Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 35
XXXV - Sais de banho




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Atormentada, Lorrayne caminhava de um lado para outro. Continuava a tirar suas conclusões:

_ Ele não gosta de mim. Eu continuo a ser sua priminha. Pouco me importa! Nem sempre fui correspondida! Mas ele, eu amo. Eu sei que amo. É muito forte. E o que eu vou fazer agora? Como vou me comportar? Talvez eu consiga chegar nele e dizer: "Olha só, eu amo você!" E ele talvez fosse simpático: "Sabe o que é? Você é como uma irmã..."...

As conclusões da garota atravessaram a noite. Lorrayne só se calou quando foi vencida pelo cansaço e acabou dormindo no chão, apoiada na poltrona. E acordou poucas horas depois assustada com Martha chamando:

_ Está na hora! Vai se atrasar se não levantar logo.

Lorrayne levantou-se num salto e correu a se aprontar. Sua única alegria era ir pra escola. Pegou seu material, abriu a porta e pensou “Parece que o destino está tirando com a minha cara!”. Eduardo estava de saída, e cumprimentou:

_ Bom dia.

Desconcertada, Lorrayne deixou seu material cair. “Saco! Isso tinha que acontecer agora?” Permaneceu parada como estava. Eduardo perguntou:

_ Você não está esperando que eu pegue, está?

_ Não.

_ E então?

_ Estou a fim de observar meus livros sob outro ângulo.

_ Estou vendo que hoje você não está muito feliz.

_ E não estou mesmo. Será que você se importa de ir pra escola?

_ Por quê? Estou incomodando?

_ Está. Tchau.

_ E se eu não for?

_ Eu também não vou.

_ Então, além de você não estar muito feliz hoje, me escolheu para ser seu alvo. Certo. Tô indo.

Aliviada, Lorrayne juntou seu material e jogou dentro da mochila. Desceu para o café. Martha reclamou:

_ Está atrasada.

_ Eu sei.

Layane perguntou:

_ Parece que você não teve uma boa noite de sono novamente. O que aconteceu?

_ Me esquece.

_ Lorrayne! Sua irmã só está querendo te ajudar! Vai implicar com ela também?

_ Tive alguns pesadelos, irmãzinha querida do fundo do meu coração.

_ Pare imediatamente com essa petulância! – Exigiu Martha.

_ Quer saber? Tô sem fome. Vou esperar lá na sala.

Lorrayne deixou a mesa e esperou todos terminarem a refeição. Na escola cumprimentou seus amigos vagamente. As primeiras aulas, de língua e literatura, Lorrayne assistiu confortada, e também não teve problemas na de biologia, até o professor sugerir:

_ Bom, já como estamos falando disso, nossas colegas Lorrayne e Yshara podiam trazer o trabalho que fizeram juntas há pouco tempo sobre tóxicos, não é mesmo garotas?

Lorrayne e Yshara se entreolharam. Lorrayne estava perdida entre as várias respostas que podia dar, mas Yshara se adiantou:

_ Professor, nós adoraríamos, se não fosse o fato desse trabalho estar viajando por várias cidades...

_ Sério? É uma pena. Cairia bem como uma luva... Mas sem problemas! Nos avisem quando ele voltar para cá!

_ Avisaremos.

Lorrayne suspirou aliviada. Durante o intervalo, puxou Yshara para o banheiro, onde poderiam conversar sem receio:

_ Yshara, minha amiga! Mais uma vez, você tinha razão!

_ Sobre o quê?

_ Estou mesmo gostando do Eduardo. Muito. Eu amo aquele cara de verdade!

_ Eu sabia que você ia acabar assumindo.

_ Mas eu não estava escondendo. Eu só não queria que acontecesse e acabei acreditando que não acontecia... Mas acontece. E estou perdida. O que eu faço agora?

_ Você devia abrir o jogo com ele. Mesmo que ele não queira, vocês têm que decidir o que fazer, como se comportarem um com outro...

_ Não! Jamais! Não vou deixar ele se vangloriando por isso! Não mesmo!

_ Ele não vai se vangloriar. Ele vai entender.

_ E vai achar que estarei aos pés dele pra atender seus desejos.

_ Ele não vai pensar isso!

_ Tem outro problema.

_ Nunca vi uma pessoa gostar tanto de problemas!

_ Eu não posso ir morar com a minha mãe.

_ O que você está dizendo? Depois de tudo que você fez, você tem mais é que ir morar com a Catharina! Você está ficando louca?

_ Não posso deixar o Eduardo sozinho.

_ Leva ele junto!

_ Impossível! Já está difícil minha mãe tirar só eu! Como ele vai tirar o Eduardo? Por que a deixariam tirar o Eduardo da Martha que já cuida dele há dez anos? O que ela vai alegar? Quem vai acreditar? Quem vai provar?

_ Lorrayne, se a Catharina vai te tirar de lá, acredito que ela também dê um jeito de tirar o Eduardo, afinal ela me pareceu uma pessoa muito boa, e que se preocupa com o próximo.

_ Acho que ela preferiria o Renan. Ele é que é o verdadeiro sobrinho dela...

_ A Catharina pensa com o coração. Confia nela.

_ Eu confio. Falando em amor... Yshara, eu acho que já estava na hora de você começar a investir no Marco, antes de perder pra Caroline.

_ Não tenho chance contra ela. Melhor deixar isso de lado.

_ Você tem um amor próprio de dar inveja...

_ É a mais pura verdade. Deixa que ele escolha.

_ Acontece que a Caroline tem uma vantagem: o Marco sabe que ela está afim.

_ Nesse momento, só tenho uma preocupação: me dar bem na escola. Sabia que eu pedi pra minha mãe me colocar novamente na minha antiga escola? É. E eu tenho que sair daqui mostrando que a escola pública me deu muito mais do que eles esperavam!

_ Fico feliz por você. Mas acho que você também devia ter outras preocupações.

_ Discordo.

_ Mas devia.

Yshara continuou a discordar da amiga, até terem novamente de voltar para as aulas.

Ao fim da aula, Lorrayne foi para o carro acompanhada de Layane e Renan. Martha estava muito quieta. Não atendeu aos pedidos de Layane. Ficou para o almoço. Mas não disse uma palavra. Layane cansou-se e também se aquietou. Ao terminar sua refeição, Martha disse:

_ Tenho uma notícia. – voltou-se para Renan e Eduardo – É a respeito de vocês dois, mas acho que todos aqui devem saber. Somos uma família.

Apreensivos, os dois garotos apuraram a atenção:

_ Bom, tem alguém que está na cidade, e que acho que vocês gostariam de saber. É a Diana.

Layane arregalou os olhos. Renan continuou estático. Eduardo perguntou:

_ E ela? Gostaria de saber da gente?

_ Creio que sim. Ela me telefonou para avisar que estava aqui.

_ E o que mais ela falou? – perguntou Renan.

_ Nada. Eu perguntei como ela estava e o que queria. Ela disse que estava bem e desligou.

_ Então ela não quer ver a gente. – concluiu Renan decepcionado.

_ Pode ser que ela ligue novamente. Talvez ela estivesse com pressa...

_ Não. Ela passou esse tempo todo sem nos ver. Ela com certeza está melhor assim. – dizendo isso, Renan deixou a mesa.

Eduardo seguiu o exemplo do irmão. Lorrayne continuou sua refeição. Assim que terminou, foi até o quarto de Renan e bateu.

_ Quem é?

_ A Lorrayne.

O garoto abriu a porta e disse:

_ Eu não preciso que você me console.

_ Não vim te consolar. Jamais faria isso.

_ Ótimo.

Renan tentou fechar a porta, mas Lorrayne o impediu e entrou no quarto. Disse:

_ Só queria que você refletisse em uma coisa. Eu também morei toda minha vida com minha tia. E quando decidi vir morar com a minha mãe, minha vida desmoronou. Eu achava que o certo era eu morar com a minha mãe biológica, mas me enganei. Eu não sabia que o que contava era o amor, o carinho. Então, se eu fosse você, pensaria bem nos sentimentos que você tem por cada uma, pra depois decidir por quem você deve sofrer.

_ É só isso?

_ Eu também queria saber se a Layane tem algum outro plano pra me matar. Zoeira minha. Tchau.

Lorrayne deixou o quarto. E surpreendeu-se ao dar de cara com Layane saindo de seu quarto. Indagou:

_ Layane? O que estava fazendo no meu quarto?

_ Procurando você. Acontece que eu tinha pegado seus sais de banho emprestado, mas já coloquei no lugar.

_ Mesmo que isso fosse verdade, você podia ter pedido antes.

_ Ora Lorrayne! Isso é que é a fraternidade! Ah, os sais são deliciosos! Aproveite!

Layane deixou a irmã. Lorrayne ficou segurando a maçaneta do quarto, pensativa. “O que Layane está aprontando agora?” Perguntou-se. Entrou. Observou os arredores do quarto. Tudo parecia normal. Revistou a cama, os móveis. Estava tudo em ordem.

Talvez o problema fossem os sais. Correu até o banheiro. Olhou no armário, no espelho, estava tudo certo, mas ainda não havia encontrado os sais. Olhou em volta e o encontrou.

_ Que saco! Além de a Layane pegar sem pedir coloca em lugar errado!

Lorrayne caminhou até a janela e se debruçou sobre a banheira, mas não alcançou. Pisou com força dentro da banheira e escorregou. Bateu com a cabeça na beirada da banheira e caiu desacordada.

Poucos minutos depois, Layane entrava no banheiro. Contemplou a irmã desmaiada dentro da banheira. Um filete de sangue corria de uma de suas sobrancelhas. Layane olhou mais de perto. Lorrayne respirava, ainda estava viva. A garota vestiu uma de borracha e sussurrou para a irmã:

_ É Lorrayne! Parece que não saiu como eu imaginava, mas tudo bem. Ainda tenho recursos...

Layane abriu a torneira da banheira. Pensou consigo mesma:

_ Isso tem que parecer um acidente.

Pegou o vidro de xampu que havia guardado no armário, destampou-o, e jogou dentro da banheira.

_ Foi bom conviver com você, Lorrayne. Bom, na verdade, não foi tão bom assim, mas você entende, não é mesmo? Tenho que ir, para que você descanse eternamente. Adeusinho!

Animada, Layane deixou o quarto. Encontrou Renan no corredor que perguntou:

_ A Lorrayne está no quarto dela?

_ Ela não quer ver ninguém.

_ Eu queria falar com ela.

_ Ei! Que isso? Desde quando você tem assunto com essa aí?

_ Será que você vai me proibir de falar com ela?

_ Não. Ela mesma vai. Ela não quer ver ninguém. Me expulsou do quarto.

_ Era de se esperar.

_ Qual é a sua, heim? Só porque sua mãe não quer você? Não tenho culpa!

_ Você está sendo baixa.

_ E você está sendo um vira casaca.

Renan ignorou o comentário e continuou. Layane saltou na sua frente e disse:

_ Se você for, vai se ver comigo!

_ Ver o quê? – Renan desviou-se e continuou.

Bateu na porta. Nada. Layane cruzou os braços e disse:

_ Viu? Eu falei.

_ Lorrayne? Você está aí? O que você fez, Layane?

_ Nada. Você sabe que a Lorrayne é mesmo muito anti-social!

Layane segurou a maçaneta antes que Renan pudesse abri-la. Disse:

_ Se você entrar aí, vai sair com o rabo entre as pernas, e vai se arrepender amargamente!

_ Você fez alguma coisa, não fez?

_ E se fiz? Qual o problema? Você nunca ligou!

_ As coisas mudam!

Renan afastou Layane da porta e entrou. Olhou pelo quarto e tudo parecia em ordem. Layane postou-se na frente da porta do banheiro e disse:

_ Você não vai querer entrar, vai?

Continua


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Notas finais do capítulo

Ai gente, mal vejo a hr de terminar de postar... -_-'
Rsrsrsr!
Quero logo partir para a continuação, q eu comecei há pouco tempo.
Qdo eu escrevi essa fic, tb tinha problemas na escola... E tb tinha 15 aninhuus! rsrsrs!
Agora estou na facul e pá... A galerinha tb cresceu! Espero ter escolhido bem a profissão de cada um!! ^^
Kissus!!



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