A Little Help escrita por giuguadagnini


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Hum... oi?
Gente, sei que andei sumida (praticamente foragida, pra não dizer brincando de esconde-esconde), mas aqui tem mais um capítulo para quem ainda está vivo e gosta de acompanhar ALH, kkkk.
Não está tão curtinho e também nem tão grande, mas espero que seja o suficiente para me desculpar pela demora monstra.
Boa leitura ;)



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[OneRepublic - If I Lose Myself (Instrumental)]

Não foi nada difícil acordar naquela manhã.

Por acaso, alguma vez você já notou que alguma coisa ou alguém poderia ser o responsável por fazer você levantar da cama se sentindo disposto? Não apenas disposto, mas ansioso pelo resto do dia que teria pela frente? Pois bem, acordei me sentindo exatamente desse jeito.

O primeiro movimento que fiz, fora o de abrir os olhos e o de respirar, foi esticar a mão para pegar o celular no criado mudo. Ainda eram 7h30min, tinha tempo suficiente para não precisar fazer as coisas correndo.

Draco ainda estava dormindo, assim como Blaise. Não vi quando ele chegou de madrugada, mas pelo o que ele havia me falado na última vez em que visitou a sua avó, o caminho de volta para o colégio era tão exaustivo que o fazia querer dormir por um dia inteiro assim que encontrava sua cama.

Achei melhor não acordar os dois, já que ainda era cedo. Fui ao banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto e fiquei me encarando no espelho à minha frente. Eu parecia feliz, fora a cara de quem recém havia acordado. Não só feliz, havia algo diferente. Eu estava com uma cara de quem está recomeçando, de quem deixou tudo cair e que agora precisava construir tudo do zero.

Isso é bom, pensei, é uma oportunidade para me sentir mais seguro em relação às coisas que estão por vir. De acertar mais, até.

Com esse pensamento na cabeça, voltei ao quarto e vesti uma roupa. Draco estava acordando. Seus olhos pareciam com os de um coreano, de tanto sono.

– Bom dia – eu saudei, ao que ele respondeu com um murmúrio meio rouco que não consegui entender direito. Mais parecia um grunhido, algo como “uuhn, que seja, me deixe em paz com meu mau humor e ninguém sairá ferido”.

Draco sentou na cama e bocejou, ainda de olhos fechados.

– Sua animação é um negócio que me assusta, sabia? – disse ele, levantando de onde estava e andando até a porta do quarto, como se fosse um dos zumbis de The Walking Dead. – Você viu quando o Blaise chegou?

– Não, dormi feito uma pedra dopada de Ópio – eu ri olhando para Blaise, que nesse momento abraçava o travesseiro como se fosse um ursinho de pelúcia. – Será que devemos deixar o cara dormindo?

– Não sei – disse Draco, parado à porta. – Quando eu voltar, decidimos isso. Vou ao banheiro dar uma aliviada – ele apontou para o meio de suas pernas. – Estou tão apertado que meu moleque chega a estar latejando aqui em baixo.

Ri, concordando. É um saco acordar de barraca armada, mas fazer o quê? É a natureza!

– Tá certo – eu concordei. - Ah, só uma coisa – eu o fiz voltar.

– O quê?

– Quer que eu te espere pra descer? Ou você vai demorar muito? Estou morrendo de fome e...

– Pode ir – disse ele, e então acrescentou. –, eu te encontro depois. Só não culpe a fome pela sua pressa, irmão, eu sei muito bem que você está louco pra encontrar com a sua ruiva.

E ele simplesmente saiu, me deixando ali parado com um sorriso brotando no rosto. Não havia parado para analisar isso antes, mas Draco estava certo. É tão engraçado quando esse tipo de coisa acontece: o sentimento para você é tão óbvio que chega a ser confuso, e é preciso que outra pessoa diga o que você está sentindo para que aquilo vire uma coisa concreta, algo em que você possa acreditar.

Saí do prédio 6 com alguma coisa que parecia esperança preenchendo meu peito, como se só eu estivesse sabendo de uma coisa que o mundo inteiro não havia acordado ainda para saber. A luz do sol era clara e limpa, o ar tinha cheiro de grama molhada pelo orvalho, e eu, que começava a notar esse tipo de coisa, me sentia idiota ou pelo menos tolo em não ter percebido nada disso antes.

Porém, assim que cheguei ao refeitório, lembrei da noite anterior: a tal carta anônima prometia uma surpresa dali a pouco. Fiquei me perguntando se mais alguém sabia disso, ou então eu era a única pessoa apreensiva àquela hora da manhã.

Para não dar uma de esquisitão logo de cara, entrei na fila e me servi com torradas, ovos e bacon. Por último, peguei suco de maçã e me sentei em uma mesa qualquer, já que nenhum dos meus amigos havia chegado ainda. Comecei a comer sem muito ânimo, olhando para a janela ao meu lado. Era um lindo dia que estava prestes a virar desastre, segundo minha intuição.

– Bu – alguém sussurrou baixinho ao pé do meu ouvido.

Levei um puta susto, não vou negar, mas o susto precedeu um beijo muito gostoso na minha bochecha. Gina largou sua bandeja ao lado da minha e sentou ao meu lado.

– Oi – eu fiquei olhando para ela, que tirava seus talheres do saquinho plástico. – Dormiu bem?

– Mais ou menos – disse ela. – Eu meio que fiquei pensando em você – uma de suas sobrancelhas se arqueou um pouquinho enquanto um sorriso tímido aparecia no canto dos seus lábios -, e no que aconteceu ontem, e acabei ficando acordada até um pouco mais tarde. Não que eu devesse te contar isso, afinal, eu deveria ser mais misteriosa e deixar com que você adivinhasse, ou que você simplesmente não soubesse disso nunca, dizendo que sim, dormi maravilhosamente bem – Gina me olhou de um jeito espontâneo, porém bastante sincero.

Queria poder beijá-la para sempre a partir daquele instante, mas fiquei pensando se isso não seria um pouco invasivo de mais para àquela hora da manhã. Por isso, apenas peguei sua mão por debaixo da mesa e cheguei meu rosto mais perto do seu.

– Acredite – eu lhe dei um selinho -, você já é bastante misteriosa – e outro. – Se decidir ser mais um pouco – e mais outro – vai acabar com a graça, ou simplesmente eu irei enlouquecer tentando te entender.

Ela sorriu de novo.

– Posso te dizer uma coisa?

– Até duas – eu concedi, ainda olhando-a de pertinho.

– Seus lábios estão com gosto de bacon.

Aquilo me fez rir.

– Você está louquinha para me morder, confesse.

Gina largou minha mão da sua e deu um tapa na minha perna, começando a ficar sem graça. Ainda assim, ela continuava sorrindo, o que me fazia ter ainda mais vontade de beijá-la.

– Hmm... As coisas estão selvagens por aqui – Pansy apareceu, juntando-se a nós à mesa. Ela sentou na cadeira à minha frente e ficou rindo de Gina, que corava violentamente em questão de segundos.

– Não comece a dar ideias pra ele, Pansy – Gina apontou o garfo pra ela, que fez uma expressão de surpresa.

– Ou o quê? – ela entrou na brincadeira, porém um pouco na defensiva. – Você vai mesmo me ameaçar com um garfo? Pensei que fôssemos amigas!

– Ih, que drama é esse? – Blaise chegou com a maior cara de sono, puxando uma cadeira ao lado de Pansy. – Tá parecendo novela mexicana. Agora só falta uma de vocês mudar o nome para Carmen ou Juanita, casarem com um cara chamado Afonso Augusto e descobrirem que, no final, era tudo culpa da irmã gêmea, que durante a novela toda se acreditava estar morta.

Todo mundo soltou risadas. Blaise era ainda mais aleatório quando estava com sono.

– Tem certeza que somos nós que fazemos drama? – Pansy perguntou a Blaise. – Você já inventou a novela inteira!

Blaise ponderou.

– É, eu tenho meus momentos.

.

[Stop and Stare – OneRepublic]

Alguns minutos se passaram. Draco e Luna se juntaram a nós. Ela parecia normal, sorridente daquele jeito dela, o olhar meio divagador, como se estivesse em um mundo à parte. Já ele sentou e ficou quieto, como se estivesse no piloto automático. Algo me dizia que ele se sentia ansioso, mas que estava tentando não transparecer isso na frente de todo mundo.

O motivo? A carta, é claro.

– Draco, você está bem? – Pansy afagou o braço dele. – Você está meio pálido, quieto demais.

– Estou bem – ele forçou um sorriso, revirando seus ovos mexidos com a ponta do garfo. Fingindo de novo. Ninguém pareceu acreditar. – É sério, estou legal.

– Seu legal está bem nhé, então – Blaise mordeu seu sanduíche com escárnio.

– Que seja, deixa quieto – Draco deu de ombros, largando os talheres em cima do prato com um barulho desnecessário.

Ele ficou olhando para um ponto fixo por um tempo e, quando decidi seguir seu olhar, encontrei Hermione sentada em uma mesa não muito longe. Ela lia algumas anotações enquanto tomava alguma coisa quente em uma caneca amarela. Café, chá, chocolate quente, que fosse. Ela parecia bastante concentrada no que quer que estivesse lendo, e Draco parecia bastante concentrado em apenas ficar olhando para ela.

– Por que você não vai até lá? – perguntei baixinho a ele, que pareceu assustado. Era como se eu tivesse furado a bolha que ele mesmo havia criado para se isolar.

– Até lá, onde? – ele se fez de desentendido.

– Aham, vou fingir que acredito nessa sua dúvida crônica – minha paciência parecia prestes a esgotar com ele, então parei de insistir.

De repente, houve uma sincronia de sons muito esquisita, como se vários celulares estivessem recebendo mensagens ao mesmo tempo. O pessoal todo no refeitório pareceu achar aquilo no mínimo curioso, e o que se sucedeu foi uma série de murmúrios e queixos caídos, feições de surpresa e incredulidade brotando aqui e ali.

“Você viu isso?”, “Meu Deus, não acredito!” e “Minha nossa, de onde isso veio?” foram algumas das poucas frases que consegui captar em alto e bom som. Mas que merda estava acontecendo?

Meu celular vibrou no bolso, o que indicava que eu também havia recebido o tal torpedo enviado para a grande massa. Antes de pescá-lo do bolso, contudo, notei o assombro no rosto de Draco, como se um míssil nuclear estivesse para cair bem em cima de sua cabeça.

Dito e feito. Assim como a carta de ontem à noite dizia, Draco acabara de receber sua surpresa. A tal mensagem era nada mais do que uma foto dele e de Beatrice Miller se pegando no tal casamento que rolou no sábado passado. E ainda vinha com uma legenda, que dizia:

Um verdadeiro Malfoy não perde tempo. Será este o mais novo casal de Hogwarts? Hmm, boa sorte aos mais novos pombinhos da escola!

Mais novo casal? Pombinhos?! Mas que porra era aquela?

Direcionei meus olhos mais uma vez para Draco, este que parecia querer se esconder diante de tantos olhares excessivos, olhares esses que logo se desviavam para onde Hermione estava sentada, esperando a reação dela. Felizmente, ela estava concentrada demais lendo seu caderno, e certamente estava com fones no ouvido para não ter notado aquele murmurinho todo.

– Vou falar com ela – Draco levantou do seu lugar, empurrando a cadeira para trás.

– Aleluia, Santo Antônio está dando pulinhos! – eu não me contive.

– Acho que esse é o São Longuinho – Blaise franziu as sobrancelhas, como se esse fosse realmente o ponto da situação.

Chutei-o por de baixo da mesa.

– Ow, eu uso esse joelho, tá?

– Cala a boca, princesa – voltei meu olhar para Draco, que continuava ali parado, de pé. – Então... o que exatamente você está esperando?

Draco respirou fundo e deu uma soltada nos ombros, já dando um jeito de desviar das cadeiras a sua volta. Contudo, ao contrário de mim, Pansy tinha uma opinião diferente.

– Draco, espera – ela o alertou. – Tem certeza de que esta é a melhor hora para você conversar com ela? Quero dizer, está todo mundo só esperando para ver o circo pegar fogo e...

– Meu amor! – alguém interrompeu Pansy, e todos nos viramos para ver de quem era a voz.

Beatrice Miller brotou na frente de Draco, que havia acabado de virar de frente para ela, e o esmagou em um abraço. Ele parecia estar passando por uma série de absurdos naqueles poucos minutos, uma coisa mais maluca acontecendo atrás de outra e mais outra. Draco nem conseguiu pensar em corresponder direito ao tal abraço a não ser por um dos braços na cintura dela – o que eu acredito ter sido um ato involuntário, levando em conta o jeito que a Miller se jogou sobre ele. Quase o derrubou em cima das nossas bandejas de café da manhã.

– Senti tanto sua falta no domingo! – divagava ela, olhando para ele como se ele fosse o seu boneco Ken ou sei lá o quê. – Vou te falar, não achei que você fosse assumir o que temos para todo mundo desse jeito, mas não importa, eu até que achei fofo e...

– Assumir? – os olhos de Draco não podiam estar mais arregalados.

– Que estamos juntos – Beatrice sorria, e eu até tive um pouco de pena dela, por acreditar tão intensamente naquela besteira. – Você sabe... Como um casal.

Não era só Draco que estava assustado com aquilo tudo, todos na nossa mesa tinham expressões de extrema confusão. Gina tinha a testa enrugada, Pansy a boca aberta e uma sobrancelha arqueada, como que dizendo “fala sério, você mesma acredita no que está falando?”. Até Luna, que nunca discriminava o diferente, estava encarando a Miller com uma expressão meio perdida. O próprio Blaise, que adorava uma piada, não parecia estar achando graça alguma. Acho que a menina podia dizer que Snape - o nosso professor mala de química, que é um mal amado do capeta – estava distribuindo balas e montando uma barraca do beijo no corredor principal, que Blaise continuaria a encarando como se ela fosse uma completa biruta.

Draco olhava para a garota como se ela fosse um verdadeiro E.T.!

– Não – ele balançou a cabeça em negativa. – Espere, não fui eu quem espalhou aquela foto, nem sabia da existência dela até alguns segundos atrás. Acho que você não está entendendo as coisas, eu não...

– Bom – ela o cortou -, se não foi você, então quem pode ter sido? – ela pareceu um pouco confusa, mas nem um pouco menos feliz. – De qualquer modo, essa pessoa nos fez um grande favor, não é mesmo?

E sem nem esperar por uma resposta dele, ela o beijou. Segurou o rosto de Draco pelas bochechas e juntou os lábios com os dele. Os olhos de Draco pareciam estar prestes a saltar para fora das órbitas. Ele colocou as mãos em torno dos pulsos dela e, soltando um gemido de protesto, tentou afastá-la.

O refeitório entrou em mais murmúrios novamente. Estavam todos assistindo ao show. Gina pegou minha mão e a apertou. O pessoal na nossa mesa continuava não entendendo nada. Voltei a olhar para a mesa de Hermione. Ela, por incrível que parecesse, ainda não havia notado tudo o que acontecia a sua volta.

Não muito longe dali, Córmaco McLaggen deixou sua mesa enquanto olhava o celular. Guardou-o no bolso e se dirigiu em direção a Hermione, parou ao lado dela e cutucou seu ombro. Ela levou um sustinho, mas sorriu amigavelmente ao vê-lo. Largou o caderno e tirou os fones de ouvido (eu não disse? Sabia que para ela não notar uma situação com aquelas proporções, devia estar escutando música.).

– Ei, acho melhor você vir comigo um minuto – disse Córmaco, tentando disfarçar a apreensão presente em seu rosto.

– Por quê? Aconteceu alguma coisa? – perguntou Hermione, e só então pareceu notar todos os olhares que a rodeavam.

– Posso te explicar o que está acontecendo, mas acho melhor sairmos daqui primeiro. – Córmaco parecia preocupado. - Você não está com o seu celular?

– Não... – Hermione, agora meio inquieta, começava a guardar suas coisas de volta na bolsa. – Estava quase sem bateria, deixei carregando no quarto. Só trouxe meu IPod, para poder ficar escutando música na hora do café da...

Naquele momento, enquanto Córmaco a esperava, Parvati Patil – uma das gêmeas indianas fofoqueiras, amiga de Lilá Brown – passou pelos dois, absorta em seu celular. Obviamente estava analisando a tal foto, de queixo caído. Ela ainda parou para olhar Hermione com uma cara de pena, mesclada com ironia, o que certamente a fez começar a ligar os pontos.

Hermione, então, pareceu encontrar a melhor forma de descobrir o que estava acontecendo. Ela largou a bolsa em cima da mesa e se virou para Córmaco.

– Posso ver seu celular? – indagou ela, séria.

Córmaco hesitou.

– Olha, eu não acho que seja uma boa, Mione. Eu...

– Córmaco – ela se manteve firme –, eu preciso saber o que está acontecendo. Não esconda isso de mim.

Ele ainda tentou relutar mais um pouco, na tentativa fazer com que ela mudasse de ideia, mas Hermione permaneceu onde estava, e ainda por cima cruzou os braços. Córmaco, vendo que não havia jeito, tirou o celular do bolso, desbloqueou-o e entregou na mão dela, sem conseguir olhá-la diretamente.

Assim que olhar de Hermione bateu na tela, suas sobrancelhas se ergueram um ou dois centímetros, seus lábios abriram-se um pouquinho e a respiração pareceu meio trancada de repente, enquanto uma expressão impassível tomava conta de seu rosto. Ela parecia não acreditar, mesmo que acreditando.

Com os olhos, sei que ela começava a procurar por Draco no refeitório, e também sei que o coração dela apertou quando o achou acompanhado de Beatrice Miller, bem a minha frente.

– Vou tirar você daqui – Córmaco afagou o braço dela por um instante. – Só preciso pegar minha mochila, que deixei na mesa. Rapidinho – sussurrou no ouvido dela, e então saiu costurando entre todas as pessoas, que não colaboravam em puxar suas cadeiras mais para frente, para que ele pudesse abrir caminho mais facilmente.

Com isso, Hermione se dirigiu até a saída do refeitório. O pessoal só observava o que acontecia, cochichando feito um bando de garotinhas mexeriqueiras.

Em contrapartida, Draco ainda tentava explicar para Miller que tudo aquilo era um grande mal entendido. Ela, no entanto, não parecia interessada em compreendê-lo, de tão afundada que estava em sua fantasia. A garota já devia estar idealizando sobre qual cor escolheria para o vestido das madrinhas, quando se casasse com Draco em uma igreja enorme, com uma carruagem enorme puxada por dezoito cavalos brancos esperando na porta para levá-los a lua de mel, no Caribe.

– O que podíamos fazer hoje? Queria ficar pertinho de você – murmurava ela, parecendo um gato manhoso. – Você podia me ver treinar com as meninas da torcida – os dedos dela passeavam pelo peito de Draco -, e depois podíamos ir ao shopping, ou jantar em algum lugar superbadalado.

Era tanta asneira que saía da boca daquela garota que achei seriamente que ela precisava de uma sessão de terapia, ou apenas de um pouco de semancol.

– Draco... – eu chamei sua atenção, e então apontei para a direção que Hermione havia tomado. – Se você pretende fazer alguma coisa, acho que essa é a hora.

– Hã? – Miller me encarou, não entendendo do que eu falava.

– Depois falo com você – Draco a segurou pelos ombros e a tirou de sua frente. – Tenho que consertar uma coisa.

– Mas e o shopping? Você não vai me levar para jantar?! – ela bateu o pé no chão, fazendo um biquinho ridículo com os lábios.

Draco, que já havia dado alguns passos para longe dela, voltou a se virar para encará-la.

– Quer saber? – a voz dele dizia que ele havia cansado daquilo, e que um grande foda-se para tudo estava por vir. – Não, eu não vou levar você para jantar, nem vou ver você e suas amiguinhas treinarem, e também não vou contigo ao shopping! Sabe por quê? Porque eu não sou seu pau mandado e, acima de tudo, não sou seu namorado!

Miller estava estupefata. Não se mexia, a não ser pelos olhinhos piscando.

– Você é ridículo – disse ela, quase que um minuto depois, passando por ele com a maior cara de nojenta que conseguia.

Draco deu de ombros e ignorou não somente Beatrice, mas também todos os murmurinhos do pessoal, que neste momento parecia ter se transformado em expectadores de um programa de auditório.

No entanto, o loiro parecia um pouco perdido em relação ao que fazer, depois daquilo tudo. Seu olhar encontrou com o meu e tudo o que eu consegui dizer, antes de ele tomar alguma atitude, foi:

– O que você está fazendo? Vá atrás dela!

Draco, ainda meio abobalhado, seguiu meu conselho, e saiu entre as pessoas com suas bandejas, pedindo licença com certa urgência na voz. Estava mais para “Saia da frente, meu coração está explodindo, seu babaca! Não me atrase!”.

– Gente, o que foi isso? – Pansy estava chocada. – Fala sério, aquela menina não tem nem uma dúzia de neurônios funcionando!

– Rá – Blaise piorou a situação. – Seria sorte, caso você abrisse a cabeça dela, se encontrasse um deles intacto, o que dirá uma dúzia!

E eles continuaram falando sobre aquilo, o que me fez ter vontade de sumir. É mesmo péssimo quando dois dos seus melhores amigos brigam, o que dirá quando esses seus dois melhores amigos acabaram virando um casal. Ou pior, um ex-casal.

– Ei – Gina encostou o rosto no meu, que notei estar inclinado para baixo de repente. Ela continuou, sussurrando no meu ouvido. – Isso foi horrível, não foi?

Concordei com a cabeça, meio sem saber o que falar.

– Acho que acaba de começar a ficar pior – ela me alertou, e então levantei o rosto para tentar entender.

Córmaco finalmente havia pegado sua mochila e se dirigia para fora do refeitório. Então, pensei comigo mesmo: Draco + Hermione = uma possível briga, mas também uma possível reconciliação. Já por outro lado, Draco + Hermione + Córmaco = briga na certa, com direito a pancadaria entre Draco e Córmaco para fechar com chave de ouro.

– Já volto – eu me levantei, o que deixou o resto do pessoal um pouco confuso.

– Aonde você vai? – Blaise perguntou de boca cheia. Estava comendo torradas.

Apenas fiz um sinal com a mão para que ele não me seguisse, pois isso certamente chamaria mais atenção, e isso era tudo o que eu queria evitar naquele momento.

– Nott! – ele ainda gritou, mas ouvi Luna e Gina dizendo para que me deixasse ir, pois eu sabia o que estava fazendo.

Não olhei para trás. Segui Córmaco, mas ainda estava a uns bons passos atrás dele. Mas, quando ele havia saído do refeitório, eu já conseguia ouvir as vozes de Draco e Hermione discutindo. Não que eles estivessem gritando, mas o som no corredor sempre parecia ter um grande eco.

– Hermione, me escuta! Para de fugir de mim, caramba – dizia a de Draco.

– Me larga – falava a de Hermione. – O que mais eu tenho que ouvir de você, Draco? Sério, já estou cansada.

– Eu não queria que você ficasse triste por minha causa. Nunca quis!

Hermione riu.

– Oh, que bela forma de demonstrar! Meus parabéns, você é mesmo o maior imbecil que eu já conheci.

– Ei, larga o braço dela – a voz de Córmaco apareceu, e eu finalmente cheguei à porta para ver a cena.

Draco não estava fazendo nada, a não ser segurando Hermione na altura do cotovelo. Certamente ela tentou fugir dele, e essa foi a maneira que ele conseguiu para fazer com que ela ficasse. Córmaco, porém, viu isso de outro modo, já que estava cego de raiva do loiro.

– Não se meta, McLaggen – Draco o encarou com uma raiva ainda maior. – Não se finja de mocinho da história, quando foi você que enviou essa merda de foto pra escola inteira!

– Eu?! – Córmaco estava indignado. – Por que eu faria uma coisa dessas? Hermione é minha amiga, eu nunca iria querer fazer com que ela passasse por esse tipo de situação!

Apressei o passo, e finalmente cheguei até eles todos. Hermione estava meio encolhida, com os olhos um pouco marejados. Ela puxou o braço da mão de Draco, o que o fez voltar a atenção para ela.

– Gente, vocês precisam se acalmar – eu me pus entre Draco e Córmaco, só por precaução.

– Me acalmar? – Córmaco estava puto. – Esse idiota me acusa de ter feito isso tudo, sem motivo aparente, e você quer que eu fique quieto? Vá se ferrar, Nott!

– Sem motivo aparente? – Draco desacreditou, a voz tomada de ironia. – Sinceramente, você é assim tão fraco a ponto de precisar fazer uma coisa dessas para ficar com ela? Para limpar o caminho?

– Ora, seu... – Córmaco tentou vir para cima de Draco, mas eu o segurei.

– PAREM! – Hermione gritou do lugar dela, e isso pareceu surtir efeito. – Parem, essa situação já passou do ridículo! Isso não resolve nada.

Ela olhou para mim, e parecia querer muito sair dali. Uma lágrima se espalhou pelos seus cílios inferiores, como se ela estivesse segurando ao máximo para que não traçasse um caminho molhado pela sua bochecha.

Córmaco se soltou de mim, mas acabou indo para trás. Ele havia desistido de brigar com Draco.

– Vamos – ele colocou a mão sobre as costas de Hermione. – Vamos embora.

Draco ia argumentar, mas tapei a boca dele.

– Deixa – eu decidi terminar com aquilo antes que ficasse ainda pior. – Outra hora vocês conversam.

Hermione me agradeceu com o olhar, mesmo que ele estivesse transbordado de tristeza. Córmaco a conduziu para o fim do corredor, que levava à saída do prédio principal. Ela ainda olhou por cima do ombro por um momento, mas dessa vez não foi para mim. Draco sustentou o olhar dela pelo maior tempo que conseguia, e então ela virou para frente, deixando que Córmaco a levasse para longe.


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Notas finais do capítulo

Well... E aí?
Sei que pelo tempo que fiquei sem vir atualizar eu nem tenho direito de pedir uma palavra de vocês, mas se tiver alguma alma boa aí e que ainda esteja no clima de perdão vindo com o Natal, diga-me o que achou e se eu devo continuar.
Vocês gostam de A Little Help?
Um grande beijo e até qualquer hora!
— Giu



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