Os Karas : em Busca do Condor escrita por Lala Pereirinha


Capítulo 6
Operação Volta Miguel




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/21480/chapter/6

- Meninos, a notícia que tenho para dar é excelente; caiu como uma luva! – dizia Magrí com grande empolgação.

- Ah, quer dizer que já esqueceu os ciúmes besta do Crânio e que vamos continuar sem ele?

- É Chumbinho. Isso mesmo. Logo, logo ele vai se dar conta da burrada que fez.

- Então, Magrí, qual é a notícia tão importante que você tem para nos dar?

- Bem, Calu, é... Nós vamos aos Estados Unidos da América!

Os queixos de ambos os rapazes foram ao chão enquanto Magrí, felicíssima, dava a notícia. Intrigado, Chumbinho logo perguntou:

- Está bem, mas, como? Quando? E com que dinheiro?

- Ora, disse Magrí, vamos ao Campeonato Mundial de Ginástica Olímpica que antecede os Jogos Pan-americanos, onde eu serei uma competidora e vocês, minha equipe técnica. Calu saberá representar bem o meu técnico e irá te ajudar. Partiremos dentro de um mês. Posso contar com vocês, não é?

- Sempre Kara! – responderam juntos os rapazes.

****

- Anjinho, você está bem? Doutor, ela vai ficar bem?

- Sim, Senhor Presidente. Ela ficará ótima. Foi apenas um forte choque na região do crânio. Nada que um repouso e uns analgésicos não resolvam. Com licença.

Assim que o médico deixou o quarto, o casal virou-se furioso para a menina estendida na cama.

- Peggy, o que foi aquilo!? – indagou o pai furioso.

- Sorry dad, mas eu só queria saber o que tanto o afligia.

- Você ouviu tudo o que eu e sua mãe conversamos?

- Acredito que não, papai, porque antes de adormecer sobre o busto de George Washington só ouvi-lo dizer que anda sofrendo constantes ameaças.

- Ah, então... – o presidente foi interrompido pela esposa que rapidamente se adiantou.

- Então, anjinho, você ouviu tudo. Porque essa foi a única frase que seu pai teve tempo de falar, pois logo em seguida ouvimos o som de sua queda e corremos para acudi-la.

O casal beijou a filha e deixou o quarto para que a menina pudesse repousar como o recomendado. Já no gabinete presidencial conversavam aliviados por a filha não ter ouvido a conversa da noite anterior.

****

O Ibirapuera nunca esteve tão florido e perfumado como naquele dia de novembro. Era um típico dia primaveril. Magrí andava impaciente, de um lado a outro sem parar enquanto Calu tentava acalmá-la fazendo caras e caretas típicas de um bom ator.

- Ai, por que o Chumbinho não chega logo? Calu, ligue para o celular dele!

- Eu já tentei, mas...

Naquele exato momento, algo bastante familiar se aproximou fazendo um ronco barulhento. Um pequeno fusquinha, aparentemente apertado estacionou logo à frente dos dois.

- Calu, está pensando o mesmo que eu?

- Andrade! – disseram em sintonia.

- Demorou, mas chegou. Está aqui a surpresa da qual lhes falei tanto. Gostaram? – disse Chumbinho super animado.

- Andrade! – Magrí e Calu correram para abraçá-lo. Como sentiram falta do amigo. Naquele momento, era o que eles mais precisavam. Um amigo de verdade.

- Nossa, crianças! Como vocês cresceram! Estão quase adultos agora. Que saudades! – Andrade suava bastante, como de característico, e seu suor misturava-se com as lágrimas que sem pudor permitiu escaparem de seus gordos olhos. Abraçou os três amigos com tanta força que poderia facilmente esmagá-los e tinha um brilho de criança inocente nos olhos.

Depois de muito conversarem e contarem suas histórias, novidades e aventuras desde a última vez que viram o amigo, inclusive o caso da repentina mudança de Miguel para os Estados Unidos, entraram todos no fusquinha apertado e foram para a sorveteria de costume pôr as idéias em ordem e desenvolver melhor a Operação Volta Miguel.

- Operação Volta Miguel? Que coisa mais brega!

- Foi o único nome que veio à cabeça, Chumbinho. Se não gostou arranja outro melhor – disse Magrí.

- Não é que seja brega, mas é muito explícito galera. Qualquer um que ouvir ou ler esse nome vai saber o que estamos fazendo. Não acha Andrade?

- Claro. Meninos, o Calu está certo. Precisamos de outro nome.

- Certo. Que tal “Operação Condor”?

Nenhum dos quatro presentes havia se pronunciado. Viraram-se de repente e avistaram o dono da idéia:

- Crânio! – gritou Magrí com lágrimas nos olhos e correu para abraçá-lo forte.

- Me perdoe, eu fui um babaca, nada a ver o modo como agi, mas...

- Shhh! – Magrí interrompeu-o pondo o dedo em seus lábios – É você que eu amo seu besta! – e beijou-o como nunca. Um beijo de amor verdadeiro. Perderam a noção do tempo e então...

- Rrram. Ei, pombinhos! Temos uma reunião aqui se não percebem – disse Chumbinho.

Os dois subitamente se separaram e sentaram-se de mãos dadas na roda inicial.

- Então, gênio arrependido, explique-nos a história da Operação Condor – disse Calu.

- Bem Karas, o condor é uma ave que habita a região dos Andes e que come carniça como os urubus, por isso é considerada um abutre. Entretanto, no sentido figurado representa a liberdade do ser humano que, por sua vez, é o que buscamos. A liberdade de Miguel. Além disso, há uma conotação histórica, caso leiam ou ouçam esse nome. Operação Condor foi o nome dado a uma aliança político-militar entre os váriosregimes militaresdaAmérica do Sul criada com o objetivo de coordenar a repressão aos opositores dessas ditaduras. Portanto, qualquer coisa, a desculpa é: trabalho de História.

- Excelente Crânio! O que seria de nós sem a sua inteligência e perspicácia?

- Aí, estão vendo? Começou a adulação. Antes ele não tivesse vindo.

- Credo, Chumbinho! Eu só o elogiei. Enfim, todos de acordo com o nome sugerido?

- Sim! – respondeu-se em uníssono.

- Ótimo! Discutamos o plano enfim.

As horas passaram, a noite caiu, a sorveteria fechou. Até que cinco amigos entraram em um fusquinha e deixaram o estacionamento contentes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Karas : em Busca do Condor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.