The Bet escrita por StardustWink


Capítulo 9
Por trás de um sorriso.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo longo, weee~ Coisas serão reveladas aqui. Hoho. Boa leitura!



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Red não conseguia prestar atenção na aula. De cinco em cinco minutos, a imagem de Yellow com o cabelo longo esvoaçando ao vento aparecia em sua cabeça, e ele não conseguia acreditar que ela não tinha contado.

Era para eles serem amigos, certo? E amigos contam coisas. Ele estava até sentindo que ele e ‘o loiro’ podiam se tornar grandes amigos...

É, de repente todos aqueles momentos em que Yellow corava com a proximidade ou com algum comentário dele faziam sentido. O garoto sentiu seu rosto queimar, e afundou a cabeça nos braços.

– Ei, dorminhoco! – A voz familiar o fez levantar a cabeça. Era Blue, que tinha acabado de chegar e sentava-se ao seu lado – Green ou ele sempre guardavam lugar para ela, eles sabiam que era ruim ficar próximo de fãs doidos na sala.

– Que foi, Blue? – A garota sorriu, percebendo que ele estava de mal humor.

– Acordou com o pé esquerdo, Red? – Ela perguntou, e ele nem precisou responder para ela continuar sua conversa. – Ok, eu não queria falar sobre isso com você.

– Sobre o quê quer falar, então?

– O quê mais? – Blue o encarou, bufando. – Yellow.

– Não quero falar sobre ele. Quer dizer, ela. – Ele virou seus orbes vermelhos para a janela, mas ao encontrar garotas suspirando a0 vê-lo, resolveu voltá-los à posição original.

– Não precisa falar, só quero que ouça. – A jovem explicou, colocando a mochila na mesa. – Tenho que ser rápida, então vamos acabar logo com isso. A Yellow fingiu ser garoto por uma aposta sim. Mas esse não é o único motivo.

– O que quer dizer com isso? – Red arqueou uma sobrancelha. Viu sua amiga dar um sorriso triste em seguida.

– Nunca percebeu o quão surrado aquele boné que ela usava é? – Blue suspirou, e continuou a falar. – Não quero que conte isso para ninguém, ouviu. Você também, Green.

– Fala logo, garota. – Green comentou do lado oposto à jovem, entediado. Ela sorriu.

– Pois bem. Isso aconteceu há uns dois anos atrás...

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Yellow engoliu em seco, sentindo todos os olhares da sala em si. Ela abriu a boca para falar, mas foi empurrada para trás por May outra vez.

– Tem a ver comigo sim, Drew. – A morena rebateu, o encarando. – Foi uma aposta, eu a desafiei e ela aceitou. Fim de papo.

– Que aposta ridícula a sua. – O garoto de cabelo verde comentou, com uma gota. – É sério que foi por causa disso?

– Foi sim, eu também estava lá. – Todos se viraram, e encontraram Silver no canto da sala, sentado. Como ele quase não falava nada, aquilo era uma surpresa. – Blue pode confirmar para vocês.

– É verdade. – Misty se aproximou das amigas, cruzando os braços. – Eu também estava, e a Dawn. Foi uma aposta, e pelo que eu vi, Yellow perdeu.

– Você vai ter que cumprir alguma coisa já que perdeu? – Ash perguntou , de uma carteira lá para o meio.

– Não acho que ela mereça algo a mais como punição, Ash... –Dawn disse, com uma gota.

– Tá, que seja. – Uma das garotas ao lado de Drew, uma ruiva com olhos cor de mel, falou. – Vamos parar logo com esse assunto, estamos perdendo tempo falando com essas aí.

– Olha só sua- May começou, mas Yellow puxou seu braço.

– Não faz isso, o assunto tá encerrado. – A loira deu um sorriso fraco, e conseguiu convencer a teimosa da turma. Quando tudo parecia ter acabado e o grupo voltado para suas conversas particulares, Yellow colocou sua mochila na mesa da cadeira, mas o peso dela derrubou-a.

E, com a mochila aberta, as coisas caíram no chão. Inclusive um certo boné laranja.

– Ei... – Drew arqueou uma sobrancelha, apontando para o boné. – Por que você ainda traz isso para a escola?

– Uh... – Opa. Como explicar...

– Não vai me dizer que você curte crosdressing? – Ele riu, e mais algumas pessoas da sala também. Yellow negaria essa frase com uma gota se ele não continuasse: - Seus pais não têm vergonha de você não?

– Huh, Drew, esse não é um bom assunto para... Misty tentou intervir, mas o riso das garotas ao lado dele o fez ignorá-la.

– Cara, se eu fosse a mãe dela, morreria de vergonha. – Uma garota, dessa vez ruiva com cílios exagerados, comentou enquanto tentava se agarrar num dos braços do cabelo verde.

– O pai não deve conseguir nem andar com ela na rua. – A primeira riu, e Yellow sentiu seus olhos lacrimejarem.

– É sério, esse assunto não é... –Dawn estendeu uma mão, mas foi bloqueada por alguns garotos que queriam ver a discussão. A loira motivo das piadas olhava para o chão, sem movimento.

– Então, Yellow, o que é? – Drew cruzou os braços, de sua posição em cima da mesa. – Sua família te odeia ou o quê?

– E-ele não... - A loira começou, cerrando os punhos.

– Ele? E a sua mãe? – O garoto ainda não notara que entrara num assunto ruim, e continuou com o apoio das pessoas em volta. – Ah, já sei. Ela deve ter morrido de desgosto, não é?

– E-eu... – Não aguentando mais, Yellow saiu correndo da sala, mal conseguindo conter o choro.

– Acho que eu acertei. – Drew deu um sorriso de lado.

Ele não percebeu a mão prestes a colidir ao seu rosto até que o som de um tapa percorreu a sala inteira.

Todos os olhos se voltaram para May, que residia com uma mão para cima a alguns passos do garoto. Algumas das meninas lá a xingaram, e Drew colocou a mão no rosto, que ficara com uma marca vermelha.

– Isso doeu, selvagem! Desde quando você bate tão forte-

Cala a boca. – A fala dela foi baixa, mas ele conseguiu ouvi-la com a proximidade. Ela estava com a franja cobrindo o rosto, mas o garoto percebeu algumas lágrimas caindo de seus olhos.

– M-may? O que... -

CALA A BOCA! – Ela gritou, erguendo seus olhos marejados. – Você não sabe o que aconteceu com a Yellow, não ouse falar disso perto dela!

– May, eu- Ele tentou segurar o braço dela, mas ela o tirou do caminho antes disso.

Não se atreva a tocar em mim. Eu... – A garota deu um último olhar a ele. – EU TE ODEIO!

E, com isso, ela também saiu correndo da sala. Dawn correu até a porta, parando um pouco para falar com sua amiga.

– Misty, eu vou atrás delas. – Ao olhar para todos da sala chocados e o cabelo verde ainda em choque, ela continuou. – E...Explique direito essa história. Acho que agora é melhor que eles saibam.

– Tudo bem. – A ruiva respondeu, com o rosto triste. -... Cuide delas, ok?

– Sem problemas. –Dawn falou sua frase tema, sorrindo, antes de sair correndo pela porta.

Misty então se virou para o pessoal, e suspirou. Ela tinha muita explicação para fazer.

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May estava no banheiro feminino, jogando água no rosto sem parar para tentar parar o choro. Mesmo assim, as lágrimas ainda desciam de seus olhos azuis, e sua cara inchada e vermelha só a lembrou do que tinha acontecido antes.

Ela sentou no chão, agarrada às pernas, e desistiu de resistir. Ela sabia que, se fosse qualquer outra pessoa, ela teria não só dado um tapa como ido para a direção com quem quer que fosse por agressão.

Mas não com ele.

Você tá sempre brigando com ele, May. Que diferença faz agora? – Ela tentou se lembrar, fungando o nariz. Ele sempre foi mesquinho e idiota, ele sempre me irritou, e ainda assim, por que eu achei que ele era uma boa pessoa?

– Droga, droga, droga! – Ela gritou, começando a soluçar outra vez. Para seu susto, a porta foi aberta. Porém, ao ver que Dawn estava lá, a olhando com tristeza, tudo o que ela fez foi levantar e se tacar em cima dela.

– Wah, May! - A de cabelos azul-marinho começou, tentando manter o equilíbrio. Quando conseguiu, envolveu sua amiga com os braços. – Tudo bem May, acabou. Shh...

–Dawn... Por que foi ele? Por que não podia ter sido uma daquelas... Daquelas fangirls idiotas ou garotos estúpidos? – A garota de mechas castanhas murmurou, entre os soluços. – Eu dei um tapa na cara dele, falei coisas horríveis...

– Ele mereceu o tapa. –Dawn comentou, com um sorriso. – Mas não acho que o “eu te odeio”. Ele não sabe nada sobre a Yellow, May. E as fãs dele estavam incentivando.

– Eu odeio ele. – May rebateu baixinho, já um pouco mais calma. A outra riu, intensificando o abraço.

– Claro, claro. E quem eu estou consolando agora por dar um tapa bem feito no idiota da sala, mesmo? – Dawn sentiu um soco de leve num dos ombros, e riu mais.

– Vamos lá, May. Ele vai te perdoar. – A morena ergueu seus olhos marejados, como se perguntasse algo. – Sério, vai ficar tudo bem.

–... Tá. – May fungou o nariz outra vez, limpando as lágrimas com a gola do casaco que usava. – Mas se contar que eu estava chorando por causa disso, eu te mato.

– Acho que nem preciso, a sala toda já viu... – A outra comentou, com uma gota, e sorriu outra vez quando sua amiga corou ao infinito e começou a arrancar os cabelos de frustração.

E não é que ela estava certa sobre o lance do “mais do que simples rivais”?

– Ei, Dawn. – A garota em questão olhou para a outra de novo, curiosa. – Você... Vai antes para a sala? Eu quero parecer mais normal quando voltar.

– Tudo bem... –Dawn aceitou, com uma gota. – Estou indo então.

– Ah, espera aí! – May lembrou, arregalando os olhos. – Mas e a Yellow?

– Não se preocupa não. – A garota de olhos azuis escuros riu, lembrando-se de uma cena que viu da janela do prédio do ensino fundamental um pouco mais cedo. – Ela está em boas mãos.

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– E então, isso aconteceu. – Misty estava com dificuldades de explicar o ocorrido, tendo que parar de minuto em minuto e se perguntar por que mesmo estava falando daquilo. Mas, ao olhar para Crys, e outras pessoas da sala, decidiu que era preciso fazer isso.

– Espera aí, então. – Um garoto disse de seu lugar, curioso. – Quer dizer que ela já usa esse ‘disfarce’ há dois anos?

– É. – A ruiva respondeu, suspirando. – Mas só em casa. Normalmente ela saía antes do pai acordar para ir para a escola antiga, então o uniforme feminino servia. Acho que ela fez o mesmo hoje.

– Mas, o problema do pai dela... – Crystal falou, apreensiva. – Não tem mesmo como melhorar?

– Ele vai para a terapia, mas eles não conseguem fazer nada. Ele não colabora.

– A morte dela deve ter sido um peso para ele... – Ash murmurou, olhando para baixo. Ele sabia disso, também perdera seu pai quando era criança.

– Sim. – Dawn comentou da porta, fazendo os rostos virarem para ela. – A mãe da Yellow era importante para ele, mas era ainda mais para a própria Yellow. E vocês já devem saber que ela se culpa disso.

–Dawn, e aí? – Misty perguntou de seu lugar.

– A May tá bem, deve estar chegando daqui à pouco. – Ela respondeu, com um suspiro. Com tanta gente saindo e gritando, não sabia como ninguém tinha ido checar a sala... – A Yellow tá bem também.

– Tem certeza?

– Ela tá com ele. –Dawn deu uma piscadela. – Certeza absoluta de que ela tá bem.

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Red estava carregando papéis para a secretaria do prédio, à pedido do professor de geografia. Ele até gostaria de fazer isso, se não fosse pelo fato dele ainda estar um pouco chocado com o que tinha descoberto antes.

Eu preciso falar com a Yellow no recreio. – Ele pensou, terminando de descer os degraus até o primeiro andar. Tenho que arranjar um jeito de fugir das garotas e conseguir chegar até ela...

Foi aí que ele viu, pelo corredor próximo da porta do prédio, um borrão de amarelo correndo para esquerda. A visão lembrou-o dos cabelos ao vento do dia anterior, ele soube automaticamente quem era.

Sem outra escolha, ele largou os papéis do lado de uma porta, e saiu correndo na direção em que achara ter visto o borrão. O que quer que tivesse acontecido, para ela correr até aqui...

Finalmente, encontrou Yellow sentada e encostada numa parede, escondida, com a cabeça encostada nos joelhos. Ele não sabia se a garota estava chorando, mas ela tremia um pouco, o que tornava a suposição muito provável.

– Yellow? – Em um segundo, a cabeça dela levantou. Quando a loira reconheceu exatamente quem era, ela corou um pouco e tentou tirar as lágrimas dos olhos o mais rápido possível.

– Ah, Red, eu queria falar com você, mas... – Ela fungou o nariz, tentando deixar sua voz normal. – E-eu não devia ter vindo aqui agora, o que diabos eu estava pensando-

– Ei. – Ela parou sua faladeira, e olhou para o jovem outra vez. – O que aconteceu?

–... Bom... – Ela olhou para baixo outra vez, esticando as pernas. – Eu acabei levando uma coisa muito à sério na sala, e saí correndo sem pensar...Não é nada, não se preocupa não.

– Já te disseram que você mente muito mal? – Red perguntou, dando um sorriso. Yellow bufou.

– Não precisa se envolver com isso, eu devo estar atrapalhando sua aula. – Ela olhou para os lados, percebendo onde estavam. – E se você não voltar, podem pegar a gente no corredor e nos mandar para a diretoria.

– Hmmm, é uma possibilidade. – O garoto de olhos vermelhos afirmou, ainda sorrindo. – Mas então porque não vamos para algum lugar onde você possa me contar essa história direito?

– Huh... – Yellow sentiu a vontade de recusar, mas isso seria uma chance de fazer as pazes com o garoto. Além do mais, ela queria desabafar com alguém. -... Pode ser.

– Então vamos! – Ele estendeu sua mão, e levantou a garota do chão. Direcionou-a para fora da porta do prédio, e os dois foram se estreitando até a parte de trás dele. Tinham algumas árvores ali, mas a aparência era deserta.

– Ok, acho que aqui está bom. – Red observou, virando para a mais nova. – E então, o que aconteceu?

– É uma coisa pessoal, então eu não sei se posso contar... – Ela explicou, olhando para o chão.

– Não sou amigo o suficiente seu para saber dos seus assuntos pessoais? – Ele perguntou, fazendo Yellow corar.

Não! É que... – Ela pausou, percebendo o que ele disse. – Espera, você não está com raiva de ontem?

–Com raiva? Não. – Ele admitiu, ficando com o rosto sério. – Triste é melhor. Eu... Gostaria de ter descoberto por você, e não por um garoto vestido de cacto.

– Eu te entendo. – Ela riu um pouco, ele também esboçou um sorriso. – Ia te contar mais cedo ou mais tarde, só estava sem coragem...

– Você achou que eu não poderia querer ser mais seu amigo? – Red perguntou, e a loira assentiu. – Eu não sou tão mesquinho assim. Você é minha amiga pelo que você é Yellow, e não por ser garoto ou garota.

Ela sentiu o coração se comprimir com isso, mas deixou de lado. Ao contrário, sorriu para o mais velho.

– Obrigada, Red. – Ela hesitou um pouco, antes de acrescentar. – Acho que eu deveria contar uma coisa para você, então.

– Antes disso, quero te falar algo. – Ele a interrompeu, olhando para o lado. – A Blue... Meio que já contou sobre dois anos atrás.

– Ela o quê? – Yellow ficou com raiva, cerrando os pulsos. – Mas eu disse que era algo que eu queria contar, e não-

– Ok, ok, Yellow, tudo bem. – Red balançou as mãos, com uma gota. – Ela disse que não devia contar, mas achou que me faria entender o motivo daquilo tudo.

– Não teve um motivo certo. – A loira comentou, ainda irritada. – É só uma aposta, e eu já usava aquele boné todo o santo o dia em casa para não traumatizar o meu pai, só isso.

– Eu só queria fazer uma pergunta. – Red falou, tossindo. – Sua mãe morreu num acidente de carro. Por que você se culpa disso?

– Red, ela me tacou para longe e foi atingida no meu lugar. – A loira respondeu, aflita. – Como a culpa não poderia ser minha? Eu que atravessei sem ver direito, eu que devia ter saído do caminho, eu que-

– Yellow! – O garoto a interrompeu, em um tom mais alto. – O motorista estava bêbado, e o sinal tinha acabado de fechar.

– Mas eu devia ter visto! Eu... – A loira soluçou, cobrindo os olhos com as mãos. – Eu não queria que ela se fosse. Eu não queria...

– Calma. – Yellow sentiu ser abraçada, e retornou o gesto como se dependesse da sua vida. – Não foi culpa sua. Foi do destino, era para acontecer.

– Se era para acontecer, por que o destino foi tão cruel?

– Dizem que, depois de você sofrer por uma dor imensa, é apenas uma preparação para uma benção que virá logo depois. – Ele explicou, afagando o cabelo da jovem.

– Meu pai não consegue nem olhar para mim sem aquele boné, ele acha que sou a minha mãe e nem me reconhece mais. Onde está a benção nisso?

– Ela ainda vai vir. – Ele levantou o rosto dela, e sorriu outra vez. – Confie em mim.

Por um momento, Yellow teve o pensamento que a “benção” estava bem à sua frente, mas não comentou.

–... Tudo bem. – Ela se deu conta de que eles ainda se abraçavam, e se afastou. – Obrigada por isso.

– Não tem de quê. – Ele sorriu. – Agora, não vai me contar sobre o que houve?

Ela riu um pouco, mas aceitou o pedido e começou a contar. Eles conversaram sobre isso, foram perdendo o rumo do assunto falando de outras coisas e acabaram por comentar de coisas sem nexo e rir, como se o tempo fosse só deles.

– Mas, Red, me responde uma coisa. – Yellow falou, tocando nas suas mechas loiras. – Você acha que eu deveria cortar o cabelo...? Para não ter que esconder...

– Não. – Ele respondeu, cruzando os braços. – Se você manteve até agora, então tem um motivo por trás disso. Não é?

– Aham. – Ela corou um pouco, olhando para baixo. – Mamãe sempre penteava meu cabelo e me contava histórias antes de dormir. Eles eram iguais aos meus – longos e dourados, - e os olhos dela eram mais escuros.

– Seus olhos não são que nem os dela?

–Nope. – Yellow sorriu. – São do meu pai. A família dele toda tem olhos claros, inclusive o pai da Misty. É por isso que nossos olhos são parecidos.

– Ah. Você quer mantê-lo para não esquecer?

– É. Ele é um dos únicos traços da mamãe que eu quero manter em mim. – A loira enrolou uma mecha, distante. – É uma parte dela que eu não quero me desfazer, nunca.

– Entendi. – O garoto sorriu, e em seguida ouviu o barulho do sino. – Ai não, já é o recreio?

– Parece que eu perdi um tempo de aula... – Yellow comentou, com uma gota.

– E eu perdi dois, nem voltei para a sala. – Red falou, com outra gota. – Eles devem me matar se eu voltar lá agora.

– Que tal continuar aqui e depois aparecer na sala? – A loira apontou, rindo. – Eu não quero aparecer para o resto do pessoal, não ainda.

– Tudo bem. – Red sorriu, piscando. – Hoje tem treino mais tarde, o que vai fazer?

– Será que ele me dá uma vaga no time feminino? - Ela perguntou baixinho, e eles riram outra vez.

– Da maneira que você arrebentou com a cara do Gold naquele chute? Sem dúvida alguma.

Yellow estava feliz. O motivo das lágrimas dela parecia longe e sem sentido, e ela queria continuar lá para sempre. Mas, sem nenhum dos dois jovens perceberem, alguém os observava.

Era uma garota – de olhos claros como cristal, e cabelos loiros quase brancos – que parecia um anjo. Ela os olhava por trás de uma das árvores, com raiva.

– Aquela maldita...

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Notas finais do capítulo

E então? Ficou muito confuso? Para esclarecer aqui, vou contar o que houve.
Yellow estava atravessando a rua com a mãe hà dois anos atrás, um carro não parou no sinal e a mãe dela se jogou na frente para salvá-la. O pai se traumatizou com a morte da esposa, e já que Yellow tinha muitas semelhanças de rosto e personalidade da mãe, ele acabou desenvolvendo o pensamento de que ela era sua esposa.
Terapia não ajudou direito, e Yellow resolver passar a esconder o cabelo e se vestir como garoto em casa. Funcionou. O pai dela ainda a chama de filha e tudo mais, mas não consegue vê-la com sua aparência normal. E ele se culpa por isso.
Enfim, resumido aí em cima. Espero que tenham gostado do cap. :3 O que será que acontece depois? Quem é o 'anjo' que aparece? Descubram mais tarde~