Distopia escrita por StrawK


Capítulo 3
Sem equilíbrio


Notas iniciais do capítulo

Olá! Mais um capítulo não betado!
Peço desculpas ela demora nas atualizações, mas como falta apenas dois meses para meu casamento, e eu estou correndo feito louca, imagino que vocês entenderão. Até julho, as postagens não serão mais regulares. Tenha paciência. =)
Ah, em breve terá novo capítulo de Antagônicos.
Boa leitura!



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"Você pode ver que estamos todos conectados por um fio invisível?"*

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O escritório do Hokage não estava ocupado por seu dono, e sim por um homem bem mais velho.

Danzou sentou-se na poltrona confortável, atrás da enorme mesa de madeira enquanto apreciava os prismas que os raios de sol do entardecer formavam no ar ao atravessar o vidro da janela à suas costas; sorriu ironicamente quando um homem alto e de longos cabelos negros irrompeu pela porta.

— O que precisa agora? — O Conselheiro perguntou à Madara, que puxou uma cadeira e sentou-se, sem cerimônias.

— Onde está o Hokage? — O Uchiha ignorou-o.

— O mandei descansar. Diga-me o que quer.

— Mais algumas cartas com o selo do Hokage. Ainda tenho alguns distritos pertencentes à ex-shinobis para desapropriar, e Sasuke partiu hoje com a última delas.

— Providenciarei isso amanhã. Mas pare de agir como um cãozinho excitado, Madara. Aja com cautela ou poderão desconfiar — o único olho visível de Danzou perscrutava o rosto impassível do outro com sagacidade. — A última coisa que queremos agora é uma rebelião, ainda mais com esses rumores sobre alguém ter avistado Tsunade nos arredores. Você sabe, ela ainda tem muitos fãs, mesmo que tímidos.

O Uchiha sorriu friamente e levantou-se, parando em frente à janela. Após alguns instantes de quietude, voltou-se para o outro homem:

— Eu sempre me perguntei... Por que abolir as mulheres de tantas ocupações. A princípio, pensei que era apenas uma desculpa para afastar a Quinta, mas depois imaginei ser algum tipo de vingança, pelo o que ela fez a você, já que sempre foi uma... Como eles chamam? Ah, feminista. Mas não é isso, não é?

— Você não está errado. Suas suposições estão corretas, porém devo admitir que há algo mais — Danzou virou o tronco em direção a Madara. —Já se perguntou por que a formação do time shinobi precisava de uma mulher? Elas são o equilíbrio, meu caro. E nada fica em pé por muito tempo sem equilíbrio. Chega a ser ridículo, de tão óbvio, não é mesmo?

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— Se eu tivesse apostado que você pularia no pescoço dele assim que o visse, teria perdido.

— Você sempre perde suas apostas, shishou* — Sakura estava sentada desleixadamente no velho tatame da cabana de Tsunade, que a observava segurando o queixo, com expressão entediada.

Ela não costumava visitar a mulher tão tarde, mas assim que Uchiha Sasuke deixou sua casa, a necessidade de contar a grande ideia que tivera falou mais alto que a precaução que deveria tomar para não levantar suspeitas acerca do esconderijo de sua mestra.

— Haruno-san sabe que está aqui? — A luz bruxuleante das velas criava sombras grotescas que dançavam pelo rosto de Tsunade, a deixando com uma aparência velha e fantasmagórica, e Sakura se perguntou como ela seria sem aquele jutsu acumulativo de chakra.

— Não o avisei, mas deve imaginar que vim para cá, depois que ele me proibiu de colocar meu plano em prática — a garota continuou a observar o rosto da ex-Hokage e viu o selo em sua testa mexer-se levemente quando ela franziu as sobrancelhas.

— Ele só está preocupado, idiota. Ainda não se recuperou da última vez em que você se esforçou tanto no treino de controle de chakra e ficou desacordada por dois dias.

— Mas valeu a pena... — Sakura sorriu com sinceridade. — Porque eu finalmente consegui usar corretamente o Chakra no Mesu*.

— O que me leva a perguntar o motivo de não ter usado a faca de chakra ao invés de uma maldita faca de cozinha — Tsunade levantou-se e parou em frente à janela, observando a noite sem estrelas. — É tão deselegante. Poderia ao menos ser uma kunai.

Sakura reconheceu a sensação de melancolia que se apoderava da mulher toda vez que contemplava uma noite assim; escura e silenciosa, como há sete anos atrás, quando para salvar a Vila, teve que renunciar ao posto de Hokage e ser tratada como uma traidora covarde. Embora nunca a tivesse visto chorar, — por si própria, pela Vila, ou mesmo por Jiraya — sua pupila sabia que cada suspiro exasperado era na verdade, um grito de socorro.

— A shishou me ensinou muito bem — os olhos verdes fecharam-se, combinando com a expressão arrogante que adquirira inconscientemente à medida que aprendia novas técnicas. — Mesmo que eu não falhasse, não teríamos os recursos adequados para nos livrar do corpo com a eficiência dos antigos ANBUS. Se alguém o encontrasse, uma autópsia facilmente revelaria que seus ferimentos internos só poderiam ser causados por técnicas ninjas.

Tsunade sorriu-lhe de modo igualmente orgulhoso, ao desviar os olhos da janela e sentou-se de frente para a garota, cruzando os braços abaixo dos seios. A proximidade deixava a mais nova apreciar a nuances da pele jovem de sua mestra sem as interrupções extremas de luzes ou sombras dançantes. Aquele selo era realmente impressionante.

— Então, o que seu pai irá fazer?

— O Conselho foi extremamente gentil ao dar o prazo de um mês para desocupar o Distrito, então eu acho que ele ficará lá até o último dia, para tentar espancar alguns Uchihas — Sakura riu, sem muito humor.

— Acha que é tempo suficiente para você encontrar essa nova ANBU?

— Pretendo partir o mais rápido possível. Estava pensando em sondar Konoha, mudar-me para lá e conseguir um emprego que não trouxesse desconfiança. Em uma taberna, talvez.

— Estúpida. Não sabe que agora, as mulheres que trabalham em tabernas são vistas como escória? — O losango violeta na testa de Tsudade contraiu-se novamente. — Como espera conseguir alguma informação sem o mínimo de respeito?

— Eu não serei uma mulher, Tsunade-shishou.

Tsunade observou os olhos verdes de sua pupila se fixarem em sua testa e imediatamente soube o que ela planejava.

— Sei o que está pensando, mas sinto desapontá-la. Não conseguirá mudar sua aparência com esse jutsu — disse, cutucando o selo.

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Konoha se encontrava na penumbra quando Sasuke passou por seus portões, chegando de mais uma visita desagradável; dessa vez, ao Distrito Nara.

Acenou brevemente com a cabeça para os guardas que estavam de prontidão, pensando que deveria ter acampado na floresta e partido pela manhã, assim como fizera quando voltou da visita à Haruno Fujitaka há dois dias atrás, mas a ânsia de voltar para casa o fez dobrar sua velocidade na viagem de volta, o fazendo levar apenas metade do tempo para tal.

Independente de sua estafa, sabia que em breve teria que se dirigir a outro pequeno distrito pertencente a um ex-shinobi para comunicar-lhe um iminente despejo e aquilo já o estava aborrecendo; não saber o motivo que levou o Hokage a subitamente reintegrar essas terras o incomodava, embora aparentemente já estivesse acostumado a obedecer sem muitos questionamentos.

Parou a caminhada e seus pensamentos desanuviaram ao perceber uma pequena algazarra no parque, do outro lado do muro. Ao aproximar-se, notou duas pessoas rolando no chão em uma luta confusa. Uma delas era Uzumaki Naruto, mas não conseguiu reconhecer seu adversário de imediato.

— Retire o que disse, maldito! — O rapaz loiro gritava, enquanto distribuía socos e chutes aleatoriamente. — Retire!

Como resposta, o outro socou-lhe o estômago, fazendo Naruto ir ao chão, contorcendo-se de dor; a pequena vantagem permitiu ao suposto desconhecido levantar e chutar-lhe as costelas.

Naruto caiu de joelhos no chão de terra, ofegando pesadamente, e a luz fraca de um dos postes refletia o brilho do suor no rosto sujo e contorcido; Sasuke sabia que se não intervisse, a qualquer momento um demônio de nove caudas destruiria metade da vila.

À medida que o Uchiha se aproximava da cena, a fisionomia do rival de Naruto ficava mais clara. Cerrou os punhos, levemente agitado, ao visualizar o símbolo de seu clã — um pequeno leque vermelho e branco — bordado em uma das mangas da camisa do rapaz, que se preparava para mais um golpe.

— Afaste-se, Shiro — Sasuke disse, pondo-se à frente de Naruto. — Só eu posso espancar este dobe*.

O outro Uchiha, menos experiente e de menor patente, congelou ao ver os olhos de Sasuke tornarem-se vermelhos como sangue e recuou um passo, instintivamente, com surpresa e revolta contida.

— Não pense que só porque é um dos queridinhos do Hokage que tem o direito de usar kekkei genkai — o rapaz acusou, com a voz trêmula. — Desligue esse sharingan. Quando Madara souber que você desrespeitou as leis, ele irá-

— Tem razão — os olhos lentamente, tornaram-se negros outra vez. — Seria muito fácil usar o sharingan contra um Uchiha que nem ao menos consegue ativá-lo. Um golpe será o suficiente para você.

— Hei, teme* — Naruto parara de ofegar e agora se encontrava atrás de Sasuke, com olhar sombrio e cabeça baixa. — Não se meta em minhas brigas.

Os dois Uchihas o encararam, notando o enorme esforço que fazia para manter o autocontrole, e embora Sasuke soubesse o motivo de seu empenho em acalmar-se, não fazia ideia do que o havia deixado tão nervoso.

Tão rápido quanto um piscar de olhos, Naruto lançou-se sobre Shiro, fazendo o punho pesado encontrar seu rosto — pode-se distinguir claramente o som de ossos se partindo —. O impacto lançou o rapaz a um distancia considerável, e quando tentou colocar-se de pé, os joelhos fraquejaram e encontraram o chão de terra, que começou a tingir-se com o sangue que jorrava de sua boca e nariz.

— Retire o que disse! — Naruto gritou novamente, pronto para atacar outra vez, porém Sasuke foi mais rápido e bloqueou o ataque, aparando o golpe com o braço.

— Não estrague tudo — Sasuke rosnou por entre os dentes. — Não pode ser preso agora, dobe. Acalme-se ou eu mesmo farei de questão de acabar com você.

Naruto o encarou com os olhos azuis transbordando em frustração.

— Ele disse que o Quarto era um covarde! —Finalmente o Uzumaki abaixou os braços, olhando um ponto por cima dos ombros de Sasuke, onde o rapaz, ainda no chão, tentava estancar a hemorragia com as mãos, sem sucesso. — Disse que era uma vergonha para o Conselho um dia ter escolhido um Hokage assim. Disse que meu pai foi uma piada! E não importa o que você diga, isso eu não posso perdoar! Eu não posso-

— Não pode colocar tudo a perder. Se deixar de ser estúpido, terá sua vingança. Mas agora, não.

Foram segundos que pareceram horas até que Naruto relaxar os ombros e se dirigir à saída do parque, sendo seguido por Sasuke, mas antes que pudessem passar pelo portão, foram interceptados por uma pessoa vestida com um manto de capuz, que bloqueou a passagem com o braço.

— Vocês dois são tão idiotas — a pequena figura falou com voz firme, apesar do tom que oscilava entre grave e agudo. — Vão mesmo deixar aquele cara sangrando e lembrando de tudo o que aconteceu aqui?

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CONTINUA

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Notas finais do capítulo

*Trecho de tradução livre de Harmonia de Rythem. Segundo encerramento de Naruto Clássico (e não, não vou usar Haruka Kanata agora).
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*shihsou: velho; termo usado às vezes para denominar "mestre", em alguma arte japonesa (não necessariamente envolvendo luta).
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*Chakra no Mesu: Faca de chakra. Com a chakra focalizado em suas mãos, o usuário cria lâminas, podendo fazer graves danos nos órgão internos de seu oponente caso o atinja. Essa técnica pode até matar, caso atingir o coração ou a garganta e não deixa danos externos.
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*Dobe e Teme: a grosso modo, estúpido e imbecil/bastardo, respectivamente.
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Não conseguirei responder aos reviewsm agora, mas espero fazê-lo em breve. Muito obrigada!
Ah, acho que para vocês, os nomes do capítulo não devem fazer muito sentido, mas na minha cabeça faz. Totalmente. XD
E tenham paciência com essa história, pfv.
Digam o que acharam deixando reviews!
Besitows,
StrawK!