Snuff - Dramione escrita por Lívia Black


Capítulo 7
Capítulo 7.


Notas iniciais do capítulo

Hey, meus lindjos *u* Não demorei dessa vez, né? (Ok, não foi rápido assim, mas bem mais rápido do que antes U.U)

Estou tão feliz com vocês :3 Não me abandonaram e me deram todo apoio pra voltar com tudo õ/

Estou empolgada com a fic...Mas acho que só vai ter mais 3 capítulizitos :3 É. (Acho o próximo o mais top deles hahaha ;D) A propósito, nunca perguntei, mas o que vocês estão esperando para o final? *-*

Enfim, espero que gostem... E bom proveito (:

Beijitos no coração ♥

L.B.

OBS: A letra da música é no ponto de vista da Herms, agora. (:



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So save your breath, I will not hear.

I think I made it very clear.

You couldn't hate enough to love.

Is that supposed to be enough?

I only wish you weren't my friend.

Then I could hurt you in the end.

I never claimed to be a saint...

My own was banished long ago

It took the death of hope to let you go

Então poupe seu fôlego, não irei ouvir

Acho que deixei isso bem claro

Você não poderia odiar o bastante para amar

Isso deveria ser o suficiente?

Eu só queria que não fosse meu amigo

Assim eu poderia magoá-lo no final

Eu nunca declarei ser uma Santa...

Meu eu foi banido há muito tempo

A esperança precisou morrer para deixar-te ir.




–Por que está tão triste, Mione?! Nem parece que hoje é o dia do seu casamento...! –Havia uma nota de repreensão embebida de mágoa, no timbre que Ginny fez uso para perguntar à Hermione o porquê de uma lágrima grossa estar tingindo sua face alva naquele instante.


Estava tudo perfeito, até a ruiva notar aquele mínimo detalhe no reflexo do espelho, enquanto a ajudava com os últimos ajustes de seu esplendoroso vestido.


Então as coisas começaram a desmoronar.


Os olhos de Hermione estavam arregalados para ela.


–Triste? Quem está triste?! -A castanha fez-se de desentendida, e somente depois de um momento pareceu notar que havia uma lágrima escorrendo pelas bordas de seu rosto, o paladar salgado inundando seus lábios lentamente. –Estava falando disso?! - Levou as costas da mão ao semblante, enxugando desesperadamente aquele rastro traiçoeiro, que de alguma forma conseguira escapar, apesar de seus esforços. –São lágrimas de felicidade, Ginny! –Mentiu, enquanto evitava olhar para as íris da amiga no reflexo e fingia estar distraída com o último laço que ela estava dando em torno do corpete. Suspirou. –Eu ainda não posso acreditar que vou mesmo me casar hoje...


– Mas você vai. E seria bom que estivesse com um sorriso ao invés de lágrimas no rosto. É claro. A menos que haja... Um motivo, muito específico, para isso. –A ruiva deu seu trabalho no vestido por findado, e segurou Hermione-até então de costas para ela- pelos ombros, girando-a e obrigando-a a encará-la com firmeza. –Você não está escondendo nada de mim, está, Hermione?


As intrujices pálidas da castanha ficaram subitamente rosadas, como se sentisse vergonha de si mesma, e certa dose de culpa referente à questão.


Mas, um segundo depois, ela estava cruzando os braços e mostrando a língua para Ginny, espontaneamente vestindo um aspecto bem mais descontraído do que o habitual.


–Ok, ok. Você me pegou, Weasley. Estou escondendo algo de você, sim.


Os olhos da ruiva quase saltaram das órbitas.


–Conte-me tudo! –Suplicou, sacudindo a amiga para trás e para frente, como se fosse um saco de abóboras. –Já!


–Ei, mas eu não posso! Você vai rir de mim!


–Não vou! Juro que não vou! Por Merlin, me conte, Mione...Por favor!


Se não fosse tão trágico, Granger poderia estar realmente se divertindo com aquele acesso de desespero de Ginny.


Ela estava praticamente se ajoelhando a seus pés para pedir que lhe contasse. Uma banalidade, algo que só lhe valia o teatro para não se incriminar, para não entregar seus verdadeiros motivos.


E em algum lugar fora das prolíferas trevas que inundavam seu interior, se sentia plenamente culpada por essa dissimulação.


Era como se estivesse simulando uma cena que tinha tudo para não ser uma simples simulação. Mas era.


–Tudo bem, tudo bem. Não precisava me sacudir assim por isso. –Censurou a castanha, fingindo estar embaraçada, enquanto alisava com os dedos os ombros que Ginny havia acabado de soltar. Em seguida, retomou sua pose de constrangimento. - É só que... Eu estou um pouco... Nervosa com tudo isso ao meu redor.


–Nervosa?! –A incredulidade banhou com o rosto da ruiva cobrindo a ansiedade de outrora. - Por que, pelas meias de Merlin, Hermione Granger estaria nervosa em um dia como esse?!


Porque uma vez dito o “sim”, não há como voltar.


Por um momento, a resposta certa serpenteou na língua de Hermione, prestes a escapar. Mas só de imaginar o baque e o desencadear de tormentos que aquelas palavras causariam após serem ditas, Granger obrigou-se a continuar com sua fantasia.


–Ah, você sabe... É a expectativa. Uma vida de casada com um Weasley. E eu não sei o que pode estar me aguardando nos bastidores... –Forjou um sorriso de canto. É claro que ela sabia o que a aguardava. Momentos doces e muitas crianças com cabelos cor-de-fogo. Lembrava-se precisamente de quando tinha 15 anos e de quando essa realidade era tudo o que mais poderia ter sonhado. Quando foi aquilo havia deixado de ser seu maior sonho? Antes ou depois de seu caso sujo com Malfoy? Argh. No que estava pensando? Aquilo continuava a ser seu sonho. Simplesmente continuava. –Imagine se ele não lixou as unhas dos pés para lua-de-mel?


Os juramentos de Gina de não dar risada dela foram reduzidos à meras cinzas com aquelas palavras, pronunciadas por Hermione de forma a remetê-la a uma garotinha de 14 anos apreensiva, e não uma mulher feita. Era difícil acreditar que todas as preocupações que estivera visualizando na castanha estivessem diretamente conectadas a isso, mas de uma forma paradoxal, também soava típico.


–Ah, Mione... Se Fleur sobreviveu, você também sobreviverá. –Deu alguns tapinhas consoladores nas costas da amiga, ainda entre risos pueris. - Ron pode ser um trasgo na maior parte do tempo, mas tem um coração bom. Você o escolheu bem... –Incrível como Gina sabia usar os mesmos argumentos que tivera de pôr em pauta para conseguir resistir de cabeça erguida, até aquele instante. -Seu período de guerras já acabou. Isso é apenas um casamento.


Guerras.


Incrível como aquilo soava irônico a seus ouvidos.


Naquelas duas semanas que antecederam a data de casamento, Hermione Granger realmente se sentira presa em uma guerra com os próprios sentimentos.


Batalhando arduamente contra cada reminiscência indesejada que lhe vinha salpicar a mente nos momentos mais inoportunos. Dizimando quaisquer tentativas sorrateiras de seus anseios perjuros regressarem, quaisquer tendências de se render à depressão. Tudo para ser uma nova Hermione Granger. Uma mulher melhor.


Uma pena que logo no dia mais necessitado estivesse falhando tão miseravelmente.


Apenas um casamento. Sim.


Mas também seu desafio final.


–Tem razão. Às vezes eu acho que exagero demais.


–Não, o nervosismo é normal, Mione. Só quero ver você entrando na Igreja com um sorriso tipo melancia-fatiada. Realmente feliz. Sabe, você podia ter me dito que estava nervosa antes. É mesmo só isso?


O olhar de Ginny era tão fraternal, combinado com um sorriso tão dócil, que o coração da castanha se sentia prestes a explodir de tão apertado.


–Aham. –Foi o melhor que pôde produzir.


–Hmm...Então beleza. Agora vou deixar você um pouco sozinha... Para ir se preparando para “o momento”. Hoje é o seu dia e tudo tem de sair impecável. – A ruiva ajeitou uma mecha de cabelo rebelde da castanha, colocando-a atrás da orelha. Frisando o impecável.


Em seguida virou-se e saiu entre pulos até a porta, provavelmente sonhando em encontrar Harry no corredor...


Hermione nunca sentiu tanta inveja dela. Daria tudo para que suas preocupações fossem as mesmas.


– Ginny...! –Interrompeu, um segundo antes dela girar a maçaneta. A amiga se virou, com um ponto de interrogação instalado no rosto. Hermione somente mordeu o lábio inferior. – Obrigada por se preocupar.


A ruiva assentiu.


–Eu sempre vou estar ao seu lado, Mione. Sempre.


E com um último sorriso meigo, foi embora, deixando Hermione trancada no quarto, somente com a companhia do eco daquelas palavras, que mais pareciam ser um manto de culpa, depositado amargamente sobre seus ombros.


Ainda assim a castanha se sentia um tanto quanto aliviada, por estar finalmente sozinha. Por não ter mais que obrigar seu rosto a se distorcer em expressões felizes.


Distorcer.


Argh.


A perspectiva de que poderia passar o resto de seus dias tendo de fazer isso- fingindo uma suposta felicidade que deveria sentir, no lugar daquele vazio incorruptível- era simplesmente desoladora.


Ela tinha a vida perfeita. Um emprego perfeito no Ministério da Magia. Um apartamento perfeito na Bakerstreet. Parentes perfeitos. Amigos perfeitos. E agora, supostamente, teria um marido perfeito.


Por que diabos não conseguia sentir-se plena e feliz com tanta perfeição a rodeando?


Seria mesmo por conta das coisas entre ela e Malfoy terem acabado daquela forma grotesca?


Não.


Não podia regressar a isso.


Hermione fora quem havia decidido romper o vício. Ela estava convicta de que ele fora só um erro de cinco anos atrás. E ela não suportava errar. Eles tiveram só um caso sujo. E se naquela noite ele tivesse dito que a amava, mudando seus destinos, ele simplesmente não seria ele. Se tinha alguma chance de se reconciliarem, alguma forma de remediar as últimas palavras que ela se recordava de ouvir–vadia miserável de sangue-ruim-, esta havia sido dizimada depois daquele maldito convite de casamento que ele lhe enviara. E mais dizimada ainda por aquele ser o dia de seu próprio casamento.


Já repassara isso em mente milhares e milhares de vezes. E nunca encontrava o motivo de ter de ficar repetindo tanto. Ela se lembrava de sua promessa diante do fogo, diante das cinzas. Lembrava-se com perfeição de quem ela queria ser, e não medira esforços para atingir isso naquelas duas semanas.


Fora difícil.


Fora difícil simular sorrisos e fingir que tudo estava intacto. Principalmente depois de ouvir uma notícia que corria solta por todo o Ministério: “Malfoy e Greengrass romperam o seu noivado”.


Isso fora um dos baques que mais a desestabilizaram em seu percurso.


Lembrava-se que fazia apenas uma semana desde o episódio com o convite, e na noite em que ouviu o rumor, pegou-se com pena e tinta, pronta para escrever uma carta, recheada de petulância para Malfoy. Louca para ver a forma com que ele reagiria à sua afronta. Até se recordar que isso seria voltar às tendências perjuras da Hermione Granger que ela não queria ser, desistir, e chamar Ron para passar a noite assistindo filmes em seu apartamento, com Harry e Ginny.


Tentou ficar cega, surda e muda para qualquer assunto que fizesse referência a Malfoy, desde então. Desviou seu foco do trabalho, e deu mais atenção a Ron, como se estivesse treinando para ser uma boa esposa. Não era difícil amá-lo –mesmo que não do jeito que deveria amar-, principalmente quando ele era tão gentil com ela. Ginny estava cada vez mais próxima. Harry estava orgulhoso de seu novo comportamento. As garotas do Ministério disseram que ela parecia uma nova pessoa.


Todos pareciam estar satisfeitos com ela, e completamente felizes ao seu redor, e esse sempre fora seu objetivo.


Só havia um único problema.


Ela não estava feliz.


Bem...Na verdade, ela não estava nem um pouco feliz. Se sentisse ao menos um pingo de felicidade não hesitaria em continuar agindo assim, não hesitaria em se casar com Ron, pois ao menos haveria uma luz no fim do túnel, uma esperança de que aos poucos tudo iria se estabilizar e ela iria se acostumar a essa nova rotina.


Mas não conseguia. Por mais que a irritasse, essa “falha” em toda sua perfeição, ela não conseguia se obrigar a se sentir feliz. Era algo que tinha de vir espontaneamente... Só que simplesmente não vinha.


Hermione Granger só conhecia o sabor do vazio em seu coração, embebido por doses culpa provenientes de toda sua dissimulação.


Mentiras. Enganar com sorrisos. Fingir que estava feliz.


Argh!


Até quando conseguiria arrastar aquele fardo consigo?


Hoje, havia sido apenas uma lágrima traiçoeira correndo por seu rosto, enquanto admirava o vestido de noiva branco e era consumida por sua agonia. O que seria amanhã, depois que se casasse com Ron? Um suicídio lento e doloroso que acabaria decepcionando todos ainda mais, no final?


Não. Não era para as coisas serem assim. Aquele deveria estar sendo o melhor dia de sua vida.


Por que infernos não conseguia simplesmente se sentir feliz?!


...


Uma única palavra tilintava em sua mente como resposta.


Apenas uma.


Então Granger deixou que as lágrimas viessem, finalmente, incessantes e impiedosas, borrando todo seu rosto tão bem maquiado para ocasião e maculando seu sorriso deveras artificial. Deixou-se cair no chão, sem querer desviar os olhos para o espelho, e sem se importar com os efeitos negativos que aquilo teria sobre seu tão impecável vestido.


Havia evitado aquele sentimento de derrota até o quanto podia, mas agora que tinha sido deixada sozinha por Ginny, naquele aposento preparatório instalado há apenas a alguns metros de onde ia se casar, nada conseguia impedi-la de se render às próprias trevas. Nada.


Não, ela ainda não havia perdido por completo, ainda não havia descumprido a sua promessa. Ela ainda resistia. Mas aquelas lágrimas amargas eram meio caminho andado para a perdição. E a resposta que tatuara em sua mente também.


Apenas uma palavra.


E essa palavra era ‘Malfoy.’


Sim, inacreditavelmente sim.


Mais uma vez batendo naquela tecla. Mais uma vez pensando nele. Mais uma vez cedendo aos ímpios da Hermione que ela não queria ser.


Mas aquela Hermione havia sido feliz, não havia? Ela com certeza conseguira esboçar um sorriso sincero em seu rosto.


Então tudo levava a crer que a felicidade em sua vida estava diretamente interligada a Malfoy.


E as coisas simplesmente não podiam ser assim.


Ela não podia voltar para seus erros, depois de seus sacrificantes avanços.


E não poderia perdoá-lo, de qualquer forma, não importava o que acontecesse. Qualquer palavra que ele enviasse, seria melhor que poupasse o próprio fôlego, pois ela não queria e não iria ouvir as suas desculpas.


Nem se, por uma reviravolta do destino, ele desprezasse o próprio orgulho e escrevesse dizendo que a amava. Não.


Aquilo era realmente impossível. Ele jamais poderia odiá-la o bastante para amá-la. O ódio nunca cederia e daria espaço ao amor no coração de Draco Malfoy.


Ele também, muito provavelmente, já havia se esquecido da existência dela. E estaria rindo sarcasticamente se pudesse assistir àquele episódio de dor que a estava acometendo, justamente no dia que era para ser o seu mais feliz.


E não era.


Hermione Granger só tinha duas opções, agora. Mas a primeira delas era inútil demais para ser relevante. Ron era seu amigo, quisera ser mais que isso. Ela não poderia magoá-lo, no final.


Não iria fugir, não quando isso não podia leva-la a lugar algum, só ao ressentimento daqueles por quem tinha afeto.


Então... Iria mesmo se casar com ele, dali a algumas mínimas horas. Foi o que sempre desejou, desde o começo da história, não fora? Apenas rezaria com muita fé, para que em algum momento de sua vida futura, como marido e mulher, a felicidade conseguisse alcançá-la. Conseguisse abraça-la, como uma velha amiga.


Assim, não haveria arrependimentos para recolher.


Levantando-se do chão, e recuperando a postura, Hermione Granger posou mais uma vez diante do espelho. Limpou com as costas da mão o rímel escorrido que havia manchado suas bochechas, mas isso não mudava o fato de que teria que refazer toda a sua maquiagem para o casamento. Inclusive aquela sacrificante, a de sua suposta felicidade.


Quando estava prestes a tomar suas contramedidas, porém, o inusitado aconteceu.


Um baque surdo anunciava que alguma coisa estava atacando a janela esquerda do grande aposento, violentamente, atrás de si. Era um alarido demasiado preocupante.


Hermione Granger só não contava que ao virar para descobrir do que se tratava, fosse se deparar com algo mais preocupante ainda.


Preocupante o bastante para fazê-la arregalar os olhos e se boquiabrir -quase tropeçando diante dos próprios pés- tendo de se segurar na borda do espelho para não cair para trás ou simplesmente desmaiar.


Era incrível.


Draco Malfoy, de alguma forma paradoxal, havia se prostrado ali.


Há apenas alguns metros dela.


E algo em sua expressão conseguia decodificar à Hermione uma mensagem quase precisa...


Ele não seria expulso de lá tão cedo.



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Notas finais do capítulo

Reviews? :3