Acordei e vi Tulip olhando para mim. Seu rosto não tinha uma boa expressão:

–O que foi? Aconteceu alguma coisa? È por causa de ontem a noite? -perguntei preocupado

–Não, não é nada. - ela respondeu tentando me aliviar

–Tem alguma coisa sim, o que é ,Tuly?

–Tá bom, é só o meu braço. Ele está doendo.

Me levantei e dei uma olhada no braço dela, estava bastante inchado! Dei-lhe mais remédio para dor. Esperava que ele a aliviasse um pouco. Nós comemos e eu Tulip conversamos, trocamos alguns beijos, esperava que isso a distraísse, pelo menos até o remédio dela fazer efeito.

Eu queria sair dali, não falei isso para ela, não desejava que ela se sentisse mal por seus ferimentos. Tinha medo que meus ex-aliados nos encontrasse, queria andar para encontrar um lugar mais escondido e protegido. Mas do jeito que Tuly estava, seria muito duro para ela. O machucado da perna era um pouco profundo, mas com as folhas que Tulip conhecia, ele estava sendo tratado e por isso não era preocupante. Mas o braço era. Ela não gritava, mas pelo seu rosto eu sabia que sentia muita dor.

Nós fomos interrompidos por um barulho. Olhei para o lado esperando algum ataque, e vi um para-quedas. Me levantei e o peguei. Vi um cartão, ele tinha o número 11 escrito. Aquele era um presente para Tuly. Aquilo me trouxe um alívio. Devia ser alguma coisa para ajudá-la. Abri e vi uma espécie de carapuça mecânica em forma de braço. Isso renovou as minhas esperanças.

Havia um papel, onde explicava como ele deveria ser colocado. Eu segui as instruções, e coloquei em Tulip. Logo após eu fixá-lo. A sua expressão melhorou, pude ver um alívio em seu olhar. Aquilo era tecnologia de ponta na área médica. Devia ser um presente bem caro, ainda mais perto do fim dos jogos. Fiquei me peguntando quantos patrocinadores seriam necessários para comprá-lo, e normalmente tributos do distrito 11 não conseguiam patrocinadores tão ricos.

Mais uma vez olhei o cartão escrito 11, o virei e vi uma pequena mensagem. “Para sua garota, filho”. Era do meu pai!. Ele havia mandado um presente para alguém de outro distrito? Ele havia ajudado o mentor de Tulip a conseguir patrocinadores? Não dava para saber, mas de qualquer forma isso era uma algo, no mínimo, inusitado.

Esperei Tuly se acostumar um pouco com seu “gesso”. E nós saímos em caminhada. Eu a ajudava a andar e em certos pontos até tive que carregá-la. Estávamos próximo a uma cachoeira. O barulho da água era bem alto, mas eu percebi um som estranho, era baixo mas parecia uma explosão:

–Tuly, você escutou isso?

–Sim, escutei. Me pareceu uma pequena explosão. Será que tem mais alguém na arena mexendo com explosivos?

–Talvez, ou pode ter sido ... -ela não me deixou completar

–Um tiro de canhão!

Realmente podia ser mais uma morte na arena. Aquilo me deu certo frio na espinha. Se alguém tinha morrido, era provável que fosse Hercules e dessa forma eu eu Tulip estaríamos sozinhos com os carreiristas, e eu sei que os Gamemakers fariam de tudo para a gente se encontrar.

Continuamos andando até que encontramos uma caverna, bem pequena próxima a umas rochas do rio, lá dentro mal cabia eu e Tuly deitados, mas servia como um esconderijo para passarmos a noite.

Estávamos ansiosos para ver se alguém tinha morrido. E quando anoiteceu, o que eu vi realmente me surpreendeu. Era Juno, se fosse a imagem de qualquer outro carreirista, eu ficaria aliviado, mas a dela não. Juno era a única que eu admirava naquele grupo. Poxa, ela tinha uma filha! Cheguei a me arrepender de não tê-la chamado para fugir comigo. Lágrimas começaram a cair no meu rosto. A única carreirista por quem eu ainda zelava havia morrido. E tinham ficado os mais violentos, Star e Cruiser.

Mas não foi somente a imagem dela que apareceu nessa noite. Hercules, o rapaz do distrito 6, também morrera. Restavam apenas 4 na arena. Eu, Tuly, Star e Cruiser. Era nós contra os meus dois ex-aliados. Eu sabia que provavelmente eles tinham vantagem contra a gente. Mas antes eles teriam que nos encontrar. Mas algo me dizia que os Gamemakers arrumariam um jeito para isso acontecer.

Tulip percebeu as minhas lágrimas e disse:

–Não fique assim. Só tem mais quatro na arena. mas ainda estamos juntos. Diamond ...

–Não é isso, Tuly. Essas lágrimas não é porque esta perto do fim. É por Juno, a moça do distrito 2. Ela era a única que prestava entre eles.

Eu contei a Tuly sobre ela. Falei do marido e da filha e que tinha me aproximado dela. Ela me consolou e tentou me animar com beijos e carinho.

Durante a noite, senti um pouco mais de frio. Mas não me preocupei tanto, eu estava abraçado a Tuly e seu calor ajudou a me esquentar.

No dia seguinte, quando saímos da caverna. Eu não pude acreditar no que via. De certa forma eu tinha imaginado, os Gamemakers arrumariam uma forma para nos fazer encontrar com os carreiristas. E eles fizeram aquilo.