A Little Help escrita por giuguadagnini


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Geeeeeente, eu não falo com vocês desde o ano passado!
Ai meu Deus, que piada horrível! kkkkkk
Então meus amores, como estão? O ano começou bem para vocês? Comeram muito no Natal?
Bom, espero que tudo tenha dado certo e que vocês tenham curtido bastante esse fim de ano. Agora é aproveitar o verão e ler muitos livros e fanfics, que tal? hahahaha
Trouxe mais um capítulo para vocês, e acho que este aqui vai deixar muita gente feliz... hmmmmm, suspense, kkkkk.
Maaaaaaas, é claro, antes de que vocês leiam, eu preciso agradecer muito a Mrs Gillan, que fez uma recomendação LIIIIIIINDA para a fic. Meu anjo, tudo de bom para você. Nott e Draco mandam beijos, kkkkkk.
Booooom, chega de enrolação.
Boa leitura e espero muito que gostem.



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[Something I Need – OneRpublic]

Ah, o tédio.

Esse carinha me assombrou durante o fim de semana inteiro e, sinceramente, eu já não aguentava mais um minuto daquilo. Para se ter uma ideia de tamanha falta do que fazer, eu até organizei meu guarda-roupa por cores! Você está me entendendo? POR CORES!

Como Draco havia ido para o tal casamento com os pais dele e Blaise decidiu passar o sábado na casa da avó, eu havia ficado completamente sozinho nas últimas 48 horas, o que já estava me deixando perturbado.

Não que eu estivesse enlouquecendo, mas eu devia ser um dos poucos alunos presentes no dormitório da Sonserina, já que a maioria deles não tinha problemas com o pai e não voltava para casa num período de um pouco mais de seis meses.

Não que eu não estivesse acostumado com isso – em ficar sozinho -, mas naquele momento, eu queria tanto ver gente, fosse quem fosse, que mal conseguia me entender.

Resumindo: eu passei os últimos dois dias isolado no quarto e me entupindo de café e chocolates velhos da máquina de doces, o que podia acabar explicando a minha motivação para dar uma de arrumadeira e sair classificando as camisetas do meu armário por textura.

Certo, talvez eu tivesse meus motivos para estar perturbado.

Era domingo à tardinha quando a porta do quarto se abriu e Draco entrou. Quase pulei nele para abraça-lo, feliz em ver um ser humano na minha frente, mas isso se mostrou meio que improvável quando ele jogou a sua mochila em cima da cama com descaso e foi direto para a janela.

Eu até ia dizer alguma coisa, mas comecei a estranhar o jeito dele logo de cara. Draco havia aberto os vidros e se apoiava mais e mais no parapeito da janela, olhando para baixo.

– Puxa cara, é ótimo te ver também – eu acabei falando, vendo que ele sequer devia ter notado que eu estava no quarto. – Eu vou muito bem, obrigado por perguntar.

– Foi mal – ele me olhou rapidinho, logo voltando sua atenção para a janela. – Mas me diga uma coisa... quanto de força você acha que é preciso colocar num soco para quebrar os dentes de alguém?

Meus olhos se arregalaram na hora. Draco tinha a respiração assustadoramente controlada, seu maxilar estava tenso, como se ele estivesse trincando os dentes com muita força. Seus olhos estavam minimamente fechados, dando a impressão de que ele estivesse fuzilando o que quer que estivesse observando, enquanto suas mãos estavam fechadas em punhos, a ponto de fazerem os braços tremerem de leve. Era uma imagem digna de Maníaco do Parque.

Como ele não falou nada mais, decidi conferir por mim mesmo o que estava se passando. Fui até seu lado, na janela, e comecei a olhar para qualquer coisa que pudesse deixar Draco raivoso, e devo dizer que foi bem fácil de achar.

Hermione estava falando com Córmaco McLaggen – o goleiro reserva do nosso time -, não muito longe da entrada do nosso prédio. Ela segurava alguns livros junto do peito, enquanto ele tinha um caderno em baixo do braço. Os dois pareciam estar no meio de uma conversa animada, pois Hermione ria abertamente do que ele falava, mesmo que às vezes ela parecesse ficar um pouco tímida de repente.

– Eu vou quebrar a cara dele – disse Draco, entre dentes.

– E isso certamente vai fazer a Hermione voltar para você – a ironia era notável na minha voz. – Vai dar tão certo quanto, sei lá... carro de três portas.

– O que você acha que eles estão fazendo juntos, em pleno domingo?

– Não sei – eu dei de ombros. - Estudando, talvez? – chutei, analisando que os dois tinham livros nas mãos.

– Estudando?! – Draco parecia ainda mais puto. – Ele deve é ter pedido uma aula particular pra ela, isso sim. E com particular eu quero dizer muito mais do que meras explicações. Eles devem é ter estudado a anatomia do corpo na prática – ele começou a olhar para os quatro cantos do quarto, parecendo determinado em fazer alguma coisa. – Cadê o bastão de beisebol do Blaise?

Mais assustado ainda, eu o impedi de sair de onde ele estava, puxando-o pela gola da camisa, o que o deixou um pouco esgoelado.

– Você perdeu o juízo? – eu tive que subir nas suas costas, já que ele tentou escapar até o armário de Blaise. – Vai ser expulso da escola, seu biruta!

Draco deu um giro forte e eu acabei voando para longe dele, rolando por cima da cama de Blaise e caindo no chão em questão de um segundo e meio. Doeu pra caralho!

– Puta merda, Nott – Draco veio até mim meio nervoso, vendo que eu ainda não havia me levantado. – Por favor, me diga que você ainda sente suas pernas!

– Claro que eu sinto, seu imbecil – eu aceitei sua mão, que me puxou para cima e me fez ficar de pé. – Agora pare de dar uma de idiota e se controle, caramba! Tá pensando que é quem? O cara do Bastardos Inglórios que mata nazistas a base de paulada na cabeça? Pelo amor de Deus...

Ele pareceu cair em si, pois fechou os olhos com força e balançou a cabeça de um jeito rápido, como se estivesse colocando os parafusos no lugar.

– Você está certo – ele acabou confessando, indo até sua cama e se jogando de barriga pra cima, deitando a cabeça sobre um dos braços. – Eu me descontrolei.

– Sério? – meu sarcasmo de sinal de vida.

– Ah, cala a boca – ele me jogou uma almofada. – Eu os vi assim que cheguei, nem sei como não fui lá direto ao invés de vir pra cá.

– Autocontrole? – eu inclinei o rosto. – Ah não, isso você acabou de provar que não tem – coloquei a mão nas costas, aonde eu sentia um pouco de dor devido a queda.

– Desculpa, tá? – ele se sentou, parecendo levemente arrependido, porém ainda irritado. – Eu só não aguento vê-la dando corda para outros caras. Não faz nem uma semana que a gente terminou.

– E você achou mesmo que ela ia se trancar no quarto enquanto você foi a um casamento com outra garota?

Draco ficou mudo por um instante, parecendo pensativo. Eu havia acabado de calar a boca dele.

– E falando em casamento, como foi com a Miller? – questionei, me esticando para estalar as costas. – Você foi um garoto comportado?

– Bem que tentei – ele me encarou, sincero -, mas ela não parava de me dar oportunidades, se é que você me entende...

– Sei, já fiquei com ela – eu me lembrava vagamente de ela ter me arrastado para de baixo das arquibancadas depois do treino de basquete há uns três meses, um tempo antes de eu conhecer Gina. – Até onde você foi?

– Até onde eu quis – ele fechou a cara, tentando parecer sério.

– O que significa...

– Não, nós não transamos, se é isso que você está pensando – disse ele, aparentando falar a verdade, mas de algum modo ele parecia ligeiramente culpado.

– Então o que rolou?

Draco parecia envergonhado, mas falou mesmo assim:

– Ela já vinha me dando motivos e tudo mais desde que chegamos à festa, e aí, quando colocaram música lenta, ela me puxou para a pista de dança. Dancei um pouco com ela até ver meus pais lá no canto, nos observando. Minha mãe estava conversando com alguma madrinha, mas meu pai... – ele deu um suspiro, parecendo meio derrotado. - Ele estava me encarando, como se me achasse um frouxo.

Engoli em seco, me lembrando da nossa conversa na lavanderia.

– E aí você a beijou – eu concluí, imaginando a cena na minha cabeça.

– É – ele baixou a cabeça. – Lembro de abrir os olhos rapidinho e ver meu pai sorrindo, como se estivesse satisfeito. Eu, ao contrário dele, só conseguia lembrar de Hermione... foi um saco.

Me senti mal por ele, mal por ter de aguentar toda aquela pressão familiar.

– Mas o que importa é que ninguém vai saber disso – ele parecia estar procurando um motivo para aliviar o que estava sentindo. – É, ninguém vai ficar sabendo.

Assenti com a cabeça, dando minha palavra de que iria ficar quieto. Voltei até a janela para fechar os vidros – eu simplesmente odiava dormir com mosquitos zumbindo no meu ouvido – e acabei dando uma olhada no campus, vendo mais pessoas chegando com suas mochilas. Porém, algo mais ao fundo chamou minha atenção.

Não algo, mas alguém.

Senti uma queimação repentina no estômago, como se meu corpo estivesse me avisando que eu estava ficando ansioso. Olhei mais uma vez pela janela, tentando achá-la.

Com uma determinação que não sei de onde veio, eu fui até meu guarda-roupa e, vendo-o todo organizado por cores, me senti meio idiota. Pesquei um tênis com amortecedor e um short de corrida.

– Aonde você vai? – perguntou Draco, vendo eu me movimentar pelo quarto, calçando as meias enquanto pulava em um pé só.

– Vou correr.

– Correr? – uma ruga se formou acima do seu nariz, entre as duas sobrancelhas. – Por quê?

– Sei lá, deu vontade – eu tentei enrolá-lo, colocando os tênis e amarrando os cadarços de qualquer jeito.

Depois de me encarar por alguns segundos, com uma expressão que deixava bem claro de que me achava um completo pirado, Draco levantou da cama e voltou à janela, talvez para checar se Hermione e Córmaco ainda estavam lá.

Quando eu já estava saindo, eu o escutei me chamando.

– Nott!

– Que foi? – eu voltei dois paços, enfiando a cabeça entre a fresta da porta para poder olhá-lo.

– Ela está passando pelo prédio de Ciências.

Com um sorriso, eu assenti com a cabeça.

– Valeu, irmão.

– - -

[High – James Blunt]

Se me perguntassem o que eu achei de mais proveitoso nesses dois dias sozinho, certamente eu responderia que foi o tempo que tive para pensar. É mesmo incrível o que um pouco de tempo pode fazer com a sua cabeça.

Às vezes, pode te deixar no fundo do poço, trazendo o passado à tona mesmo que você não o queira. Já em outras, é tudo o que você precisa para colocar as ideias no lugar, o que foi o meu caso.

Com a sensação de que o coração estava subindo pela minha garganta, pronto para sair pela boca, eu me dirigia até o prédio de Ciências em um ritmo de corrida não tão rápido. Estava decidido a acabar com toda aquela confusão que havia começado no domingo passado, mais precisamente na festa de Hermione. Mais precisamente ainda, naquele quarto de hóspedes, quando tudo passou de extremamente perfeito para totalmente catastrófico.

Esse é o problema dos extremos: não há um meio termo. É quase como se houvesse um medidor de felicidade, um termômetro que fica lá no alto quando estamos em momentos bons e que, com o menor sinal de aviso, decai até os primeiros pontos de uma hora para a outra.

Eu estava determinado a fazer meu termômetro subir novamente. Eu precisava disso.

Dei a volta no prédio, não a achando de primeira, até que meus olhos trabalharam ao meu favor e encontraram-na perto da pista de atletismo, aonde algumas pessoas corriam também, fora os que usavam bicicletas e percorriam pela volta.

Acelerei o ritmo, louco para alcança-la e poder dizer logo tudo de uma vez. Porém, quando eu já estava há uns trinta passos atrás dela, me dei de conta que não sabia exatamente o que iria falar.

Comecei a ficar nervoso. Era só o que faltava: aparecer correndo atrás dela para depois ficar gaguejando coisas sem sentido!

Seja sincero, fale o que você está sentindo.

Nossa, que grande conselho! Eu devia mesmo ser psicólogo. Iria ajudar mesmo muita gente com minhas sugestões clichês. Só que não.

Mas, como tudo na vida, a espontaneidade sempre era uma boa pedida. Corri ainda mais rápido, para conseguir chegar ao seu lado. Gina logo me notou, e tive a ligeira impressão de que ela sorriu.

– Nossa moça, você vem sempre aqui? – eu bati meu ombro no dela, o que a fez rir baixinho.

– Que cantada de quinta. Está pior do que pedreiro, hein – ela devolveu o empurrãozinho, só que mais forte.

Começamos a empurrar um ao outro ao mesmo tempo em que corríamos, o que foi definitivamente engraçado. Gina quase me colocou para fora da pista uma vez, o que me fez parar por um instante. Ela também parou, vendo que eu já estava cansado, então veio até mim.

– Por que estava correndo? – perguntou, parada a minha frente.

Eu não podia dizer a verdade, por isso decidi enrolar um pouco.

– Por que você estava correndo? – eu levantei uma sobrancelha, tentando parecer enigmático.

– O que você acha? – ela colocou as mãos na cintura, fazendo uma cara óbvia. – Estava treinando. Preciso ficar em forma para os testes que vou ter mês que vem.

Caramba, os testes estaduais de futebol! Eu tinha esquecido completamente disso. Era por esse motivo que Gina treinava quase todas as madrugadas, escondida.

– Você não está fora de forma – eu usei esse pretexto para olhá-la de cima abaixo, o que a deixou um pouco sem graça.

– Certo, agora eu tenho certeza que você está tendo aulas com um pedreiro – ela me deu um tapa no braço, não tão forte. - Já sabe assobiar?

– Na verdade não, vou aprender isso na próxima aula – eu disse, o que a fez sorrir.

Gina ficou ali, parada, apenas me analisando de braços cruzados.

– Sério, por que está aqui?

Apenas isso foi necessário para me deixar nervoso novamente. Olhei para baixo, mirando o espaço entre nós. Era muito espaço.

– Precisava ver você – confessei, o que a fez largar a postura aos pouquinhos, como se um peso enorme desse tchauzinho aos ombros dela.

Gina continuou me olhando, seus olhos tinham certo brilho bem na parte colorida, o que a deixava ainda mais linda. Algumas mechas do rabo de cavalo escapavam do elástico, o que me dava vontade de coloca-las para trás da orelha dela, só como uma desculpa para poder tocá-la de algum modo.

– Por que demorou tanto? – disse ela, fazendo todo meu corpo entrar em chamas por dentro.

Com calma, me aproximei dela, encostando meu nariz no seu. Fechei meus olhos, apenas sentindo minha testa contra a sua.

– Me desculpa, tá? – eu disse baixinho, porém alto o suficiente para que ela escutasse perfeitamente. – Eu fui realmente muito idiota com você, e sinto muito.

Ainda de olhos fechados, senti suas mãos encostarem-se às minhas e, não estou brincando, parecia que uma corrente elétrica havia passado dos meus braços por todo o corpo, me fazendo sentir muito, mais muito bem. Ela foi subindo com os dedos pelos meus pulsos, antebraços, até chegar aos ombros e na curva do pescoço.

Estava morrendo de medo de abrir os olhos e notar que tudo aquilo não era real, mas seu toque era tão marcante que chegava a me fazer largar a postura, assim como ela havia feito.

– Eu também fui muito estúpida, te ignorando daquele jeito – disse ela, no mesmo tom de voz que eu havia usado, o que me fez abrir os olhos. – Eu só não sabia o que fazer, e estava chateada demais para perceber que estava te perdendo.

Ela estava sendo sincera, dava para ver no seu rosto. Meu Deus, como eu queria agarrá-la naquele momento, agarrá-la para nunca mais soltar.

– Você nunca vai me perder – eu segurei seu queixo. – Nem querendo você vai se livrar de mim assim tão fácil.

Gina trouxe as mãos de trás do meu pescoço para segurar meu rosto pelas laterais. Com o dedão, ela contornou meus lábios bem devagar, como se estivesse os desenhando. Quando ela estava passando pelo meio deles, beijei seu dedo, o que a fez sorrir.

Foi então que uma garota de bicicleta quase passou por cima da gente. Puxei Gina a tempo de não ser atropelada. A garota falava no celular e tinha uma mão só no guidão, o que explicava a sua distração.

– Ai meu Deus, me desculpe – ela pediu, mas não ficou lá por nem três segundos. – Foi mal.

Gina ainda estava colada em mim enquanto víamos a maluca da bicicleta continuar seu caminho. Juro, eu não estava mais aguentando. Meu termômetro estava explodindo, fazendo com que eu sentisse um calor gigantesco envolvendo meu pescoço. Eu estava fervendo por dentro e por fora.

– Me perdoa?

Ela me olhou um pouco confusa, como que se perguntando se eu estava falando da bicicleta. Como fiquei olhando para ela fixamente, Gina pareceu entender de que eu me referia a nós dois. Ela nem precisou dizer nada, apenas fez que sim com a cabeça, o que me fez ter vontade de gritar.

Apertei sua cintura, trazendo-a para mais perto de mim. Seus braços me envolveram de imediato, me apertando mais e mais, o que eu adorei. Meus lábios logo encontraram os seus, e devo dizer que nosso beijo não foi nada calmo. Era como se um precisasse se fundir ao outro, cada vez mais perto. Era um beijo de quem sentia falta, desesperado e intenso até dizer chega.

Foi o beijo mais carregado de sentimentos que eu já dei na minha vida, o que o fazia ser ainda melhor e precioso. Nem um milhão de beijos seriam capazes de vencer um beijo de quem sentia saudade. Agora eu sabia disso.

– Só você para me salvar de uma bicicleta – ela riu, fazendo carinho na minha nuca.

– Só você para me salvar – eu deixei a frase pela metade, mas ainda assim parecia completa para mim. Acho que para Gina também.

Seus olhos me diziam que ela havia entendido, não apenas aquilo, mas muitas outras coisas, coisas essas que não há como por em palavras. Mas estava ali, e isso era o suficiente.

– - -

[Angel With a Shotgun – The Cab]

Eu me sentia incrivelmente bem.

Nunca havia voltado tão feliz para o dormitório. Meus lábios formigavam, o que me fazia sorrir pra caramba. De algum jeito, eu me sentia vitorioso, completo, quase que infinito, com o peito cheio de ar e a mente fervilhando de segundo em segundo.

Até cumprimentei Terêncio Higgs, um cara que nunca havia falado comigo na vida. Ele passou por mim no saguão e eu soltei um E aí super enérgico, o que até o deixou meio assustado. Acho que ele sorriu só para não fazer com que eu me sentisse mal.

Mas era impossível me sentir mal, cara. Eu era o garoto certo para fazer um comercial de creme dental, de tanto que sorria.

Assim que entrei no quarto, notei que estava vazio. Mal me importei, só me joguei na cama e fiquei olhando para o teto, lembrando de tudo mais uma vez. Não demorou muito até Draco aparecer. Estava com uma toalha amarrada na cintura e o cabelo todo molhado.

– Olha só, alguém está feliz – disse ele, vendo meu estado de lucidez pós-ficada.

– Feliz? – eu subi em cima da cama, ficando de pé. – Eu estou é explodindo, cara! Pode chamar a Katy Perry para cantar Firework, porque a minha vontade é de soltar fogos de artifício!

– Wow, calma aí – ele ficou surpreso com a minha alegria para lá de exagerada. – Desce daí agora, garotão. Não quero ter que dividir a cama com você se a sua quebrar. Você está animadinho demais.

– Draco, eu vou gritar – eu desci da cama, a contragosto. – Eu quero berrar, cara!

– Então berra – ele sorriu, abrindo os braços como se não ligasse.

Gritei, mas gritei muito alto, jogando a cabeça para trás e os braços para o lado. Eu me sentia tão bem!

Draco também deu um berro, me apoiando na tentativa de acabar com a minha garganta de vez, e ficamos lá, apenas gritando um na frente do outro, feito dois retardados.

Alguém bateu na porta. Paramos de berrar imediatamente.

– Merda, deve ser o monitor do dormitório – disse Draco, colocando uma cueca por baixo da toalha o mais rápido que conseguia.

– Vamos ser xingados até a morte – sussurrei.

– Entre – disse Draco na direção da porta, dessa vez já de cueca.

Meu deus, era uma cueca do Super-Homem.

Ficamos esperando que o monitor entrasse. O nome dele era Peter, um cara de uns quarenta e poucos anos super gente boa, mas não podíamos esperar que ele viesse com uma bandeja com donuts e chocolate quente, dizendo que podíamos fazer aquela baderna toda a essa hora da noite.

– Pode entrar – falei um pouquinho mais alto, vendo que a porta não se abriu.

Draco e eu nos entreolhamos, estranhando.

– Vai colocar uma calça, cara – eu não me contive. – Sério? Super-Homem?

– Foi a primeira que eu encontrei – ele tentou se defender, levantando os ombros e arregalando os olhos, o que foi pra lá de engraçado.

Fui até a porta e, antes de tocar a maçaneta, notei um envelope no chão. Apanhei-o e, o mais rápido que pude, abri a porta e olhei para os dois lados do corredor, mas não havia ninguém ali.

– Mas o que... – eu ia dizendo, confuso.

– O que foi? – questionou Draco, dessa vez já vestindo uma calça de pijama xadrez em tons de verde forte.

– Não era ninguém – eu dei de ombros -, e deixaram isso aqui por de baixo da porta – eu lhe entreguei o envelope.

Tinha o nome de Draco na parte de trás, como se cada letra fosse recortada de uma revista. Parecia aquelas cartas de filmes, quando alguém não quer ser identificado.

Draco abriu o envelope e leu a carta com as sobrancelhas franzidas o tempo todo.

– O que tem aí? – perguntei, assim que ele terminou de ler.

– É esquisito – ele esticou o braço e me entregou o papel. – Leia você mesmo.

A carta também era feita com letras recortadas de revistas. O que dizia era curto, mas completamente estranho.

Amanhã você terá uma surpresa. Acontecerá na hora do café da manhã, no refeitório. Esteja lá e saberá do que eu estou falando. Tenha uma boa noite de sono... se conseguir mesmo dormir.

– Cara, isso é bizarro – eu virei o papel do outro lado, tentando achar algo que pudesse identificar quem mandou. Nada.

– E não é? – disse Draco, já recostado no travesseiro.

– Bom, deve ser coisa de alguém desocupado – eu coloquei a carta sobre a escrivaninha dele. – Vai ver é só alguma garota que é apaixonada por você fazendo gracinha.

– Não acho que seja, mas... – ele deixou a frase no ar, examinando o papel mais uma vez.

– Vou tomar um banho – peguei uma toalha no armário e me dirigi até a porta. Antes de sair, notei que Draco continuava olhando para a carta. - É sério, não esquenta com isso – eu tentei tranquiliza-lo, mesmo que ele parecesse bastante normal com aquilo tudo.

– Estou de boa – ele largou o papel e se ajeitou na cama. Ascendeu o abajur no criado mudo e pegou um livro na gaveta. – Vou ler um pouco antes de dormir. Acho que o Blaise só vai chegar de madrugada, mesmo – ele deu de ombros.

– Beleza – eu coloquei a toalha sobre um dos ombros e fechei a porta, seguindo pelo corredor até o banheiro.

O que será que iria acontecer amanhã, durante o café? Estava tentando me convencer que não era nada de mais, mas lá no fundo, de algum jeito, eu sabia que não era boa coisa.

Vamos esperar pelo melhor, pensei, e então, vários fios de água caíram sobre minha cabeça, fazendo-me fechar os olhos.


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Notas finais do capítulo

Hmmmmmmm... e essa carta misteriosa, hein? E o Nott no chuveiro? kkkkkkkkkk
Sério, preciso muito saber o que vocês acharam desde aqui!!
Agora que o Nyah tem contador de acessos, preciso dizer para vocês meus anjos, eu fiquei muito chocada com a quantidade de acessos que A Little Help tinha e eu não sabia!
Em menos de dez dias, conseguimos mais de 550 visualizações, o que é AAAAAAAI JESUS AMADO, EU NÃO ACREDITO!
Como são sempre uns cinco ou sete que comentam por capítulo, pensei que fossem só esses acompanhando, mas eu estava bem errada. E como foi bom estar errada desta vez.
Mesmo que vocês não comentem, é ótimo saber que estão acompanhando a fic. Desde que postei o último capítulo, não teve um dia em que ALH ficou sem visualizações, o que é de fazer meu pobre coração de autora se encher de felicidade.
Agradeço a todos que estão lendo, de verdade, e mais ainda aos que perdem um pouquinho do seu tempo para escrever algumas palavras para mim. Vocês são demais!
Posto o próximo assim que der, prometo!
Um grande beijo, Giu ♥



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