Catastrophe escrita por sakurako


Capítulo 4
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/216605/chapter/4

- Dougie, - Alice começou, quando nós já estavamos dentro do carro. - Oi? - Você não vai se importar se eu der um ataque de fangirl né? - Dei uma gargalhada e ela sorriu, olhando para frente satisfeita. - Contanto que você não se importe se eu der um ataque de fangirl. - Foi sua vez de rir. - Não seria fanboy? 

- Não, pode ser tão histérico que nós chamamos de fangirl mesmo. - Riu novamente. - Quando eu conheci o Blink, eu travei por uns segundos até conseguir falar alguma coisa. Depois foi legal. - Suspiramos ao mesmo tempo. Eu com a lembrança ela por um motivo desconhecido. - Eu reagi bem quando te conheci!  - Fiz careta, lembrando do jeito estranho que ela me encarou e o quanto ela tremia.  - Ah, fala sério, podia ser pior! - Deu um soquinho no meu ombro. - Eu sempre me imaginei chorando horrores e ganhando um abraço do Tom. 

- Só do Tom? 

- E do Harry. 

- E eu o Danny, nós não fazíamos parte da sua fantasia? 

- Claro que faziam, mas o Danny era fazendo piadinha e você era de um jeito estranho. - Corou. - Eu te atacava? 

- Não, não era tão bom. Você só era quietinho. - Eu ri do 'não era tão bom' e da cara de pau que ela criou para me dizer isso. 

Estacionei em frente a casa de show e nós entramos pela porta dos fundos, evitando fãs e jornalistas. Tinhamos bons lugares, quase beijando o palco e a bunda do Flea. 

- Isso é incrível. Agora, segura minha mão antes que eu vomite. - Gargalhei mais uma vez e ela me olhou tipo 'tô falando sério!', me deixando meio assustado. Ela não ia vomitar em mim, ia? 

Acho que fiz uma cara estranha porque ela apontou e riu.

- Você achou que eu ia vomitar em você!

- BOBONA!

- Bobona? Vamos, Dougie, você faz melhor!

- Faço, com certeza, mas é o máximo pra você. Não quero te chamar de nada ofensivo demais, panda.

- Panda? - Corei ao perceber que tinha a chamado assim em voz alta. - É como eu te chamo, na minha cabeça. 

As luzes apagaram e o show começou. Alice realmente segurou minha mão, e muito forte, quando a fumaça foi saindo e o Anthony começou a fazer uns movimentos estranhos de Hump De Bump. 

Depois disso ela soltou minha mão e eu tentei me concentrar no palco, juro que tentei, mas seus olhos brilhando e o jeito que ela cantava as músicas como se fossem hinos eram muito interessantes. Era como se só tivesse o palco ela e, quando ela lembrava, eu. 

Prestei atenção em apenas algumas partes do show e não liguei muito para isso, só estranhei quando, em Scar Tissue, Alice apenas parou e encarou os pulsos. Curioso do jeito que eu sou, fui logo encarar o que ela encarava. 

Suas próprias cicatrizes. 

Ela olhou e sorriu, continuando a curtir o show normalmente. Aquelas cicatrizes e a música que veio em seguida, Tell Me Baby, me fizeram perceber que eu não sabia quase nada sobre ela. Além de que era de Nova York, apaixonada por música, criada pela mãe e pelo padrasto, com mais dois irmãos e que tinha quebrado os dois braços. E que eu gostava de sua companhia.

No fim, estavamos os dois meio roucos indo até o carro enquanto ela, animada, fazia questão de comentar cada vez que o Chad respirou. Eu achava engraçado e também comentava.

- O que você acha de um pub? - Propus. - Eu tô muito agitado pra dormir.  

- Eu também! Vamos em um daqueles onde só tem gente velha, adoro.

- Gente velha? Você adora gente velha?

- E pubs de gente velha porque são sempre meio retrôs.

POV: Alice 

Des de que a gente tinha chegado naquele pub, Dougie não parava de fazer perguntas sobre mim. E eu não respondia nada a sério e isso estava deixando ele meio frustrado, então, resolvi ser legal e responder. 

- Tá, é sério agora, pode perguntar de novo que eu respondo. - Ele me olhou desconfiado mas perguntou, do mesmo jeito, - O que é essa cicatriz no seu pulso?

- Sabe quando você se sente perdido no mundo e não sabe de mais nada e só quer sumir? 

- Você tentou se matar? - Fiz que sim com a cabeça, tomando um gole do meu drink e ele pareceu chocado. - Por quê?

- Depressão. Como você acha que eu aprendi a fazer jarras de glitter e me interessei tanto por arteterapia? Se não fosse isso, eu estaria morta. Num jeito Kurt Cobain só que mais emo. Bem mais emo. - Suspirei. - Você fala isso como se não fosse nada. - Sorriu. - Dougie, há dois anos atrás, isso foi um inferno. Mas eu consegui, eu continuei viva, e isso foi uma coisa para que eu me orgulhasse. Eu continuo meio perdida. Tem aqueles dias em que eu acordo e minha cara parece a bunda de um babuíno e eu começo a tentar contar as coisas úteis que eu fiz nessa vida, que não foram muitas, para justificar minha existência ai eu paro, olho pra essas cicatrizes e penso "Não, Alice, você quer passar por isso de novo?" e que nem que seja pra limpar as bundas de babuínos, tem que ter algum motivo para eu estar aqui. - Ele sorria. - Parabéns, tô até orgulhoso. - Eu ri do jeito que ele falou isso como aqueles apresentadores que ouvem grandes histórias de superação na televisão e ficam tipo 'Parabéns, dona Maria, a senhora conseguiu. Agora toma essa casa, dona Maria, a senhora merece.'. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Catastrophe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.