IV
        

‘ E por mais incrível que pareça, só você consegue afastar as lagrimas que caem em meu rosto ‘

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Ponto de Vista: Kiryuu Zero

Ela ficou imensamente vermelha e saiu correndo para dentro da minha casa, como uma pessoa poderia ficar envergonhada assim com apenas uma brincadeira.
Uma brincadeira que adoraria que virasse realidade.
No começo, eu achei que ela só era a garota chorona na qual tinha salvado de um maldito Level E – que por sinal, fiquei sabendo mais tarde que era o namorado dela -, mas naquela noite em que ela estava coberta com meu velho cobertor rasgado e eu a consolei senti algo diferente.
Ela era a pequena garota chorona que eu tinha que proteger.
A minha pequena garota chorona.
Ninguém viu, mas todas as noites eu ia observar ela dormir, a cobria do frio da madrugada e às vezes chegava até me sentar do seu lado para ver se ela estava dormindo bem.
Em uma noite fria qualquer, não sei se ela se lembra, mas nesse dia ela estava se revirando na cama e eu afaguei seus cabelos castanhos até que ela se acalmasse.
Vai ficar tudo bem, pequena.
Era isso que eu repetia sempre que ia ao meio da madrugada ver se ela estava bem.
Até que em umas dessas noites, percebi que eu não tinha só a necessidade de protegê-la.
Mas sim de ter ela por perto.

- Yuuki, sua boba. – comecei a rir da sua ação, ela estava mesmo escondida debaixo da mesa da cozinha?

Engatinhei até a mesa, levantei a toalha de mesa que cobria a mesma até o chão e a cutuquei. Ela deu um grito fofo.

- Calma, sou eu. – ri, ela me olhou a ponto de me matar.
- Isso não se faz sabia? – é, ela ainda estava vermelha
- Você não respondeu a minha pergunta. – cara, com toda certeza eu apanho dessa garota hoje.

Ela ficou mais vermelha ainda e ficou resmungando algo indecifrável. Eu era uma pessoa do mal em fazer garotas meigas ficarem envergonhadas...

- Yuuki eu estava brincando. – menti.

Fiquei olhando ela por um tempo demorado, ela ficava tão, tão fofa assim.
Era essa a palavra, fofa.
Seria antecipado demais falar que eu queria ter essa criatura terrivelmente fofa perto de mim?
Apenas perto de mim e de mais ninguém.

- Não faça nada parecido, quer morrer? – ameaçou a garota, comecei a rir. Como uma pessoa tão frágil e sensível como ela poderia me matar?
Tão boba essa garota.
Na daquele dia mais tarde, recebi uma ligação de Yagari para encontra-lo em um bar para conversarmos.
O que aquele filho de uma ratazana cinzenta queria dessa vez?
Resolvei levar a garota, não tinha confiança para deixar ela sozinha dentro de casa.
O caminho foi silencioso e a garota estava meio estranha, normalmente ela estaria tagarelando, eu mandaria ela calar a boca e que achava isso irritante.
Pura mentira, eu adorava ouvir a voz dela.
Merda, porque eu minto tanto quanto estou perto dessa garota?
Eu era um babaca mesmo.
Logo na entrada do bar – que por sinal Yagari não sabia nem escolher um bar decente para marcar um encontro -, as pessoas nos olhavam torto.
O que estão olhando bando de insuportáveis?
Logo, Yagari acenou para nós. Ele me fuzilava com o olhar, o que eu fiz para esse infeliz?

- Porque demorou tanto? – perguntou Yagari acendendo um cigarro – Por acaso não tem relógio não, infeliz?
- Tenho só que irei enfia-lo no mesmo lugar que esse cigarro se não parar de resmungar. Parece um velho caquético... – resmunguei, Yagari riu.
- Você, quem é? – apontou Yagari para Yuuki
- Eu? – perguntou Yuuki assustada, alias quem não ficaria ao ouvir essas conversas minha com Yagari? Yagari fez uma cara tipo “não, os pôneis malditos” e eu ri.
- Você tem algum atraso mental ou só está com medo? Fique tranquila eu não mordo só mato alguns infelizes... – disse Yagari como se fosse a coisa mais normal do mundo, Yuuki se encolheu um pouco
- Pare de aterrorizar a garota, merda. Essa é Kuran Yuuki, vai morar um tempo comigo por assuntos pessoais. – é, tive que defender a garota depois de Yagari traumatiza-la para sempre, falando nesse infeliz, depois que falei isso ele teve uma crise de riso.
- Ok. Só tome cuidado porque Zero costuma comer mocinhas indefesas... – zombou Yagari.

O olhei com meu pior olhar matador e Yuuki ficou imensamente vermelha. Porque esse filho de uma ratazana de esgoto teve que falar isso?
A garota deve estar pensando que eu devo ser um pervertido ou coisa pior.
Maldito Yagari...

- Filho de uma ratazana. – xinguei, Yagari riu.
- Cala a merda da boca e venha comigo. – chamou ele – E você, fica aqui. – apontou para Yuuki que assentiu assustada.
- Mas é perigoso deixar ela aqui. – tentei esconder minha obvia preocupação.
- Ninguém será retardado de mexer com a sua mulher, Zero.

Ri do seu comentário e pude ouvir Yuuki rir também. Então, ela não acha aterrorizante ser minha mulher, interessante...
Segui Yagari até a mesa em que ele estava sentado e logo em seguida me sentei. Eu estava preocupado com a garota, algo me dizia que não era uma coisa boa deixa-la lá de fora num bar desses...
O assunto com Yagari, bem, foi até interessante até o momento em que uma biscate qualquer se sentou na mesa do lado, ele perdeu totalmente o foco da conversa e praticamente esqueceu de mim.
Tarado...

- Eu não quero ir! Me solta! – gritou alguém, a voz parecia com a da Yuuki – Me solta! – peraí, era a Yuuki que estava gritando.

Sai correndo ignorando todos os desocupados daquele lugar.
Quando abri a porta  (lê-se derrubei a porta), vi uma cara segurando Yuuki pelo braço a obrigando ir a algum lugar aleatório.
Ela estava chorando.

- Vamos mocinha, o tio aqui irá te levar para tomar um sorvete. – chamou ele.
- Eu não vou a lugar nenhum com você. Zero, me ajuda! – gritou Yuuki.
- Cala a boca! – gritou o cara ameaçando bater em Yuuki.

Agora a porra ficou seria.

- Solta a garota. – dessa vez eu pedi
- E quem vai me impedir?  – perguntou o cara largando o braço de Yuuki fazendo a mesma cair no chão, é agora ele pediu para morrer.
- Eu.
- Você, garoto cinzento? Você não mata nem uma mosca...

Comecei a rir, se esse daí soubesse quantas moscas eu já havia matado por aí.
Peguei minha adorável arma que apelidei de Blood Rose e tratei logo de matar logo esse daí.
Muito corajoso ele de duvidar das minhas capacidades de serial killer.
Em fração de segundos, ele estava lá sangrando no chão me olhando implorando por um misero segundo de vida a mais e a única coisa que podia fazer era de rir de pessoas assim.

- Só para deixar bem claro, eu já matei muitas moscas na vida, infeliz. – avisei limpando minhas mãos do sangue desse daí.

Olhei para garota e a mesma estava com os olhos fechados. Talvez ela fosse fraca para ver cenas tão violentas assim...

- Yuuki, já acabou. – avisei.

Ela lentamente abriu os seus olhos castanhos e me olhou com os olhos cheios d’ agua.
Era a coisa mais dolorosa ver aquele rosto tão angelical chorando.
Era de partir o coração, pelo menos o meu.
E não fazia nem um pouco meu estilo ficar tendo o coração partido assim.
A garota ainda me olhava agora chorando e fez algo que deixou meu rígido e frio coração se amolecer...

- Promete que nunca mais vi me deixar sozinha de novo, Zero. – pediu ela me abraçando forte.

Senti meu coração saltar de uma forma inexplicável do meu peito.
Que legal, eu ainda tinha um coração.
Pensei que ele não existisse mais.
Mas ele existe, e estava começando a bater loucamente por Kuran Yuuki.

-... – preferi não dizer nada, apenas sentir o seu delicado e frágil corpo perto do meu. Era bom.

Tirei a garota dali porque ela deveria estar traumatizada com tudo que ela havia visto hoje.
A levei para uma pracinha perto dali, havia algumas criancinhas brincando por ali com suas mães, algumas folhas de árvore caiam sobre nós.
Ainda podia ouvir a garota chorar, o que tinha que fazer para ela parar de chorar?

- Ei garota, ao contrario do que dizem as garotas não ficam bonitas quando choram...
- O que quer dizer com isso?
- Que, er, q-que... – porque era tão difícil dizer que ela era bonita , vamos lá Zero você já fez coisa muito mais difícil na vida – você é, er, bonita demais para chorar...

Ela riu da minha frase, porque ela estava rindo da minha frase? Depois de fazer esse papel ridículo de cara gentil, era ri...
Isso é o que você ganha quando se é gentil com garotas...

- Então você me acha bonita Zero?- perguntou ela sorrindo um pouco.
- Foi um modo de falar. – menti ficando vermelho.
 - Você é estranho Zero. – a admitiu rindo – Muito estranho.

E dessa vez ela depositou sua cabeça no meu ombro logo depois de me dar um beijo no rosto.

- Yuuki. – murmurei numa altura em que só eu poderia ouvir.
- Eu gosto muito de você, Zero.

A única coisa que pude falar naquele momento foi, bem, na verdade eu nem sabia o que falar.
O que falaria depois ouvir isso?
Só sei que eu sorri todo feliz.
Felicidade e sorrisos.
Era algo que não tinha fazia um bom tempo.
Talvez desde que aquela pessoa foi embora da minha vida, meu coração se fechou para sempre.
Mas parece que ele se abriu novamente e bate por apenas uma pessoa.
E ela se chama Yuuki.

- Eu também gosto muito de você, Yuuki.

Dessa vez ela sorriu e eu também.
Ela tinha um sorriso lindo.
Ela era linda.
Afaguei seus curtos cabelos, talvez eu estivesse aprendendo também a compartilhar carinho com as pessoas.
Era fato, eu gostava dessa garota chorona.
E não como um amigo que a protegia dos perigos.