Depois de três mortes e muitas lágrimas, três declarações sem voz e três surpresas desventurosas, o que Julie mais queria era voltar para os EUA e esquecer tudo o que passou e infelizmente para
ela seu pai pensava ao contrario:

- Sua mãe morreu você não tem mais nada lá no EUA!

- Tenho meus amigos, minhas amigas, uma tia, e pessoas que me querem bem, já aqui meus únicos amigos morreram e os outros falam como se a culpa fosse minha!

- Não vai para os EUA sem um adulto responsável e também a sua tia morreu...

- Como assim?

- Dois dias depois que você saiu de lá ela faleceu do mesmo jeito que sua mãe.

- E você só me conta isso agora?Que tipo de pai é você?

- O tipo de pai que quer ver sua filha feliz e não contar a morte dos outros como se fosse alguma coisa boa e normal.

- Ah Claro! Foi muito delica do “Não vai para os EUA sem um adulto responsável e também a sua tia morreu...”. Eu não acredito que sou sua filha.

- Eu não queria fazer isso assim, mas estava desesperado, sei que minha presença não é das melhores, mas... Não queria que você fosse assim.

- Sinto muito te tratar assim, mas descobrir que as pessoas que me amam estão morrendo uma a uma é difícil para mim.

- Entendo se não quiser ir à escola ao até mudar de lá, para tentar esquece-los.

- Melhor não, afinal não vou esquecer e também tem o Cas lá ainda, ele é legal.

- Então tudo bem, até a janta, vou tentar fazer algo para nós, mas avisando, estou meio enferrujado. (risos)

E depois de uma discussão que acabou em risadas, ela quase esqueceu o que havia acontecido, mas sua mente e o caminho triste e solitário até a escola não deixava esquecer:

“-Meu nome é Isura Hishiro e esses são meus irmãos: Kiriname o mais velho e Shigo o caçula, nós estamos aqui para lhe dar as boas vindas”.

“- Obrigada Isura e a vocês também, é bom saber que sou bem-vinda por alguém, nessa escola parece que a maioria preferia me ver morta.”

“- E agora estamos aqui com informações exclusivas do caso do garoto Hishiro que morreu decapitado e com um
tiro no peito”

“- Kiriname... Está... Morto...”.

Tantas coisas em sua mente que era difícil entrar pelo portão, ardente a sua cabeça dava voltas, e ao seu redor todas as pessoas não demoravam a comentar que os três irmãos Hishiro morreram
no mesmo dia que iriam se declarar para ela, a morte certa de quem a amava era quase escondida aos olhos de quem tanto falava, e parecia abalar que ouvia menos uma pessoa: Cas, não se abalava com nada, frases, cochichos e mortes pareciam
penas e seu coração petrificado. Ela se perguntava tanto se ele nunca sentiu nada pelos três afinal os cinco andaram sempre juntos.

- Você nunca tem expressão triste ou feliz?

- Minha expressão de tristeza é minha expressão natural e a de felicidade não tenho porque nunca aprendi a sorrir.

- Nossa. Não precisa exagerar todo mundo sabe sorrir.

- É verdade, eu nunca aprendi a sorri, não tive ninguém que me ensinasse.

- Ok, vamos lá, é só abrir a boca fazendo um u bem aberto, mas em tão exagerado.

- Acho melhor não tentar, vai que o Phantom of the Night acha que estou apaixonado por você.

- Ora me desculpe então eu saio de perto de você para evitar isso.

Com uma mão ele segura o braço de Julie e com a outra ele tira o cabelo do olho dela e acaricia seu rosto
dizendo:

- Só estava brincando para te distrair de seus sofrimentos, me desculpe pela brincadeira inapropriada, mas por mais que você não acredite esse é o meu jeito de tentar ser feliz e... Se o Phantom
me matasse por se apaixonar por você, ele está bem atrasado.

- Isso significa que você está feliz?

- Mais ou menos, estou tentando ficar, mas enquanto você estiver triste não poderei ser feliz.

O sinal bate e o dois vão para o intervalo, mas como sempre, nunca conseguem se encontrar antes de metade da escola parar para beijar e abraçar o Cas. E por mais que ele dissesse palavras bonitas e românticas ela não conseguirá tirar da cabeça os três irmãos Hishiro, e principalmente Isura, Ah Isura... Seu verdadeiro amor morrerá pela segunda vez. O que esse destino cruel guardava os portões empoeirados de seu coração, Julie pensava, mas preferia estar a sós, sem olhares maldosos de pessoas que nem mesmo a conheciam. Julie era uma jovem inteligente e decidida, mas também tinha sentimentos e sonhos e principalmente um coração grande e vazio.

Na volta as classes Cas e Julie finalmente se encontram para voltar juntos só que Dany, a prima de Cas, resolve vir junto para tristeza de Cas que pela primeira vez mostra uma expressão
diferente da de sempre, a de raiva.

A aula era chata e todos faziam o que queriam, pois a professora Rotz sempre estava virada para o quadro negro.
Enquanto Cas e Dany pareciam ter uma conversa muito interessante, Julie aproveitava para ouvir musicas em seu celular.

Após meia hora, Cas é chamado para ir embora e fala tchau para Dany e logo após para Julie e assim para todas as meninas da classe.

Voltando para a casa Julie vê varias viaturas enfrente a sua casa e muitas pessoas em volta, correndo para ver o que estava acontecendo ela só conseguia pensar uma coisa. Seu pai estava
morto! E a ultima conversa que tiveram foi uma briga. O peso lhe consumia e ela torcia para estar errada, mas chegando perto o seu coração batia lento e seus olhos se encheram de lágrimas enquanto o suor escorria em seu rosto pela corrida que dera desde a esquina. Era duro saber isso e saber que agora estava realmente sozinha.

No funeral todos que estavam lá, a maioria eram da policia e o único que foi para lá sem ser ela e o batalhão de seu pai foi, Cas. Era estranho ele estar ali, mas ela não se importou, ele era um ombro amigo, um belo ombro amigo, forte, inteligente e bonito, atraente e a única pessoa que dizia que a amava, mas não havia morrer, sua presença acalmava-a com facilidade e ela só conseguia se lembra de uma musica e cantar em voz alta para todos ouvirem, mas principalmente seu pai.Por um acaso ela ouvia essa musica na aula hoje.

“Sweat drips in my eyes…
           Screams of lost we cry

Tonight you are everything to me…you'reeverything

 You're everything to me no more”

E até a última pá de terra sua voz não foi silenciada, mas sua magoas e sua tristeza foi enterrada ali e ela só pensava em encontrar o assassino de seus amigos e de seus familiares de uma vez
por todas, prende-lo ou mata-lo!