Através da Tua Alma eu Posso Ver escrita por they call me hell


Capítulo 11
[S02E01] Um novo despertar.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/216572/chapter/11

 

* * *

 

O sol brilhava no céu do modo mais bonito possível trazendo em si os adoráveis dias de verão acompanhados de uma brisa suave. Havia poucas nuvens espalhadas por toda a sua extensão e as árvores forneciam a sombra tão convidativa a todos os aldeões exaustos do trabalho esgotante. A colheita, os cuidados domésticos, até os mais simples feitos eram diários com grande alegria no coração.

Ali, debaixo de tantas árvores e diante de Go-Shin Boku, algo estremeceu como uma linha tênue, desfazendo a poderosa kekkai que selava a Miko. Kagome manteve os olhos fechados por mais alguns instantes e se concentrou no silêncio harmonioso ao seu redor; Podia ouvir o barulho calmo das folhas balançando com o vento e os pássaros cantando no seu mais afinado tom.

Finalmente permitiu-se olhar o mundo novamente. Estava tudo exatamente igual ao que se lembrava da última vez, desde o ambiente até as suas características. Exceto, é claro, por uma vasta quantidade de flores depositadas diante de si. Com elas, diversos bilhetes singelos e carinhosos mistos de caligrafias infantis e adultas a lhe desejar uma volta breve, aquecendo seu coração de um jeito adocicado.

Por mais que o tempo tivesse passado, não haviam se esquecido dela. Ali estavam diversas provas de carinho, estima e respeito, todas a lhe convidarem para o tão esperado retorno.

Ergueu os olhos por um instante e apreciou Inuyasha. O tempo havia curado totalmente as feridas do seu coração juvenil e a deixara muito mais forte do que antes, quase como se estivesse pronta para tentar outra vez. Já não havia mais mágoa em relação ao hanyou e isso lhe deixava muito feliz, muito mais leve, mas também haviam coisas a serem feitas antes de tudo.

 

Kagome empunhou seu armamento e caminhou em passos lentos até o Poço Come-Ossos, apreciando a bela paisagem da qual sentira tanta saudade. Ao chegar, apenas parou por um breve momento para ajeitar as vestes e pulou para dentro do monumento, surpreendendo-se com nada mais do que a terra batida e pútrida devido às carcaças de youkais.

Por algum motivo a barreira para a outra Era não se abrira e isso era demasiado estranho, já que a jóia de quatro almas estava em seu poder. Teria algo ocorrido nesses tantos anos? Sua família poderia ter se mudado, poderia algo ter acontecido ao poço do Templo Higurashi ou qualquer outra coisa.

De qualquer modo, não tardou para sair dali; Sentando-se na borda do poço e estimulando sua mente para pensar em alguma resposta plausível. Desejava tanto ver a família... Em seu êxtase para interromper a amargura em seu peito, não avisara ninguém sobre seu selamento e com certeza deixara todos preocupados – ato digno de uma verdadeira imbecil.

Sentia falta da escola, das amigas, da família e até mesmo do cotidiano em sua Era. As pessoas não davam valor a tudo isso, pensou, mas cortava seu coração perdê-los assim. De todo modo, já que não poderia estar por perto, apenas desejou que estivessem bem.

 

Respirou fundo algumas vezes e fechou os olhos em busca de algo que pudesse organizar seus pensamentos naquele instante. A verdade é que não sabia como iria começar a viver novamente agora que tudo mudara; Sequer sabia quanto tempo havia se passado. Poderiam ter sido dias, meses ou anos, mas que com toda certeza lhe haviam feito muito bem.

Lembrou-se da imagem de Inuyasha e teve a certeza de que seu coração não deixara de nutrir sentimentos por ele após tanto tempo. Felizmente ela crescera e junto consigo os seus sentimentos também amadureceram, de modo que encarava tudo de um jeito muito mais próximo do real.

Já imaginava como seria quando ele fosse despertado. Poderia ter guardado em seu interior a beleza das últimas palavras proferidas, dando a Kagome um momento maravilhoso de reencontro. Porém, também poderia ter adquirido suas próprias mágoas diante do selamento a que fora submetido.

A Miko entenderia se o hanyou nunca mais quisesse olhá-la outra vez, se desejasse rumar novamente para além do horizonte dela, mas aquilo lhe doeria muito. A ausência de Inuyasha sempre era incômoda, como se a presença dele fosse necessária para a beleza dos seus dias. Tal pensamento lhe pareceu bobo e lembrou-se vergonhosamente de todas as palavras e gestos juvenis de carinho que dedicara ao amado, sentindo instantaneamente o rosto corar.

 

Era ótimo poder sentir o calor do sol e o frescor do ar outra vez, mas estas coisas sequer se comparavam à alegria de sentir-se tão viva. Era como se sua ausência prolongada lhe tivesse feito ver a vida por outro ângulo, o que agora lhe ofereceria muito mais sabedoria para ser uma Miko de verdade. Talvez Kaede-sama estivesse certa; Talvez, só talvez, ela tivesse visto além do que os olhos confusos de Kagome poderiam ver naquela época.

 

A garota riu com genuína alegria e levantou-se do escoro, rumando mais uma vez pela tão conhecida trilha até a vila. Não sabia o que encontraria ao chegar a seu destino, mas aquele usual sentido interior lhe dizia que essa era a hora de seguir em frente.

Sango, Miroku, Shippou, Kouga... Como estariam todos? Até Sesshoumaru passou por sua cabeça em um instante prolongado, fazendo com que a garota se questionasse sobre o fato de que ele poderia realmente ter feito algo horrível durante o tempo que se passara.

Ela simplesmente seguiu andando, alimentando seus pensamentos até avistar os primeiros camponeses ao longe. Eram jovens e numerosos, provavelmente sequer imaginavam quem ela era, mas ao avistá-la pararam por um momento e deixaram suas bocas elevarem-se em surpresa. Estava ali, completamente sã, a Miko adormecida das histórias dos anciões.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Através da Tua Alma eu Posso Ver" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.