She Is A Stupid Boy. escrita por minyoungie


Capítulo 8
Limites e mudanças de opiniões.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem mais uma vez pela demora, estou tentando ser o mais rápida possível. ;_;
Como eu não queria mais demorar, atualizei antes de responder os reviews, mas eu irei respondê-los! ^_^
Hum... Algo me diz que JRen shippers irão gostar da primeira parte. kekekek~ ♥



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Hyung, vamos embora, eu já disse que tu podes passar o fim-de-semana lá em casa. – Disse Jonghyun, fechando uma enciclopédia com força. – Não há problema nenhum, a sério.

Eu sei, eu sei, mas eu tenho que estudar. – Disse o mais velho enquanto escrevia coisas no caderno.

Estudar? Fala sério, hyung, o ano nem começou ainda. – Jonghyun apoiou o queixo numa das mãos.

O ano nem começou e eu já não faço a mínima idéia do que os professores dizem.

Os dois garotos estavam sentados na biblioteca do colégio, estavam estudando, ou melhor, tentando estudar. JR não se esforçava muito para ser um aluno exemplar, mas Aron... Bem, por mais influência que a família de Jonghyun pudesse ter, ele continuava sendo um bolsista e tinha que manter as boas notas se quisesse continuar ali. E, apesar de todos os defeitos que JR tinha, ele era um grande amigo para Aron e o ajudava da melhor maneira que conseguia, mas, naquele momento, a única coisa que ele tinha conseguido fazer até agora tinha sido mostrar uma enorme cara de tédio enquanto folheava uns livros contrariado.

– Olha quem vem ali. – Disse Aron, após avistar uma figura bastante conhecida andar na direção deles.

Dongho. – Uma expressão insatisfeita formou-se no rosto de Jonghyun após ver de quem se tratava. – Ele não tem mais ninguém para encher a paciência, não? – Perguntou, recebendo uma risada baixa do amigo como resposta.

Junior! Aron!– Disse o recém chegado, contente por não ser a única alma presa no colégio num dia de sábado.

Baekho! – Disseram os dois em uníssono com uma falsa alegria e entusiasmo.

Nossa, eu fico até emocionado em ver como vocês sentiram a minha falta. – Disse, puxando uma cadeira e sentando-se ao lado dos outros dois.

Estás à vontade. – Disse Aron, sem tirar os olhos do livro, depois que Dongho se sentou.

– O que é que se passa convosco? – Perguntou, encostando as costas na cadeira e cruzando os braços sobre o peito. – Nós éramos amigos inseparáveis! – Aron lançou-lhe um olhar debochado e JR riu forçado, depois, parou subitamente o riso e encarou-o sério.

Amigos inseparáveis não quebram acordos.

Não me digas que tu estás a falar do...

– Dele mesmo. – Interrompeu-o antes que fosse capaz de terminar a frase.

Isso é ridículo. – Baekho resmungou mais para si próprio do que para os outros.

Ridículo foi a tua atuação no primeiro dia de aulas. – Lembrou Aron.

Ainda bem que me lembraste disso, hyung. Agora explica-me, Baekho, o que foi aquilo? Eu acho que nem o próprio Ren entendeu. – Perguntou JR, com uma expressão confusa e ao mesmo tempo tremendamente irritada.

Ah, JR, eu tinha acabado de chegar...

– E estavas louco para arranjar uma briga comigo, imagino. – JR interrompeu o que o outro estava dizendo para tentar completar a frase. Dongho encolheu os ombros, sorrindo.

Uma briga por causa do Ren. – Disse Aron em voz baixa e sorriu sozinho. – E por falar no Ren... Desde quando é que tu te preocupas com ele? – Perguntou, olhando o garoto loiro com curiosidade.

Eu não me preocupo. – Respondeu com uma expressão de desprezo em relação a Ren. – Mas tenho que confessar que estava louco para que ele viesse enxugar as lágrimas nos meus braços. – Baekho simulou um abraço com o vazio, fazendo JR o olhar com ainda mais raiva.

Sabes que isso não vai acontecer. – Disse Aron, pondo em palavras os pensamentos do amigo, sem tirar os olhos dos apontamentos espalhados pela mesa.

Eu não teria tanta certeza disso. – Disse Dongho com um ar debochado. – Além disso, vocês sabem que eu sou egoísta, não gosto de dividir as minhas coisas. E é por isso que ninguém vai tocar no Ren a não ser eu.

Por que é que tu continuas com essa palhaçada se todos sabem que tu não gostas dele? – Perguntou JR.

Eu posso até não gostar dele, mas ele gosta de mim e isso é suficiente. – Respondeu como se dissesse algo óbvio.

Mas dessa vez, eu garanto-te que não vai ser assim tão fácil para ti. – Jonghyun, que estava encostado nas costas da cadeira, aproximou o corpo da mesa e, consequentemente, de Dongho também.

Por quê? Tu vais fazer o quê, ham? – Baekho também desencostou-se das costas da sua cadeira. – Vais abrir a boca e contar ao mundo que tu...

Cala a boca. – Jonghyun o interrompeu, enquanto olhava para os lados, certificando-se de que ninguém estava suficientemente perto para ouvir a conversa. Dongho riu baixo com a atitude dele.

– Será que JR, o garoto mais popular desse colégio, vai ter coragem de contar a todos os seus súditos aquilo que nós sabemos? – JR e Aron se entreolharam durante alguns segundos. – Foi o que eu pensei. – Baekho voltou a encostar-se nas costas da cadeira. – Além disso, mesmo que tu digas alguma coisa, Ren nunca vai acreditar em ti e tu sabes disso. – O loiro parecia bastante satisfeito com as próprias palavras, um sorriso de vitória formou-se nos seus lábios ao ver Jonghyun baixar levemente o olhar.

Tu não podes ter a certeza disso. – Disse Aron, fazendo os possíveis para ajudar o amigo naquela pequena discussão.

É claro que posso. – Respondeu. – JR e Ren são primos, primos que nunca se deram bem. Sempre que eles estão juntos JR maltrata o Ren de todas as maneiras possíveis. E segundo o que o próprio Ren me disse, desde que eu fui embora que as coisas pioraram para o lado dele. – Baekho abriu um grande sorriso. – O que significa que, querendo ou não, ele sentiu saudades minhas.

Pois eu duvido muito que ele tenha sentido saudades tuas, Baekho.

Aron tem razão, é quase impossível aguém sentir saudades de uma pessoa como tu. – Uma expressão de nojo formou-se no rosto de Jonghyun.

– Nada é impossível quando se está apaixonado, meus queridos. – O sorriso vitorioso voltou a aparecer no rosto do loiro.

Aquilo que o Ren sentia por ti já não era mais paixão, Baekho, era medo.

Medo? De mim? – O garoto riu. – Não havia motivos para ele sentir medo de mim, Junior. E é uma pena que tu não possas dizer o mesmo.

Quem te ver falar assim até pensa que JR é o vilão da história.

– E não é? – Dongho mostrou uma expressão de falsa confusão.

Eu sei que eu nunca me esforcei para ter uma boa relação com ele, muito pelo contrário. Mas nada do que eu já lhe disse ou fiz se compara àquilo que tu já lhe disseste ou fizeste. – Jonghyun podia sentir o próprio sangue fervendo de raiva. – E apesar de tudo, eu tenho alguma espécie de respeito pelo Ren. E é por isso que eu nunca o obrigaria a fazer nada só para me satisfazer. – Baekho sentiu raiva pela primeira vez desde que tinha voltado para Ganghwa. Aquela conversa estava tomando um rumo que ele não estava gostando nenhum pouco.

Eu nunca precisei obrigar o Ren a nada, isso eu posso te garantir. – Respondeu, mesmo sem saber se o que dizia correspondia totalmente a verdade. – Ele fazia tudo de livre e espontânea vontade. – Dongho encarou Jonghyun de forma desafiadora. – E digo mais: ele era ótimo em tudo o que fazia. - Mal Baekho terminou a frase, Jonghyun, que tinha tentado se controlar até agora, levantou-se da cadeira e empurrou a do garoto loiro, agarrando-o pelo colarinho da camisa e erguendo-o uns poucos centímetros.

Quem aquele imbecil pensava que era? Já não bastava o tempo que o tinham aturado antes dele ir embora? Por que é que ele tinha voltado afinal? A presença dele não fazia a menor diferença em Ganghwa.

Abres a boca mais uma vez para falar assim do meu primo e eu parto a tua cara toda.– Jonghyun sentia que podia espancar o outro naquele exato momento por ter dito o que disse sobre Ren. E tinha a certeza de que teria feito isso se não fosse por Aron ter intervido.

JR! Solta ele! – Dizia o mais velho. Ele já tinha dado a volta à mesa e tentava à todo o custo fazer com que o amigo largasse o outro. – Jonghyun! Jonghyun! – Por fim, ele conseguiu fazer com que JR soltasse Dongho e o afastou um pouco. Tinham tido sorte, nem a bibliotecária nem os dois ou três alunos que se encontravam na divisão tinham se dado ao trabalho de ver o que é que se passava. – Tu estás maluco? – Perguntou alto, apontando para a própria cabeça com o dedo indicador. Jonghyun não tirava os olhos raivosos de cima do loiro.

Ele é que passou dos limites. – Respondeu Jonghyun falando no mesmo tom de voz que Aron e apontando para Baekho que estava em pé e arrumava tranquilamente a camisa, como se nada tivesse acontecido.

– Oh, peço desculpas por isso. – Pediu, ironicamente. – Mas devo dizer que tu deves rever esses teus “limites”, JR, o jogo ainda nem começou. – O garoto riu e o moreno semicerrou os olhos.

Não há jogo nenhum. – Disse, dando dois passos em frente, ficando mais próximo do loiro.

Estás enganado, muito enganado. – Os dois ficaram se encarando durante uns longos segundos, cada um tentando decifrar o que ia na cabeça do outro. Até que Baekho olhou as horas no seu relógio de pulso e voltou para o seu sinismo. – Bem, eu tenho que ir andando, meu motorista me espera. Peço desculpas mais uma vez se... Passei os teus “limites”. – Ele riu ao dizer a palavra “limites” fazendo um sinal de aspas com os dedos. - Eu só queria mostrar que tinha chegado, marcar o meu território, tu sabes, Jonghyun. – O loiro sorriu.

– Pois vieste marcá-lo no lugar errado... Dongho. – Disse Jonghyun logo a seguir, falando com os dentes serrados e com os punhos fechados.

Veremos. – Respondeu sorridente antes de dar as costas e sair da biblioteca, deixando os dois amigos sozinhos e sem saberem ao certo o que ele queria dizer com aquilo.



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A semana tinha passado mais depressa do que o esperado para a alegria de Ren, o tão esperado fim-de-semana tinha chegado. Finalmente ele poderia voltar para o conforto da sua casa, para o seu mundo cor-de-rosa e cheio de pelúcias, voltaria para perto da sua fiel Minnie e da sua adorada Kiki, já não teria que aturar mais nada nem ninguém.

E talvez essa fosse a pior parte.

Até o momento em que sairam do carro, tudo parecia um verdadeiro mar de rosas para Ren. Tinha saído dos portões do colégio, estava finalmente na segurança da sua casa e Minhyun ainda estava ao seu lado. Mas foi questão de minutos até o loiro sentir-se sozinho.

Se antes Ren tinha chegado a pensar como conseguiria sobreviver dividindo o quarto com Minhyun, agora a idéia de dormir sozinho parecia inaceitável. De qualquer forma, o garoto não estava totalmente sozinho e somente após alguns minutos depois de ter entrado no quarto percebeu isso, deixando um suspiro de alívio escapar.

Minnie! – Chamou radiante ao ver a porquinha-da-Índia se aproximar. – O appa sentiu tantas saudades tuas... – Ren pegou-a no colo e apertou-a contra o corpo. Depois ergueu-a na mesma altura que a sua cabeça. – O que Joohyun fez contigo? Já te viste ao espelho? Ela deixou a minha bebê passar fome, foi? Joohyun ahjumma é má, muito má! – Disse, fazendo uma voz mais fina que o normal, como se realmente estivesse falando com uma criança pequena. – Mas não te preocupes, o appa vai ter dar torradas com geléia, tá bem? Só são dois dias, depois tu vais voltar a fazer dieta. – Ren beijou a cabeça da Minnie e riu com as cócegas que os bigodes dela lhe provocaram. – E o que é que aconteceu com o teu laço, Minnie? Perdeste-o? – Perguntou, olhando em volta numa tentativa falha de encontrar o laço cor-de-rosa que a porquinha costumava usar. – Ah, isso também não importa agora. Eu tenho tantas coisas para te contar... – O garoto sentou-se na cama ainda com a Minnie ao colo. – Aconteceram tantas coisas, tu nem imaginas! Sabes o Minhyun? Ele...

O que tem o Minhyun, Ren? – Perguntou Minyoung que tinha acabado de entrar no quarto e tinha conseguido escutar a última frase dita pelo irmão.

– Não tem nada, Minyoung, nada. – Respondeu impaciente depois de lançar um olhar reprovador a garota. – Desaprendeste a bater à porta antes de entrar? – Perguntou, fazendo a garota bufar e voltar para trás, saindo do quarto, fechando a porta atrás de si e logo em seguida batendo na mesma, emitindo um som de “Toc, toc, toc”.

Posso entrar? – Perguntou após abrir um pouco a porta.

– A resposta é não.

– Eu entro mesmo assim. – Respondeu a garota, dando de ombros e fazendo o irmão revirar os olhos. Minyoung andou até a cama e sentou-se nela, ao lado de Ren. – Ela engordou, não engordou? ‘Tá parecendo uma bolinha. – Perguntou, e Ren, apesar de ter ficado tremendamente indignado com aquilo, não respondeu, apenas tapou a cabeça da porquinha numa tentativa de impedir que ela escutasse os absurdos que Minyoung tinha acabado de dizer. – Uma bolinha bem grande. – Ela deu ênfase no “bem grande”. Sabia que uma das coisas que Ren mais odiava nesse mundo era que dissessem coisas daquelas sobre a Minnie. Era apenas uma tentativa de obrigá-lo a falar. – Bem grande mes...

Eu já entendi. – Interrompeu-a, fazendo com uma careta se formasse no rosto da garota.

Até quando é que tu vais ficar sem falar comigo? – Perguntou com um semblante triste, em nada parecido com o da garota brincalhona que era.

Até quando eu quiser. – Respondeu sem olhá-la. – Quem está chateado sou eu, eu é que sei.

Os irmãos mais velhos não deveriam ficar chateados com as irmãs mais novas. – Minyoung cruzou os braços e um beicinho adorável formou-se nos seus lábios.

E as irmãs mais novas não deveriam espalhar coisas sobre os irmãos mais velhos.

Não foi por mal, ok? Além disso eu não”espalhei” nada... Tu não disseste que ele era teu amigo?

– Ele é meu amigo. – Respondeu, usando um tom de voz possessivo.

– Então qual é o teu problema, Ren?

– Tu és o meu problema, Minyoung. – Ren viu a irmã baixar a cabeça, sabia que, apesar de tudo, Minyoung também tinha sentimentos e sentiu-se culpado por ter dito aquilo. – Não precisas ficar assim, Minnie.

– Não me chames assim. – Disse com um tom ligeiramente ofendido.

– É para tu veres como eu me sinto. – Ren riu.

– Gordo? – Perguntou, confusa. Ren se sentia mesmo como ela se sentia sempre que lhe tratavam por esse apelido?

– O quê? – Perguntou ainda mais confuso.

– Sentes-te gordo quando eu te chamo de Minnie? – Perguntou, tentando ser mais clara.

– Não! – Respondeu, ainda mais confuso do que quando fez a pergunta. – Por que eu haveria de me sentir gordo com isso?

– Porque é como eu me sinto, oras. – Explicou. – Sempre que alguém me chama de Minnie a única coisa que me vem à cabeça é essa tua bolota gorda e... – Parou por alguns segundos para ver o olhar assassino do irmão sobre si. Se ela queria que Ren voltasse a falar com ela, continuar dizendo coisas daquelas sobre a Minnie não iriam ajudar em nada. – Desculpa. – Pediu, sinceramente arrependida.

– Algo me diz que tu não vais sair deste quarto com vida. – Disse Ren de forma nada amigável.

Nem digas uma coisa dessas! – Disse, levantando-se de repente. – Sabes aquela minha amiga de infância? A Hyesun? – Perguntou, enquanto afastava-se de Ren, que a encarava com um olhar desconfiado, com pequenos paços. – Então, lembrei agora que marquei de encontrar-me com ela lá no parque e tu sabes que eu não gosto de atrasos... – Ren sorriu. Ela não estava mesmo pensando que ele a magoaria, estava? Não que ele não fosse capaz disso, mas... – É melhor eu ir andando. – Disse, abrindo a porta.

– Youngie-yah! – Chamou-a antes que fechasse a porta.

– Deh? – Perguntou, receosa. Só esperava que Ren não lhe pedisse para vir falar com ele quando voltasse.

– Se por acaso tu encontrares o... – Ele deixou a frase suspensa e a garota pôde ver as bochechas do irmão adquirirem um tom avermelhado.

– Se eu encontrar o Minhyun eu digo que tu queres falar com ele, não te preocupes. – Disse sem esperar que o loiro terminasse a frase pois sabia que o mais provável era ele dizer algo como “Esquece”, bem típico do Ren.



–x-x-x-x-x She Is A Stupid Boy x-x-x-x-x-

Apenas alguns minutos após a saída de Minyoung, Ren pôde ouvir outra vez o som da porta sendo batida. Não conseguiu evitar que um pequeno sorriso se formasse no seu rosto ao imaginar quem estaria do outro lado dessa vez.

Posso entrar, Ren? – Uma pergunta menos sínica do que a que ele tinha ouvido há poucos minutos atrás chegou aos seus ouvidos, o fazendo sorrir ao lembrar do que tinha acontecido com Minyoung.

– Sim... – Respondeu, com um “sim” arrastado e manhoso. – Eu estava a tua espera.

– Estavas? – Perguntou o recém chegado, com um sorriso se formando no rosto. Ren apenas balançou a cabeça afirmativamente e pôs as mãos no rosto a sentir as bochechas arderem. Minhyun riu com a cena. – Está aqui o teu lanche. – Minhyun pousou a bandeja com o lanche na secretária, ao lado do computador.

– Eu não estou com fome.

– Eu não perguntei se tu estavas com fome, perguntei? – Ren revirou os olhos. – E nem precisas fazer essa cara. Eu não te vejo comer desde... Hum... Ontem, desde ontem.

– Isso é porque eu não estou com fome, já disse. – Respondeu, formando um beicinho nos lábios. Por que não o deixavam em paz? Quando ele estivesse com fome esvaziaria a despensa da casa, mas até lá não havia motivos para se preocuparem. Minhyun foi até Ren e sentou-se ao seu lado na cama.

– Nem se for para provar o meu bolo? – Perguntou, prendendo a atenção do loiro. – O bolo que eu fiz com tanto amor e carinho?

Tu nunca me disseste que sabias cozinhar. – Disse Ren, olhando Minhyun com um olhar desconfiado.

E eu não sei. – O moreno riu, fazendo com que a desconfiança de Ren passasse à confusão. – Foi só uma experiência.

E eu sou o cobaia, é? – Perguntou, divertido.

– Eu não disse isso. – Minhyun riu mais

– Foi quase, mas isso não importa. – Então Minhyun tinha feito um bolo “com amor e carinho” e queria que Ren o provasse. O loiro poderia ter ficado mais feliz se o amigo tivesse dito que o bolo tinha sido feito especialmente para ele, mas talvez isso fosse querer demais. – Eu como depois, pode ser?

– Uhum. – O moreno balançou a cabeça positivamente. – Mas eu não vou sair deste quarto até tu comeres o meu bolo.

Bem que poderia existir a opção “não comer o bolo nunca”. – Disse Ren em voz baixa, mais para si do que para o outro.

– O quê? – Perguntou o mais alto que não tinha percebido o que Ren tinha dito.

– Nada, hyung, eu estava só pensando alto. – Ren sorriu envergonhado. “Comporta-te, Minki, comporta-te.”, pensou.

– Pensando em quê?

– Pensando se tu não querias conversar com a Kiki. – Ren apontou para o piano branco com uma das mãos. Tinha bastante sorte no quesito “respostas rápidas” e agradecia mentalmente por essa capacidade.

Sério? Posso ir... Hum... Conversar com ela? – Perguntou sorrindo e Ren balançou a cabeça confirmando. – Então nós podemos tocar juntos como fizemos antes das aulas começarem. – Minhyun levantou-se da cama e Ren fez o mesmo.

Sim, sim, podemos fazer isso. – Ren agarrou na Hyunnie que tinha ganhado um lugar de destaque dos outros bichos de pelúcia por ficar na cama e ia se dirigir ao piano quando Minhyun agarrou no seu braço, puxando-o de volta para onde estava.

– Tu não precisas da Hyunnie agora, precisas? – Perguntou Minhyun, aproximando-se um pouco mais de Ren e tirando o boneco de pelúcia das suas mãos.

– Cla-Claro que eu preciso. – Respondeu com uma voz trêmula devido à aproximação repentina.

– Mas agora tu tens o Minhyun verdadeiro contigo, deixa ela ficar aí. – E, dizendo isto, colocou a Hyunnie na cama, voltando a sua atenção para o loiro à sua frente logo em seguida. – Então, vamos? – O moreno estendeu a mão à Ren, mas este parecia hesitar em segurá-la. Passados alguns segundos, mal Ren pousou a sua mão na de Minhyun, este último puxou-o mais para perto, pousando uma mão nas costas do loiro e a outra no seu rosto.

– Minhyun... – Murmurou próximo aos lábios do outro. – O que é que tu estás a fazer?

– Cala-te. – Foi a resposta. – Tu não sabes a coragem que eu tive que ter para fazer isto. – Minhyun aproximou ainda mais o corpo de Ren do seu, se é que isso era possível. Ren, por mais íncrivel que pudesse parecer para ele e para Minhyun, não disse mais nada, e, com as mãos pousadas no peito do mais velho, esperou pelo que estava por vir.

Pena que o que aconteceu não foi bem o que eles estavam a espera.

Mesmo antes de Minhyun juntar os lábios aos do outro, um estilhaçar quebrou o silêncio que reinava desde a última afirmação do moreno. Ambos assustaram-se, afastaram-se ligeiramente e olharam na direção de onde tinha vindo o barulho.

– Tu não devias ter colocado a bandeja ali. – Disse Ren visivelmente envergonhado. Minhyun suspirou, não pelo que o seu dongsaeng tinha acabado de dizer ou pelo suco derramado que teria que limpar depois. Suspirou porque a atitude que tomou deveria ter sido tomada há muito mais tempo. Quando teria outra oportunidade como aquela? Talvez hoje, talvez amanhã... Talvez nunca. E pensando melhor... Talvez aquilo tivesse sido um sinal, um sinal de que eram só amigos e que não passaria disso.– A Minnie faz tudo por doces, não foi nem um pouco difícil para ela chegar ali. – Disse ao mesmo tempo que andava até a secretária. Minhyun abaixou ligeiramente a cabeça e limitou-se a segui-lo. – Mas isso não é motivo para a Minyoung chamá-la de gorda. – Disse em voz baixa.

Gorda não, intrometida, é isso que ela é. – Disse entre dentes, de forma a que Ren não percebesse.

O quê?

– Nada, Ren, nada. – Respondeu impaciente. – Agora deixa que eu limpo isso. – Disse o mais velho, impedindo o outro de tocar nos cacos de vidro espalhados pelo chão.

– Eu não me importo de ajudar. – Disse, soltando-se de Minhyun e abaixando-se outra vez para recolher os cacos.

– Ren, tu ainda vais te cortar e...

– Ai! – Exclamou o loiro, levantando-se de repente e deixando os cacos de vidro que tinha na mão caírem.

– Eu sabia que isto ia acontecer, eu sabia! – Disse o moreno e pelo seu tom de voz, Ren soube que aquilo era um sermão. Minhyun agarrou na mão de Ren para ver o corte mas este puxou a mão de volta.

– Não foi nada de mais, hyung. – Disse, e não sabia se deveria se sentir incomodado ou feliz pela preocupação do outro. O loiro levou a mão cortada à boca numa tentativa bem sucedida de estancar o sangue. – Só está ardendo. – Disse enquanto sacudia a mão.

Deixa eu ver isso. – Aquilo foi quase uma ordem e Ren não protestou, deixando que Minhyun segurasse a sua mão outra vez. – Hum, pensava que tinha sido pior.

– Eu não sou feito de papel, ok?– Disse Ren enquanto era arrastado pelo mais velho até o banheiro do quarto. Minhyun abriu a torneira e colocou a mão embaixo da água corrente.

– Claro que não. – Respondeu com um sorriso divertido, com uma expressão mais tranquila, que nada tinha haver com a preocupação estampada no seu rosto há poucos segundos. – Tu és só a minha boneca de porcelana que pode se partir a qualquer momento.

Ren pareceu meditar sobre as palavras do amigo. O que ele queria dizer realmente? Aquilo era um espécie de insulto? Minhyun estava querendo dizer que ele era fraco, era isso? Ou era apenas uma forma de demonstrar algum tipo de carinho e preocupação? Peraí... “Boneca de porcelana”... Boneca de porcelana?!

Eu pareço uma garota?! É isso que queres dizer? – Perguntou visivelmente irritado e afastando-se de Minhyun. – Primeiro chamaste-me de princesa, sim porque apesar de tu teres dito para eu esquecer o que aconteceu, eu não esqueci. Agora eu sou uma boneca de porcelana. Qual vai ser o próximo adjetivo? Barbie Girl?– Ren parecia ter cuspido todas as palavras de uma vez só, fazendo Minhyun ficar parado, com os olhos arregalados, sem entender de imediato a razão daquele surto.

– Ren, tu não entendeste o que eu quis dizer. – Disse ao perceber qual era o problema.

– Eu é que não entendi? – Ele estava realmente alterado. Minhyun não tinha tido a intenção de dizer que ele parecia uma garota, mas, de qualquer forma, sempre achou que Ren já estivesse habituado à esse tipo de comparações.

– Talvez eu tenha me expressado mal..

– Muito mal. – Corrigiu e o moreno deixou um suspiro derrotado escapar.

– Desculpa, huh? – Pediu e com dois ou três passos curtos já estava ao lado do loiro outra vez. – Agora deixa-me ver a tua mão.

– A minha mão está ótima. – Respondeu de forma rude, impedindo que Minhyun lhe tocasse.

– Não, não está ótima... Mas não é nada que um beijo não resolva.

– O quê?! – Perguntou, ou melhor, quase gritou. Minhyun tinha enlouquecido? Que conversa estranha era aquela?

– O que foi? Vais me dizer que os teus amigos duendes nunca te falaram sobre isso. – O garoto falava com a maior naturalidade do mundo, como se fosse normal um amigo beijar o outro por causa de uma coisa tão insignificante como um corte na pele.

Isso o quê?

Isso dos beijos. – Respondeu sem esclarecer totalmente a dúvida de Ren. – Eles nunca te contaram que os beijos têm poderes curativos?

Jinjja (Sério)? – O loiro parecia estar realmente surpreso com o que acabara de ouvir. – Eles me disseram que isso acontecia com as lágrimas das Fénix.

Eles são amigos do Harry Potter, é? – Perguntou com uma pontada de ironia na voz.

– Haha, muito engraçado. – E ao dizer isto, Ren empurrou levemente o ombro do amigo e Minhyun sentiu-se aliviado pelo loiro não ter ficado realmente chateado com a brincadeira.

De qualquer forma, eu não tenho a certeza se isso é ou não verdade. – Disse, deixando de olhar para o mais novo, e afastado-se para apanhar os cacos maiores que estavam no chão para logo em seguida colocá-los na bandeja. – Foi só o que a minha mãe me disse quando eu era pequeno. – Completou.

Ah... Mas nós podemos tentar mesmo assim. – Disse Ren, vendo Minhyun voltar a olhá-lo com os olhos arregalados. – Quero dizer...

Tu queres que eu te beije, é isso? – Minhyun não conseguiu conter uma pequena risada.

Não! Claro que não! – O rosto do mais novo começou a adquirir uma tonalidade avermelhada. Ele nunca confessaria que sim, queria aquele beijo, nunca. Principalmente depois do que o seu hyung tinha dito na primeira e última vez que os seus lábios tinham se juntado. – Eu só disse por dizer, ok?

Sei. – Respondeu, irônico, o olhavando com uma das sobrancelhas arqueadas. Voltou a aproximar-se de Ren, agarrando na mão ilesa dele sem sequer pedir permissão e puxando-o mais para perto. – Tu não precisas mentir para mim, Ren.

E-E quem f-foi que disse que eu e-estou a mentir? – Minhyun sorriu enquanto envolvia a cintura de Ren com os braços. Não era preciso muito para saber isso, a voz falha denunciava tudo. O loiro suspirou e baixou o olhar. – Solta-me. – Pediu. - Por favor. – Completou ao ver que Minhyun não tencionava lhe soltar, muito pelo contrário, o pedido só fez com que ele o apertasse ainda mais.

Tu não queres que eu te solte. – Minhyun pôde ver os olhos surpresos de Ren após terminar a frase. Ele tinha razão e Ren mais do que ninguém sabia disso. – Eu sei que não.

– Tu não sabes de... – Não houve tempo para terminar a frase. Minhyun foi mais rápido, não havia tempo a perder. Não queria correr riscos, Minnie poderia resolver aparecer e estragar tudo outra vez, talvez até os próprios duendes aparecessem para acabar com a sua felicidade. Mas ele não ia deixar que isso acontecesse, não dessa vez.

Então, Minhyun o beijou. Um beijo diferente do que tinha dado no primeiro dia de aulas, um beijo completamente diferente e novo para Minhyun. Sim, novo.

Nos primeiros segundos, quando o beijo não passava de um simples toque, Minhyun ainda sentiu Ren debater-se, dando tapas no seu ombro e tentando, em vão, afastá-lo. Para a felicidade de Ren, o seu pequeno protesto foi inútil. Estaria mentindo se dissesse que não queria aquilo tanto quanto o seu hyung, mas ele era orgulhoso e teimoso de mais para se entregar à primeira.

E, numa tentativa bem sucedida de aprofundar aquele contato, Minhyun sentiu Ren parar, lentamente, de tentar se soltar. O moreno tentava não pensar no que estava acontecendo naquele momento, tentava afastar qualquer sentimento de culpa, qualquer consequência que viesse a surgir, por menor que fosse, da sua cabeça. A quem ele queria enganar? Não havia nada melhor do que ter uma amizade como a do Ren, se é que isso ainda poderia ser chamado de “amizade”.

De qualquer forma, Minhyun não sabia o que estava fazendo e Ren sabia disso. Tinha agido por impulso e o medo de não corresponder às expectativas era enorme. Parou subitamente o beijo, apenas para sentir o seu rosto queimar e encarar o loiro à sua frente com uma expressão confusa e perdida. O sorriso do menor o tranquilizou.

Ren subiu as mãos até o pescoço do outro, puxando-o mais para perto antes de reiniciar aquele que seria um dos primeiros dos muitos beijos que dariam naquele dia. A última coisa que queria era perder tempo, por isso, mal os lábios se tocaram, o loiro pediu uma permissão muda para aprofundar o beijo, permissão essa que foi prontamente concedida pelo moreno inexperiente. Ren apenas comandou o beijo durante o tempo necessário para que Minhyun percebesse o que tinha que fazer. Afinal, a princesa não tinha nascido para beijar e sim para ser beijada. As mãos que pousavam no rosto do outro, desceram para o pescoço do mesmo, envolvendo-o num abraço folgado. E Minhyun limitou-se a dar continuidade àquilo que já tinha sido iniciado até que o oxigênio realmente fizesse falta.

As tuas mudanças de opiniões só não são mais rápidas do que as minhas mudanças de humor. – Murmurou contra os lábios do outro, com um pequeno sorriso estampado no rosto. Poderia até descrever o quanto os seus corações estavam igualmente descompassados caso lhe pedissem para fazer tal coisa. – Tu disseste que amigos não se beijavam.

Eu estava errado, Ren, muito errado. – Disse, e as suas mãos, que até agora descansavam na cintura do loiro, subiram até o seu rosto, admirando os traços delicados pela última vez por uns breves segundos antes de recomeçar o beijo que nunca deveria ter sido parado.



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Notas finais do capítulo

Me desculpem qualquer erro que houver, eu não tenho tido muito tempo para ler e reler o que eu escrevo, por isso... Sorry. T^T
Espero que tenham gostado. *-*
Chu chu~♥♥