Narrado por Daniel:

Mannu me beijava docemente, ela me puxava para mais perto, sentia sua lingua na minha, eu sabia que deveria dar um basta, mas também sabia que Mannu fazia isso simplismente para eu esquecer a Julie de uma vez, ficamos assim por algum tempo, sinceramente era ruim não precisar de uma pausa para recuperar o fôlego. Sua mão desliza para o meu peito, fechei os olhos e aproveitei o momento... até que.

- Julie... - Falei, ainda com meus lábios nos dela.

Mannu se afasta.

- Julie?... - Ela me encara. - Eu te beijo... e você me chama de Julie? - A fantasma olha para o chão, decepcionada.

- Me perdoa Mannu, eu... eu não sei no que eu estava pensando.

- Eu sei, na Julie.         

Bufei. Mas sabia que era verdade.

- Daniel, porque não esquece ela de uma vez. - Mannu me dá uns cinco selinhos. - Eu estou aqui para isso. - Diz ela, com os lábios a centimetros dos meus.

- Não adianta, nunca senti nada por você. E não vai se agora que irei sentir.

Ela se afasta.

- É Demétrius, já vi que vou ter um trabalhão pra te fazer esse favor. - Ela reclama.

- Mannu, entendo que você quer me ajudar. - Falei. - Mas, sei também que ainda sente algo por mim. - E como não sentir? Sei que sou perfeito.

- Não... - Ela dá um sorriso timido. - Não sinto, estou fazendo isso por você. Não quero que Demétrius te machuque, ou algo parecido. 

Ela pega um papel que estava no seu bolso, e me entrega.

- Toma, o numero do meu celular. - Ela me encara. - Se precisar de mim, é só ligar.

- Pode deixar. - Não preciso da sua ajuda.

- Tchau. - Ela me deu um beijo no canto da boca. E sumiu.

- AHHH! - Bufei, e me joguei no sofá, olhei para o papel que Mannu havia me dado. - Aqueles beijos... como eu queria que fosse seus, Julie.

Narrado por Julie:

Era de manhã, acordei, tomei um banho quente, ainda bem que eu não precisava me preocupar com a segunda-feira, já que estou de ' férias ', graças a licença médica da Professora. Por algum motivo, dormi e sonhei com Nicolas, mas acordei pensando no Daniel. Cheguei na cozinha, estava com fome. Comi um misto quente.

- Bom Dia Filha. - Meu pai chega na cozinha, repleto de malas e coisas pessoais.

- Bom dia, o que é isso?

- Eu vou fazer uma viagem a trabalho filha, só voltarei daqui a um mês. Então preciso que você tome conta de tudo, e não deixe o seu irmão faltar a escola. Ou então explodir a casa com alguma de suas invensões.

- Tá bom, pode deixar comigo pai.

- Confio em você Juliana, - Ele beijou minha testa.- Vou indo.

- Boa viagem.

Ahh, finalmente uma notícia boa, agora posso ensaiar com a minha banda sem medo do meu pai ouvir, posso ter a casa só para mim... ahhh, adeus tédio! Adeus horas e horas sem fazer nada, adeus momentos com Daniel.....=/

Eu não acredito que já estou sentindo saudades de passar um tempinho com o Daniel.... Meus pensamentos foram interrompidos com um SMS do meu celular.

'' Julie, vem pra cá agora. Tenho uma notícia para te dar! ''

'' Ok, já to indo Bia ''

Fiquei um pouco nervosa com a tal noticia, corri e fui até a casa dela. Cheguei lá super nervosa, afinal, ela não mencionou se a noticia era boa ou ruim.

- o--oi, - Falei com falta de ar, corri bastante.

Bia riu.

- Julie! Calma. - Ela disse ainda rindo. - Senta aí, vou pegar um copo d'água.

- Tá, mas qual era a notícia???

- Boom, sabe quando eu disse que talvez teriamos um show.

- Não vai ter? - Perguntei desanimada.

- Não, não é bem isso. - Ela respira fundo, tentando explicar. - O Klaus disse que essa semana a loja dele já terá um show. Então não vai ser lá.

- Conta logo Beatriz!

- Tá tá. Vai ser ao ar livre.

- Ar livre?

- É! - Ela estava bem animada. - Vamos montar um palco. 

- Legal! - Acabei me animando, sempre gostei de show ao ar livre, isso seria uma boa. - Você não sabe o quanto o Daniel vai ficar feliz. - Sorri.

- Huum... Daniel? - Bia me encarou. - Só pensou no Daniel? E o Martim... Félix?

- É, é... eles também.

- Huh..

- Bia..

- Oi?

- Você acharia estranho, uma viva se apaixonar por um fantasma?

- TOTALMENTE!. - Bia gargalhou. Mas, derrepente, ela fica séria - Porque?

- Nada.... por nada.

Entendo o lado de Beatriz, até eu mesma acho isso suuper estranho, afinal, eu estou viva, Daniel não está, ele jamais sentiria algo por mim. Preciso esquece-lo. 

- Amiga, já vou indo. 

- Mas, acabou de chegar. - Me levantei do sofá, Bia continuou falando. - O que foi? Me conta.. tá estranha, Juliana. - Não dei ouvidos e sai.

Enquanto caminhava pensava na reação de cada fantasma ao descobrir que fariamos um show, sinceramente, não estava muito animada, mas ao ver Martim, Félix e Daniel alegres, eu iria me animar também.

Cheguei na edicula.

- Martim, Daniel, Félix! - Gritei.

Os três apareceram. 

- Calma, porque tanta gritaria? - Perguntou Félix.

- AHHHHH! - Continuei gritando.

- Aconteceu alguma coisa? - Martim ficou curioso.

- Siiim ! 

- Oque ? - Perguntou Martim e Félix ao mesmo tempo.

- Vamos fazer um SHOOOOW! 

Os dois ficaram animados, puxaram eu e Daniel para um abraço em grupo, porém, vi que Daniel não estava muito animado.

- Eu preciso contar isso para Débora. - Fala Martim, animadissimo. Ele some.

- E eu... eu... - Félix olhava para mim e Daniel, como se estivesse nervoso ao nos ver. - Acho que vou deixar os dois sozinhos. - Ele pisca para Daniel, realmente não entendi;

- Como assim ? Porque? - Perguntei, mas Félix sumiu.

- E então Daniel, gostou da notícia?

- Aham. 

- Legal.

Ficamos em silêncio, ele não tinha assunto.

- Não vai ser na loja do Klaus, vai ser no parque da outra rua... eu acho. Sabe, no lugar onde a gente fica deitado, na grama. - Sorri.

Ele respirou fundo. 

- Poxa, estou animado. - Diz o fantasma.

- Então demonstra! 

- Vem cá! - Ele me puxa para um abraço forte, conseguia sentir sua animação dessa vez.

- Viu! agora Sim! - Disse me libertando do abraço, baguncei seu cabelo, pelo menos, se ele ficasse bravo comigo por causa disso, ele iria ficar mais energico. E também, eu adorava o cabelo dele.

Daniel respirou fundo, como se não tivesse forças para falar. Soltei seus cabelos e o encarei.

- Você está desanimado desde ontem. O que foi? - Perguntei. - Eu sou sua amiga. Lembra?

- Exatamente, você é minha amiga. - Ele susurrou. 

- huum... - Não havia entendido o motivo de sua ironia. 

Ele andava em direção a sua guitarra, resolvi pular em suas costas. 

- AHHHH! Julie, sai de cima de mim! - Grita ele, nervoso;

- Ahá! - Eu ri, me soltando dele. - Consegui te deixar nervossinho.

- Me deixar nervoso é facil pra você. - Ele ri, acabei rindo também.

- Ouunt, vem cá. - O abracei. Como eu gostava de senti-lo perto de mim.

Ele ficou em silêncio por um tempo, parecia estar gostando do abraço, então decidi continuar assim. 

- Juh... - Ele sussura bem perto do meu ouvido, me fazendo arrepiar.

Abri os olhos. Parecia que ele queria me dizer algo, olhei em volta da edicula. 

- Oi. - Falei.

Ele respirou fundo, ainda abraçados... ele iria dizer algo, quando... me soltei.

- O que é isso? - Me aproximei do sofá vermelho, lá havia um papel amassado. 

- Ahh, não é nada. Me dá aqui... - Ele tenta puxar de mim, mas não consegue, desamassei o tal papel.

- Mannu ???? - Olhei, vi que tinha um numero de celular escrito no papel, e logo em baixo estava escrito ''Mannu'' - DE QUEM É ISSO?