When my world is falling apart

Quando o meu mundo está desmoronando

When there's no light to break up the dark
Quando não há nenhuma luz para quebrar a escuridão

That's when I,
É aí quando eu

I... I look at you
Eu... eu olho para você

When the waves are flooding the shore
Quando as ondas inundam a costa

And I can't find my way home anymore
E não consigo mais encontrar o meu caminho para casa
That's when I,

É aí quando eu

I... I look at you
Eu... eu olho para você

You appear just like a dream to me
Você apareceu simplesmente como um sonho para mim

Eram, exatamente, oito horas da manhã. Estava um dia lindo lá fora, o céu estava num azul belíssimo sem nuvem alguma e o sol brilhava intensamente, fazendo com que todas as árvores e todas as flores ganhassem vida ao receber aquela luz. Lá estava eu, admirando toda a área verde daquele imenso castelo, contemplando a luz do sol enquanto eu assistia as crianças camponesas brincarem livres fora desse lugar.

Tudo o que precisava e tudo o que eu queria, eu ganhava sem nem ao menos pedir. Os vestidos mais caros de todo o reino, as joias mais raras de toda a França e os sapatos mais elegantes feitos sobre medida especialmente para mim.

Porém, mesmo com tudo isso a minha disposição, eu não era uma garota mimada e metida. Todos a quem eu conhecia, me paparicavam e me tratavam como se eu fosse algum tipo de deusa, como se eu fosse o centro do universo e precisava de atenção a cada cinco segundos...

Eu queria sair por algumas miseras horas daquele castelo e conhecer a todos os camponeses, ajudá-los se tiverem algo os incomodando e poder brincar com aquelas crianças, que pareciam tão felizes... É, o dinheiro não traz felicidade, afinal...

Apesar de eu ser uma princesa, eu queria fugir dali e sentir a grama verde sob os meus pés, queria respirar o ar puro, queria dançar sob a chuva, queria poder me divertir com alguém que me entendesse, queria poder fazer tudo o que eu não faço a um bom tempo. Eu quero simplesmente viver...

__Bom dia, princesa Julliet... – ouvi uma voz conhecida atrás de mim, tirando-me de meus devaneios.

__Bom dia Josi... – suspirei. Mais um dia iria começar naquele vazio e silencioso castelo, para a minha infelicidade...

Josianne Lopez era a minha ama, que me ajudava em todos os meus afazeres e a me aprontar para o café-da-manhã e todas as demais refeições. Ela estava sempre comigo, desde que eu nasci fora assim, ela era como uma segunda mãe para mim...

__Dormiu bem, querida? – ela me perguntou, tirando minha camisola.

__Sim, na medida do possível... – eu simplesmente respondi, não conseguia dar um misero sorriso se quer.

Ela entrou no banheiro para preparar o meu banho, enquanto isso, me enrolei na toalha e abri o meu closet. Havia vários vestidos de diversas cores pendurados ali e vários sapatos pelo chão. Passei alguns segundos olhando-os, era difícil escolher entre tantos, essa era a verdade. Resolvi pegar um com a minha cor favorita, eu ficava bem de roxo, peguei uma sandália prata e saí dali.

Josianne já me esperava na porta, entrei no banheiro e deixei a toalha cair no chão. Mergulhei o meu pé direito na água, ela estava quentinha, do jeito que eu amava, coloquei o resto do meu corpo entre as espumas e prendi o meu cabelo colocando a touca...

Passei o sabonete em cada parte do meu corpo, eu amava tomar banho e me sentir limpa. Depois, apenas relaxei na banheira, deixando que a água quente me acalmasse, após dez minutos, me levantei e cobri meu corpo com a toalha saindo do banheiro.

Entrei no meu quarto e comecei a me secar enquanto Josi iria arrumar a pequena bagunça que eu havia feito lá dentro. Vesti minhas roupas intimas e o meu calção, que ficaria por baixo da saia do vestido, e desamarrei meu cabelo fazendo-o cair sobre os meus ombros, Josianne veio até mim e vestiu uma anágua e depois colocou uma cinta, apertando-a com bastante firmeza, me deixando um pouco sem ar.

__Está muito apertada... – eu arfei.

__Desculpe princesa, mas foram ordens da Rainha Emelly... – ela me explicou, apertando mais um pouco.

Após a cinta estar bem firme, ela finalmente me ajudou a colocar o meu vestido e eu fiz uma trança no meu cabelo. Os fios eram de um tom castanho escuro, meio ondulado, minha mãe dizia que eram magníficos. Já meus olhos eram azuis e quando eu era pequena meu pai dizia que pareciam duas pequenas pedras de Lápis Lazuli brilhando intensamente. Saudades daquela época, onde eu só precisava dormir, brincar e comer...

Hoje, já tenho obrigações, além de aprender cerca de dez línguas diferentes, tenho aula de piano, lições de etiqueta, aulas de valsa e ainda havia a minha educação, tinha que estudar bastante, eu realmente não tinha tempo para nada, principalmente, para o que mais eu sentia falta: diversão!

Perdi-me nos meus pensamentos, enquanto observava meu reflexo no espelho. Voltei à realidade balançando a cabeça negativamente, coloquei os meus brincos de diamante e calcei minhas sandálias e me retirei do quarto indo em direção a sala de jantar, tomar café da manhã com minha mãe, já que meu pai teve que viajar, pela milésima vez...

Avistei minha mãe assim que pus o pé no local, ela estava sentada com seu belo vestido vermelho, seus cabelos lisos e castanhos armados em um coque e tomando uma xícara de chá. Tentei forçar um sorriso e fui em direção a ela, beijando o topo de sua cabeça a despertando de seus devaneios...

__Bom dia querida... – ela disse abrindo um sorriso. Mordi meu lábio inferior enquanto um de nossos empregados colocava uma xicara para mim, depositando leite dentro dela.

__Bom dia minha mãe. – dei um pequeno gole no meu leite e a olhei.

__Dormiu bem? – disse ela tentando puxar assunto.

__Sim... – dei um leve sorriso.

__Como estão indo as aulas de piano? – ela me perguntou, parecia não se importar tanto assim.

__Ótimas, a senhora sabe o quanto eu amo tocar piano, a música me leva a outro mundo... – senti meus olhos brilharem. Tudo isso era verdade...

__Maravilhoso, meu anjo! – ela se levantou da cadeira, me dando um pequeno beijo na testa e se retirando do local – Vou resolver algumas coisas para o seu pai...

Terminei de tomar o meu leite e me retirei da mesa, também. Fui ao meu banheiro e fiz minha higiene bucal, tirando os restos do café e dando lugar a uma boca limpa. Olhei para Josianne que havia acabado de entrar no quarto com alguns vestidos meus na mão, indo até o closet. Resolvi ir até o estábulo, me distrair um pouco, se é que isso é possível nesse imenso e monótono castelo...

Quando entrei no estábulo, um fedor enorme de fezes de diversos animais e vários empregados trabalhando com eles. Vai ser difícil achar a pessoa que eu quero rever por aqui. Aproximei-me da grade de madeira fora do estábulo e vi que eles estavam domando cavalos, avistei um com os pelos num castanho claro e com a crina e o rabo brancos, era lindo! Ele estava vindo e minha direção com um empregado o guiando. Logo reconheci quem era...

__Jake? – o chamei. Então, um garoto de cabelos castanhos escuros e olhos negros me olhou e abriu um lindo sorriso.

__Minha linda princesa... – ele disse me abraçando e me levantando, girando com ele no ar.

Jacob Thompson, meu melhor amigo e meu empregado, ele me leva a todos os lugares que quero ir, ele dirige a minha carruagem, ele me ajuda em tudo. Ele era um dos únicos naquele castelo que me tratava como uma pessoa normal, Jacob não me paparicava nem me mimava. Nós dois nascemos juntos, praticamente, a única diferença é que ele é um ano mais velho do que eu. Mas desde que eu me entendo por gente, Jake sempre esteve lá para mim...

__E quem é esse? – eu perguntei, passando a mão na cabeça daquele belíssimo animal.

__Esse é o seu cavalo! – Jake respondeu. Eu parei e o olhei, senti meus olhos brilharem, ele sorriu ao ver a minha reação.

__Sério? – abracei o cavalo, que se manteve manso – É macho ou fêmea?

__Macho, pode escolher um nome... – ele continuou com seu sorriso intacto.

Parei para pensar alguns minutos olhando para o cavalo a minha frente, escolhendo um nome que combinasse com ele...

__Que tal “Diama”? – perguntei. O cavalo praticamente bufou e balançou a cabeça negativamente, batendo a pata no chão. Então, virei para ele o olhando – Não gostou?

__Tenta novamente... – Jake gargalhou.

__Lighting? – perguntei novamente, o cavalo reagiu do mesmo modo, coloquei a mão na cintura o olhando, indignada. Jacob continuou a gargalhar...

__É, você não está com muita criatividade para nomes, não é Julliet? – Jake brincou.

__Que tal “Champae”? – perguntei. O cavalo relinchou e levantou as patas, parece que ele havia gostado – Irá ser esse mesmo...

__Graças, pensei que iríamos ficar aqui até o crepúsculo... – Jacob brincou mais uma vez.

__Engula suas palavras Sr. Thompson, se não serei obrigada a enfiá-las goela a baixo... – o ameacei com as mãos na cintura, arqueando uma sobrancelha.

__Estou morrendo de medo, Princesa Julliet... – ele riu debochado.

__Você é muito bobo, Jake... – sorri, balançando a cabeça negativamente.

Jacob colocou uma sela no Champae, observei-o ajeitar tudo e pôs as mãos na minha cintura, levantando-me e sentando-me no cavalo. Cruzei as pernas e ajeitei meu vestido em cima, logo Jake subiu no cavalo atrás de mim e pegou as cordas fazendo um barulho com a boca fazendo Champae andar...

__Vamos dar uma volta pelos gramados do palácio? – Jake me perguntou, balançando as cordas fazendo meu cavalo correr. Gargalhei...

Saímos do estábulo e cavalgamos pelas áreas verdes do castelo. Era divertido passear com o Jacob, mesmo que eu tenha que ficar enfurnada dentro daquele lugar vazio e tedioso. Logo, ele percebeu que estávamos saindo das divisas das terras do palácio, e puxou a corda bruscamente fazendo Champae se assustar e nos derrubar em um arbusto que havia ali.

Levantei-me com os olhos arregalados, olhei o meu vestido, estava repleto de pequenos galhos secos e de folhas. Fitei Jacob se levantar também, indo correr atrás do meu cavalo que havia fugido e estava cavalgando rapidamente, até o gramado do outro lado do palácio.

Dei uma leve risada passando a mão no meu cabelo, havia galhos ali também. Resolvi desfazer a trança e soltá-los, balançando minha cabeça para que as folhas saíssem. Arrumei minhas madeixas, elas voavam com o vento forte que passara por ali.

Tirei minhas sandálias e segurei ambas pela mão esquerda, senti a grama verde e fria tocar os meus pés descalços e caminhei para perto do lago que passava na parte de trás do castelo, deixando o ar puro passar pelas minhas narinas, sentindo a brisa fresca esvoaçar os meus cabelos, fechando os olhos e apenas aproveitando um dos únicos momentos em que eu podia estar próxima a natureza calma e tranquila...

_P.O.V Justin_

Lá estava eu novamente, a frente daquele grande e glorioso castelo, tentando pelo menos observar de longe minha pequena dama. Havia vários guardas guardando o palácio do Rei Harry e da Rainha Emelly Allamand, se me pegassem ali, eu seria, com certeza, levado a forca ou seria preso como se eu fosse um criminoso por invadir o palácio.

Então, eu tentava ficar silencioso e quieto ao máximo, para que não descobrissem que eu estava ali. Contudo, eu precisava ver a garota que eu amo, apesar dela estar trancafiada dentro desse lugar, tenho uma leve impressão de que não deve ter nada de divertido para fazer aqui.

Passei pelos arbustos na ponta dos pés para não fazer nenhum ruído com as folhas jogadas ao chão. Fui me arrastando na parede lateral do castelo e olhando de um lado para outro, apenas verificando se alguém estava me seguindo...

__Só você mesmo para correr risco de vida por uma garota, Bieber! – reclamou Ryan. Eu havia claramente me esquecido que tinha trazido esse palhaço comigo.

Respirei fundo enquanto ainda estava andando encostado na parede do palácio, me virei para Ryan que seguia com uma expressão de tédio em seu rosto. Revirei os olhos...

__Não é uma garota, é a garota! – admiti, simplesmente.

__Justin, não acha que esse seu... amor platônico pela princesa esteja passando dos... hã... limites? – ele me perguntou, como se ela não fosse importante...

__Você alguma vez já viu a princesa? Sabe como ela é, pelo menos? – cruzei os braços, ele balançou a cabeça negativamente – Então, cala a boca idiota e pare de falar asneiras!

Quando Ryan se calou e eu voltei a caminhar cuidadosamente, avistei um cavalo descontrolado vir em minha direção, me desviei rapidamente olhando aquele belíssimo animal se afastar. E logo atrás dele, um garoto que tem mais ou menos a minha idade correr desesperadamente!

Depois de ver que eles estavam bem afastados, eu e Ryan caímos na gargalhada, sem motivo algum. Voltamos a andar, chegando ao jardim dos fundos do castelo, o lugar era verdadeiramente lindo com o lago logo atrás...

__É bem extenso, não? – Ryan debochou – Acha mesmo que ela irá estar aqui?

__O quarto dela é aquele! – apontei para a janela que estava aberta, sorrindo e relembrando momentos em que a minha princesa estava ali admirando a paisagem.

Ele revirou os olhos e continuamos andando abaixados por entre os arbustos e árvores tentando chegar próximo a janela, mas infelizmente Julliet não estava ali. Fechei a cara e balancei minha cabeça negativamente, indignado. Hoje não era o meu dia...

Levantei meu olhar pelas flores e avistei próximo ao lago, a silhueta de uma garota com um vestido roxo, ela andava lentamente sobre a grama. Caminhei um pouco rápido para vê-la mais de perto, arregalei os olhos assim que reconheci aqueles lindos cabelos castanhos escuros meio ondulados. Parecia que ela havia feito uma trança e estava desfazendo-a, balançando a cabeça freneticamente deixando os fios soltos caírem desajeitados pelas suas costas. O que a deixava ainda mais bela, se é que isso é possível...

Continua...