Tudo em volta estava branco. As árvores, o terreno, tudo estava coberto de neve. Até o rio ficou congelado. O frio era muito. A nossa roupa era fina e nós tremíamos bastante. Abracei Tulip, sinceramente, eu não sabia o que fazer. Parecia que os Gamemakers queriam que morrêssemos de frio.

– Vamos para área de floresta tropical, lá é mais quente e não cai neve nesse tipo de mata – falou Tulip

Era uma boa idéia, mas algo em mim dizia que não seria tão simples assim. De qualquer forma, não custava tentar, nós comemos e fomos para a mata tropical. Tuly andava devagar e a neve dificultou mais ainda a nossa caminhada. Mas, pelo menos, o frio diminuiu um pouco enquanto andávamos.

Durante o caminho, reparei que não havia sinal de animais. Eles deviam estar escondidos, mortos ou foram recolhidos pelos Gamemakers. As plantas também não aparentavam ter mais frutos. Eles não facilitaram as coisa para a gente, não queriam que nós conseguíssemos alimentos também. Eu tinha a impressão que a cada passo que eu Tulip dávamos, chegávamos cada vez mais próximo do fim.

Ao entrarmos na área tropical. A situação não havia mudado muito. Era neve por todo lado.Um evento único na “natureza”, uma floresta tropical debaixo da neve. Nós ficamos desolados, agora não tinha nada a fazer a não ser... Comecei a escutar uma voz alta e clara, era um anúncio dos Gamemakers:

– Caros tributos, está fazendo muito frio aí na arena? Saibam que na região da Cornucópia o clima é diferente, lá vocês poderão ficar aquecidos, além conseguir roupas, outros artefatos, além de comida. Todos que chegarem lá receberão o que precisam para aguentar o frio. Essa distribuição começará hoje a noite.

Então era isso! A isca foi jogada! Eles nos queriam no lugar onde os jogos haviam começado. Meus ex-aliados mantinham o acampamento na região e não deveriam estar passando tantos problemas. Aquele recado era para mim e Tulip. Eles sabiam da nossa dificuldade.

Eu não queria apressar o fim dos jogos. Mas não tínhamos outra opção. Eu e Tuly sabíamos que os carreiristas estariam nos esperando. Seria colocar o pé na área e eles nos atacariam. Nós não estávamos em boas condições, mas quem sabe não teríamos sorte? Eu estava em melhor situação e talvez conseguisse enfrentar Cruiser e Star. E na melhor das hipóteses, restariam eu e Tulip. E o que aconteceria? Não queria pensar nisso! Era melhor não imaginar nada ainda.

Comemos bastante antes de irmos para região da Cornucópia, era melhor fazer isso logo, quando eu ainda estava inteiro, do que ficar na mata esperando a minha situação se deteriorar. A caminhada foi difícil, mas fizemos com determinação. Eu e Tulip conversamos, tentávamos parecer animados para não piorar a situação. Mas eu sabia que a coisa era grave. Em breve, deveríamos estar mortos. Restava pouco tempo para a gente. Eu deveria conversar com ela, dizer certas coisas, me despedir, mas não consegui fazer nada nesse sentido. Seria uma conversa difícil, eu não queria ficar pessimista, e também não tive coragem para dizer o que queria.

Eu imaginava como Star e Cruiser nos mataria. Eles pegariam as suas espadas, nos furariam e cortariam sem piedade. Seria pior se eles fizessem isso primeiro com Tulip, não queria vê-la morrer antes de mim, não queria vê-la sofrendo. Imagens assombravam a minha mente. Vi todos todas as mortes que presenciei na arena, os olhares dos tributos quando eles iam morrer. Alguns doíam mais que os outros, Kinsey, Cairo, Jurgen, Tammy, Fox. Via os corpos deles. Pensei em Juno e na filha. Como será que ela havia morrido? Como ficou a sua família? Como ficaria a minha família e a de Tuly se morrêssemos?

Já estava escuro quando chegamos próximo a Cornucópia. Consegui avistá-la de longe. Ela estava iluminada. Cruiser e Star vigiavam o local. Isso era esperado. Vi quando Star se aproximou da cornucópia e um pacote apareceu para ela. Então era isso? Talvez ainda tivéssemos uma chance de evitar um confronto direto. Se um de nós conseguísse chegar lá e os dois não estivessem por perto, poderíamos conseguir as coisas para nos manter na floresta.

Eu e Tuly bolamos um plano. A gente tinha que distraí-los. Eu estava com aspecto físico melhor, então eu iria correr até a cornucópia pegar as coisas e voltar. E Tulip deveria colocar uma bomba de Fox a uma distância segura e explodi-la com o controle remoto, isso provavelmente chamaria a atenção dos carreiristas, dando tempo para eu pegar as coisas e para Tulip voltar ao nosso ponto de encontro. Antes de executar o nosso plano, Tuly disse:

– Eu estarei te esperando, Diamond. Fique seguro.

– Eu voltarei, Tuly. Tenha cuidado.

Nos beijamos e fomos executar o plano. Eu me aproximei mais da Cornucópia, tomando todo o cuidado. Depois de um tempo, ouvi uma explosão. Tuly tinha feito a sua parte. Isso chamou a atenção de Star e Cruiser, e eles saíram correndo.

Fui para cornucópia, e esperei. As coisas estavam demorando um pouco. Nada aparecia. Estava com medo dos meus ex-aliados descobrirem tudo e voltarem. Mas depois de um tempo as coisas começaram a aparecer. Duas calças, dois agasalhos, cobertas,uma barraca, e comida. Era muita coisa, e não cabia tudo na mochila que eu trouxera. Tudo aquilo poderia ser muito útil e enchi a mochila, vesti uma calça e uma agaslho, mas mesmo assim, não coube tudo. Coloquei minha lança atrás, dentro da minha calça, carreguei parte da comida nos braços e saí correndo.

Eu já estava próximo a mata, quando vi algo que me arrepiou. Cruiser segurava Tulip pelos braços e a empurrava. Enquanto Star tinha uma espada da altura da garganta dela, ameaçando sua vida.