A Little Help escrita por giuguadagnini


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores! Como estão?
Eu, particularmente, estou muito feliz, afinal, só fazem dez dias desde que postei o último capítulo, então não me sinto tão culpada por estar sempre atrasada com vocês, hahaha.
Este aqui até que veio rapidinho, em comparação aos outros, não é?
Bom, o motivo é bem mais do que simples: OS COMENTÁRIOS DE VOCÊS FORAM INCRÍVEIS, E EU ME SENTIRIA A PIOR PESSOA DO MUNDO SE NÃO PUDESSE RECOMPENSAR VOCÊS O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL COM OUTRO CAPÍTULO! :DDD
E então, prontos para ler? Já adianto que a carga emocional desse capítulo parece uma montanha russa, então é provável que vocês sintam de tudo um pouco enquanto o leem.
Enfim, chega de enrolação.
Boa leitura ♥
P.S. Este é do ponto de vista da Gina!
P.S.S. Não estranhem, mas eu consegui fazer o capítulo inteiro com uma música só! E acho que combinou muito, o que é ótimo. HAHAHA



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POV Gina Weasley

[Try – Pink]

Era fim de tarde e, assim como eu, a maioria dos estudantes em Hogwarts estava aproveitando os últimos momentos de sol no gramado do campus, alguns apenas jogando conversa fora, outros encostados em árvores e até escutando música.

Eu devia estar escrevendo uma redação, mas minha cabeça só parecia dar voltas e mais voltas e nada de muito concreto se formava, o que era um saco. A sensação de que eu não estava saindo do lugar desde que havia sentado ali, há mais ou menos uns quarenta minutos atrás, me fazia pensar se eu não era mesmo uma inútil, não sendo capaz de sequer pensar em uma primeira frase para colocar naquela droga de folha.

Certo, eu desisto, acabei pensando, jogando o caderno e o lápis para o lado, me permitindo deitar um pouco na grama. Fechei os olhos por um minuto inteiro, apenas me preocupando em respirar um pouco.

– Ei, dorminhoca!

Abri os olhos, alarmada. Pansy me observava de cima, com um sorriso divertido no rosto. Sentei um pouco mais ereta do que eu costumava ficar normalmente, o que a fez rir.

– Tirando uma soneca, hein – ela se sentou ao meu lado, abrindo uma garrafinha de plástico que tinha um tipo de suco azul dentro.

– Ah é, estava quase babando – eu brinquei, o que lhe provocou mais um sorriso.

– Sonhando com certo alguém, mocinha? – ela me deu uma cutucada de leve no braço, ao mesmo tempo em que bebericava seu suco.

– Quem me dera, mocinha – eu lhe devolvi a palavra junto com outro cutucão. – Nunca me lembro dos meus sonhos, só quando eles são realmente ruins ou apavorantes.

– É, coisas que nos marcam negativamente tendem a ficar mais claras na memória, escondendo as coisas boas – disse ela, olhando para o céu de um jeito desafiante, como se esperasse alguma coisa dele. - Deve ser por isso que muita gente é rancorosa, não é? Ficam remoendo uma discussão boba para sempre, como se isso fosse adiantar de alguma coisa.

Olhei para o céu também, o que foi uma péssima ideia, pois no momento em que o fiz, um conjunto de pássaros cruzou o horizonte em uma formação muito parecida com a que Nott havia me mostrado aquela vez no ônibus, quando havia acabado de amanhecer.

“Olhe. Um pássaro feito de pássaros.”, foi o que eu disse.

Lembro que Nott desviou os olhos da janela, onde podíamos ver o sol nascendo, e me olhou de um jeito muito profundo, diretamente nos olhos.

“Bom dia, Gina”, foi o que ele disse, com aquele jeitão dele.

– Você está muito pensativa – disse Pansy, virando o rosto para o lado para poder me olhar diretamente. – É uma lembrança ruim?

Era ruim? Lembrar-me disso agora podia até ser, mas recordo de como aquele momento com Nott no ônibus tomou meus pensamentos em quase todas as noites, antes de dormir. Foi a primeira vez que nos beijamos. Nunca seria uma lembrança ruim.

– Não – eu respondi. – Não mesmo.

– Ótimo – Pansy sorriu. – Mas alguma coisa me diz que você não está exatamente feliz de ter se lembrado do que lembrou.

Fiquei quieta, sem saber o que dizer. Ela segurou minha mão e a apertou um pouquinho.

– É o Nott, não é?

Meu estômago deu uma reviradinha ao mesmo tempo em que se apertava um pouco, o que me deu a sensação de que queria chorar. Como não respondi nada, Pansy continuou:

– Aquele lance do refeitório... Você não acha que está exagerando um pouco?

– Mas... você nem estava mais lá! Te vi saindo assim que eu entrei. Como ficou sabendo disso?

– Gina, até parece que você não sabe como a rede de fofocas rola por aqui, e ainda mais se as coisas dependerem a linguaruda da Brown.

Pansy falou o sobrenome de Lilá com tanto desprezo que eu até cheguei a ficar curiosa do porquê de tanta raiva.

– Olha – ela continuou. – Eu nem sei o que aconteceu entre vocês dois, e talvez eu esteja sendo idiota vindo aqui e dizendo que você possa estar exagerando, mas o Nott é um cara realmente legal, ele sempre foi, mesmo que tenha mudado muito nos últimos tempos, e digo para melhor – ela soltou minha mão, mas continuou me olhando nos olhos. - Eu não diria nada se não achasse que ele merecesse mais uma chance, sabe.

– Ele só... forçou um pouco a barra, Pansy – confessei, mesmo não dando muito a entender o que aconteceu.

– Como assim? – seu olhar foi sincero, ela parecia realmente preocupada comigo.

Eu deveria contar para ela o que havia acontecido? Nós nunca havíamos tido uma conversa longa, mas todas as vezes que nos falamos, ela foi gente fina comigo.

Foda-se. Eu iria falar.

– Lembra daquela noite, na festa da Hermione? – eu comecei, ela assentiu com a cabeça. – Naquela hora em que o Harry inventou de complicar com a Cho, de humilhá-la na frente de todos? Então, o Nott inventou de se meter, comprando briga, e nós dois já estávamos bêbados, o que de jeito nenhum parecia uma boa combinação.

– Eu me lembro disso – ela consentiu. – O Potter é mesmo um canalha.

– Pois é – eu concordei. – Enfim, eu só sei que eu precisava tirar o Nott de lá, precisava distraí-lo um pouco para que a noite não acabasse em desastre. Então eu e ele fomos lá para cima, ele contra a própria vontade, é óbvio, mas do mesmo jeito fomos. Acabei nos colocando em um quarto de hóspedes, e conforme eu ia o acalmando, outras coisas iam acontecendo.

Pansy sorriu, maliciosa.

– Hmmmm, conte-me mais!

Ri, vendo que ela já estava pensando em sacanagem.

– Ele começou a me deixar sem graça, sempre achando um jeito de colocar malícia aonde não tinha – eu sorri, lembrando dele vindo até mim com um sorriso travesso nos lábios. – Até que surgiu a ideia de cada um achar um ponto fraco do outro.

Pansy estava vibrando tanto de escutar aquilo que eu até achei engraçado. Era bom poder compartilhar isso com alguém.

– Ai meu Deus, e aí? – ela perguntou ansiosa. – Conta, conta, conta!

– E aí que a putaria começou – eu falei, o que a fez gargalhar. – Brincadeira! Mas a gente começou a se agarrar de leve, sabe, indo devagarzinho, um beijo aqui, uma arranhada ali, até que ele já estava em cima de mim na cama.

– E o que aconteceu? – ela perguntou, desesperada para que eu dissesse que chegamos aos finalmentes. – Não para de contar assim, menina!

– Aí eu fui meio que me desesperando – eu disse, meio receosa, mas Pansy não parecia ter entendido o porquê. – Eu não iria querer ter minha primeira vez bêbada do jeito que estava.

– Entendi – seu olhar mudou, transformando-se na mais pura compreensão. – E foi por isso que eu vi o Nott chorando lá em baixo, desesperado? Vocês brigaram?

– Sim – eu admiti. – Eu queria parar e ele estava um pouco animado de mais. Era mais ou menos isso que eu queria dizer com forçar a barra. Ele insistiu um pouco, mesmo quando eu disse não. E isso me apavorou, sabe? Fiquei com medo dele. Então fui embora. Não o vi chorando, mas Draco me contou que ele parecia muito mal.

– E estava mesmo – Pansy concordou. – Eu o vi de longe, mas deu para notar que ele estava destruído.

De algum jeito, aquilo acabou comigo. Acreditei em Draco quando ele me contou que Nott havia chorado, mas ouvir isso de mais uma pessoa fez com que aquilo se tornasse mais real.

– Então o motivo disso foi o sexo – disse Pansy. Ela me lançou mais um olhar compreensivo, e então disse: - Não que eu esteja defendendo o Nott, porque ele devia ter se controlado contigo, mas garotos da nossa idade tendem a ter... desejos.

Tranquei uma risada, o que a fez sorrir um pouquinho.

– É sério! – ela me deu um tapinha na barriga. – Eles são incontroláveis! Eu fiquei até surpresa de saber que essa foi a primeira vez que ele tentou algo mais intenso. O Nott costumava ser o maior galinha, metido a pegador. Jurei que vocês dois já tinham transado!

– Não! – eu gritei, desacreditada. – Ai meu Deus, todo mundo pensa isso também?!

– Não! – Pansy imitou meu grito, o que foi engraçado. – Calma garota, não pira de vez. Só estou dizendo por mim.

Olhei para o chão, e só então notei que meus dedos já haviam arrancado várias folhas da grama sem ao menos eu perceber.

– Sabe o que é? – eu voltei a olhá-la. – Eu só... quero dizer, o Nott sempre foi fofo ao extremo comigo, e eu me assustei quando as coisas mudaram de fofo para “Você vai me deixar assim” – eu fiz uma voz mais grossa, apontando para o meio das minhas pernas, como se eu tivesse um pênis.

Pansy riu, e a risada dela estava longe de ser discreta.

– Sério que ele disse isso? – desacreditou ela, limpando uma lágrima do olho. – Desculpe, eu só achei ridiculamente engraçado.

Fiquei em silêncio, apenas olhando para ela, enquanto Pansy fazia o mesmo. Nem três segundos completos se passaram e começamos a rir feito duas retardadas, a ponto de nossas barrigas doerem tanto que tivemos de nos deitar na grama.

Ficamos respirando com dificuldade uma do lado da outra, tentando nos acalmar. Ela virou o rosto para encontrar com os meus olhos, e então disse:

– E então?

– E então o que?

– O que vai fazer? – ela perguntou, virando de lado e se apoiando no cotovelo para continuar me olhando.

– Eu não sei – disse baixinho, como se isso me trouxesse uma dor aguda, algo que fizesse ter vontade de me encolher.

– Você devia ligar para ele – disse ela, com uma certeza que chegou a me contagiar.

– Não – disse eu, tentando voltar a me sentar. – Será?

– Eu ligaria – disse ela, se sentando também. – E além do mais, estou vendo no seu rosto o quanto ele te faz falta.

– Até parece – eu franzi o rosto, tentando conter um sorriso.

– É sério! – ela me sacudiu pelos ombros. – Vai atrás dele!

– Pansy, isso aqui não é uma comédia romântica, onde uma musiquinha empolgante vai começar a tocar enquanto eu me levanto e corro pelo campus inteiro, tentando acha-lo.

– Você não precisa correr pelo campus inteiro – disse ela, olhando para um ponto acima do meu ombro. – Ele está indo comprar um café, se meus sentidos femininos não me contrariarem – ela fez com que eu me virasse e apontou para a barraquinha do Café do Campus, onde Nott estava entrando na fila, atrás de uma pessoa que fazia seu pedido.

Só de vê-lo ali, com as mãos nos bolsos da calça, o olhar baixo, esperando para comprar um copo de café, meu coração se apertou, o que me deixou nervosa.

– Ai, droga – o celular de Pansy vibrou. – Estou atrasada para o encontro com o pessoal da aula de música!

Ela parecia meio desesperada com aquilo, então peguei a garrafinha com suco azul e a entreguei a ela, tentando ajudar. Ela sorriu, e então parou com sua histeria por um momento.

– Obrigada – ela pegou a garrafa da minha mão. – Olha, eu tenho mesmo que ir, mas eu ficaria aqui até anoitecer se pudéssemos continuar conversando.

– Tudo bem – disse eu, sorrindo ao ouvir aquilo. – Podemos conversar qualquer hora, sabe.

– Que bom – disse ela. – E olha, qualquer coisa que vier a acontecer, você jura vir falar comigo antes de surtar?

Do jeito que ela falou aquilo, parecia ser até para uma coisa mais séria. De qualquer modo, eu fiz que sim com a cabeça.

– Jura? – ela segurou meu rosto com uma mão, já que na outra segurava o seu suco.

– Claro – eu a olhei, achando aquilo um pouco estranho, mas de um jeito muito bom.

– Certo – ela me deu um beijinho na bochecha e se levantou, levando consigo a bolsa e a garrafa em uma mão só. – Te vejo qualquer hora! E ah... LIGA PRA ELE! Estou falando sério!

Ri, assentindo com a cabeça. Ela deu um tchauzinho com a mão e saiu praticamente correndo.

Voltei a olhar para Nott, que há essa hora já esperava pelo seu café. Peguei meu celular no bolso da calça e fui até meus contatos. O cara mais lindo do universo parecia se destacar entre todos os outros nomes, principalmente pela foto de Nott fazendo um biquinho com os lábios.

Virei-me para olhá-lo no mesmo segundo que apertei a tecla para fazer a chamada. Coloquei o celular no ouvido e o observei tirar o dele do bolso traseiro da calça. E ele ficou lá, olhando para a tela do celular por um bom tempo, o que fazia com que eu me sentisse péssima.

Por que ele não atendia?

A moça do Café do Campus lhe entregou um copo de isopor com o pedido que ele havia feito, o que lhe fez desviar o olhar até ela. Nott, meio lerdo, agradeceu e pegou o copo, ainda com o celular tocando na outra mão.

Tu... Tu... Tu... Tu..., era o que eu ouvia, e tenho certeza que só seria necessário mais um Tu para eu vir a desmoronar.

Nott parou de andar no meio do caminho, encarou o celular mais uma vez e, quando eu achei que ele fosse atender, meu peito quase explodindo de tanto que eu respirava fundo, ele apertou alguma outra tecla, o que fez a voz de uma mulher dizer no meu ouvido que eu podia deixar uma mensagem, já que o contato não respondia a minha chamada.

Meus lábios começaram a tremer, eu sentia meu rosto se enrugando em uma expressão chorosa. Um buraco parecia ter se alojado em meus pulmões, o que só me dava a terrível sensação de que eu não iria conseguir parar de soluçar se resolvesse me render a um primeiro suspiro.

Uma lágrima traçou minha bochecha, e eu a limpei bem rápido, não permitindo que outras viessem. Eu não podia me desesperar. Não agora. Não aqui.

Voltei a olhar para onde Nott estava, e ele continuava lá parado, olhando para o celular. Respirei fundo mais uma vez, tentando me acalmar, mas isso se mostrou inútil no momento em que Nott começou a andar novamente.

Ele estava indo embora.

Peguei meu caderno e meu lápis e joguei dentro da bolsa, na maior pressa que se possa imaginar. Levantei em um pulo e saí correndo até onde ele estava. Não era muito longe, mas era o suficiente para me deixar ofegante.

– Nott! – seu nome saiu da minha boca. Apenas uns quinze passos nos distanciavam.

Ele se virou para mim, obviamente reconhecendo minha voz. Parei de andar. Seu rosto estava sério, mas seus lábios pareciam um pouco comprimidos, o que lhe dava uma expressão de leve sofrimento.

Recomecei a andar, ele também, só que um pouco mais devagar que eu, para que eu pudesse alcança-lo.

– Você vai mesmo me ignorar desse jeito? – questionei.

Ele parou de andar novamente.

– E não é isso que você vem fazendo nos últimos três dias? – seus olhos brilhavam ao me olhar, mas não era um brilho bom. Era um brilho de quem andou chorando. - Eu só estou seguindo o roteiro, Gina. Você queria um tempo, e eu estou te dando esse tempo.

Aquilo quebrou comigo.

– Eu não quero tempo nenhum, só estava chateada.

Ele sorriu com o canto da boca, mas parecia triste.

– Assim é fácil, né Gina. Depois de me fazer de palhaço na frente de toda a escola...

– E você liga mesmo para o que todo mundo está dizendo? – aquela frase me escapou a boca.

– Não, eu não ligo! – ele respondeu, a voz mais alta do que o comum. – Eu não ligo para o que estão espalhando. Eu ligo para o que VOCÊ fez, pelo o que VOCÊ falou! Eu ligo, e muito, pelo seu olhar de indiferença, de me querer longe quase como eu fosse o próprio demônio. É pra isso que eu ligo!

Fiquei paralisada. Ao falar com Pansy, meu coração se acalmou em relação à Nott, eu me senti na condição de perdoá-lo, como se ele só estivesse esperando por uma decisão minha. Mas, muito pelo contrário, ele estava para lá de chateado comigo. E ele tinha razão.

Me aproximei dele. Nott baixou o rosto. Envolvi os braços ao redor da sua cintura e o puxei para mim, tentando abraça-lo. Comecei a chorar de novo, enterrando o rosto no seu ombro. Quase solucei ao senti-lo correspondendo ao abraço, ao me apertar de volta, assim como eu vinha fazendo, mesmo que com apenas uma das mãos, já que na outra ele segurava o copo de café.

– Eu não queria te fazer de idiota, Nott. Eu juro, eu... eu...

Ele se afastou apenas o suficiente para alcançar meus lábios e me calar por um momento. Sua boca estava quente, com gosto de café com leite. Era confortável, quase perfeito.

– Mas fez – murmurou ele, se separando de mim.

– - -

O relógio marcava uma da manhã quando levantei da cama e comecei a me arrumar, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo, colocando um short confortável e uma regata.

Depois de muito choro, eu ainda estava confusa, afinal, o que aconteceu mais cedo foi um pouco de mais para mim. Nott me beijou, o que, naquele momento, havia significado que tudo tinha ficado bem novamente, mas o que ele disse logo depois fez toda a ideia da minha cabeça sumir, embaralhando tudo de um jeito mais do que doloroso.

O único jeito que eu via para conseguir pegar no sono era se eu estivesse muito mais do que exausta, então decidi que essa seria uma noite perfeita para treinar até não poder mais.

Saí do prédio 4 no maior silêncio que consegui, me esgueirando pelo caminho até o campo de futebol sem chamar atenção alguma. Quando cheguei lá, pensando em ter um pouco de tranquilidade, logo tive de me esconder, pois notei a presença de alguém na arquibancada.

Mas não era apenas alguém. Era um casal.

– A gente não devia estar aqui – disse Hermione, mas ela estava sorridente.

– Era o único jeito de nos encontrarmos hoje – falou Draco, a puxando para sentar perto dele. – Estudei a tarde inteira para um teste que tenho semana que vem.

– Você? – ela riu. – Estudando a tarde toda?

– Que foi? Tá achando engraçado? – ele a agarrou pela cintura e começou a fazer-lhe cócegas, o que fez Hermione quase ter uma síncope, já que não podia rir alto.

– Ah não, nada de engraçado – ela segurou as mãos dele, o fazendo parar.

Os dois ficaram se olhando por um segundo, e então Draco a beijou com ternura. Hermione ajeitou o cabelo dele para trás, enquanto ele apenas a puxava para mais perto.

– Mas então, por que me trouxe aqui, no campo de futebol? – indagou Hermione.

– Sabe como é – Draco enrolou. – Eu sou um romântico tradicional, achei que você iria gostar de ver as estrelas comigo.

Hermione riu.

– Você só pode estar de brincadeira.

– É, eu estou, só queria ficar com você, depois de passar a tarde toda me matando em cima de um montão de livros.

– Own, dessa vez eu quase acreditei que você queria mesmo ver as estrelas! – Hermione brincou, então Draco a puxou para se aninhar um pouco mais com ele, deitando a cabeça em seu peito.

– Para de jogar na minha cara que eu não sei ser romântico, Granger – Draco riu de si mesmo, o que fez Hermione sorrir. – Eu já sei disso.

– Esse seu não saber ser romântico te torna romântico, Draco. Fora que eu não aguentaria todo esse mi mi mi que as garotas gostam. Contigo é sempre na base da provocação, e eu acho isso legal. É melhor do que me prometer a lua ou sei lá, essas coisas clichês que vemos toda hora por aí.

Draco riu.

– Como pode alguém prometer a lua para a outra pessoa? Isso é ridículo!

– Exatamente – Hermione o abraçou um pouco mais, o que foi muito fofinho do meu ponto de vista, vendo que eles eram um casal que conversava sobre esse tipo de coisa. - Quer fazer alguma coisa nesse final de semana? – perguntou Hermione, um tempinho depois.

– Não vai dar – disse Draco, fazendo uma cara de desgraça. – Tenho que acompanhar meus pais num casamento. Vai ser um saco.

– Eu ainda não conheço seus pais... – comentou Hermione.

– E nem queira conhecer. Eles são péssimos.

– Que isso, Draco – ela deu um tapinha na bochecha dele. – Mas você vai sozinho a esse casamento?

– Não, tive que convidar a Beatrice... Beatrice... Espera, eu tenho o sobrenome dela anotado no celular.

– Como assim, teve? – a testa de Hermione se enrugou um pouco.

– Beatrice Miller! – vibrou Draco, como se tivesse se sentindo idiota por não lembrar o nome da menina.

– A líder de torcida? – Hermione estava pasma.

– Sim, ela é bonitinha. Meus pais vão ficar felizes.

O que se passou nos seguintes segundos foi um Draco olhando para o céu, como se estivesse satisfeito, e uma Hermione olhando para ele, com uma expressão que dizia claramente “você acha que eu tenho cara de idiota?”.

Ela levantou de onde estava e saiu andando pela arquibancada, o que fez Draco estranhar.

– Ei, onde você está indo?

– Para onde você acha? – disse ela, numa voz irônica.

– Hermione, para com isso! – ele a seguiu. – Você está com ciúmes?

Ela se virou para olhá-lo, com uma expressão furiosa no rosto.

– Ciúmes? – ela desacreditou. – Ciúme não chega nem perto do que eu estou sentindo, Draco. Eu só estou cansada de ser sempre a segunda opção, principalmente quando se trata de você! Eu canso, sabia?

Draco parou para pensar por um momento, apenas a observando. Ele foi se aproximando dela devagar, dizendo:

– Granger, a gente se ama. Eu só não quero estressar ainda mais meus pais, que já são um porre por natureza. Ei, vem cá – ele tentou pegar a mão dela, que se afastou.

– Eu não consigo mais acreditar em você, Draco. Simplesmente não consigo. Sempre que eu estou começando a me sentir segura em relação a você, algo desse jeito acontece. Pra mim já chega!

– Mas... – ele realmente pareceu ter se dado conta de que só havia falado uma merda atrás da outra. – Granger, para com isso. Tudo o que eu quero é ficar aqui com você.

– Por que você não chama sua líder de torcida para contar estrelas? – disse ela, por fim. – Se é que ela sabe contar...

E assim ela saiu, deixando Draco lá sozinho. Eu ainda pude vê-lo chutar a arquibancada, sentar e passar as mãos pelos cabelos de um jeito meio desesperado, como se tivesse vontade de arrancá-los.


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Notas finais do capítulo

Ok, vamos com calma! kkkkk
Já estou vendo que vou ser massacrada nos reviews, por ter destruído com dois relacionamentos em um capítulo só D:
Mas fora isso, o que acharam?
Tenho que contar uma coisa para vocês: eu tive a ideia para esse capítulo três dias depois que postei o último, mas a animação só veio ontem, quando li um comentário de uma leitora. Era um review simples, pequeno, mas que dizia tanta coisa, que significava tanto!
E é isso que eu quero compartilhar com vocês, e não digo só em relação a minha fic, mas em relação a todas as outras pessoas que postam suas estórias.
Às vezes, a ideia para o capítulo já está pronta, tudo já está elaborado na nossa cabeça, mas a empolgação para escrever é que falta. E digo para vocês que, com apenas um comentário, mesmo que singelo, esta leitora fez com que eu escrevesse da meia noite até às oito da manhã, sem parar nem para tomar água!
Vocês não tem ideia do poder que tem um elogio, uma crítica ou até um "posta logo, eu amei". De verdade! Ainda mais um acompanhamento, uma favoritada e, Jesus Cristo, uma recomendação! HAHAHA. Essa sim deixa a gente pulando pela casa, de tanto sorrir!
Então, para que eu continue feliz, postando com mais regularidade, hahaha, o que acham de me dizer algumas palavrinhas? Eu amo saber o que vocês sentiram, se gostaram ou não! Sério, me contem! :D
Enfim, eu vou ficando por aqui! Um grande beijo a todas as leitoras que acompanham ALH, principalmente para a Mrs Gillan, Marchela, Stella Sinner, DudaWeasleyMalfoy, Brubs, CarolBlackPotter, Lírio e Natália, que me emocionaram muito com seus comentários no capítulo anterior.
Amo vocês, viu? Até mesmo os leitores fantasmas, que se escondem de mim! kkkkkk. É ótimo saber só que vocês estão lendo as minhas loucuras.
Giu ♥