Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 19
XIX - Ódio de irmãs




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Lorrayne refletia sobre sua irmã, quando a mesma acabava de voltar com o primo, exclamando pelo corredor:

_ Lorrayne, voltamos! E temos uma ótima novidade, pena que não podemos te contar! – e riu.

Lorrayne saiu de seu quarto e deparou-se com Layane. Perguntou:

_ Layane, por quê você está me tratando assim?

_ Simplesmente porque você preferiu Eduardo a mim.

_ Layane, não preferi ninguém. Só não quero viver numa casa que vive em guerra.

_ E também por você ser tão imbecil. Essa casa sempre foi a mesma por quinze anos, e agora você chega querendo fazer revolução? Isso é também por você se atrever a tentar tomar meu lugar.

_ Ah, já entendi! Você está com ciúmes de mim. Isso não é preciso...

_ Não estou com ciúmes de você! É fato que a mãe te considera um exemplo de filha, coisa que eu era antes de você. E não vai continuar assim.

_ Layane, pára com isso, somos irmãs...

_ Pois é, somos. Mas agora não estou tão feliz com isso. Enjoei de você. Vamos Renan.

Renan acompanhou Layane até seu quarto e trancaram-se lá dentro. Lorrayne ainda não acreditava no que acabara de ouvir. Sua irmã estava com ciúme. E um ciúme violento.

No dia seguinte acordou com Martha batendo em sua porta. Era a primeira vez que se atrasava. Não estava exatamente atrasada, mas sempre estava pronta quando Martha chamava. Arrumou-se rapidamente. Foi até a cozinha para o café. Layane e Renan já tomavam seus cafés. Estranhou e sentou-se. Martha comentou:

_ Meus anjinhos resolveram trocar os papéis?

Lorrayne tentou se explicar:

_ Bem, é que meu relógio não despertou, não sei...

Sorrindo, Layane falou:

_ Viu mãe, um dia todos se revelam...

Renan sorriu discretamente. Ouviram a porta bater. Mais uma vez Eduardo saía para a escola. Após terminar seu café, Martha perguntou:

_ Lorrayne, querida, fiquei sabendo que ontem você e Layane discutiram. Verdade?

_ Hã? Ah! Bem, é que... As coisas saíram um pouco de controle...

_ Layane me disse que você tomou partido de Eduardo e disse algumas coisas feias para ela...

_ Eu? Bom, eu só vi que Layane brigou com Eduardo, e eu vi, e achei que foi injusto...

_ Minha querida, convivo com a guerra desses dois há muito tempo, e queria pedir a você que não se metesse nisso. Sei o que acontece. Você não devia dar bola para as loucuras do Eduardo.

_ Mas Layane brigou injustamente com ele...

_ Lorrayne, eu conheço minha filha. E acho que ela não faria algo contra Eduardo que não fosse para se defender.

_ Mãe, mas a senhora precisava ver!

_ Lorrayne, e eu também gostaria que você não criasse problemas com a sua irmã. Eu amo tanto vocês duas, e não quero dar bronca em nenhuma por causa de briguinhas bobas, certo?

_ Mas mãe...

_ Lorrayne, pode ser?

_ Tá... Tudo bem...

_ Agora vamos pessoal? Todos terminaram? Ótimo.

Entraram no carro e partiram para a escola.

Lorrayne já havia se acostumado com todos os professores, e suas broncas. Somente a aula de Educação física lhe causava problemas. Durante essa aula, inventou uma dor insuportável no tornozelo e ficou sentada assistindo ao grupo se matar com exercícios. Ao terminarem, Yshara aproximou-se e sentou-se ao seu lado. Lorrayne nem percebeu a presença da garota. Estava perdida em seus pensamentos de como Layane havia feito sua mãe acreditar em tais coisas. Yshara perguntou:

_ E a dor? Passou?

Voltando a si, Lorrayne respondeu:

_ Passou. Mais ou menos. Ainda está doendo.

_ Na verdade nunca doeu, não é mesmo?

Alarmada, Lorrayne fitou Yshara, que a acalmou:

_ Não precisa ficar assim, não conto nada.

_ Acontece que a aula estava realmente dolorida... E eu também precisava refletir um pouco antes de ir embora.

_ Está com problemas em casa?

_ Problema é apelido.

_ Não se preocupe. Um dia eles se resolvem. Ou você se acostuma a eles, como eu.

Incrédulo, Marco olhava para a arquibancada sempre que possível durante o jogo de futebol. Aquela garota ranzinza estava conversando com Yshara...

Enquanto isso, Lorrayne discordava de Yshara:

_ É? Eu não quero me acostumar ao meu problema. Não sou uma pessoa de se conformar. Eu luto.

_ Se isso foi uma indireta, fique sabendo que eu fiz o possível para impedir meus pais de se separarem. Mas isso é uma coisa em que a opinião dos filhos não conta muito...

_ Não sabia que seus pais eram separados. Com qual dos dois você mora?

_ Mãe. Vejo meu pai só nos finais de semana.

_ E você considera isso um problema? Você é feliz e não sabe.

_ Por quêe? Você mora com sua mãe, tem uma irmã bacana...

_ Como você sabe que moro com minha mãe e minha irmã?

_ Bom, vejo vocês indo embora juntas com sua mãe, ou aquela mulher não é sua mãe?

_ É... Ela é minha mãe sim. Mas o que a faz pensar que minha irmã é legal?

_ Vocês estavam sempre juntas no intervalo, agora não muito, mas já as vi muito unidas.

_ E... Como você sabe que ela é minha irmã?

_ Percebi há pouco tempo que vocês são idênticas. Sua irmã tem algumas transformações, mas vocês continuam parecidas. Outra coisa que percebi, é que há algum tempo atrás, você ia embora com uma outra pessoa, que eu pensava que era sua mãe...

_ Pois é... Eu também pensava.

_ Pensava o quê?

_ Que Catharina era minha mãe.

_ Quem é Catharina?

_ A mulher que me trazia para a escola.

_ Não entendi. Você pensava que ela era sua mãe? Como assim?

_ Morei minha vida toda com ela, pensando que era minha verdadeira mãe. Quando comecei a estudar aqui, descobri que ela era apenas minha tia, e que minha melhor amiga era minha irmã. Então conheci minha verdadeira mãe, e estou morando com ela, com minha irmã, e dois primos.

_ É esse seu problema?

_ Acha pouco?

_ Pensando bem, não vejo problema algum. Você não queria morar com sua mãe?

_ Queria, mas minha... A Catharina é quem não queria. Ela está muito chateada comigo e foi embora da cidade.

_ Ah... Você sente falta dela?

_ Eu achava que não, mas eu sinto.

_ E sua nova mãe é legal? Sua irmã, seus primos? São legais?

_ Eu pensava que eram, mas agora os conheci como realmente são.

_ Ihhh, eles são pentelhos?

_ Pior. Minha irmã Layane é venenosa. E o primo Renan a ajuda em todas as maldades. E o alvo é o primo Eduardo. E há pouco tempo tem sido eu também.

_ O que ela faz?

_ Bom, para o Eduardo, sempre arranjava um jeito da mãe lhe dar uma descolada, e para mim, bom, ela está com ciúmes de mim, e quer colocar a mãe contra mim.

_ Por que você não volta a morar com sua mãe adotiva?

_ Porque ela está chateada comigo, eu disse.

_ Você não sabe pedir desculpas?

_ Não sei se ela vai aceitar. E também, fui eu que escolhi isso.

_ Por isso você não tem mais andado com Layane?

_ É.

_ Tenho que admitir, isso é um problema...

Alguém veio por trás de Yshara e lhe deu um susto, que a fez gritar e pular do banco. Lorrayne não se surpreendeu ao ver Marco Aurélio rindo com o susto da amiga. Perguntou:

_ Lorrayne, estou admirado de ver você conversando com Yshara. Geralmente você nos manda pastar antes de podermos...

_ Não mando ninguém pastar. Só interrompo conversas que não me agradam.

_ Então agora somos desagradáveis? – indagou o garoto.

_ Se a carapuça te serviu, não tenho culpa...

_ Você tem resposta para tudo, não é?

_ Não. Só pra quem tem pergunta pra tudo.

Dizendo isso, Lorrayne levantou-se e pegou seu material. A professora havia permitido a saída dos alunos.

Encontrou Layane que passava pelo corredor. Segurou a garota pelo braço, que reclamou:

_ O que você está fazendo? O que você quer?

_ Saber o que você fez. O que você falou para a mãe?

_ A verdade. Você mesma viu o que ela disse. Eu não menti.

_ Layane, dá pra você parar com isso?

_ Não, Lorrayne. Estou cansada de você e seu senso de justiça. Agora é melhor irmos. Mamãe deve estar esperando...

_ “Mamãe” está esperando graças a mim. Se eu não estivesse aqui, você estaria na sala da Geni esperando que ela tivesse um tempo para vir te buscar.

_ Pode ser, Lorrayne. Mas as coisas vão mudar. Aguarde.

Layane continuou andando no meio da turma que saía. Entraram no carro, e logo Renan se juntou ao trio.

Martha almoçou com os filhos e teve tempo de tomar um banho. Layane subiu junto com a mãe, e Lorrayne teve certeza que encheria mais a cabeça da mãe contra ela.

Mas Martha saiu sem dizer nada, além de “tchau, meus amores”. Em seguida, Layane desceu. Falou para Renan, que assistia TV:

_ Renan, vamos voltar lá no seu amigo. Funcionou. Sem problemas. Vamos logo. Temos muito que fazer.

_ Layane, melhor não.

_ Vamos logo!

_ Não, Layane!

_ Você está com medo? Não deu problema, você viu!

_ Mas pode dar! Não vou.

_ Você vai. Senão conto tudo pra mãe!

Automaticamente, Renan levantou-se e acompanhou Layane, ainda discutindo:

_ Você está ficando louca!

_ Relaxa, não tem problema!

Lorrayne tinha certeza que aquilo tinha a ver com ela. Ou com a atitude da mãe. Perguntou:

_ O que vocês estão tramando, heim?

_ Não se mete, maninha.

_ Se a mãe acredita tanto em você, ela não ligaria para o que eu contasse pra ela...

_ Lorrayne, não vou cair na sua.

_ E você Renan? Você sabe que tudo que é ilegal acaba sendo descoberto, não sabe? Melhor você pensar direito antes de fazer qualquer besteira.

_ Não se preocupe, Lorrayne. Confio em Layane.

E Lorrayne não pode fazer mais nada para descobrir ou impedir o que os dois fariam. Pensou em seguí-los, mas seriam dois contra um. Podia chamar Eduardo, mas este evitava qualquer tipo de atrito com Layane. Mas os atritos eram impossíveis de serem evitados. Não custava tentar.

Assim que a porta se fechou, correu até o quarto de Eduardo e bateu na porta:

_ Eduardo! Sou eu, Lorrayne! Abre logo!

O garoto abriu a porta, mas antes que pudesse perguntar qualquer coisa, Lorrayne entrou e começou:

_ Vim te pedir ajuda! Você pode me acompanhar?

_ Pra quê?

_ Estou muito preocupada! Layane está tramando alguma coisa contra a mãe ou contra mim! E é alguma coisa perigosa, já que seu irmão estava com medo de participar!

_ Não estou entendendo.

_ Você pode me acompanhar a seguí-los, ou não?

_ Olha, Lorrayne, talvez seja mais um joguinho deles para te meter em uma fria...

_ Isso significa não?

_ Significa.

_ Então eu vou sozinha.

_ Vai se ferrar sozinha.

_ Não me importo.

Lorrayne saiu do quarto com impetuosidade, como havia entrado. Desceu as escadas correndo e saiu. Desceu a rua, olhou pela avenida. Conseguiu reconhecê-los bem longe. A uns cem metros à frente. Correu até poder vê-los mais nitidamente. Entraram em um estabelecimento. Era uma drogaria.

Continua


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