Cersei Lannister

Rainha Regente do Trono de Ferro

            Cersei estava morrendo de medo.

            Toda noite a falecida Lysa Tully aparecia. Sempre com um vestido preto e longo. Ela parecia ser a própria morte. Depois de cinco dias vendo Lysa, Cersei sabia que não estava louca. Ela iria contar tudo ao Pequeno Conselho.

            Enquanto Cersei ia andando até a Sala do Conselho, começou a ouvir sussurros dentro das paredes:

            -Morte...Morte...Você...Cersei...Morte... – Cersei notou que esse sussurro era a voz de Lysa Tully.

            Cersei começou a corre, mas invés de ir reto até a Sala do Pequeno Conselho, Cersei subiu as escadas, deu a volta pelo andar de cima sem ser vista até chegar ao exato luar acima de onde ouvira os sussurros. Cersei desconfiava de uma coisa, e precisava descobrir isso rapidamente.

            Cersei aproximou o rosto do chão para ouvir alguma coisa. Esperava que ninguém a visse daquele jeito.

            -Ela não pode contar no Pequeno Conselho – ouviu a voz de Varys.

            -Por quê? – indagou Lysa, com uma voz distante que mal dava para ouvir.

            -Ela...corte...Regente...Mindinho...louca... – Cersei só ouviu poucas palavras da resposta de Varys, então eles ficaram muito longe para que Cersei ouvisse mais.

            Cersei então se encaminhou depressa para a Sala do Pequeno Conselho. Ao entrar lá estavam já presente Baelish, Bywater, Tom Forest, Podrick Payne e Marwyn.

            -Bem-vindo ao Pequeno Conselho, Tom Forest – começou Cersei. Tom se levantou e fez um reverencia depois se sentou de novo – Marwyn, conseguiu localizar Varys?

            -Ainda não minha senhora, mas tenho progressos. Hoje a noite eu terei a exata localização de Varys.

            -Ótimo – prosseguiu Cersei – Bywater, seus guardas conseguiram prender os ladrões do corpo de Lysa?

            -Até agora nada, mas aposto que eles irão pedir o resgate em pouco tempo, então os prenderemos.

            -Muito bem, que isso não demore a acontecer. Baelish, conseguiu entrar em contato com o Banco de Ferro de Braavos?

            -Enviaremos um pequeno grupo para Braavos a fim de pedir mais um empréstimo para o Trono de Ferro.

            -Forest, quais as novidades?

            -Euron Greyjoy morreu e Victarion é o novo rei. Victarion está organizando seus navios para atacar alguma cidade costeira, tenho em mente que seja Lannisporto, mas não tenho certeza.

            -Podrick, a Guarda-Real vai conseguir cumprir os novos horários que enviei?

            -Sim, minha rainha.

            -Agora que todos já falamos sobre esses assuntos corriqueiros, vamos falar de algo extremamente importante.

            -Rainha? O que está acontecendo? Está nos deixando curiosos – falou Baelish. A curiosidade era visível no rosto de todos os presentes.

            -Eu tenho certeza absoluta que... – começou Cersei, mas foi interrompida por um estrondo no teto.

            Todos se levantaram. Será que é Varys? Então o teto ruiu. Um grande pedaço caiu sobre Bywater. Cersei viu Baelish e Marwyn saíram correndo da sala, adentrando corredor. Podrick tentava tirar Bywater dos escombros. Cersei correu atrás de Baelish e Marwyn.

            Podrick estava com dificuldade para tirar Bywater dos escombros, Bywater estava inconsciente. Em pouco tempo chegaram cinco guardas, que foram ajudar Podrick a salvar Bywater, finalmente conseguindo tirá-lo dali.

**********

            Bywater não estava muito ferido, tendo apenas sofrido arranhões. Mas pediram para que ficasse de cama por uns dois dias.

            Cersei mandou que toda a corte se reunisse, mas além de Bywater, Tom Forest e Marwyn não haviam aparecido. Algo deve ter acontecido com eles.

            -Eu, Cersei Lannister, Rainha Regente dos Sete Reinos, quero vos anunciar que todos nós fomos enganados. Lysa Tully, Lady de Correrio e do Ninho da Águia, não está morta. Ou se está morta, os fantasmas existem. Lysa Tully vem aparecendo para mim a cerca de uma semana.

            Toda a corte começou a falar entre si.

            -Rainha Cersei, acho que a decisão sobre isso deve ser da corte e não do Pequeno Conselho – falou Baelish, a corte concordou.

            -Mas que decisão? Acho que é óbvio o que vamos fazer: capturar Lysa Tully – falou Cersei.

            -Rainha Cersei, acho que Vossa Majestade não entendeu o que eu e a corte queremos dizer – falou Baelish.

            -Então me explique – falou Cersei, ríspida.

            -Eu e a corte vamos decidir se a senhora ainda está apta para governar... ou está completamente tomada pela loucura – falou Baelish, com um sorriso no rosto.

            -Mas vocês não podem fazer isso! –falou Cersei.

            -É para seu próprio bem – falou Baelish – Podrick, leve a Rainha até seus aposentos, mandaremos um mensageiro avisar quando sue destino for escolhido.

            Podrick levou Cersei até seus aposentos, Cersei não conseguiu falar uma palavra sequer. Cersei entrou em seu quarto enquanto Podrick ficou do lado de fora, vigiando a porta. Eles não vão decidir contra mim! Eles vão me apoiar, eu sei. Cersei se deitou em sua cama e tomou um grande gole de vinho.

Cersei começou a pensar em todas as vezes que perdera, mas dera a volta por cima. Primeiro ela perdera a mãe, mas em troca infernizou a vida do seu irmão. Depois perdeu Rhaegar, por causa disso ele e toda sua família havia morrido, então ela se casara com Robert. Robert era um esposo nojento e infiel, em troca ela lhe dera três filhos que não eram seus e um grande par de chifres na cabeça, sem contar com o javali que ela e Lancel planejaram. Então Ned Stark descobriu tudo, naquele momento, por apenas um momento ela achou que ia perder, mas não! Ela dera a volta por cima e matara Ned Stark. Quando Joffrey a prendeu e humilhou ela achou que ia morrer, seu próprio filho fizera aquilo! Mas não, ela havia mandado matar Joffrey. Então Varys tentaram matar com o vinho que Boros bebera e morrera, mas em troca Varys fora tirado do governo e da corne, sendo entregue as aranhas e baratas que habitavam as paredes de Porto Real. Mais uma vez tudo quase dera errado quando Varys começou a matar a corte, mas Cersei iria virar o jogo, pelas contas de Cersei fazia meia hora que Marwyn sabia onde Varys estava, assim que dessem o resultado favorável iria vir entregar a ela. E agora havia isso, Baelish estava tentando tomar o poder, mas com toda certeza ela venceria. Cersei sempre vencia. Independente se demorasse um dia, uma semana, um mês, um ano ou dez anos, a vingança de Cersei Lannister sempre chegaria.

Então uma batida na porta a acordou de seu devaneio mental.

-Pode entrar – falou Cersei.

Podrick Payne entrou com outro guarda, que Cersei presumia ser o mensageiro que Baelish mandara, nos aposentos de Cersei.

-Rainha, por favor, nos acompanhe até o Salão Real – falou Podrick.

Cersei foi andando na frente enquanto os dois a seguiam mais atrás. Cersei entrou no Grande Salão sendo encarada por todos os olhos ali presentes e se dirigiu até o trono.

Baelish estava em pé ao lado do trono. Mas ao ver que Cersei se dirigia até ela, foi até o trono e lá se sentou.

-Mas o que isso significa? – indagou Cersei?

-Que a senhora foi destituída do Pequeno Conselho e do cargo de Regente. Continuara sendo apenas Rainha-Mãe dos Sete Reinos. Não poderá ter qualquer participação no governo ou na educação de seus filhos. Todas as leis promulgadas com sua assinatura são declaradas inválidas, pois a senhora não estava em sua sã consciência. Peço que a senhora se retire até seus novos aposentos.

-Novos aposentos? – indagou Cersei.

-Sim. Na Ala dos Criados – falou Baelish. Quando ele viu a cara de Cersei acrescentou – Não se preocupe, é o maior quarto daquela ala. Podrick, a leve até seus novos aposentos.

-Mais uma coisa – falou Cersei, antes de ser levada por Podrick – Quem será o novo Regente?

-Quem mais poderia ser além de mim? – falou Baelish, com um sorriso no rosto.

-BAELISH! ESCUTE MINHAS PALAVRAS. EU TEREI MINHA VINGANÇA. E MINHA VINGANÇA SERÁ DURA. MAIS DURA DO QUE VOCÊ IMAGINA.

-Levem essa louca daqui – gritou Baelish. Então Podrick e dois guardas seguraram Cersei e a levaram até seus aposentos. Baelish e toda a corte ainda pode ouvir Cersei gritar:

-BAELISH! NÃO SE ESQUEÇA. UM LANNISTER SEMPRE PAGA SUAS DIVIDAS.

**********

            Cersei tinha acabado de se deitar em sua cama velha e poeirenta quando ouviu a porta se abrir. Cersei rapidamente acendeu uma vela. Ela ainda não conseguia ver quem era. Será que é Varys? Cersei pegou a vela acesa e foi acendendo as outras velas, até seu quarto estar todo iluminado. Não havia ninguém lá.

            Cersei então ouviu um grito. Ela correu para fora do quarto até achar a origem do som. Ela foi levada até a cozinha, onde viu que era uma criada baixa, gorda e careca que tinha cortado o dedo. Seu rosto estava coberto com um véu escuro que impedia Cersei de olhas sua cara. Deve ser muito feia e não quer mostrar o rosto.

            Cersei mandou a criada se deitar e volto para seu quarto. Chegando lá viu duas pessoas sentadas nas poltronas que davam para a janela. As poltronas estavam de costa para Cersei, que ficou apreensiva até notar que eram Marwyn e Forest.

            -Marwyn, descobriu onde Varys está? – indagou Cersei.

            Cersei não obteve resposta, então decidiu chegar mais perto. Ela fez a mesma pergunta e não obteve resposta alguma. Então ela deu a volta e ficou de frente para eles.

            Cersei quase deu um grito, só não gritou pois estava escrito no rosto de Marwyn, com uma faca:

“Não grite.

Pelo visto ele nunca vai me achar.

O que achou mais divertido hoje?’’

E na cara de Forest estaca escrito o resto:

“A queda do teto?

O seu julgamento?

A surpresinha que preparei para agora?

Ou Lysa atrás de você?’’

Assim que Cersei leu a ultima linha da cara de Forest, ela se virou para trás. Atrás de si estava Lysa, com seu vestido preto balançado ao vento por causa da janela inexplicavelmente aberta.

Então Lysa falou com uma voz autoritária:

-Responda a pergunta de Lorde Varys – nesse momento começou a chover lá fora. Gotas de chuva eram trazidas pelo vento até Lysa, Cersei e os corpos. O vestido preto de Lysa balançava cada vez mais ao vento.

-Responda – repetiu Lysa, com uma voz grave que não era dela. Então a chuva e o vento aumentaram de força. O vento que entrava pela janela fazia o cabelo de Lysa se mexer sozinho, ora ficava todo em pé, como se tivesse levado um choque, ora apontava para Cersei, como se Lysa fosse uma deusa vingadora. Do céu começou a cair neve também.

O inverno chegou ao Sul!

-Não...Não...Não sei – respondeu Cersei, gaguejando.

Lysa pareceu achar graça de a poderosa Rainha Regente Cersei Lannister estar gaguejando perante uma suposta morte, pois riu. Um riso alto e estridente, que daria medo até no Estranho. No momento que Lysa ria um trovão cai no céu, como se algum Deus estivesse rindo junto com ela.

-Como vocês são tolos! Hahahahaha – riu Lysa de novo, acompanhado de outro trovão, que caiu no Bosque Sagrado, deixando tudo em chamas.

-O que está acontecendo? – fala Cersei, encolhida de medo.

-R’hllor dá sua dadiva apenas para aqueles que a merecem – respondeu Lysa, nesse momento o vento apagou todas as velas do quarto – Mas ao que lhe são fiéis ele da tudo em dobro – e então todas as velas se reacenderam, com um fogo muito mais alto.

-O que devo fazer par isso parar? – indagou Cersei.

-Obedecer – falou Lysa, e então ela riu de novo, quando ela começou a rir um raio rasgou o céu e caiu sobre o Septo de Baelor, fazendo-o ruir. Cersei olhava desolada o teto do Septo de Baelor cair sobre a estatua de Baelor, o Abençoado.

-Eu obedeço – falou Cersei.

-Que ótimo! Se não iria acontecer o mesmo que aconteceu com Bywater – falou Lysa.

-Mas Bywater está bem – falou Cersei.

-Será? – nesse momento caiu do teto um corpo. O corpo caiu sobre Cersei, que foi espremida no chão. Cersei tirou o corpo de sobre ela e viu que era Bywater. Ele estava com um corte do pescoço até a virilha. Não tinha nenhum órgão dentro dele.

-Acho que deve estar com fome, coma isto aqui – falou Lysa, apontando para um grande prato que Cersei não notara antes. Sobre ele estava um coração – Não se esqueça o que você falou “Eu obedeço” – Lysa falou a ultima parte imitando perfeitamente Cersei.

E Lysa riu de novo. Um raio caiu então no castelo. Exatamente na Ala dos Empregados. Cersei quis fugir, mas Lysa a segurou pelo braço, com uma força excepcionalmente anormal para ela.

-R’hllor quer você viva, você tem mais uma tarefa a cumprir antes de morrer. Pode ficar aqui, nada vai lhe atingir – e Lysa riu de novo. Um raio caiu sobre a cidade. Enquanto o teto caia, o incêndio devastava uma parte de Porto, o Septo de Baelor se jogava no chão e o Bosque Sagrado deixava de existir, Cersei comia um coração.

Comer um coração! Essa é a prova que eles querem que eu vá obedece-los. Mas eles não sabem o que se passa dentro de mim. Ou melhor, eles sabem, por isso que não me contaram tudo. E por isso que assim que cumprir minha tarefa serei morta. Mas Cersei Lannister nunca perde. Eu me livrarei deles.