1º Capítulo – O começo de tudo

Estou cansada de Kevin implicando comigo. Eu o aturo desde a 1ª série e hoje estamos no 2º ano do Ensino Médio!

– Carter, cara de anjinho e personalidade de monstrinho! – ele ficava atrás de mim cantando. Todos diziam isso por causa de meus cabelos loiros e meus olhos azuis, mas quando me conheciam, eu era literalmente um monstrinho. Ele canta a mesma música desde sempre. Ele tinha parado por um tempo, pois eu dei um soco em seu rosto.

Flash back ON – 7 anos atrás...

– Carter, cara de anjinho e personalidade de monstrinho! – ele cantava nos meus ouvidos me seguindo.

– Kevin, eu estou te avisando – eu dizia – Para com isso!

– Carter, cara de anjinho e personalidade de monstrinho! – ele continuava

– Kevin, cante essa música mais uma vez e você é um garoto morto – eu disse antes que ele cantasse de novo e eu lhe desse um soco.

– Monstra! – ele disse com o nariz sangrando e foi para o banheiro.

Eu estava bem, até descobrir que ele havia falado com a diretora e que eu estava de suspensão por uma semana.

Flash back OFF – 7 anos depois...

Estava ele, cantando essa música de novo, acabando com a minha possibilidade de prestar atenção na aula.

– Kevin, você quer levar outro soco? – eu o ameacei

– E você quer mais uma semana de suspensão? – ele disse com um sorriso maldoso no rosto e com seus cabelos castanhos bagunçados. Seus olhos eram da mesma cor do cabelo.

– Eu não entendo porque você me perturba tanto! – eu disse estressada

– Nem eu – ele disse – Talvez porque você se irrite fácil demais.

– Fácil demais vai ser o estrago que vou fazer nesse seu rostinho – eu o ameacei novamente e ignorei todas as suas outras músicas.

O resto da aula se passou com ou ele cantando; ou ele chutando minha cadeira; ou ele puxando no meu cabelo; ou ele me zoando.

Sou salva todos os dias pelo horário da saída, mas não me livro dele até chegar em casa. Sim, ele é meu vizinho. Como se pudesse ser pior. Ah, e pode. A janela do meu quarto dá para a janela do seu. Então vamos dizer que eu não me livro dele.

Eu odeio quando ele se junta com os seus amigos – Luke e Jack – e eles colocam o som alto quando eu quero estudar. Pura implicância. Já quebrei seu vidro uma vez tacando um livro. Eu tive que pagar, é claro. Mas valeu à pena, pois ele se machucou. É. Ele teve que enfaixar a mão. Pelo menos ele não puxava mais meu cabelo.

– Até a janela, monstrinha – disse ele e entrou na sua casa

Cheguei em casa como todos os dias: mal-humorada pela culpa de Kevin.

– Oi mãe – disse passando por ela e entrando no meu quarto, fechando com força a porta.

Para a minha infelicidade, Kevin já estava na janela. Fechei as cortinas e apaguei as luzes, para ver se ele desistia. Mas ele chamou seus amigos e colocaram música. Porque ele tinha que ser tão irritante? Abri a cortina e lhe lancei um olhar como quem diz “abaixa esse som ou eu vou machucar sua outra mão”. Seus amigos se afastaram, mesmo estando muito longe de mim. Kevin começou a rir que nem um louco. Porque ele estava rindo? Argh, eu queria dar um soco no seu estômago!

– Carter, vem almoçar! – chamou minha mãe e eu fechei a cortina com força, fazendo-a quase cair.

Sentei à mesa e minha mãe me perguntou, como todos os dias, porque eu estava tão estressada, sendo respondida sempre com o meu silêncio.

Me perguntei se um dia ele me deixaria em paz. Seria o dia mais feliz da minha vida, sem dúvidas. Almocei rapidamente e voltei para o meu quarto, que agora estava em silêncio. Ah, como era bom ter meu quarto em silêncio! Aproveitei para estudar para a prova do dia seguinte. Matemática. Estava torcendo para Kevin não ligar o som, o que foi inútil. Como eu estudaria matemática com meu quarto tremendo devido à música de Kevin? Já chega. Peguei a primeira coisa que eu vi na minha frente – no caso meu tênis – e abri a cortina. Kevin me lançou um olhar ameaçador. Sibilei: “Eu quero estudar!”. Kevin revirou os olhos e abaixou o som. Eu ainda o ouvia, mas era melhor do que antes.

– Amém – eu disse abrindo meus livros para estudar

Estudei em uma média de uma hora e meia e depois fui tomar um banho para me encontrar com Louise, minha melhor amiga, que havia faltado hoje.

– Porque você não foi para o colégio hoje? – perguntei

– Perdi a hora – ela respondeu

– Como sempre – eu disse – O Kevin está me irritando cada vez mais!

Toda vez que eu falava no Kevin ela sorria pra mim. Porque ela estava sorrindo?

– Pare de sorrir – eu disse séria – Isso não tem a menor graça, e você sabe disso.

– É claro que tem – ela disse ainda rindo – Vocês brigam feito cão e gato!

– Argh! – eu disse estressada. Eu adorava os cabelos pretos de Louise ao vento. E seus olhos castanhos ficavam mais claros à luz do sol.

– Olha o Luke ali – eu disse para Louise, que estava gostando dele – Vai falar com ele – e a empurrei, indo embora.

Quando cheguei em casa parecia que Kevin estava esperando por mim, apoiado em sua janela.

– O que foi? – gritei para que ele me escutasse

– Nada – ele respondeu. Então resolvi dormir, pois já eram 20h.

Fechei a cortina para trocar de roupa. Odiava trocar de roupa quando Kevin estava na janela. Parecia que ele conseguia me ver e isso me deixava desconfortável, por isso troco sempre o mais rápido possível.

Abri novamente a cortina e ele estava trocando de roupa. Fechei o mais rápido possível, para que ele não me visse, mas acho que ele me viu, pois tacou uma pedrinha na minha janela.

– Queria me ver nu, é monstrinha? – ele gritou. O olhei com cara de deboche e já sabia que teria que aturar mais uma perturbação e já imagino até a música: “Carter, monstrinha e muito safadinha”. E eu não era vidente para saber que isso ia acontecer mesmo.

– Carter, monstrinha e muito safadinha! – ele cantava – Sabiam que ela tentou me ver nu na noite passada? – ele falava e ficava apontando para mim, várias garotas e garotos riam.

– Carter! – disse uma garota de cabelos loiros oxigenados e olhos azuis. Megan – Não sabia que você era dessas!

Eu já disse que odiava todos daquele colégio com exceção de Louise? Megan era a famosa popular do colégio, com suas amiguinhas Jessie e Molly com seus cabelos castanhos super lisos e Jessie com olhos azuis muito claros e Molly com olhos também castanhos.

Eu aturo as mesmas pessoas desde os meus 7 anos de idade, e se hoje eu tenho 16 anos, eu os aturo há 9 anos.

– Que nem você, Megan? – eu disse – Me recuso.

– Ah, tadinha! – ela disse fazendo bico – Que pena que eu sou superior a você e não preciso fazer isso para ser popular!

Louise se juntou a mim, ficando ombro a ombro.

– É, Megan, ela não precisa usar mini-saias para ser popular – disse Louise.

Megan ergueu as sobrancelhas e depois chamou suas “cadelinhas”, saindo do meu caminho. Quando me dei conta, todos estavam nos olhando. Ergui a cabeça e segui em frente, entrando na sala e tendo mais um dia de aula chato e tedioso sendo perturbada por Kevin.