M a d r e p é r o l a escrita por junniexjoy


Capítulo 3
Na Capital


Notas iniciais do capítulo

me desculpem, gente. eu realmente queria ter continuado a ser assídua, mas eu perdi minha senha do nyah... e também fiquei um tempo me concentrando nos meus originais. enfim, espero que gostem do novo capítulo c:



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Na estação de trem, uma longa extensão de luzes impedia Rony de sequer abrir os olhos. Foi praticamente empurrado por Alina, que cobria os olhos com a mão enquanto caminhava cuidadosamente. Eles enfim subiram no trem, onde fizeram uma última aparição no Distrito 12. Alina exigiu que apertassem as mãos, já que no palco não o fizeram e logo depois, miraram ao longe a procura de alguma alma reconhecível. Mas como nada se encontrava, entraram no vagão e se demoraram um pouco a sua porta enquanto a visão se acostumava ao ambiente mais escuro.

O trem que os levava para a Capital refletia todo o luxo que os esperava. Grandes sofás de couro legítimo, tapeçarias pesadas de cor marfim e algumas mesas de chá de madeira maciça. Effie tinha suas xícaras estilizadas de porcelana, e nelas esbanjava a boa educação.

Rony era considerado um monstro pela Sra. Modo-de-Falar, nas horas de refeição, enquanto Alina era a perfeita dama dos garfos. Haymitch encarava ambos e soltava umas risadas bem sarcásticas. Seu humor negro piorava com a bebida.

“Haymitch”, pediu Rony assim que sua amiga fora se deitar. O homem olhou-o nos olhos quase adormecido. “Preciso que...”, e revirou os olhos quando ele deixou-se cair em cima da mesa. O ruivo pegou cuidadosamente o balde de gelo ao seu lado e retirou as garrafas. Haymitch só deu-se conta da cabeça totalmente inerte no balde de gelo quando sentiu suas têmporas queimarem e enfim, num gesto brusco, jogou o balde longe, enfurecido em demasio para pensar em qualquer outra coisa:

“PODIA TER ME MATADO!”, gritou com a voz rouca.

“Preciso treinar de alguma forma”, respondeu à voz tremula. Haymitch ganiu de raiva e secou o rosto num guardanapo de pano escarlate ao seu lado. “Diga o que precisa”, mandou o bêbado de olhos vermelhos. Ron limpou a garganta e disse calmamente: “Aquela coisa sobre manter a Lina viva... Era séria...”, piscou os olhos e baixou a cabeça lentamente. “Me faça ficar vivo por tempo o bastante para protegê-la. Na reta final, eu preciso estar separado dela, e que você una o terceiro tributo a mim e me ajude a matá-lo. Depois, me ajude no meu suicídio, mande-me algumas pílulas ou sei lá... Alina não pode saber de nada.”

Haymitch espantou-se ao ver a estrutura do plano do ruivo. Ainda muito mal cuidada e com algumas pedras no caminho, mas se ele desse um jeito, estaria no papo. Alguns segundos se passaram até que Haymitch engoliu em seco. “Quer mesmo que eu mantenha os dois vivos¿”, Rony fez que sim com a cabeça, como uma criança. “Na Arena, muitas coisas mudam...”, foi a vez de Haymitch baixar os olhos e passar as mãos nos pulsos, “não mude com ela, e o público não muda com vocês”. E levantou-se sem hesitar.

“O que quis dizer com isso¿”, perguntou Rony inocentemente.

“Quis dizer que você não pode se perder, e ela não pode se enganar”, e saiu.

“O quis dizer com isso¿”, repetiu, mas já era tarde. E sabia que apenas ganharia outra resposta como... Essa. Se perder, se enganar, não mudar, e aceitar... Ótima dica, Sherlock, pensou Ron. Suspirou e foi deitar-se, o dia seguinte, acreditava ele, seria um grande, grande, grande dia.

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“Nunca vi um lugar tão colorido quanto esse”, observou Lina com um tom de clara admiração. Effie ajeitou os cabelos e empinou o nariz ao ouvir a voz dela, e declarou com modéstia: “fazemos o que pudemos para isso”. Haymitch revirou os olhos e resmungou em voz baixa.

“E o que não podem, também”, e saiu de frente da janela. Rony piscou os olhos, pois pensou avistar uma criança-panda ser erguida pelo pai-urso no meio da multidão e acenar para os dois. Ele acenou de volta por pura descrença, sem conter um sorriso bobo de quem acabou de se levantar do chão depois de um tombo a quem todos deram olhos. Era impossível negar: Tudo naquele lugar onde o luxo é barato, o incomum é mais que comum, e o desenvolvimento tecnológico ultrapassa (em muito) a escala do clássico Steve Jobs no ano de 2011, há muitos anos luz dali, era maravilhoso. Quase uma droga facilmente injetável, onde a euforia tomava a mente dos mais fracos; Foi o momento em que Rony percebeu que era mais fraco do que pensava, e que Alina não era mais resistente que ele, dessa vez.

O grande monstro de metal parou sem ruídos, suavemente na plataforma inacreditavelmente limpa. As portas se abriram e os flashes foram lançados sobre seus rostos. “Peguem a mãe um do outro”, sussurrou Haymitch ao ouvido de ambos, que se agarraram na hora, em parte porque não queriam perder-se na multidão que os empurrava. A euforia aumentava a cada momento, embora as vozes gritantes e as luzes fortes o cegassem e cansassem os ouvidos. Quando enfim chegaram ao carro, perceberam o quanto se sentiam aliviados com o silencio. O público adorava-os antes de conhecê-los. Era uma vantagem que Haymitch teve que sussurrar, admitindo com amargor:

“Incrível”.

Chegaram ao quarto de hotel o mais rápido que puderam, ás vezes aos sacolejos, por causa da multidão que os levara – que se dissiparam devido a chuva, que apertava de segundo em segundo – até o hall de entrada. Os lustres de cristal e os tapetes de camurça já não os impressionavam mais, agora que se habituaram á realeza.

Effie sorria, cumprimentava e parava para falar com todos. O fato de que todos paravam para olhá-los e suas bocas abrirem em um O aqui e ali, combinado com o jeito pomposo dela, a transformava na líder de torcida da escola ao chegar o baile de inverno; Rony se perguntou se um dia ela realmente fora a Rainha do Baile, já que seu cabelo de poodle levava uma coroa agora, e não ficava mal nela.

Ofuscado pela presença da Rainha, Rony e Alina vagavam atrás, perdidos, mas atentos. O ruivo percorreu os olhos na concorrência: Tinha um cara negro do tamanho de uma muralha, que não parecia vir de um distrito mais rico que o dele; um cara alto e magricelo, que certamente quebraria os braços na tentativa de acender uma fogueira, se não decidisse usá-los ao invés de pedras e galhos; uma garota de cabelos crespos com olhos igualmente castanhos, que não merecia muita atenção agora e, ao lado dela, um cara tão loiro que poderia ser cego, pois certamente era albino.

Em exceção à Muralha Pobre, que descobrira ser do Distrito 11, estava tão fácil que poderia dormir na competição, se subestimasse sua desconfiança no magrelo.

Roooooooooonc – sua barriga protestou. Fazia exatamente três horas que não comia. Aproximou-se de Haymitch e sussurrou: “a que horas é a janta¿”, ele revirou os olhos e respondeu: “daqui a pouco, garoto”. Rony assentiu e juntou-se a Alina, um pouco mais a frente.

Depois de subir até o andar 78 em um segundo, contentaram-se com um acenar de mãos e se dirigiram para seus quartos. Rony ficou animado em ver que dormiria em fim, numa cama limpa, e não sobre um trapo velho cheio de furos que dividia com a poeirada que tinha ali. Os edredons eram grossos e tão vermelhos quanto seus cabelos, estavam enfeitados com pequenas almofadas escarlate que davam a cama um ar mais convidativo. Suspirou e sentou no tapete vermelho, com medo de que a própria sujeira infecte a cama, antes de se levantar para tomar banho.

Chuveiro quente.

Nem Gina acreditaria que ele tinha esse luxo. Tomou um banho rápido e vestiu-se com as vestes que estavam dispostas sobre a cama: um moletom caramelo e uma calça jeans detonada. Confortável, de fato. Estava ajeitando sua gola quando uma mulher loiríssima apareceu no reflexo do espelho e tomou o lugar de suas mãos.

“EI!”, ele exclamou, empurrando suas mãos ossudas e delicadas. “Quem é você¿!”

“Sou sua estilista, Rony”, sua voz soava como sinos, e seus grandes olhos azuis davam a impressão de que ela não estava aqui naquele momento. “Sou Luna, a propósito. E seu olhar me diz que os zonzóbulos te atacaram”, concluiu.

Rony ficou ainda mais confuso. Franziu o cenho e alterou a voz quando perguntou alarmado: “O que são zonzóbulos¿”. Ela deu um pequeno sorriso e mirou um horizonte distante que, para Rony, mais parecia uma parede: “Ah, me desculpe! Eu e meu pai dizemos uns aos outros que estamos sendo atacados por zonzóbulos cada vez que ficamos confusos. Eles foram criados há um tempinho atrás, mas entraram nas mentes dos cientistas e remexeram até só restar 1% da consciência deles. Usaram essa porcentagem para destruir todos os zonzóbulos existentes que estavam presos em potes de vidro. A raça foi extinta, mas eu acredito que houve os que escaparam. Um deles pode ter te atacado nesse exato momento”, e piscou os olhos, antes de arregalá-los.

Rony permaneceu arregalou os olhos e fixou os membros ao lado do corpo. Como pode essa mulher ser tão... Argh! Aposto que os zonzóbulos acharam um ninho: a cabeça dela! Luna usava meias até os joelhos, uma listrada e outra de bolinhas. Uma saia de ballet e colares de rolha de garrafa cortados ao meio, sem falar nos brincos de nabo e pedaços folha nos cabelos, formando uma tiara. Era uma visão tão peculiar que se perguntou se ela não era uma mendiga que entrara por engano, pois aquela mulher não poderia ser estilista.

“Olha só, não se engane pelas aparências”, ela disse, enquanto arrumava o cabelo do ruivo, enquanto ele tentava assistir a televisão. Ela parou e sentou-se na cama, aparentemente exausta, suspirando. Apontou para o telejornal, que estava começando e exclamou: “É aí que você aparece, Rony, mas fique de olho nos outros”, ordenou Luna. “Olhe, só posso ficar aqui até você aparecer, e será o primeiro, já que começa decrescentemente”, disse e abaixou os olhos, entristecida, ao ver Alina subindo ao palco. Rony ouviu algo como “apenas uma criança” saindo de seus lábios num lamento, e então lembrou que é apenas um ano mais velho que ela, e já era considerado velho o bastante. Viu então a si mesmo, relutar e relutar em grito e esperneio, como uma criança mimada que não ganhara seu doce preferido. As palavras dos repórteres também não foram bondosas:

Aqui vemos o tributo masculino do Distrito 12. Se sua força for igual a sua covardia, ele estará bem preparado, não acha, Claudius¿”.

Luna pulou para fora da cama enquanto apresentavam a Muralha Pobre. Seu nome era Thresh, na verdade, e Rony sentiu dor quando viu a tributo feminino de seu Distrito. Rue era mais nova que Alina, embora sejam quase da mesma altura. Seus olhos negros eram assustados, embora demonstre certa força, como os de Alina.

A loira bateu a porta atrás de si, deixando Rony só assistindo a televisão. O magricelo se chama

Trainer, e junto a Gabe Falter, uma loira alta, eram os tributos do Distrito 9. Escutara alguns nomes e gravara algumas feições antes de finalmente ser interrompido de seu leve devaneio com uma percepção:

O Distrito 1. Já vira várias vezes em anos anteriores os tributos do Distrito 1 serem os vencedores dos Jogos Vorazes, e tudo na personalidade desses tributos eram dedicados a isso. A forma que sobem no palco – poder –, a expressão de total prazer em estar ali – honra –, e os momentos cruciais em que mostravam o que sabiam – técnica –. Mas aqueles tributos não pareciam do Distrito 1. Faltava-lhes a honra.

O silencio reinou no Distrito 1 e aqui em meu quarto quando, em um súbito momento, o nome feminino fora chamado.

Hermione Granger”, a mulher repetiu, e a câmera deu um belo close na menina de cabelos crespos que eu vira agora pouco. Olhando de perto, podia notar suas feições e notei que ela não era tão feia quanto eu tinha notado antes. E também que estava apavorada. Subiu no palco e ficou imóvel por vários segundos, até que um Draco Malfoy – que descobri não ser cego, pois se movimentava sem a ajuda de ninguém, e pouco mais rápido que Hermione – foi chamado, e lá, eles jaziam, seus pés fixos ao chão.

Eles eram covardes demais para serem do Distrito 1. E foi essa dor que notou nos olhod de ambos, quando trocaram olhares e a música do telejornal foi tocada, anunciando o fim; seja esse da esperança de todos nós, ou do programa.


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Notas finais do capítulo

reviews? AÍ, TOMA A HERMIONE QUE PEDIRAM KKKKKKKKKKKKKK



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