Liam

– Como vai gostoso? – sinto uma mão na minha bunda. Olho pra trás e reviro os olhos. Tinha que ser ele. – Vai me ajudar a fazer o dever de filosofia, não vai? – Niall faz beiço.

– Para de fazer essa cara, isso só funciona com sua namorada. E não, eu não vou. Zayn já me pediu. – dou de ombros e Niall finge estar furioso.

– Me trocando por ele mais uma vez, não é?

– Larga de ser ciumento, gay! – digo rindo.

(Clique aqui para ler adiante com a música. É opcional. MUSIC ON)

– Vou pra sala de dança, até mais daddy! – Niall sai correndo em direção à sala de dança. Ele sempre me chama assim, aliás, meus melhores amigos me chamam assim. Vai saber por que né.

Ando pelo corredor do colégio. Estava cheio, parecia um formigueiro, como sempre.

– Sai do meio dessas garotas, a Melissa está vindo logo atrás. – grito para o Zayn que estava do outro lado do corredor. Ele sai correndo do meio das garotas e para bem na frente da Melissa como se tivessem se encontrado no corredor por acaso. Sorrio. Rodo o caderno no meu dedo enquanto ando e deparo com uma cena lamentável. Louis carregava Laís nas costas e não tinha percebido uma coisa. – Louis, levanta a calça! Hoje você colocou sua cueca de coraçõezinhos. – sussurro. Laís cai na risada e Louis levanta a calça rapidamente. Eu rio então subo as escadas dando de cara com cotoco. Hoje ela parecia mal humorada, mas ela me adorava, então isso não importa.

– Bom dia Liam! – ela sorri para mim. Meu corpo estremece ao ver seus dentes amarelos brilharem junto com sua bijuteria de cobra pendurada no pescoço.

– Bom dia Cotoc... Matilde! – forço um sorriso que a engana muito bem. Saio apressado dali.

Passo por um corredor cheio de garotas. De um lado loiras e do outro, morenas. As ruivas? Me esperavam lá na frente.

– Olá meninas! – digo quando passo por elas.

– Oi Liam! – elas dizem em uníssono. Pareciam derretidas. Bom, não é só o Harry que faz sucesso aqui.

– Eu te espero hoje no meu quarto ok? – Uma ruiva de cabelos cacheados diz com um sorriso provocante no rosto. Sorrio enquanto mordo a boca. Como eu disse... Elas sempre estão me esperando.

Coloco o caderno na cabeça e me distraio parecendo uma criança, quando ouço sussurros e suspiros. Franzo o cenho. Viro para o lado direito, onde ficavam os armários do corredor de cima e encontro Alice e Harry se beijando. Ou quase se engolindo.

– Eu sei que isso deve estar uma maravilha, mas Cotoco vem aí. – falo baixo e olho para o corredor. Matilda Cotoco andava devagar, mas já estava próxima.

– Obrigada Liam. – Alice fala envergonhada, eu rio.

– Não olhem para o sorriso dela e depois para o colar, podem ficar cegos! Só um conselho – dou de ombros.

– Valeu Daddy, salvando nossas vidas sempre! – Harry sorri. Faço o mesmo e quando vou entrar na sala alguém me puxa.

– Oi meu amor! – Mandy se inclina para me dar um selinho, desvio com um sorriso irônico.

– Hoje não sou seu brinquedo ok? Hoje eu brinco. – pisco para Mandy que estava boquiaberta, então entro na sala.

Cumprimentos. Todos me cumprimentavam. Com sorrisos ou com as mãos, ou até mesmo com xingamentos demonstrando um ‘’certo’’ carinho. No fundo da sala algumas garotas acenam pra mim e sorriem. Faço o mesmo. Jogo meu caderno na única cadeira à frente. A professora de redação já estava na sala. Apenas se virou e disse:

– Formem duplas.

De repente o fundo pareceu vazio e a frente estava... Cheia. Não entendeu? Bem... Eu quis dizer que quase todos queriam fazer duplas comigo. Cadeiras estavam em volta da minha. A professora revira os olhos e eu caio na risada. Entendo porque me chamam de Daddy. Eu sirvo pra muitas coisas! Eles... realmente me amam! Fazer o que né?

(MUSICA OFF –a partir daqui não ouça mais a música.)

[...]

– O trabalho desse semestre requer uma simples função. Entrevistar alguém. Não é nada como ‘’Qual o seu nome?’’, ‘’Quantos anos?’’. É mais que isso. Quero uma redação de 50 linhas contando tudo sobre a pessoa que você for entrevistar. Quem tiver o melhor entrevistado, a escrita for a melhor e a história comovente, ganha uma viagem para qualquer lugar no país, com direito de levar o seu entrevistado.

Imagina que perfeito... Entrevistar uma pessoa, ser o melhor de todos e BUM! Uma viagem pra qualquer lugar no país! Ah... É por isso que eu amo redação!

– Espero que seja você o premiado. – a professora de redação sussurra em frente a minha cadeira. Sorrio de orelha a orelha. Eu tinha tudo para ganhar essa, só preciso de uma história comovente, e bem... Uma pessoa que aceite contar sua história. É, vai ser um pouco difícil.

[...]

O sinal bate. Fim das aulas por hoje. Todos saíam apressados pelo corredor. Apenas me distraio com a música alta em meus fones de ouvido. Coloco a mão no bolso da calça e acabo encontrando dinheiro. Sorrio. Amo quando isso acontece. Pego o Ipod e mudo de música quando me bato com força em alguém.

– Ei! Você está cego? – uma garota reclama. Não consigo vê-la, pois ela estava agachada para pegar seus livros. Eu me abaixo, ajudando-a. Filosofia, Redação e Sociologia. Os melhores livros, as melhores matérias. – Não precisa. – A garota pega os livros rudemente da minha mão e se levanta. Faço o mesmo.

– Desculpa, eu não te vi... – paro de falar quando eu a olho. Nossa... Ela era linda! Ela tinha os cabelos castanhos escuros. Seus olhos eram azuis e carregavam uma sombra preta. Ela calçava botas de cano baixo, de cor marrom. Usava uma meia preta com um short jeans e uma blusa da cor escura. Não é exatamente o tipo de garota que vive querendo ‘’algo’’ comigo, mas mesmo assim... Eu simplesmente me encantei. Limpo a garganta. – Desculpa.

– Tá, tudo bem. Dá próxima vez não seja tão lerdo, eu agradeceria. – ela revira os olhos. Engulo em seco. Curta e grossa. Ela se vira, mas eu a puxo pelo braço.

– Ei espera! Qual o seu nome?

– Pra que quer saber? – ela me olha de cima a baixo, como se quisesse me intimidar.

– Nada... Nada demais. Só fiquei interessado. – dou de ombros enquanto coloco as mãos no bolso. Eu estava mesmo envergonhado?

– Não importa. Duarte, pra você. – ela dá um sorriso sem ânimo.

– Só vai me dizer o sobrenome?

– É. – ela da de ombros.

– Diz o seu nome... Só isso que eu quero saber. – dou um sorriso de canto.

– Você é insistente. – ela revira os olhos. – Meu nome é... Ai Derick! – um garoto alto e bem forte a puxa com força pelo braço. Seus livros caem, agora parando em meus pés. Eu o olho para os dois. Ele reclamava alguma coisa com ela, parecia muito bravo e ela parecia... Ter medo dele. Seu braço estava vermelho e com a marca dos dedos por causa do puxão que o garoto deu nela.

Quem era ele? Porque ele estava falando com ela desse jeito? Isso não é jeito de tratar uma garota.

Ando em direção a eles pronto para dizer aquele garoto imbecil que não é assim que se fala com uma garota ou com qualquer outra pessoa, mas eu paro. Abruptamente. Eles estavam... Estavam se beijando! Dou as costas imediatamente e saio dali andando apressado.

Ótimo Liam! Ia dar uma de ‘’um cara exemplar’’ e ia pagar um mico. Você é idiota. Ou talvez nem tanto. – Falo comigo mesmo em meu pensamento.

Abro a porta do meu quarto, fechando em seguida. Tiro o caderno e livros da mochila e passo a tarde toda tentando fazer os cálculos inúteis de matemática. Ah... Como odeio matemática! Quando acabo apenas me jogo na cama de tão exausto que estava só em tentar pensar onde devia colocar o ‘’x, y ‘’ e algum número inútil. Então eu lembro da garota de mais cedo... Eu nunca tinha a visto aqui no colégio, mas se ela já tinha namorado não devia ser novata. Quero dizer... Ela não tem cara daquelas meninas que já namoram no primeiro semestre mesmo sendo novata. Mas o melhor seria eu parar de pensar nisso e dormir.

[...]

– Iai Daddy, fez o trabalho que eu te pedi? – Zayn fala parado em frente em minha cadeira.

– Isso vai custar 10 pratas. – levanta uma sobrancelha. Zayn finge estar ofendido. – Brincadeira, mas você está me devendo uma. – entrego o papel para o Zayn que sai feliz.

– Liam eu preciso de um favorzão seu, cara! – Harry fala do meu lado.

– E eu preciso conversar com você Liam. – Niall diz do outro lado. Fico sem saber pra quem olhar.

– Vocês realmente não vivem sem mim né? – digo arrancando riso dos dois.

– Conversas para depois, vamos corrigir o dever de matemática. Abram os cadernos agora! – o professor já entra na sala mandando. Sem perder tempo ele escreve as contas no quadro. Abro o caderno e começo a correção, quando ouço a porta da sala abrir.

– Com licença... Aqui está ela. – Matilda Cotoco empurra uma garota pra dentro da sala. Cerro os olhos. Era ela... A garota de ontem mais cedo!

– Hum... Certo, qual seu nome? – o professor se dirige a ela.

– Izabella.

– Ok Izabella, bem vinda à sala A, sente-se ao lado do... – o professor olha pra sala procurando alguém e quando parar o olhar em mim sente-se satisfeito.- Liam!

– Quem é Liam? – Izabella olha ao redor da sala.

– Sou eu gatinha! – alguém do fundo diz, fazendo palhaçada e fazendo barulho de beijinhos.

– Deixa de palhaçada Mark! – o professor revira os olhos. – É aquele ali. – Então aponta pra mim. Levanto a mão e faço uma reverência, todos riem.

– Está me perseguindo? – sussurro quando Izabella se senta ao meu lado. Ela revira os olhos.

– Me poupe garoto, como você viu, nem sabia quem era você.

– Tem sempre as repostas assim na ponta da língua, é? – arqueio uma sobrancelha. Ela não responde. – Izabella... – passo a mão no queixo, ela me olha sem entender. – Quem era aquele que puxou seu braço?

– Não te interessa garoto.

– Uau, está de mau humor ou o que?

– Ele é o meu namorado e sim, eu estou de mau humor. Não tenho uma boa impressão de você, pois derrubou meus livros ontem mostrando ser um lerdo! Não gosto de gente assim, é irritante. – ela da de ombros. Sorrio.

– Não me importo com sua impressão sobre mim, mas pretendo mudar isso. –dou um meio sorriso. – – Então... Porque mudou de sala?

– Digamos que eu sou o problema da minha sala quando estou com meu namorado, e então... Eles me separaram dele. Não ligo, amanhã volto pra lá, a diretora querendo ou não.

– Você deve ser insuportável na sala de aula.

– Ei! – ela protesta.

– Ué, você disse que sou lerdo! – nós rimos.

– Não pense que serei sua amiga, ok? – ela diz séria. Eu apenas sorrio.

– Eu nem pensei. Não ainda. Mas você parece ser muito unida com seu namorado... – jogo verde. Ela engole em seco e desvia o olhar.

– Sim. – ela mente.

– Ele não parece te tratar bem. – digo dando de ombros.

– Cala boca e não se meta nisso! Ele só me mostra de uma forma estranha o amor que sente por mim. – ela diz com raiva. Uau.

– Não está mais aqui quem falou.

[...]

A aula de matemática não havia sido tão demorada e chata como antes. Tive a de música, a qual poucas pessoas participam e agora era Ed. Física. Pelo menos não é chata.

Nós formamos fileiras e fazíamos aquecimentos. Garotas na frente e garotos atrás. Claro... Uma ótima visão para nós. Adorávamos isso. Mas eu senti falta de alguém... Porque Izabella não estava na aula? Ela é bem parecia com Lorena nesse aspecto. Já vi que gosta de faltar as aulas.

– Muito bem... Podem jogar o que quiserem! – o professor apita e nós nos juntamos para fazer times.

Duas aulas só jogando futebol. Eu estava exausto. Estava caminha em direção aos vestiários quando lembro que deixei minha roupa no armário. Suspiro. Eu realmente sou lerdo. Corro pra dentro do prédio onde temos aulas e vou em direção aos primeiros armários. Cansado, ando devagar. Ouço soluços. Franzo a testa. Alguém estava chorando. Ando mais um pouco e vejo uma garota sentada no chão. Ela tinha meias rosas de listras pretas junto com uma bota marrom. Peraí, eu vi essa meia a três aulas atrás! Porque ela estava chorando?

– O que você está fazendo aqui?