30º Capítulo – “Eu prometo”

Era um dia que eu não queria levantar da cama. Estava com sono e com um pé engessado. Mas, quem disse que eles deixariam?

– Levanta aniversariante! – disse Kevin jogando um travesseiro no meu rosto.

– Vamos, Carter, temos muito o que fazer – disse Louise tirando meu edredom de cima de mim.

– Catherine, vamos! – disse Tom.

– Não me chame de Catherine – disse colocando o travesseiro no rosto – Eu não vou levantar, nem andar direito eu consigo.

– Sem problemas – Kevin se aproximou me pegando no colo.

– Não! Me põe no chão! Eu estou horrível – coloquei as mãos no rosto.

Kevin me colocou no chão e Louise os expulsou do quarto.

– Feliz aniversário – ela me abraçou.

– Obrigada – sorri.

Entrei no banheiro. Meu cabelo parecia qualquer coisa, menos um cabelo. O penteei e lavei o rosto. Já conseguia apoiar o pé engessado no chão, apesar de algumas posições doerem. Troquei de roupa e fui para a sala encontrar todos.

– Parabéns! – Tom me abraçou.

– Obrigada!

Meus pais me abraçaram, dizendo o mesmo.

– Feliz aniversário – Kevin me abraçou forte.

– Obrigada – disse lhe dando um beijo.

– Então, Carter – Louise chamou minha atenção – Nós temos um presente coletivo.

– Mas, na verdade, quem pagou grande parte foram os seus pais – Tom riu.

– O que importa é que ajudamos um pouco – disse Kevin – Agora fecha os olhos.

Fechei os olhos e para confirmar, Kevin os tampou com as suas mãos. Eu não sabia para onde eles estavam me levando, estava tudo completamente escuro. Paramos em um ponto.

– Vou tirar as mãos, mas não abra os olhos – disse Kevin e eu assenti.

Eles me deixaram um pouco parada e eu estava louca para abrir os olhos.

– Pode abrir – disse Louise.

Quando abri, dei de cara com um carro. Estávamos do lado de fora. Ele tinha quarto portas e sua cor era chumbo – nunca fui fã de carros vermelhos, então agradeci por ser dessa cor. Kevin, Louise e Tom estavam dentro o carro.

– Surpresa! – eles gritaram, rindo.

– Eu não acredito que vocês fizeram isso – me aproximei do carro para ver por dentro – Vocês não prestam.

– Não gostou? – disse Tom – A gente pode devolver...

– Não! É claro que gostei, eu amei! – disse também entrando no carro.

– Já marcamos sua autoescola – disse minha mãe.

– Obrigada, não sei nem o que dizer – disse – Vocês fizeram isso tudo de noite?

– Não, já compramos faz um tempo – disse Louise.

– O quê? – disse – Eu tinha até esquecido do meu aniversário e vocês lembraram “um tempo” antes?

– É! – disse Louise.

– Quer aproveitar mais o carro ou quer entrar? – perguntou Kevin.

– Podemos entrar – sorri.

Todos entramos e havia um bolo na mesa da sala com uma vela escrito "18".

Todos cantaram parabéns para mim e me fizeram assoprar a vela e fazer um pedido. Quando assoprei, o meu pedido foi simples: que esses momentos nunca acabassem. Como Kevin era apaixonado pelos bolos da minha mãe, ele comeu no mínimo três pedaços – grandes.

– Ok, mas ainda não acabou – disse Tom.

– O quê? Como não? – disse.

– É, não acabou – Kevin sorriu.

– Mais tarde nós vamos nos arrumar, vamos a um lugar – disse Louise.

– O que vocês estão aprontando, hein? – perguntei ansiosa.

– Nada que precisemos te contar agora – disse Kevin.

Revirei os olhos, mas estava feliz. Ninguém nunca tinha feito algo assim para mim, e era incrível saber que tinha pessoas com quem podia contar sempre.

Kevin e Tom foram embora e presumi que foram para preparar a próxima surpresa. Louise e eu fomos para o quarto, ela queria escolher logo uma roupa para mim.

– Carter, vamos ao shopping – ela disse.

– Ah...

– Vamos sim!

– Ok – assenti.

No shopping, entramos em muitas lojas até Louise achar o vestido – que eu acho que eu que deveria escolher. Meu pé engessado já estava começando a doer, queria voltar para casa. Louise comprou um vestido marrom, de manga, marcado na cintura e com o comprimento acima do joelho.

– Vai entrando que eu já volto – disse ela ao chegarmos em casa.

Entrei em casa e ouvi um barulho de tranca na porta. Tentei abri-la, mas Louise trancou. Não tinha ninguém em casa. Imaginei que já tinham trancado todas as portas e janelas. Agora eu era prisioneira.

– Louise! – gritei, mas ela me ignorou, entrando no carro de Tom e saindo.

Fiquei imaginando o que eles fariam. Fui para o meu quarto – com um pouco de dificuldade andando sozinha – onde havia um bilhete em cima da cama. O abri.

“Carter, quando der 19h, queremos você pronta, pois estaremos aí para pegá-la. Louise já separou algumas coisas para você no banheiro. Use o vestido que compraram e o sapato que também está no banheiro. Deixamos o almoço no micro-ondas. Então, é isso. Aproveite seu tempo sozinha, beijos, de todos.”.

Como já estava na hora do almoço, fui ver o que tinha para comer. No micro-ondas, tinha salmão grelhado. Experimentei a sensação de almoçar sozinha, mas era por uma boa causa.

Fiquei uma média de cinco horas no tédio total. Como não podia andar muito, fiquei boa parte deitada na cama lendo algum livro. Não tinha nada para fazer sozinha em casa. Nem na televisão passava nada de bom. Quando deu 17h30min eu resolvi me arrumar. Tomei um banho de cerca de meia hora, pois era difícil não molhar o gesso. Coloquei o vestido e fui ver o que Louise deixou para mim. Tinha duas fotos presas no espelho: uma de um cabelo e uma de uma maquiagem, ou seja, eu devia fazer aquilo. A maquiagem foi fácil, mas o cabelo... Louise sabia que eu não era boa com essas coisas. Mas, depois de muitas tentativas, consegui fazer aquele rabo-de-cavalo diferente. Às 19h em ponto, ouvi barulho na porta. Louise entrou procurando por mim. Ela estava pronta.

– Foi difícil? – ela perguntou.

– Só o cabelo e o banho – respondi – Para onde vocês vão me levar?

– Você vai ver – ela me ajudou a sair de casa.

Entramos no carro de Tom e seguimos por um caminho que eu já conhecia: a casa de Megan. Ao observar, estava tudo pronto para uma festa, mas não tinha ninguém. Saímos do carro e passamos pelo portão. Quando eu passei, surgiram pessoas de todos os lugares, desde debaixo das mesas a de dentro de armários de guardar itens de limpeza. As luzes acenderam e a música começou a tocar.

– Surpresa! – disseram todos e eu percebi que todos eram do colégio.

Olhei para Kevin, Louise e Tom. Eles riam. Vi Megan entre as pessoas e ela veio me abraçar. Abracei mais algumas pessoas conhecidas e nos sentamos em uma mesa. Alguém colocou a mão no meu ombro.

– Carter – ele disse e me virei, vendo George.

– Ah, oi – disse.

– Parabéns – ele disse.

– Obrigada – sorri.

– Espero que aproveite a festa – ele disse – Me desculpe pelos transtornos que causei na sua vida.

– Está tudo bem, hoje eu não quero falar de nada que me magoe – disse.

– Ok – ele sorriu, entrando em casa novamente.

Ok, pensei, eu nunca vou ter uma relação decente com o George.

Todos foram dançar, coisa que eu queria, mas não podia. Esse era um dos dias mais divertidos da minha vida. A lua hoje estava linda. Me levantei com um pouco de dificuldade e segui para uma sacada que tinha na casa, onde dava para observar melhor a lua. Kevin chegou por trás, envolvendo minha cintura.

– Lua bonita – ele comentou.

– Linda – sorri.

– Gostou do seu dia? – ele perguntou.

– Adorei – disse e ri – Só não gostei da parte de ficar sozinha.

– Ah, mas não teria graça se você não ficasse – ele riu.

– Será que agora vamos ter um pouco de descanso e um tempo para nós?

– Acho que sim, mas você sabe que esses probleminhas nunca vão nos abandonar – ele sorriu.

– Kevin – me virei para ele – Você me promete uma coisa?

– Qual coisa?

– Que nunca vai me deixar.

– Eu prometo – ele entrelaçou as nossas mãos, sorrindo. Ah, aquele sorriso...