Linha Vermelha escrita por NaruShibuya


Capítulo 3
Capítulo 3




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• Misaki PDV •

Já fazia uma semana desde que eu vi Usui no terraço pela primeira vez. Desde o dia do quase-beijo, nós passamos a ficar juntos no terraço, mas ele aprendeu a manter uma certa distância, e eu realmente agradeço por isso...

Ele não tentou me beijar novamente, mas se divertia me irritando. Eu gostava de vê-lo assim, me lembrava algo do meu passado... Não sei bem o que, mas parece uma parte da minha vida que eu perdi.

– No que você está pensando? - ele perguntou sentando-se ao meu lado, roubando a maçã de minhas mãos.

– Nada de especial - olhei para ele tentando pegar a maçã de volta.

– Estava pensando em mim, não é? - sorriu travesso.

– Q-quem iria? - virei o rosto para o lado, envergonhada. Como ele faz isso?

Ele me devolveu a maçã após dar uma mordida e deitou em minhas pernas.

Arqueei uma sobrancelha enquanto olhava para ele, e depois olhei para a maçã. Suspirei. Qual o problema desse garoto afinal de contas? Dei de ombros e mordi a maçã.

Ele tapou o rosto com um braço, para que o sol não o incomodasse. Eu simplesmente me apoiei ao muro e fitei o céu. Ele não vai me irritar hoje.

– No que você está pensando? – perguntou novamente. Olhei para seu rosto, a curiosidade que ele demonstrava parecia genuína; ele não parecia querer implicar comigo pelo menos.

– Nessa última semana que passou – disse e sorri.

Riu.

– Em uma semana já se apaixonou por mim? Sou mesmo irresistível – riu.

Olhei para o céu novamente e sorri. Ele ainda não notou, hã...

– Você me trouxe muitos problemas... – disse fazendo uma careta involuntária. – Mas acho que também trouxe alguns benefícios.

– É sério? – ele pareceu em dúvida. – Quais?

– Hmm... Você perguntando é difícil dizer, mas de forma geral, fico feliz em ter conhecido você. A não ser quando você está tentando me fazer corar... – ele riu.

O maior benefício que eu tive ao encontrá-lo foi poder sentir-me feliz novamente, eu acho... Enfim, ele se parece bastante comigo, só que em uma versão masculina e mais chata... Apesar de eu ser bem mais perspicaz que ele. Eu acho que também agradeço muito por isso... Quero poupar-me de dores de cabeça desnecessárias... Novamente.

– Isso não é uma resposta convincente - ele resmungou. - Eu quero saber o que eu te trouxe de benefícios – ele parece uma criança quando faz isso.

– Não há o que contar – suspirei. - Não são coisas que possam ser contadas.

Ele fez careta. Parecia pensar no assunto.

– Eu te conto um benefício que você me trouxe se você contar um - ele propôs.

– Certo, certo. Você primeiro.

– Mas eu perguntei primeiro.

Ficamos um tempo nos olhando, esperando alguém tomar a iniciativa e falar.

– O seu sorriso - falamos ao mesmo tempo e sorrimos.

– Você considera isso um benefício? Por quê? - perguntei.

– Antes de começar a falar com você te vi algumas vezes fora da escola e você nunca tinha uma expressão feliz, agora eu sempre vejo você sorrindo. É um benefício - sorriu. - Eu acho... - acrescentou sem graça.

– Comigo é quase a mesma coisa. Antes de te conhecer, eu já tinha reparado em você algumas vezes fora da escola. Você também nunca tinha um sorriso no rosto, sempre tinha um sentimento complicado a sua volta, estava sempre triste. Pelo menos parecia triste... Ou revoltada com o mundo.

– Acho que sim - o sorriso em meus lábios continuou ali com muito esforço. Suspirei.

Não me sentia pronta ainda para falar sobre isso com ele. Não me sentia pronta para falar sobre isso com ninguém.

– Eu não estou te forçando a nada e nem quero me intrometer na sua vida particular, mas, saiba que se você precisar um dia, eu estarei aqui, ao seu lado - ele se sentou e me abraçou forte.

Os muros que ainda estavam de pé protegendo o meu coração caíram, despedaçando-se, e com eles, vieram as lágrimas.

Eu tentava secar as lágrimas antes que ele percebesse, mas minhas mãos tremulas não ajudaram em nada.

Ele me abraçou mais forte, afagando meus cabelos gentilmente.

Quando finalmente consegui me acalmar ele se afastou um pouco, beijando minhas duas bochechas e secou algumas lágrimas que ainda insistiam em descer com a ponta dos dedos e me acomodou entre suas pernas e me abraçou por trás, trazendo-me conforto.

• Usui PDV •

Agora estava realmente com medo de tocar nesse tipo de assunto. Apesar de saber que ela sofre com isso, nunca a vi chorar ou demonstrar fraqueza, não faz parte da personalidade dela deixar que os outros a confortem. Talvez não fosse algo tão ruim, mas que simplesmente a tenha magoado muito profundamente, a ponto de não querer se lembrar. Ou pelo menos era isso o que eu queria.

O pior é que eu não faço ideia do que fazer ou falar... Ela realmente me pegou desprevenido – acho que até ela mesma se surpreendeu um pouco com a situação.

– Está tudo bem, não tocarei mais no assunto. Não se preocupe. Desculpe-me por isso.

– Droga... Eu não...

– Shh... - eu a interrompi e a abracei mais forte.

Eu nunca pensei que ela fosse tão frágil.

– Esqueça esse assunto, esqueça que eu perguntei, esqueça tudo!, apenas se acalme.

Ela afirmou com a cabeça e se apoiou em meu peito. Aos poucos ela foi voltando ao seu estado de sempre

Nós ficamos ali abraçados, até o final das aulas, ela não tinha condições de continuar assistindo-as e eu não queria deixá-la sozinha.

– O sinal que anuncia o fim das aulas já soou, vamos esperar todos irem embora para podermos descer - falei.

– Não precisamos esperar, podemos ir agora. Eu não me importo com o que vão falar – sua voz estava tão baixa, tão... fraca...

– Se descermos agora, como não participamos das últimas aulas, vão pensar coisas erradas de você – disse.

– Eu não me importo, não devo nada a nenhum deles. Além do mais, se eu demorar muito a chegar a casa minha mãe ficará preocupada.

– Então vamos - me afastei dela calmamente e me levantei, segurando-a pela mão e a levantando também. Andei em direção à porta enquanto entrelaçava meus dedos aos seus.

Ela abaixou a cabeça, quando olhei para ver, ela estava corada.

– Você não precisa me acompanhar - disse sem jeito.

– Eu sei, mas eu ainda quero - sorri divertido.

– Ora, mas é um cavalheiro – tirou sarro. Sorri.

Quando entramos novamente na escola todos nos encararam curiosos. Enquanto andávamos decidi provocá-la, então passei um dos meus braços ao redor de sua cintura.

Ela me deu um tapa no braço e se afastou, mas eu a abracei novamente, dessa vez ela não se afastou de mim. Sorri novamente.

Quando chegamos ao portão ela se desvencilhou de meu abraço rapidamente e seguiu em direção a sua casa, mas eu a segurei pela blusa.

– Aonde pensa que vai? - perguntei.

– Pra casa? - ela perguntou, e arqueou uma sobrancelha, confusa.

– Não, não, eu vou te levar para casa.

– Você mora onde?

– Para lá - disse apontando o lado oposto do que ela iria seguir.

– Você não precisa me levar. Para você voltar depois vai ser trabalhoso. Eu vou sozinha, já estou acostumada - disse tentando soltar sua blusa de minhas mãos.

Em um rápido movimento a puxei e segurei sua mão novamente, começando a andar. Ela não disse mais nada, apenas seguiu para sua casa. Sorri da forma mais pervertida que eu consegui, apenas para deixá-la corada. Esse será um longo caminho.

• Misaki PDV •

– Obrigada por me acompanhar - falei fitando seus olhos profundos e misteriosos. Esse brilho parece que nunca deixa seus olhos... Pelo menos não me lembro de vê-lo com os olhos de uma forma que desse para decifrar.

– Não precisa se preocupar - ele sorriu. Desviei o olhar para o chão. Olhar muito tempo para ele me deixa desconfortável.

Ele se aproximou, parecia que ia me beijar, mas na hora pareceu mudar de ideia e depositou um beijo em minha bochecha e se virou, indo embora.

Cobri o rosto com a mão e entrei em casa.

– Droga. Qual o problema desse garoto?


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