Entre O Brilho Das Estrelas escrita por Anny Andrade


Capítulo 5
Capitulo 5: Sua Teimosia me Massacra.




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-- Preciso ir. – A voz dela soou baixa e sem emoção, mais parecia um robô falando. Pegou ele de surpresa, como não pensou em tal reação quando sentiu o corpo dela entregue ao seu. 

-- Ir? Mas... – Sua voz era confusa, não era aquilo que esperava. 

-- Nós dois sabemos... – Ela disse se virando. Seus cabelos estavam molhados e grudados ao rosto, e a roupa de volta ao lugar. 

-- Que foi um erro? – Ele perguntou incrédulo. – É eu deveria saber. 

-- Deveria saber o que? – Ela perguntou indignada. 

-- Que aconteceria isso. – Ele riu. – Hermione Granger continua incapaz de assumir que precisa de mim, que precisa do meu amor, ou seria do meu corpo?

-- Eu não preciso de você. – Hermione disse irritando-se. – Me deixei levar pelos acontecimentos, afinal sou humana e humanos erram, na verdade é o que mais fazem. 

-- Seus erros são humanos, ou seja, perdoáveis. – Rony disse, ele estava encostado na porta do quarto que dava na sala. – Os meus erros são imperdoáveis, até mesmo quando não são erros. 

-- Se faz de vitima. – Hermione disse. – Desde quando eu cheguei se faz de vitima, como se a culpada fosse eu e não você. Você me traiu, você abriu mão do sentimento que eu tinha, preferiu sentir as mãos dela junto as suas. E o erro é meu? 

-- Você deve ter percebido que eu e a Lilá estamos juntos e felizes não é? – Rony debochou. – Não... Espera... Ela casou com o Krum e eles têm filhos. Obviamente nós dois vivíamos um amor tórrido. 

-- Isso não importa mais... Acabou há dois anos. – Hermione disse.

-- E o que aconteceu agora? O que foi isso? 

-- Desejo? Curiosidade? Sei lá, uma vontade de saber se continuávamos as mesmas pessoas. Não foi amor. Foi apenas atração. – Hermione disse com um nó formando em sua garganta. Era amor. Só podia ser amor. 

-- Então além de teimosa é mentirosa. – Rony disse. – Disse palavras em vão. Não sabia que escritores falam por falar. Mas pelo visto eles fazem isso... 

-- Não torne as coisas mais difíceis. 

-- Tudo que eu disse foi real. – Ele falou encarando-a. – Eu não consigo deixar de te amar, só que pelo visto você nem sabe mais o que é amor. 

-- Rony você não entende. Não foi você que me viu no braço de outro, não foi você que deixou tudo para trás tentando esquecer... – Hermione disse sentindo as lágrimas se formarem. 

-- Realmente... Eu não deixei nada por você né? – Ele falou se lembrando que simplesmente abriu mão da própria felicidade para dar a ela a chance de sonhar e de realizar os sonhos. – Pois é, eu não sei o que é perder nada. Eu só estou complicando as coisas. 

-- Queria que você entendesse que nunca vamos dar certo. – Ela disse tentando se aproximar. 

-- Está certa. – Rony se afastou. – Nunca vamos dar certo, isso foi apenas uma despedida, uma coisa carnal. Nenhum sentimento. 

-- Rony... 

-- Me explica por que não leu a carta? 

-- Não fazia sentido. – Hermione disse. 

-- Então... – Ele pensou um pouco. – Pode rasgá-la, realmente não faz sentido lê-la já que não me ama mais, já que não faz sentido uma segunda chance. 

-- Me diz que a carta não serve para nada? – Hermione perguntou. 

-- Pelo visto não. – Rony disse com uma dor lacerando seu coração. 

-- Rony eu aprendi a te odiar. – Hermione disse dando as costas. 

-- E a sua teimosia me massacra. – Ele disse virando de costas também. Não precisava ver ela novamente deixando sua vida.

-- Essa noite... 

-- Foi um erro... 

Hermione saiu pela porta enquanto Rony voltou para o quarto. Ele disse a verdade, disse que continuava a amando e ela apenas o desprezou. Não importava mais a carta, e nem o passado. Afinal o pai dela estava certo eles não combinavam e o amor não superaria isso. 

XXX

-- Como acha que estaremos daqui a vinte anos? – Ele perguntou enquanto a envolvia em um abraço. 

Estavam sentados em um parque vazio, sentiam o orvalho na grama e se envolviam em um cobertor velho, colorido e cheio de bolinhas que comprovavam o tanto de historias que ele já tinha presenciado. Ele sorriu cheirando o cabelo dela, um cheiro cítrico e suave invadia seu corpo enquanto ela sorria para as estrelas e sentia o vento gelando sua face. 

-- Estaremos velhos? – Ela perguntou sonhadoramente. E sorriu. 

-- Eu não vou ficar velho, só mais atraente e conquistador. – Ele disse passando levemente o nariz pela pele do pescoço dela. 

-- Vai está velho e acabado e eu vou te largar por um garotão. – Ele disse rindo das cócegas que sentia. 

-- Eu sei como vamos está daqui vinte anos. – Ele disse apoiando a cabeça no ombro dela. 

-- E como? 

-- Casados... – Ele disse. – Posso ver nas estrelas. Casados e com filhos. 

-- Quantos filhos? – Ela perguntou sorrindo. 

-- Uns três ou quatro. – Ele disse. – E vamos morar em frente a um lago, e ter um quintal enorme e vamos acampar com eles sempre. 

-- E você vai ser o que? 

-- Um produtor, não desses famosos, mas desses que produzem em casa para ficar sempre por perto. – Ele disse. – E você vai ser uma bióloga, vai dar aulas para nossos filhos e será a professora mais maluca e amada da escola toda. 

-- Vê tudo isso nas estrelas? – Ela se virou encarando-o. 

-- E no meu coração... – Ele sorriu sedutoramente. 

-- Draco Malfoy você não existe. – Luna disse juntando seus lábios em selinhos. – O que houve com o garoto safado e idiota? 

-- Ele continua aqui pronto para te conquistar novamente, mas no momento eu gosto do Draco apaixonado. – Ele falou mexendo nos cabelos dela. – Ele pode me fazer parecer outra pessoa, mas acho que aprendemos com o tempo uma coisa...

-- O que aprendemos?

-- Que temos um pouco de cada tipo dentro de nós. Eu posso ser um idiota prepotente, posso ser um apaixonado, posso ser melhor amigo, mas todos esses Dracos pertencem apena a uma pessoa. – Ele sorriu. 

-- Hum... Pertencem a quem? 

-- A Luna Lovegood, futura Malfoy. – Ele a beijou docemente como quase nunca acontecia, seus beijos sempre eram intensos e nunca calmos, mas naquele momento as palavras já tinham sido intensas o suficiente. 

-- Eu te amo, seja você qual for. – Luna sorriu voltando a se viram e a olhar para as estrelas enquanto sentia ele a envolvendo em um abraço quente e único. 

XXX

Hermione nem soube como conseguiu chegar até ali, mas estava sentada no sofá da sala do apartamento no escuro, envolvida em um cobertor que não lhe tirava o frio, e nem a solidão que a partir daquele momento se instalará em seu corpo, em sua alma. Seus olhos derramavam lágrimas compulsivamente e ela não conseguia enxergar a única verdade, que ela foi a única responsável por aquele momento, por aquele sentimento e por aquela dor insuportável que tendem a invadir e permanecer na gente quando tudo que precisaríamos era sentir nada. 

Ela desejava esse nada, não poderia ser pior do que como sentia naquele momento. Era uma mistura de raiva sem motivo, afinal ele havia lhe jurado amor, tinha dito com todas as letras que ainda a amava e ela simplesmente ignorou. Preferiu ferir e machucar. Por que não podia simplesmente esquecer tudo que tinham vivido. Nunca dariam certo juntos, mas o coração conseguia ser seu órgão mais teimoso, e conseguia influenciar e enganar o cérebro, conseguia dominar e mandar no corpo, e fazer de qualquer calor uma prova de desejo, de qualquer frio o exemplo da solidão, e de qualquer respiração a certeza de uma vida que nem sempre vale a pena. 

Quando a porta se abriu fazendo a luz do corredor invadir a escuridão da sala Hermione tentou ao máximo limpar o rosto e as lágrimas. Poderia chorar eternamente, mas não queria explicar sempre o motivo. Eles deveriam saber e possivelmente não entenderiam. Todos julgam o fato de não ler a carta, mas como fazer algo que pode transformar a tristeza em algo pior? Entre a curiosidade e a verdade nesse momento ela preferia a curiosidade. Talvez fosse melhor simplesmente rasgar o papel e seguir em frente. Talvez fosse melhor deixar de amar. Talvez. 

-- Word on the street, you got somethin' to show me, me… Magical, colorful, Mr. Mystery, ee… I'm intrigued, for a peek, Heard it's fascinating… - A voz entrou alta na sala em pouco tempo o sol já sairia.

A garota parecia animada demais e acendeu a luz sem reparar na garota de olhos vermelhos que se encontrava no sofá e que só pode expressar um sorriso ao ver a loucura. Sentia falta daquilo, sentia muita falta das amigas. 
-- Come on baby let me see… What you're hiding underneath... 

Quando ela se virou se assustou e caiu sentada no chão depois de derrubar quase todas as coisas que estavam em cima da mesa. 

-- Gina? Você está bêbada? 

-- Não... Você me assustou... Sumiu do bar... Eu só estava cantando e dançando... – Gina disse se levantando. – E você tava treinando para zumbi. Pera ai... Foi embora com o Ron e está chorando? 

-- Gina, não quero... 

-- O que aconteceu? – Gina disse sentando-se perto da amiga. – Brigaram? Novamente? Vocês não poderiam crescer? 

-- Gina... 

-- Hermione, sabia que ele te ama? Poxa vida, podia deixar meu irmão ser feliz né? – Gina disse se levantando. – Ele sempre te amou, nunca te traiu, e quer saber? Você não merece o amor dele... 

-- Gina... 

-- Não vou falar mais nada, nem leu a carta que ele te deu. E depois se faz de vitima. – Gina disse saindo da sala. – Sou sua amiga, mas nesse caso não é ele o errado. 

XXX 

O sol já tinha saído e iluminava a casa silenciosa quando Luna abriu a porta e deu de cara com Hermione arrumada e pronta para sair, provavelmente Gina continuava a dormir. 

-- Bom dia Luna... 

-- Bom... – Luna olhou os olhos vermelhos e o rosto sem maquiagem. – Tem certeza? 

-- Sim... – Hermione disse seria. 

-- Vai sair logo cedo? – Luna estranhou. 

-- Preciso resolver umas coisas e você poderia jogar aqueles papéis picados no lixo? 

-- Claro... 

-- Tchau Luna. – Hermione disse pisando duro e saindo. 

-- Esqueci de perguntar que papéis são... – Luna disse sentando-se no sofá e olhando para a mesa. – De Ron... – Luna leu com dificuldade. – Não acredito! AQUELA TEIMOSA! – A loira gritou pegando todos os pedacinhos da carta. Respirou fundo. – Não é justo... 

Luna saiu da sala e voltou depois de desmanchar seu quarto e achar um cola e duas folhas de cartolina. 

-- Acho que é simples assim? Pega a carta e rasga? Depois do coitado passar dois anos chorando nos meus lindos cabelinhos loiros? Depois de estragar no mínimo umas dez noites devassas com o meu noivinho lindo. Não MESMO. 

-- Por que está gritando maluca? – Gina perguntou esfregando os olhos. 

-- Hermione é maluca... Rasgou a carta! – Luna disse. 

-- O que? Como assim? Meu irmão nunca escreve e ela rasga? – Gina sentou ao lado de Luna. – Mãos a Obra. 

-- Isso mesmo...

-- Estou mesmo curiosa com o que está escrito... – Gina disse virando todos os papeizinhos e olhando as letras. 

-- Isso vai demorar... 

-- Mas nós somos ótimas e divas e vamos conseguir. – Gina disse séria. 

-- E vamos obrigar a Mione a ler. – Luna disse. 

-- É! – Gina gritou – Cadê ela? 

-- Saiu... – Luna disse. 

-- Então vamos aproveitar o tempo. – Gina disse montando algumas palavras. 

XXX


Rony nunca foi muito bom em guardar raiva ou magoa, ele também nunca foi muito bom em demonstrar os sentimentos. Em falar sobre amor, mas ele tinha simplesmente dito com todas as letras que ainda amava Hermione, que ela era a única pessoa que conseguia fazê-lo amar, e tudo que ela fez foi ignorar. Como alguém pode simplesmente se entregar completamente a outra pessoa e depois dizer que não sente nada? Como é possível falar palavras sem a capacidade de senti-las? Rony sempre escutava as meninas reclamarem da incapacidade dos homens em amar, sem ser sinceros, e de repente para ele tudo era muito simples. Como os homens vão se comportar como elas querem quando elas simplesmente não sentem nada? 

Nesse momento o ruivo só tinha uma certeza. Estava com raiva da sua incapacidade de esquecê-la. Esquecer alguém que não consegue escolher o que sentir ou o que viver. Ele se culpou por dois anos, se culpou por ser fraco e também se culpou pelo fim do namoro, mas naquele momento parecia bem nítido que mesmo que ele não tivesse feito nada. O amor dela acabaria, ela jogaria realmente na cara deles que foi tudo um erro. Nada seria diferente. Ele não tinha tanta culpa assim. 

Finalmente a culpa poderia ser dividida e talvez o amor esquecido. Se ela não o queria porque ele deveria continuar tentando mostrar que nunca foi capaz de esquecê-la? Naquele momento tudo que ele queria era voltar a ficar longe dela, mas era a única coisa que não conseguiria. 

-- Bom Dia... 

-- Deveria ser bom? 

-- É deveria você saiu do bar com a Mione... – Harry disse chegando à cozinha. 

-- Ela é doida e isso não é um bom dia. – Rony respondeu. 

-- Os meus dias são sempre bons... – Draco sorriu. – Sempre bons demais.

-- Draco acho que eu vou mandar a Luna te deixar, assim você volta a ser insuportável de uma maneira menos nojenta. – Rony falou sério. 

-- Inveja mata. – Draco respondeu rindo. 

-- Sabia que sua funcionaria é muito dura na queda? – Harry disse distraído. 

-- O que? – Draco falou. – Muda de assunto do nada? Assim mesmo? 

-- O que a Katty fez? 

-- O que ela não fez né? – Harry disse revoltado. 

-- Ela não caiu na péssima lábia dele. – Draco riu. – Poucos têm capacidade de conquistar garotas difíceis e legais. Bom... Só Draco Malfoy tem essa capacidade. 

-- Se sinta menos loirinho... Se a Luna não fosse maluca fugia de você. – Harry respondeu. 

-- Não vai fazer a Katty se apaixonar e estragar o restaurante, ela é doida... Mas uma ótima funcionaria. – Rony disse comendo uma fatia de bolo. 

-- O que aconteceu entre você e a Mione? Olha sua cara... – Harry disse serio. 

-- Não aconteceu nada... 

-- Conta outra. – Draco falou. – Somos amigos, pode desabafar Cara. Só não chora. 

-- Eu nunca choro. 

-- Rony, vamos mudar de assunto e fala sobre o que aconteceu. 

-- Não aconteceu nada. Ela disse que não me ama mais e que não sente mais nada por mim. – Rony disse se levantando. – Ou seja ponto final. 

-- Mas e a tal carta? O que escreveu na carta? – Harry perguntou. 

-- Não importa mais, eu mandei ela rasgar já que ela não se importa mais com isso. – Rony disse. – E tenho certeza que ela rasgou, afinal aquilo que vivemos foi um erro, somos como vinho e óleo nunca vamos realmente nos misturar. Eu sinto e ela pensa. Ou seja impossível. – Ele saiu sem dizer mais nada. 

-- Ele não está bem... – Harry disse.

-- Acho que devíamos falar com as meninas isso está errado. Muito errado. – Draco disse. – Sabemos que a Hermione deve ter sofrido, mas ela está sendo cruel com o nosso amigo. 

-- Está certo. Vamos fazer um plano... Se nós juntamos Luna e Draco qualquer outro casal é fácil. – Harry disse se levantando antes de sofrer um ataque. 

XXX 

Hermione sentou-se em um dos últimos bancos do ônibus, se colocou em silencio e olhou pela janela. Suspirou profundamente e em seguida sentiu o rosto se encharcando. Suas lágrimas simplesmente inundaram seu corpo e não tinha como evitar. Ela não se importou se as pessoas estavam a encarando, ou se ela parecia uma louca. As lagrimas não conseguiam serem presas, elas era a única forma de que conhecia para fazer a dor se dissipar. 

A viagem demorou algumas horas, mas elas nem foram sentidas, Hermione queria apenas se sentir longe de tudo e de todos. Ela queria esquecer a noite anterior e esquecer as próprias palavras. Ele confessou amá-la e ela apenas disse não sentir nada quando ela simplesmente sentia tudo. Sentia a dor de cada lagrima que havia derramado nos ombros de Flavinha, quando sentia a magoa que deixava o coração mais duro que pedra, quando sentia medo de tentar novamente, e quando sentia somente amor.

Ela caminhou por algum tempo olhando em volta e relembrando dos momentos bons da vida. Quando amar significa gostar muito de um livro ou de uma boneca, quando o príncipe encantado realmente chega de cavalo branco e vive feliz para sempre com a pobre princesinha. Se lembrando do quanto a vida pode ser fácil e simples quando se tem apenas todas as chances de errar e começar novamente. Quando se tem cinco anos, quando se tem dez anos, quando viver ainda esta começando e todos os erros são esquecidos com um sorriso. 

-- Oi... – Ela tentou sorrir. 

-- Não acredito! Filhinha você voltou... – Rose disse sorrindo e abraçando-a.

-- Estava na hora né? – Hermione disse com a voz embargada. 

-- Seu pai está trabalhando, mas vem almoçar e ai podemos matar a saudade... Querida? Está chorando? 

-- Mãe... Apenas me abraça... 

XXX 

Rony ainda precisava fazer algumas matérias na faculdade para poder finalmente se formar e normalmente passava algumas horas do dia entre professores e livros, e também entre as cozinhas experimentais. Não que fosse o melhor dia para isso, mas ele precisava passar por mais uma prova para qual não tinha se preparado por culpa Dela.

Hermione podia ser o amor da sua vida, mas naquele momento tudo que ela estava lhe trazendo era dor, destruição, e tudo que ele menos queria era levar o mesmo para vida dela. Afinal mandá-la rasgar a carta foi o melhor, ela não o amava mais e seria pior ainda fazê-la descobrir que a culpa não era dele e sim do único homem em quem ela possivelmente confiava. 

A solução era obvia. Esquecimento. Enterrar o passado e as lembranças, cavar bem fundo e jogar todos os sentimentos dentro, por cima jogar pedras e terra e não tentar mudar as circunstancia. Rony tinha uma certeza, a única que lhe restava: A vida precisava continuar sem o amor dela, sem os beijos e as caricias. Continuar e quem saber reaprender a amar. 

Depois de quase quatro horas errando temperos e tendo a certeza de mais uma recuperação pela frente o ruivo pode finalmente ir para o único lugar em que se sentia bem, ou quase isso. O restaurante era o mundo dele e onde as coisas pareciam ter sabores diferentes, cheiros capazes de alegrar ou entristecer, era o lugar onde ele não conseguia pensar nela, pois só pensava nele. E as pessoas estão certas, as vezes pensar em si mesmo é a melhor coisa. 

-- Chefinho? – Katty tentou. – Chefinho? 

-- Hum... 

-- O senhor está picando a cebola a quase uma hora, não tem mais cebola ai, só restou uma pasta. – Katty falou com jeitinho. – Não tem mais lágrimas nos seus olhos, até elas já secaram. Não quer conversar? 

-- Não... Não quero conversar. – Rony disse. – E eu não choro. 

-- Claro que não, é culpa da cebola. Agora pode parar de destruí-la? 

-- Katty? Eu sou tão ruim assim? – Rony encarou a garota. – Tão feio? Tão insuportável? Nenhuma pessoa seria capaz de me amar? 

-- O que? – Katty perguntou olhando assustada. Não era a única.

-- Eu sou um lixo e nunca ninguém realmente me ama. – Rony disse sério. – Te contei da Lilá? Ela me traiu com o Dino, e me usava para fazer ciúmes para ele. Eu não me importei, porque eu não a amava e queria mesmo uma chance com a Hermione... 

-- Chefinho... – Katty tentou interromper. 

-- Mas a Hermione também não me ama, acho que nunca me amou. Ela se aproveitou de mim, do meu corpo como se eu fosse um objeto sexual. – Rony disse. – Me acha um objeto sexual? 

-- Definitivamente não. – Katty disse fazendo careta. 

-- Não sou amável, e nem desejável. Sou um lixo de pessoa. – Rony disse dramaticamente. 

-- O senhor pode vim comigo? – Katty disse o puxando, aquela ladainha estava começando a irritá-la. 

-- Quer abusar dos meus sentimentos também? – Rony disse. – Meu corpo não é só para ser usado. 

-- Rony... Éca... Eu não quero seu corpo, você não faz meu tipo. – Katty disse rindo. – Eu quero te dizer umas coisas, e se for me despedir pelo menos não passo vergonha. ANDA! 

-- Não vou te despedir. – Rony disse. – É minha amiga, quase uma segunda Gina na minha vida, só que menos maluca. 

-- Obrigada pela consideração. – Katty disse bondosamente. – Por ser quase um irmão pra mim eu quero te ajudar. 

-- Me ajudar? 

-- Sim... 

-- Como? 

-- Regras para conquistar uma mulher. – Katty sorriu. – Primeira delas: Chorar só quando necessário, mulheres gostam de chorar e não de enxugar choro... 

-- O que? 

-- Hermione vai cair aos seus pés e você nem vai querê-la. Ou melhor não vai querer até ela pedir desculpas por todas suas lágrimas. – Katty disse séria. 

-- É capaz disso?

-- Chefinho... Eu sou capaz de tudo... – Katty sorriu com a face angelical. – Prepare-se para recuperar a auto-estima. 

-- Preparado. – Rony disse ainda assustado. 

XXX

-- Nunca pensei que seria tão difícil fazer isso. 

-- Difícil e chato... Espero que seja babado dos grandes. 

-- Gina... Precisamos ajudar seu irmão e a teimosa da Mione. – Luna disse olhando para dois pedaços diferentes de papel. 

-- Não poderiam ser pessoas normais? Ela ler a carta na hora que ele entregou e ele beijar ela e não deixá-la viajar? Seria simples e daria uma boa historia de amor para os futuros filhos. – Gina falou bufando. 

-- Eu li o nome da Lilá aqui... – Luna disse. 

-- Será que aquela loira oxigenada tem alguma coisa com isso? – Gina disse irritada. – Aquelazinha... 

-- Gina, ela casou e tem filhos... – Luna disse seria. – Tem o nome do pai da Mione também. 

-- O tio sempre detestou o Ron... – Gina disse. 

-- Eu sei, e olha que ele sempre foi educado e contido perto dele. – Luna pensou. – Se fosse o Draco eu entenderia o fato de não gostar dele. 

-- Seu pai gosta do Draco. 

-- Gina... Meu pai não é o que possamos chamar de “pai normal”. – Luna disse. 

-- E o Draco mudou muito também né? – Gina disse. – Nem é mais o garoto safado... 

-- Ele é ótimo, não sei por que demorei tanto a me entregar ao encanto. – Luna sorri. – Ah é ele me irritava saindo com aquelas desocupadas. 

-- Você foi realmente à presa mais difícil dele. – Gina riu. – Se não fosse o plano brilhante da Hermione. 

-- Plano! – Luna disse eufórica. – Um plano brilhante... É isso... 

-- O que? 

-- Vamos fazer um plano brilhante para eles acabarem ficando juntos, para conversarem e dizerem tudo que precisa ser dito.

-- Hum... Depois que lermos essa maldita carta poderemos entender o que aconteceu. – Gina disse confiante. – E ai... Plano infalível! 

-- Somos ótimas amigas... – Luna sorriu satisfeita. 

-- Ótimas mesmo... 

Hermione ainda abraçava a mãe e soluçava em seus braços. Rose apenas ficou acariciando a cabeça da filha em silencio. Naquele momento ela não precisava de palavras, precisava apenas do carinho e da compreensão que naquele momento fazia tudo perder um pouco da dor, e um pouco do medo. 

-- Filha... O que... 

-- Só me abraça e me faz esquecer que eu cresci, que não posso simplesmente apagar os erros com borrachas coloridas, que o amor não é para todos. Me faz esquecer que os últimos anos, e os últimos dias... 

-- Mas... 

-- Eu preciso disso... E agora é a única coisa que preciso... Fingir que não existo. – Hermione voltou a abraçar a mãe e suas lagrimas não deram trégua. – Quero esquecer o fato de ser capaz de massacrar uma pessoa e de ter o poder de me arruinar junto com ela. 



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