Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 9
IX - Visita conclusiva




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Para sua surpresa, Catharina nada respondeu. Apenas consentiu com um hum-hum. Então perguntou:

_ Você poderia me levar?

_ Se você me der o endereço, posso. Que horas?

_ Ainda vou marcar com Layane.

Aquela reação estranha de sua mãe a deixou desconfiada. Por que agira assim? Por que não estava preocupada? Será que a mãe de Layane não era sua verdadeira mãe? Será que sua mãe era aquela tal de Suzana e não tinha nada a ver com Layane além de coincidência?

Assim que Catharina estacionou em frente à sua casa, perguntou:

_ E então Lorrayne? Como te levarei para a casa de sua colega? Você não marcou nem hora...

_ Quando você chegar no seu serviço você me liga e eu te digo que horas me busca.

Dizendo isso, Lorrayne saiu do carro. E Catharina partiu.

Depois de muitas combinações e piadinhas ao telefone com Layane, e Renan na extensão, Lorrayne marcou com Catharina que logo veio buscá-la.

Ao pararem em frente à casa de Layane, que Lorrayne julgava uma mansão, já eram esperadas por Layane. A garota correu ao encontro de Lorrayne, a cumprimentou, e conversou com sua mãe:

_ Olá Dona Catharina!

_ Ah, olá!

_ Será que a senhora não se importa de não ser recebida por minha mãe? Acontece que ela foi fazer algumas comprinhas...

_ Oh, não se preocupe querida!

_ Então tá! A senhora não precisa se preocupar, minha mãe a leva de volta.

_ Tudo bem... Então tchau!

_ Tchau! – responderam as duas em coro.

Layane puxou Lorrayne pelas escadarias até chegar à sala. Renan cumprimentou Lorrayne, que logo foi novamente arrastada por Layane para seu quarto no andar de cima da casa. Lorrayne parecia estar em um conto de fadas. O quarto era todo decorado em branco e rosa. As paredes, os móveis, o computador, os bichinhos de pelúcia... Havia também um banheiro, que Layane não deixou de mostrar, com direito a banheira e tudo mais. Ainda pasma com a imensidão do quarto, Lorrayne disse:

_ Nossa... Seu quarto é super legal, heim?

_ Pois é... Eu também gostei muito! Você quer ver o do Renan e o do Eduardo?

_ Bom...

Sem esperar a resposta, Layane conduziu Lorrayne até o quarto de Renan, que tinha na porta uma plaqueta com seu nome, exatamente como o de Layane. Ao abrir a porta, Layane deu de cara com seu primo, que em tom espirituoso, perguntou:

_ Com que direito você entra no meu quarto sem bater? E ainda traz a amiga!

_ Ora Renan, temos visita, seja bonzinho. Depois dou um biscoitinho para você...

Renan saiu do quarto fazendo uma careta para Layane, que tentou acertá-lo com um tapa, mas errando por pouco. Virou-se para Lorrayne e disse:

_ Não ligue. Somos assim mesmo... Bom, aqui no quarto do Renan não tem nada muito interessante... Mas sim no do Eduardo... O quarto dele é cheio de pôsteres, fotografias, tudo que se pode imaginar. Ele tem uma bateria super legal e uma prateleira com uma penca de CDs! Além de outras coisas esquisitas nos armários... Eu nunca vi nada, mas o Renan me disse que um dia viu uma rã... Acho que era invenção dele, seria difícil criar uma rã por muito tempo sem que soubéssemos... Eu não entro muito lá, porque ele não gosta. Mas ele está na aula de guitarra, vamos lá ver?

_ Ah... Eu não sei... Você disse que ele não gosta...

_ Mas ele não está! Podemos aproveitar e ver se a história da rã é mesmo verdadeira! Vem!

Layane puxou Lorrayne novamente pelo extenso corredor. Antes, Layane mostrou uma porta e disse:

_ Esse quarto está aqui porque mamãe mandou construir um a mais quando construiu a casa. Só não sei por quê...

_ Deve ser quarto de hóspedes...

_ Não. Os de hóspedes estão ali do outro lado do corredor. E olhe, está bem no meio do meu e o de Eduardo. Lugar estranho para o quarto de um hóspede, não?

_ E sua mãe nunca lhe disse o porquê?

_ Ela diz que é um quarto de hóspede especial: “primo, tio, tia...”. Pra mim primo, tio ou tia não são especiais. Bom, deixe esse quarto e esses “hóspedes especiais” de lado. Vamos até o quarto do meu primo!

Pararam em frente a uma outra porta. Lorrayne perguntou:

_ Por que o quarto dele não tem uma plaquinha com o nome dele, como no seu e no de Renan?

_ Porque o Dudu arrancou. Ele só quer chamar a atenção. – dizia Layane enquanto verificava se a porta não estava trancada.

Layane a empurrou e puxou Lorrayne para dentro do quarto. Preparava-se para escolher onde mexeria primeiro quando ouviu:

_ Você não gosta nem um pouco que entrem no seu quarto, priminha querida.

Lorrayne ficou muito assustada. Se Eduardo fosse realmente insuportável como parecia pelos comentários, estariam fritas. Layane simplesmente perguntou:

_ Você não foi para a aula de guitarra? Sinceramente, não sei por que minha mãe continua a gastar tanto dinheiro com você!

_ Se você ouvisse uma palavra do que eu digo, saberia que meu professor está se apresentando.

_ Se eu for prestar atenção em todas as asneiras que você diz, estou perdida!

_ Fora daqui sua menininha nojenta!

Lorrayne estava realmente preocupada. Ela ainda não havia sido vista pelo garoto. Estava encostada na parede. Quanto mais Eduardo falava, mais Layane respondia, e Lorrayne não estava com a mínima coragem de se meter. Estava satisfeita de não ter sido percebida pelo garoto. Layane continuava:

_ Sabe o que você é, Eduardo? Um tremendo dum ingrato! Sempre tão estúpido com quem só quer te ajudar!

_ Layane, sai do meu quarto.

_ E se não sairmos?

Automaticamente Eduardo veio até onde Lorrayne se encontrava. Ao vê-lo, a garota sorriu debilmente. E Lorrayne constatou que ele era tão bonito quanto Renan, só que com um ar mais agressivo. Os cabelos eram escuros e propositalmente despenteados, os olhos de um verde mais intenso, ou talvez fosse só o calor da discussão.

Ignorando o sorriso de Lorrayne, Eduardo disse:

_ Se eu fosse você, escolhia melhor as amizades!

_ Você é um idiota, Eduardo! É de você que as pessoas devem tomar distância! Vamos embora Lorrayne!

Layane puxou Lorrayne pelo pulso e saiu batendo a porta do quarto de Eduardo. No corredor depararam-se com uma mulher. Ao vê-las, a mulher parou subitamente. Layane correu a abraçá-la e disse:

_ Ai, mãe! Não sei mais o que fazer com o Eduardo! Eu tenho um ódio mortal desse garoto!

_ Layane, esqueça isso. Tente se controlar. Essa... Essa é sua amiga Lorrayne? – perguntou olhando encantada para Lorrayne.

_ É, mãe. Viu como somos parecidas?

_ É... Muito... Lorrayne, prazer... Sou Martha Albuquerque...

Era uma mulher bem diferente de Catharina. Os cabelos eram curtos e loiros, e vestia-se com muita elegância. Aparentava tão pouca idade que Lorrayne quase duvidava que fosse mão de Layane, e sua também...

Lorrayne não conseguia falar. Aquela voz... Era Suzana. Sentia vontade de chorar, de gritar, de sorrir, de pular, de abraçar aquela mulher estranha... Viu que aquela mulher sentia o mesmo. Juntando forças, Lorrayne conseguiu dizer:

_ Prazer... Dona Martha... Fico feliz em conhecê-la...

_ Eu também minha querida... Sinceramente...

Layane não entendendo muito bem a situação, perguntou:

_ Mãe, você já a conhecia de algum lugar?

_ Não... Meu amor... Não a conhecia... Ainda...

_ Que bom, mãe. Agora, vamos assistir ao filme? Você trouxe as compras, mãe?

_ Claro, está tudo lá na cozinha. Nilda está organizando tudo...

_ Então, vamos Lorrayne!

Layane conduziu Lorrayne novamente até o andar de baixo. Depois de pipocas, pasteizinhos, refrigerantes, doces, e muitos outros comestíveis, ajeitaram-se na sala e assistiram ao filme. Lorrayne percebeu que Martha ficou a observá-la por uns instantes, e logo se retirou.

Lorrayne mal conseguia assistir ao filme. Acabara de conhecer sua mãe... Sim, pois era sua mãe... Nunca havia sentido coisas tão estranhas daquele jeito. E Martha também parecia cativada por Lorrayne. Era a mesma Suzana que conversava com sua mãe! Era a Suzana que um dia foi em sua casa e deu instruções à Catharina de como cuidar de sua filha. Lorrayne não conseguia assimilar aquilo. Olhava para a TV, mas só via algumas cenas estranhas. Por que Martha não falou logo que era sua mãe? Será que não a queria como filha? Será que jamais falaria para alguém? E Catharina? Por que a deixou visitar sua verdadeira mãe? Será que Suzana, ou Martha, já decidira com Catharina que não a queria como filha?

Uma palavra apareceu escrita na tela: FIM. Era isso. Aquele era o fim de tudo. Sua mãe não a queria, era o fim. Voltou de seus devaneios quando Renan apareceu na tela. Não, ele não estava na tela. Só estava tirando o DVD. E Layane fazia inúmeros comentários sobre o filme. Lorrayne apenas ouvia e sorria. Não conseguia entender o que a garota falava. Seu cérebro só voltou a funcionar normalmente, quando Layane perguntou:

_ Não é? Foi extremamente ridículo! Mas foi engraçado, fala sério!

_ Muito. Concordo com você... Bom, Layane, tenho que voltar para a minha casa... De repente me deu um mal-estar... Uma dor de cabeça... Você me empresta seu telefone para que eu ligue para a minha mãe?

_ Não se preocupe, eu chamo minha mãe e peço que a leve!

_ Não! Não a incomode... A essa hora minha mãe já está em casa, e me buscaria sem problema algum... E então? Posso usar seu telefone?

_ Se você quer assim... Está ali.

_ Obrigada.

Em pouco tempo Catharina levou Lorrayne para casa. A garota não sabia se devia ficar alegre, ou triste. Estava chegando a hora de contar a Catharina tudo o que sabia. E estava na hora de começar a entender o que não entendia.

Durante o café da manhã na sexta-feira, Lorrayne, pensativa disse a Catharina:

_ Preciso falar com você.

Catharina, surpresa, pousou a xícara na mesa e respirou fundo antes de perguntar:

_ Sobre o quê?

Continua


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