente, destacando seus peitos. Tinha uma fenda ao lado da perna, revelando um par de saltos altos prateados, que combinavam perfeitamente com os brincos longos e brilhantes. Eu tinha que admitir que Bella havia ganhado um corpão desde que adquiriu os poderes das rosas. Seu cabelo estava preso no alto da cabeça, com algumas mechas soltas. Seu rosto estava totalmente coberto por uma mascara preta, que deixava a mostra apenas seus olhos verdes, muito parecidos com um par de esmeraldas.

– Alice se superou nessa. - adivinhei. Aquilo só poderia ser obra de uma fada madrinha maníaca por moda.

Bella deu as costas para sua imagem no espelho.

– Pois é. - Ela concordou. E então pegou uma pequena bolsa retangular prateada que estava em cima da cama, abrindo-a em seguida. Por esguelha, vi que tinha uma arma lá dentro. Também percebi que Alice teve o cuidado de cobrir as costas de Bella, provavelmente com medo de que alguém a reconhecesse pela tatuagem.

Apoiei-me na parede e cruzei os braços.

Qualquer um era capaz de perceber a infelicidade de Bella. É sério, a garota já não era mais a mesma. Sempre que eu olhava para ela, via um quê de reflexão expostas em suas feições. Seus pensamentos vagavam para muito longe, cheios de preocupação e questionamentos. Sua magia já não era mais a mesma. Não que eu fosse uma especialista. Mas, qual é! A magia das rosas deveria ser usada SOMENTE para o bem, certo?

Eu queria dizer algumas coisas para Bella. Mas eu não era nenhuma especialista no assunto. E eu estava longe de seguir a carreira de psicóloga. Perder Jacob uma vez já fora doloroso o bastante. Mas eu tinha conseguido dar a volta por cima. Embora ainda tivesse sonhos com ele. E sentisse sua falta.

Bella fechou a bolsinha e a colocou por de baixo do braço.

– Tudo certo para hoje à noite? - perguntou, se olhando novamente no espelho para ver se estava tudo certo.

– Por que não posso ir com vocês? - soltei. Não me importei de demonstrar o tom de indignação em minha voz.

Bella suspirou.

– Você é humana e não posso cuidar de você, Rosalie.

De nova aquele papo patético de humana.

– Eu posso cuidar de mim mesma. - Empinei o nariz, tentando demonstrar toda a coragem e determinação possível. - Não sou nenhuma garotinha.

– Não foi isso que me mostrou agora pouco quando Cory quase te estrangulou.

– E o que você queria que eu fizesse? - retruquei.

– Nada. Você nunca faz nada, não é, Rose? - Ela não se importou em jogar na minha cara o quão inútil era minha existência por ali.

Naquele momento, pensei em dar uma de escandalosa e partir para a guerra verbal. No entanto, me limitei a pensar que um dia palavras cruéis já saíram de minha boca para atingí-la de propósito. Como na vez em que fui visita-lá na mansão depois do seu casamento. No mesmo dia que ela tomou a decisão de me fazer sua refém. Afinal, Jasper pensou que eu concordaria em ajudá-lo com seus planos, e resolveu abrir a boca em defesa de seus objetivos. Na época, hesitei. Menos Jacob. Que resolveu ajudar, uma vez que seus sentimentos não passavam da mais pura inveja de Edward.

E eu havia o perdido. E não no acidente, e sim muito antes. Quando botou os olhos em Bella.

Suspirei. E antes de dar as costas para ela, falei:

– Sabe, Edward não se apaixonou por essa Bella.

Não esperei para ver sua reação, muito menos desconsiderei a hipótese de que Bella poderia me puxar pelos ombros e me amassar contra a parede. Por incrível que pareça, ela não o fez. Confirmando que minhas palavras fizeram algum efeito.

Eu não era a única que estava sendo tratada como uma qualquer por Bella. Havia outra pessoa. Engoli em seco, esquecendo qualquer vestígio de orgulho que ainda me restava.

Rapidamente, fui em direção da pequena geladeira improvisada que havia no meio da suposta cozinha e ao chegar lá, abri a pequena porta de alumínio, agachando-me. Lá dentro, restava ainda um pacote de salgadinho e uma coca-cola diet.

– É o que temos para hoje. - murmurei para mim mesma. Talvez eu estivesse ficando meio louca mesmo.

Peguei o saco plástico e a coca-cola diet, colocando-os em baixo do braço. Levantei-me, com a coluna um pouco dolorida. Céus, talvez depois de todo aquele alvoroço, eu iria precisar de umas boas sessões de pilates. Decidida, caminhei para fora da cabana e fiquei satisfeita com o vento fresco que atingiu meu rosto. Alguns fios de cabelo taparam minha visão, o que não foi nem um pouco agradável. Seriam aquilo algumas pontas duplas? Ah, desgraça.

Tudo bem, naquele momento eu talvez não estivesse tão satisfeita assim.

Olhei ao redor. Se eu fosse uma heroína com poderes do mal atrás do meu marido e minha irmã (a única família que havia me restado) onde eu colocaria um maldito duende que tentou matar uma loira maravilhosa?

Confirmando todas as minhas suspeitas, Cory estava amarrado em uma arvore não muito longe dali. Feliz por eu não estar usando meu salto alto, e chateada que meus pés estavam em contato com o mato, caminhei em direção ao duende.

Assim que me viu, levantou a cabeça e esboçou um sorriso cansado. A lateral de sua cabeça estava manchada de sangue, e sua careca não reluzia mais tanto assim, dando indícios de alguns fios de cabelo grisalhos. Tive que caminhar cautelosamente para não cair e acabar quebrando algum osso. Seria uma droga.

Quando cheguei perto o suficiente, me agachei.

– Eu trouxe um lanchinho. – anunciei, com pena dele.

– Estou quase morrendo e a última coisa que vou comer é.... - Cory analisou o pacote por de baixo do meu braço. - Salgadinho sabor queijo? Eu nem gosto de queijo.

– Eu também não, Deus que me livre. - Concordei. - Queijo engorda que é uma beleza. Mas é isso que eu tenho, você quer ou não? - Segurei a latinha de coca-cola em uma das mãos enquanto a outra estava ocupada balançando o saco plástico.

Ele suspirou.

– Minhas mãos estão ocupadas, você vai me dar na boca? - esboçou um sorriso malicioso.

Droga. Eu não havia pensado naquilo.

– Ou é isso, ou você passa fome, não é? - Com certo receio de que talvez alguma unha minha pudesse quebrar, pousei a latinha no gramado e abri o pacote de salgadinho. Ignorei o cheiro desagradável. Cuidadosamente, peguei uma boa quantidade e fui colocando para dentro da boca de Cory, enquanto ele abria a boca feito uma criança.

– Por que está fazendo isso? - perguntou, ainda mastigando.

–Não devo ser bondosa só pelo fato de que você tentou me matar? - Ironizei. - Digamos que eu sei como você se sente. E como sou supostamente a única super humana daqui, tenho que praticar um pouco de caridade.

Joguei o saco já vazio de salgadinho no gramado e peguei a latinha, abrindo-a. Despejei o líquido para dentro da boca de Cory logo em seguida. Quando ele virou a cabeça em sinal de que estava satisfeito, me sentei na sua frente.

Ele me surpreendeu, soltando um arroto.

– Desculpa por aquilo. E por isso.

Sorriu um pouco tímido. Foi fofo da sua parte.

– Já estou acostumada.

Em silêncio, prestei atenção no som dos passarinhos ao longe. É claro que eu adorava muito mais o som de uma vendedora ao microfone anunciando uma mega liquidação. Mesmo assim, no calor do momento, foi tranquilizador.

Cory me surpreendeu novamente com suas seguintes palavras.

– Aquele cara gosta de você.

– Que cara? - me apressei em perguntar. No fundo, meu consciente sabia a resposta.

– O grandalhão que te pegou nos braços quando você foi libertada.

Mordi o lábio inferior, algo que eu fazia com costume quando ficava nervosa. Ele estava falando de Emmett. Meu primo.

– Deve ser coisa da sua cabeça. Nós somos parentes. - revirei os olhos.

– Eu reconheço quando vejo um casal. E vocês dois, são. Sabe, aposto que você não deve saber. Mas nós, duendes, temos o dom de ver as auras. São elas quem disse indicavam quem a pessoa realmente é. E a de você e a de Emmett simplesmente... Brilham quando estão juntas.

Eu já havia ouvido falar em auras. Era o tipo de luz que ficavam reluzindo ao redor de nosso corpo. Eu tinha que admitir que ficava muito contente quando Emmett falava comigo, e meus olhos ardiam de admiração quando nossos olhares se cruzavam. Ele era todo brincalhão e atlético, e eu amava esses tipos de cara. Nunca tínhamos nos encontrado pessoalmente depois de adultos, então...

Então o quê, Rose? Perguntei para mim mesma. Acha que pode simplesmente esquecer Jacob e ir correndo para os braços de um familiar? Já não acha que sua família tem problemas o suficiente?

– Esqueça. Isso nunca vai acontecer. - suspirei.

– Não se pode evitar o inevitável, Rosalie. Eu sei que vocês estão tentando chegar ao outro lado. Mas acho que te esqueceram de avisar uma coisa.

O outro lado. Vulgo o mundo encantado. Fadas, duendes, etc. Segundo Alice, Jasper estava indo para lá em busca de vingança. Do conselho. E Edward era sua arma secreta.

– Sobre o quê? - encarei seus olhos escuros.

– Nenhum humano pode chegar ao outro lado. Bem, não vivo.

Que merda.

Talvez Alice soubesse de algo, e não tinha contado para Bella. Ou ambas sabiam. Mas qual seria o sentido de Bella ter me salvado das garras de Cory horas atrás? Se fosse por isso, teria sido muito mais fácil se tivesse deixado que ele me matasse.

– Vamos dar um jeito nisso. - tentei soar o mais convincente possível. Porém, as palavras que saíram de minha boca pareceram estar desempenhando o papel de me convencer.

Inesperadamente, minha mente vagou em direção a memória que eu ainda guardava nitidamente: a conversa com Jasper.

Ele está sentado na minha frente.

– Então, Rosalie. - Jasper sorri. - Como está indo sua tarde?

Cruzo as pernas. Sinto que algo está errado.

– Boa. Eu tenho um compromisso daqui a pouco. O que é que você deseja falar comigo?

Jasper está vestindo um moletom preto, com um capuz caído ao lado do pescoço. Eu nunca o vejo com aqueles trajes, a não ser os de serviçal. O mais estranho é que suas mãos estão cobertas por luvas. Rapidamente, ele estende um envelope amarelo para mim.

– Preciso que você veja isso com os próprios olhos. - Ele diz.

Estendo a mão e pego o envelope. Assim que o abro, puxo o papel que está dentro do mesmo. E a medida que o conteúdo fica a mostra, mais chocada fico. É uma foto. Nela, Jacob e Bella estão na cozinha da mansão de Edward. Se fosse somente por isso, tudo estaria bem. Mas Jacob estava por cima dela, em uma posição totalmente comprometedora. Parece que estão... Se beijado?

– Que tipo de brincadeira é essa, Jasper? - vocifero.

– Não se preocupe, não é uma montagem. Quem me dera se eu fosse tão bom com isso. - Não olho para seu rosto. Minha atenção está totalmente voltada para a foto. - Mas é isso mesmo que está vendo, Rosalie. Parece que a noiva de seu irmão está... Bem, pulando a cerca. Mas não se preocupe, tenho alguns planos para nossa Bella. E você pode me ajudar.

Hesito. Bella não prece do tipo de pessoa que faz uma coisa dessas. Na hora, penso em dispensar Jasper e fazer uma ligação. Entretanto, sei que ela está com Edward no Alasca. Também não tenho como me comunicar com Jacob, já que ele mesmo me disse que está em viagem de trabalho.

Jogo a foto no colo de Jasper e me levanto furiosamente do sofá.

– Saia da minha casa. - fuzilo seus olhos.

Jasper está com a expressão mais relaxada possível. Lentamente, se levanta do sofá. Um sorriso está esboçado em seu rosto, indicando nada mais do que provocação. Não tenho reação. Não sei o que sinto no meio do turbilhão de sentimentos.

– Você vai lamentar. - É tudo que Jasper diz quando finalmente me dá as costas.

No outro dia, sei que vou receber a noticia de Jasper... De que Jacob está morto.

Quando saí de meus devaneios, senti que algumas lágrimas estavam caindo de meu rosto. Com movimentos desajeitados, passei as mãos pelas minhas bochechas.

– Está tudo bem? - Cory perguntou. Ah, ótimo. Ele deveria estar pensando naquele exato momento que eu era chorona.

– Nunca estive melhor. - dou a resposta digna de uma Cullen. Sabendo que mais lágrimas ameaçavam vir, levantei o mais rápido que consegui. Agachei-me e peguei a latinha de coca-cola diet. Procurei pela sacola plástica, mas não a encontrei. Provavelmente voou com o vento. Em seguida, comecei a andar.

Eu poderia ter chegado facilmente até a cabana. Poderia ter ficado ocupada em como eu arrumaria meu cabelo para a noite. Poderia também ter escolhido um salto alto de arrasar que estava guardado para uma ocasião especial. Ao invés disso, tropecei sem querer em um maldito graveto que estava perdido por ali.

A queda foi feia. Senti minha bunda amassar no monte de folhas e no solo duro. A latinha praticamente voou da minha mão. Praticamente implorei para alguma força divina que o líquido não caísse em cima da minha cabeça. Tentei me levantar, mas fui impedida com a dor alucinante que começou no meu joelho e se espalhou pelo resto da perna. Como não foi possível me aguentar, soltei um grito agonizante na hora.

Ouvi passos apressados em minha direção. Olhei para cima, esperando em encontrar Alice. Mas adivinha? Lá estava. Emmett.

Ele estava usando um terno com uma... Gravata borboleta? Ah, não. Aquilo era covardia. Desviei os olhos do tecido apertado ao redor dos músculos. Sabe, ele poderia facilmente ser confundido com um deus grego. Ainda mais com aquele cabelo escuro curto todo revirado.

– Rose, você está bem? - perguntou.

Mordi o lábio, reprimindo o gemido de dor.

– Eu pareço estar bem? - tive que soltar algo irônico. Por favor, como uma pessoa se contorcendo de dor no meio do mato poderia estar bem?

Sentei-me no gramado e coloquei as mãos por cima do joelho dolorido. Legal, lá estava eu bancando uma de pata fora da lagoa.

Emmett soltou um riso alto.

– Ah, cara. Você é demais. - antes que eu pudesse protestar, ele se agachou e me tomou nos braços.

– Emmett, o que você está fazendo? - questionei. Senti-me muito pequena com aqueles braços enormes me envolvendo.

Céus, aquele perfume era muito bom.

– Qual é, priminha. – O perfume se tornou desagradável instantaneamente. - Vamos te levar para a cama, para ver se a contusão não é muito grave.

Levar-me para a cama? Oferta tentadora. Para ver se a contusão não é muito grave? Provavelmente essa desculpa era muito usada pelos adolescentes. Mas naquele momento, sabia que Emmett estava fazendo somente o necessário... Eu adorava vê-lo com aquela expressão de preocupação, principalmente quando era comigo.

Não prestei muita atenção no caminho que atravessamos para chegar até meu quarto. Felizmente, Emmett não perguntou o porquê de eu estar lá fora. E por sorte, não se daria ao trabalho. Fiquei meio receosa em passar os braços em volta do seu pescoço. Porém, o fiz assim mesmo.

Quando percebi, ele já estava me deitando na cama. Muito cuidadosamente, pousou minha cabeça em cima do travesseiro. Logo, se sentou ao meu lado. Os dedos largos envolveram meu joelho. Sua pele em contato com a minha fez todo meu corpo se arrepiar.

– Está doendo muito? - perguntou com o olhar questionador.

Engoli em seco. Ótimo, ele me lembrou naquele instante o Dr. Sexy.

– N-Não.

Foi quando aconteceu.

Cory tinha me dito que minha aura e a de Emmett brilhavam quando estavam próximas uma da outra. E naquele momento, me pareceu mesmo. Mas foi muito mais forte, como se aquilo existisse mesmo. Por um momento, tudo pareceu possível.

Sua mão larga deslizou mais para cima de meu joelho, fazendo a volta em minha coxa. Olhei para Emmett, e me encolhi inteira quando encontrei seus olhos me admirando. Sim, era admiração.

– Você é linda. - Ele murmurou inesperadamente.

Então ele também sentia. Existia realmente algo entre nós. Sempre me senti satisfeita quando os homens me chamavam de linda. Mas com Emmett? Ah, eu me senti fantástica. Como se pudesse chegar à lua.

Algo se espalhou por meu corpo, além do arrepio que fez todos os meus pelos enrijecerem. Seus dedos estavam em volta de minha coxa, e me contorci inteira de prazer. Não importei em levar minha mão até seus braços, roçando as unhas pela sua pele, fazendo a volta naqueles músculos incríveis. Eu sabia que havia rumores de que Emmett era um mulherengo, só que comigo... Tinha que ser diferente. Nunca, nunca em toda minha vida um homem tinha me olhado daquele jeito. O que me levava a concluir que significava algo para ele. Tinha que significar.

Emmett abaixou a cabeça, fazendo com que nossos lábios ficassem na mesma altura. Seu hálito quente adentrou por minha boca. Acariciei todo o seu braço com minhas unhas, até que as direcionei para seu queixo quadrado, subi e finalmente pousei na sua bochecha. Levantei levemente minha cabeça, aproximando ainda mais minha boca da sua.

Sim, era isso. Misturado com algo a mais.

Sua mão subiu mais para cima, passando livremente por minha barriga até que chegou ao meu peito. Ele não se importou em envolvê-lo, enquanto o dedinho acariciava meu mamilo. Gemi.

Eu simplesmente necessitava de seu toque. Mas afinal, o que eu queria? Uma transa agradável? Ou alguém que me amasse?

A palavra pareceu ganhar vida em meu consciente, jogando um balde de água fria no fogo que havia se ascendido dentro de meu corpo. Balancei minha cabeça para os lados, deparando-me com os lábios famintos de Emmett. Assim como sua mão carinhosa em meu peito.

– Não. - Eu disse. O protesto saiu de meus lábios como uma avalanche. Surpreendendo a ele, afastei meu corpo do seu e afundei no colchão.

A expressão de choque estava moldada em seu belo rosto. Suas mãos caíram no colo.

– Rose?

– Não preciso de alguém que me queira somente pra isso, Emmett. Não vê? - Droga o que você está fazendo, Rosalie?– Eu não sou mais uma de suas... Parceiras de cama.

No fundo, eu tinha plena consciência de que eu não era nenhum tipo de garotinha assustada que precisava de cuidados e amor. Nenhuma mulher da minha idade era. Mas era isso, no fim das contas. Tudo o que uma mulher quer é alguém que a ame incondicionalmente, e não alguém que só a queira para aquelas coisas.

Emmett continuou em silêncio. Fiquei com pena dele.

– Desde que Jacob morreu, sinto falta de ser cuidada. - Todas as barreiras de autodefesa que eu mesma criei simplesmente caíram. - Desculpe, Emmett. Mas você gosta de outro tipo de garotas. E eu sou uma mulher. E nós somos primos. – Fiz questão de lembrá-lo.

Pensei que Emmett fosse me dar as costas e sair furioso dali. Mas ele esboçou um sorriso melancólico. Lentamente, levou sua mão ao alto de minha cabeça e pousou os lábios quentes em minha testa.

Aquele gesto fez meu coração amolecer completamente.

– Vou te provar que quero uma mulher, Rosalie. - Sussurrou. - Deixei de ser um garoto há muito tempo. - E acrescentou: - Podemos ser primos, mas tem algo muito maior me dizendo que você foi feita pra mim. E não vai ser uma droga mínima de parentesco que vai me fazer desistir de você.

E então ele se levantou e com um último olhar, saiu do quarto.

Fiquei por vários segundos amaldiçoando a mim mesma, sabendo que tinha perdido a oportunidade de ter uns bons amassos que me fariam esquecer sobre tudo por alguns segundos. Mas era isso. Estava na hora de Rosalie Cullen ter seu homem. E não um “ficante”. E nem um garoto. Um homem.

Não sei por quantos minutos eu tinha ficado pensando em Emmett, mas sabia que tinha sido o suficiente para adormecer.

Quando acordei, fiquei espantada. Eu provavelmente tinha perdido a hora de ir ao barzinho. Ótimo, eu era mesmo inútil. Como a própria Bella tinha dito. Meus olhos estavam um pouco embaraçados, e à medida que minha visão foi se acostumando com o ambiente, percebi que eu não estava sozinha.

Uma mulher estava sentada na ponta da cama. Era loura, com os cabelos enormes e levemente ondulados. Seus olhos eram de um castanho muito forte e ela tinha altura suficiente para ser uma modelo.

A reconheci imediatamente. Não havia mudado nada desde a última vez que tínhamos nos visto.

– Irina. - me afastei o mais rápido que pude, com minhas costas ficando doloridas de tanto que as pressionei contra a parede.

Eu estava encurralada.

– Rose. - Ela me fuzilou com o olhar. O tom cruel saiu de seus lábios. - Jasper me disse que você estava sendo o cãozinho da Bella, é verdade? - Soltou um riso cruel.

Jasper? Ah, merda. Ele sabia onde estávamos afinal. Mas como? E por que Irina estava ali? Eu poderia muito bem gritar, mas sabia que ninguém estava por ali. A não ser...

– Prefiro ser o cãozinho de guarda de Bella do que manipulada por um assassino. - contra-ataquei.

Eu precisava ser rápida o suficiente para pular da cama e correr para fora. Se eu tivesse sorte, Cory ainda estaria lá amarrado na árvore. E algo me dizia que ele não iria recusar quando eu pedisse por ajuda. E minha perna seria obrigada a colaborar.

– Não se preocupe, Rose. - Irina se aproximou perigosamente. - Nós vamos ter tanta diversão juntas.

Irina foi muito rápida. Quando me dei conta, ela tinha me alcançado e envolveu meu pescoço com os dedos finos, jogando minha cabeça contra o colchão. Eu lutei, mas foi em vão.

Gritei o máximo que pude. Eu estava arranhando o ar, na esperança de atingí-la.

Inesperadamente, ela despejou um líquido pegajoso para dentro da minha boca. Eu tossi, na tentativa frágil de não engolir o conteúdo. Ah, doeu como o inferno. Pois aquilo fez minha garganta queimar. Meu coração estava disparado, e meus pulmões tentavam trabalhar. Tentei me libertar de suas garras, mas parecia que nada poderia ferí-la.

E então Irina tapou minha visão com o travesseiro, que veio de encontro ao meu rosto.

Tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, vocês devem ter notado que dei uma sumida. Então, eu tinha proposto postar o capítulo o mais rápido que possível dependendo do numero de comentários. E o numero de pessoas que lerem o capítulo não chegou nem perto da quantidade de comentários. O que me fez perguntar onde estariam meus leitores e que talvez a preguiça e a falta de consideração ficou em alta. Então tomei a sabia decisão de postar em consideração aos meus fieis leitores que sempre comentam. Vocês são demais. Obrigado pessoal!
Espero que tenham gostado, me diverti DEMAIS escrevendo, até mesmo minha beta achou engraçado. Afinal, a fic estava precisando de um pouco de graça e um pouco de pimenta; se é que me entendem. Convenhamos.
Eai, vocês são a favor ou contra de um novo casal na fanfic?
Emmett e Rose devem ou não ficar juntos?
Comentem pessoal.
E até mais.
De seu irresponsável escritor, RO.