Pov. Edward.

          Estava tudo difícil de lembrar. Eu só sabia que quando abri os olhos deparei com o lindo rosto de Bella sorrindo pra mim com uma bandeja de café da manhã que tinha um cheiro delicioso. Mas... eu estava confuso demais para ser legal. Eu me lembrava que eu estava sofrendo por Bella, que eu tinha sentido raiva dela, mas que também sentia amor. E que eu tinha feito coisas nunca feitas antes na rua. Experimentado todo tipo de droga e que a culpada era ela. Ah... A quem eu queria enganar? Eu era o culpado. Ela me ignorava, não me amava exclusivamente por culpa minha que sempre fui um animal com ela. Sempre a maltratei e eu merecia tudo o que estava passando.

        Sem saber muito bem o que dizer perguntei:

        -Bella? O que está fazendo aqui?

        -Nada – ela respondeu com a voz meio tremula e depois largou a bandeja em minha cama e começou a se afastar meio temerosa, até sair do quarto. Eu não entendia por que ela estava com tanto medo. É claro que eu já havia dado muitos motivos para ela me temer, mas ela nunca havia abaixado a cabeça e fugido, mas agora ela estava  realmente com medo de mim. O que será que eu tinha feito com ela na noite passada? Sem pensar muito bem, corri atrás dela. Ela já estava perto da porta, prestes a sair sem parecer se importar de estar vestindo minhas roupas enormes nela. Corri até alcançá-la e segurei o braço dela, sem apertar muito, mas o suficiente para que ela não fugisse de mim.

         – Edward, por favor, me deixa ir embora. Não me machuque ela praticamente me implorava e parecia sentir muito medo. Quase um pavor a mim. Essa reação dela me machucava. Eu não queria que ela tivesse pavor a mim, que ela quisesse se esconder quando eu estivesse por perto. Não queria que ela tivesse medo de que eu fosse machuca-la, eu nunca faria isso. Nunca mais.

      -Bella, não vai. Eu não vou te machucar. Fica aqui – Falei afetuosamente em seu ouvido. Eu não queria que ela fosse embora, só ainda não entendia direito o que se passava comigo. Eu precisava descobrir o que tinha acontecido nesses últimos dias – Bella me diz o que esta acontecendo. Eu to tão confuso. Eu... Não sei de mais nada – Pedi, passando as mãos nervosamente pelos meus cabelos inconscientemente e os deixando ainda mais bagunçados. Eu estava perdido. Bella não podia me deixar assim. Só ela podia me ajudar a me situar. A descobrir o que tinha acontecido comigo. A retomar minha vida, depois de dias inconsciente e louco.

       Eu pensei que ela não fosse falar comigo e que iria embora, mas surpreendentemente ela ficou e olhou no fundo de meus olhos e perguntou:

        -Edward, você não se lembra de nada?

        -Eu...

         Sentei no sofá da sala e senti Bella sentando também. Eram lembranças tão confusas. Como se tivessem cortinas que me impedissem de ver com clareza. Me lembrava de Bella agarradinha com aquele bastardo do Riley. Das coisas terríveis que ele me disse. Todas as verdades que ele brutalmente e cruelmente jogou na minha cara. Comecei a me lembrar de nossa briga. E também lembrei de como Bella protegeu aquele desgraçado me chamando de monstro e ficando contra mim. Novamente a raiva que eu sentia dela me tomou.

         -Bella... Eu só me lembro que... Aquele filho da puta do Riley e eu estávamos brigando. Depois eu voltei pra cá e... eu estava louco de raiva. Eu queria matar aquele desgraçado e... – Comecei a sentir meu rosto vermelho de raiva de Riley e de Bella – Eu também estava com raiva de você – Olhei pra ela de maneira odiosa – Eu não me lembro de mais nada. Eu saí daqui louco e comecei a beber. O que você está fazendo na minha casa?

          Agora eu estava meio perdido de novo. Sentia a raiva que sempre senti de Bella me dominar. Afinal, ela ainda era a mesma imunda de sempre. Eu não devia gostar dela. Nem motivos eu tinha pra isso. Claro que minha mente fez questão de me lembrar de tudo o que ela fez por mim. De sua maneira gentil sempre que eu precisava. Do dia em que chorei na escola e ela me consolou, da noite em que eu estava bêbado e a sequestrei e ainda por cima ela se machucou, ainda assim ela foi gentil comigo e eu, mal é claro. E ainda por cima me lembrei de como ela retirou a queixa da policia para me inocentar e de como eu ainda não tinha agradecido devidamente.

       -Edward, você ficou dias fora de casa, faltou a aula, se drogou, bebeu e... eu te encontrei na rua eu te trouxe pra cá e... – ela começou a me contar, mas parou no meio. Ela começou a ficar com a expressão triste enquanto se lembrava de algo. Meu Deus o que será que eu tinha feito com essa garota ontem? Ela estava muito triste. E ainda estava louca de medo de mim hoje. Eu teria abusado dela? Não, meu estado de embriaguez estava péssimo, mas eu sabia que nunca faria isso com ninguém muito menos com ela.

       -O que foi? Você está triste? Eu fui muito grosseiro ontem? Te machuquei? –  perguntei preocupado e me aproximando dela e limpando as lágrimas que começavam a escorrer por seu rosto lindo e delicado. – Você é tão boa, não merece chorar e nem ficar triste.

        -Eu não estou triste. É só que... tem tanta coisa acontecendo. Eu estou tão confusa. Eu nunca sei se você me odeia, se gosta de mim. Nunca sei se vai me tratar mal ou se vai ser gentil. Eu não o que você sente por mim – ela respondeu finalmente e senti meu coração pesar. Era por causa de minhas grosserias e quase bipolaridade que ela estava chorando. Mas a verdade é que nem eu sabia o que sentia. Estava tão confuso quanto ela.

         -Bella... eu também estou confuso não sei o que eu sinto. Não sei o que eu devo sentir. Eu tenho que te odiar, mas eu não consigo mais sentir ódio te você. É tão difícil te desprezar e maltratar agora – falei, olhando dentro dos olhos lindos e brilhantes de Bella. Me perdi naquele mar de chocolate e avelã.

        -Você não tem que me odiar. Eu não sei por que você sempre foi tal mal comigo – Ela falou voltando a chorar, parecia se lembrar de algo. Provavelmente de tudo de ruim que eu tinha feito a ela.

         O remorso não demorou a me invadir. Eu me sentia mal por tê-la maltratado. Durante toda a vida dela era eu que lhe causava a maior parte do sofrimento e saber que eu era o causador de grande parte de sua dor me fazia mal. Ela não merecia e nem nunca mereceu nada disso. Sem nem pensar eu a puxei para mim e deitei sua cabeça em meu colo, acariciando seus cabelos macios e sedosos.

        -Bella não é que eu te odiasse. Eu tinha inveja de você. Você era que nem eu não tinha pais, mas era ainda pior, não tinha casa, tinha que usar roupas usadas e dividir tudo com um monte de crianças. Eu me identifiquei com você no inicio, mas depois eu vi como você era feliz. Por mais que sofresse muito conseguia estar sempre sorridente e ser gentil com todos. Eu comecei a sentir inveja de você e queria apagar aquele sorriso do seu rosto. Como eu era idiota. Na verdade eu ainda sou um idiota.

        -Pare de se culpar Edward. Cada um reage de uma maneira diferente aos problemas que a vida nos traz. Mas mesmo que você sempre tenha sido mal pra mim eu nunca te odiei – ela me disse, tentando fazer com que eu me sentisse melhor, mas não adiantava. Eu sentia nojo do quão desprezível eu era. E ainda agora a pouco eu tinha ficado com raiva de Bella. Me referido mentalmente a ela como imunda. Eu era um merda desgraçado. Mas agora eu tinha que me redimir. Ser um legal com a Bella e mostrar pra ela todo o meu... amor? É isso, amor! Agora eu estava me lembrando. Amor. Eu amava a Bella. E tinha dito isso pra ela na noite passada.

   -Bella, eu não esqueci de ontem – nem esperei mais um segundo e falei.

   -O que? – ela perguntou, parecendo confusa.

   -O que eu disse era verdade. Eu te amo.