A Bella E A Fera escrita por Ruan


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora. Nas notas finais, tenho uma proposta para vocês, até lá!
Boa leitura.



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Eu encarava a garota do espelho.

Seus olhos tão bem contornados pelo lápis preto lhe destacavam a coloração verde, agora estavam abertos expressando total surpresa. Seus cabelos começavam lisos e acabavam ondulados, em cachos volumosos e elegantes. Ela usava uma jaqueta de couro preta que daria inveja em qualquer mulher, sem falar que ficava perfeita em sua pele tão pálida. Para terminar, sua calça jeans lhe apertava bem as pernas, dando uma bela visão de sua cocha e cintura. Seus pés calçavam uma bota marrom de salto um pouco alto.

Era difícil de acreditar que aquela mulher era eu. Alice sabia muito bem vestir uma pessoa.

Eu não parecia mais uma menina de dezessete anos e sim uma mulher de trinta.

- Alice... – Eu a chamei, procurando-a pelo quarto até que a encontrei em cima de minha cama, tentando fechar uma das vinte malas que estavam espalhadas pelo quarto – Você disse que as pessoas têm que ter uma visão de mim... Um pouco, inocente. Mas eu estou ousada, totalmente o contrário! – Apontei com meu dedo para a mulher do espelho.

- Bella! – Alice protestou, tentando fechar a mala cheia de roupas com os pés, uma vez ou outra sentando em cima da mesma – Vamos para o Alasca. Já viu Emmett, o primo de Edward? E a mãe dele? Você precisa da aprovação deles para poder se casar com Edward. Tem que parecer ousada, como se soubesse o que quer da vida.

Você precisa da aprovação deles para poder se casar com Edward. Aquilo me pegou totalmente desprevenida.

- Eu... Eu preciso da aprovação deles?! – Perguntei incrédula, deixando de lado a mulher do espelho, agora dando de ombros enquanto encarava a baixinha sentada em cima da mala – E você me conta isso agora? Afinal, se preciso da aprovação deles, porque daqui a alguns minutos terei que descer lá embaixo e assinar o contrato no qual vou aceitar me casar com Edward?

Irritada, Alice levantou-se da cama depois de ter rolado pela mesma. Antes de começar a me dar um belo sermão, Alice limpou o suor da testa e suspirou.

- Escute bem: Edward não vai deixar que alguém lhe diga o que fazer. Ele só esta indo lá para ter a bendita aprovação. Você saindo de lá com ou sem aprovação, não vai mudar a decisão dele. – Alice suspirou mais uma vez antes de continuar, cansada das tentativas inúteis de fazer todas suas roupas caberem na mala – Você está linda. E por favor, dá pra você parar de aparecer com manchas roxas pelo corpo? Estou começando a duvidar quando diz que é virgem.

Aquelas palavras me fizeram corar. É claro que depois de ter me pegado dormindo na sala com Edward, Alice me revistou toda, achando resultados da última vez que estive no quarto dele. Enfim, foi preciso apenas aquela maquiagem milagrosa que fez todas as manchas roxas ficarem camufladas. Só de me lembrar do quanto eu tinha dormido bem nos braços de Edward na noite passada, meu corpo todo se arrepiou, desejando ele.

- Olha quem fala! – Eu a acusei, saindo de meu estado de estupor – A garota que estava se pegando com Jasper lá fora.

- Fala à garota que estava grudada na parede. – Alice não resistiu a me ofender, se divertindo com tudo aquilo.

Assim que Alice terminou de dizer suas palavras, Jasper entrou no cômodo.

- Bella, estão todos lá embaixo, apenas te esperando. – Anunciou, me olhando de cima a baixo – Bom trabalho, meu amor. – Ele foi até Alice e depositou um beijo em seus lábios. Eles ficavam tão perfeitos juntos!

Entendi que “todos” significavam as pessoas que estavam responsáveis pela papelada do casamento. Sem falar que Edward também estava lá.

Já saindo do quarto, escutei por de trás de meus ombros a voz de Alice, pedindo suplicadamente para que Jasper a ajudasse colocar as roupas dentro da mala. Ri na mesma hora em que Jasper perguntou: “Mas você já não arrumou vinte malas?”

Desci as escadas com todo cuidado por culpa do salto alto e cheguei até a sala.  Encontrei Edward e mais dois homens no cômodo. O primeiro era o padre da cidade, já que usava aquela roupa longa com uma cruz estampada no meio. Ele era careca e baixinho, uma perfeita imagem de um homem abençoado. O segundo, sem dúvidas, era o advogado, já que usava um terno. Seus cabelos morenos estavam praticamente lambidos para trás da cabeça e ele era alto. E Edward... Enfim, era o Edward: Conseguia ficar perfeito usando apenas uma calça jeans e camisa de manga longa preta, realçando toda a sua musculatura.  Seus cabelos dourados estavam naquela desordem que me fazia ter vontade de ir lá só para bagunçar ainda mais.

Eu peguei seus olhos dourados fitando todo o meu corpo. Seus lábios formando uma linha torta, revelando um sorriso que faria qualquer uma se derreter. Assim que meus olhos encontraram os deles, me arrepiei toda.

Como acontecia toda vez que eu me aproximava de Edward, meu corpo recebeu uma onda enlouquecedora de calafrios acompanhados de meus batimentos cardíacos desenfreados.

Assim que meus olhos desviram de Edward e encontrei o padre, jurei que ele tinha terminado de fazer o sinal da cruz, encarando a mim e Edward. Conclui que ele percebeu os olhares trocados entre nós. Entre mim e o meu noivo. Meu noivo. Aquilo soava novo e ao mesmo tempo surreal, nunca pensei que iria encontrar alguém.

Não demorou muito para que eu me sentasse ao lado de Edward. E muito menos para que ele colasse a mão por cima da minha, enquanto assumia uma postura totalmente relaxada no sofá, com um dos braços por de trás de meus ombros.

Antes de assassinar o contrato, o advogado leu tudo. Todas aquelas palavras não faziam o menor sentido para mim, já que eu teria que me casar de todo jeito com Edward. A única parte que prendeu totalmente minha atenção foi na que o advogado confirmou que se acontecesse algo a Edward – no caso de seu falecimento – toda a herança ficaria comigo.

- Você está brincando, não é? – Não segurei minhas palavras e olhei para Edward, incrédula.

- Por quê estaria? – Perguntou ele, com um sorriso brincalhão estampado no rosto.

O advogado parou de ler na hora, olhando para mim em nossa eventual briga.

- É toda sua a herança. Não pode simplesmente dá-la para mim, não diga que tem tanta confiança em mim. – Eu não estava preocupada com aquilo. Na verdade, eu estava praticamente envergonhada por não ter como dar nada em troca para ele. Afinal, perdi tudo.

- Confio em você. – Ele falou, agora sério. – Vai casar comigo e fará parte da minha família. Se algo acontecer comigo... – Ao pensar em perder Edward, senti um aperto desconfortável no peito – Quero que fique tudo com você. Agora não discuta comigo. Prossiga. – Disse esta última parte ao advogado.

Ele já estava pronto para começar a ler o resto da papelada quando o interrompi novamente, só que agora não discuti com Edward e sim chamei a atenção de todos na sala.

- Parem. – Exigi, nervosa. A verdade era que eu tinha algo sim. Algo que valia muito mais que dinheiro. – Quero que acrescentem uma coisa.

Me senti vitoriosa quando todos os olhares estavam voltados para mim. O padre, juntamente com o advogado, olhava-me curiosos. E Edward, me encarava confuso. Obviamente se perguntando o que diabos eu queria acrescentar.

Se algo acontecesse comigo, tinha algo sim que eu queria com toda certeza do mundo que Edward ficasse responsável. A única coisa que me restou.

Engoli em seco antes de começar a falar.

- Se algo acontecer comigo... Digo, caso eu falecer. – Especifiquei – Quero que Edward fique com a guarda de minha irmã, Nessie.

Olhei determinada para todos na sala. O advogado apenas concordou com a cabeça, só que agora fitava a Edward e não a mim. É claro que precisava da aprovação de meu noivo. Meus olhos foram de encontro aos de Edward e o encontrei pensativo.  Suas sobrancelhas estavam unidas em confusão e ele me analisava. Quase me encolhi toda com aqueles olhos dourados fitando-me tão atentamente. Quase. Ao invés disso, empinei o nariz e tentei fazer a pose mais determinada que consegui.

O silencio durou poucos segundos, até que Edward voltasse seus olhos para o advogado e finalmente pude relaxar.

- Tudo bem, aceito totalmente o pedido de minha noiva. – Edward falou e soou totalmente sexy quando me chamou de noiva.

Por um breve momento, desejei que seus lábios estivessem próximos de meu ouvido, que ele falasse a palavra noiva somente para mim. A ideia pareceu tentadora e espantei-me que estivesse pensando em tal coisa.

Afinal, não era para qualquer uma ser chamada de noiva por aquele homem.

Balançando a cabeça para os lados, parei de pensar nessas coisas absurdas e foquei-me totalmente no presente.

Edward aceitou minha proposta e foi questão de tempo para que o advogado escrevesse a caneta em outro papel minhas exigências. É claro que se algo acontecesse comigo, Nessie provavelmente ganharia uma passagem só de ida para um orfanato. E por mais que parecesse louco, algo dentro de mim sabia que Edward poderia cuidar de Nessie. Poderia ser um novo pai para ela.

Afinal, eu dormia todo santo dia com a incerteza se acordaria viva no dia seguinte, ou se alguém que eu amasse estaria vivo ou não. Eu estava no meio de um jogo. Eu era a peça principal. E normalmente, os jogos acabam.

- Este papel aqui. – O advogado pousou uma folha em cima da mesa de centro – É o que vocês terão que assassinar para poder se casar. No caso hoje, a data já esta marcada: Três dias depois da chegada do Alasca. – Ele esperou para que Edward confirmasse com a cabeça. -Vocês terão que assassinar outro, como se fosse um testamento, já que Isabella quer acrescentar tal pedido. Assim, já que terão que viajar para o Alasca, o casamento já fica marcado. E antes do evento, vocês dois assinam outro confirmando o destino de seus bens.

Prestei total atenção nas palavras que o advogado anunciava, nem pisquei para não perder nenhum detalhe. A idéia de me casar três dias depois que eu chegasse do Alasca, só me fez ficar ainda mais nervosa.  Então era isso. Hoje assinava para confirmar meu casamento com Edward e no dia do casamento, assinava para confirmar o destino de Nessie caso algo acontecesse comigo.

Três dias depois deveria ser perto do final de setembro. Dali há alguns meses, eu iria completar meus dezoito anos. O que poderia acontecer comigo até meus dezoito anos?

E então, o advogado passou uma caneta para Edward, para ele assinar o contrato em que confirmaria nosso casamento. Fiquei todo tempo analisando Edward: Sua assinatura perfeita, os músculos de seu braço se movimentando na medida em que ele apertava a caneta no papel. Quando foi minha vez, apenas engoli em seco e assinei o mais rápido que pude. Suspirei de alivio quando finalmente terminei e passei a folha para o advogado. Três dias depois da chegada do Alasca.

Assim que o advogado guardou a folha em sua pasta preta, foi a vez do padre perguntar como seriam os preparativos para o casamento. Foi exatamente nesta hora que Alice abriu a porta da sala e entrou saltitando. Jurei que seu sorriso poderia cegar qualquer um.

Temi só de pensar em como seria meu vestido de noiva.

Deixando aquele assunto totalmente para Alice, me despedi de todos na sala e fui procurar por Nessie. Ela estava lendo um livro na sua cama em seu quarto, rodeada por duas malas grandes. Estava cheia de casacos e parecia a criança mais fofa do mundo.

- Ai, Bella! – Nessie me olhou com seus olhos brilhando, assim que desvio sua atenção do livro para mim – Você é a irmã mais linda do mundo.

Ri daquilo.

Decidi ficar um tempo com ela na cama. Assim que me deitei ao seu lado, vi que ela lia a história da Chapeuzinho Vermelho e decidir ler para ela. O tempo foi se passando até que Edward apareceu ali e anunciou que a limusine já tinha chegado e estava nos esperando na entrada da mansão.

- Tudo bem. – Concordei pasma, encarando seus olhos dourados. Edward tinha colocado uma jaqueta preta por cima de sua camisa e estava mais irresistível do que nunca.

Sai da cama e fui correndo em direção de meu quarto, pronta para ajudar Alice a carregar as malas. Assim que cheguei lá, não encontrei ninguém e sim apenas o monte de malas. Percebi que havia um bilhete em cima de minha cama e reconheci a caligrafia de longe. Não demorou muito para que eu chegasse até lá e pegasse o maldito papel.

Deixei uma surpresinha para você, assim que chegar no Alasca, vai descobrir. E Edward deve voltar apaixonado por você do Alasca, se não, diga adeus a sua irmã.

Boa viagem!

Aquilo só me fez ficar com mais raiva ainda, sem falar no medo. O que seria a dita surpresa?

E afinal de contas, como o assassino poderia saber que Edward poderia estar apaixonado por mim? Todos sabiam que ele era muito bom em esconder o que estava sentindo.

Ainda com raiva, amassei o bilhete e o joguei para fora da janela.

Com todo cuidado, olhei para fora e não encontrei ninguém, apenas as rosas e a limusine do outro lado do portão. Então, me ajoelhei no chão e ergui um pouco o colchão de minha cama, encontrando a arma ali. Pelo menos, o assassino não sabia que eu escondia sua arma. O nome Samuel Meghan reluziu no metal da arma.

- Bella? – Reconheci a voz de Alice.

Assim que escutei sua voz, me levantei com um pulo do chão, sendo totalmente pega no flagra.

- Sim? – Perguntei, engolindo em seco.

- Você já deveria estar na limusine! – Alice praticamente gritou comigo, apressada. – O motorista já está vindo pegar as malas. Vamos, Edward está te esperando!

Apressada, passei o mais rápido que pude de Alice tomando todo o cuidado possível para não cair por culpa do salto alto da bota. Assim que cheguei no topo da escada, encontrei Edward sorrindo para mim lá embaixo, a minha espera. Nessie já estava ao lado de Jasper, os dois seguiam caminho para fora da mansão. O motorista passou correndo por mim. Tudo isso foi acontecendo lentamente, enquanto eu descia os degraus da escada, até que cheguei ao penúltimo degrau e dei um passo em falso, pronta para dar de cara com o chão.

Só que isso não aconteceu.

Edward foi mais rápido que eu. Seus braços rapidamente alcançaram meus ombros, impedindo minha queda. Meus lábios estavam próximos demais dos dele e assim que olhei para seus olhos e não para o chão, onde era meu eventual destino, me perdi ali mesmo.

- Te peguei. – Ele disse. Nossos lábios próximos um do outro. 

Minhas mãos estavam ao redor de seus braços. Minhas pernas próximas demais da dele. Senti um tremor por meu corpo todo. Meus batimentos cardíacos estavam desenfreados e estava muito difícil de respirar, ainda mais porque toda vez que Edward falava, seu hálito adentrava em minha boca. Senti uma vontade enorme de beijá-lo ali mesmo. Só que eu sabia que iria afundar de cabeça na maré de imagens do passado.

- Obrigada. – Engoli em seco e afastei um pouco meus lábios dos deles.

- De nada. – Edward respondeu e com um único movimento, me ergueu do último degrau da escada e me colocou no chão.

Enquanto tentava controlar meu ritmo cardíaco e principalmente tentar fazer o ar voltar para meus pulmões, segui meu caminho em direção da porta.

Assim que saí da mansão, os raios de sol invadiram meus olhos e minha visão ficou turva por pouco tempo, também senti calor. É claro que tirar a jaqueta só iria resultar no estrago do trabalho de Alice em mim, sem falar que em poucas horas eu estaria necessitando de mais casacos.

Com Edward ao meu lado, segui meu caminho até a limusine e assim que passei pelo portão da casa e pus meus pés para fora da mansão, me senti tonta e tive que apoiar meus braços em Edward.

- Está tudo bem? – Ele perguntou, cauteloso, passando as mãos por trás da minha cintura.

Esperei por um tempo para abrir meus olhos e assim que o fiz, encontrei o rosto de Edward. Sua imagem estava nítida e a tontura tinha passado.

- Tudo. – Respondi. – Deve ter sido o sol, faz tempo que não o vejo mais, já que fico apenas dentro da mansão.

E então, tirei minhas mãos dos braços de Edward e entrei na limusine, me sentindo muito melhor.

Assim que todos estavam dentro da limusine e o motorista deu a partida, me senti incrivelmente estranha e foi preciso colocar minha mão por cima da de Edward.

Edward retribui o gesto e sussurrou bem baixo em meu ouvido para que ninguém ouvisse:

- Você está incrível com essa roupa. Mas eu preferia te ver sem. – E então ele esboçou um sorriso safado no rosto.

Aquilo me fez rir e me esqueci totalmente do sentimento estranho que há minutos me dominava.

Em todo o caminho até o aeroporto, me perguntei que surpresa eu teria assim que chegasse ao Alasca. 


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Notas finais do capítulo

Sei que demorei um pouco, é que estou lotado na escola e tudo mais, desculpem. QUINTA eu posto o próximo capítulo, para recompensar a demora, talvez até antes.
Então, quero agradecer a todas que estão comentando, mesmo. Fico feliz e isso me da mais vontade de escrever para vocês... sem falar nos momentos extras de Beward que ofereço para vocês. Calma gente, o Alasca vai chegar e sei que a maioria está praticamente louca para a chegada de Emmett KKKKKKKKKKKKKKKK, acho que vocês vão gostar dele hm.
POR FAVOR, NÃO DEIXEM DE COMENTAR, MESMO!
PROPOSTA: Eu estava pensando em marcar sempre um dia da semana para eu postar, assim vocês saberão quando posto, podemos até planejar o horário rs.
Enfim, obrigado pessoal e nunca deixem de comentar!
Ruan.