A Little Help escrita por giuguadagnini


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu estou exausta.
Passei a noite escrevendo este capítulo, porque vocês merecem, ainda mais depois de todo esse tempo que eu fiquei sem postar.
Desculpem pela demora, mas é que eu to com alguns problemas pessoais que me deixam sem nenhum ânimo para escrever.
Parece que suga tudo que me inspira e me deixa no breu :/
Enfim, eu queria agradecer a todos que estão lendo e comentando. Vocês fazem o meu dia melhor, de verdade.
Espero que vocês gostem desse capítulo.
Acontece uma coisa bem legal neste aqui. Tentem adivinhar o que é, hahaha.
Desculpem qualquer errinho, ok? Eu estou digitando praticamente de olhos fechados agora DDDD:
Como já é de costume, músicas estão nos colchetes. [♫]
Boa leitura e nos vemos lá em baixo :)



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[Magic – B.o.B ft. Rivers Cuomo]

Se tem uma coisa bem difícil de fazer é tirar Blaise da cama no meio da madrugada.

- Blaise, seu viado sonolento! – xingou Draco, arrancando os cobertores da cama de Zabini. – Acorde de uma vez, homem!

Deviam ser umas quatro e pouco da manhã, então me deixe explicar o motivo de estarmos acordados há essa hora antes que haja uma confusão, certo?

Não estávamos planejando invadir o dormitório das garotas ou nada desse tipo, o que não seria uma má ideia. Ao invés disso, estávamos nos preparando para viajar até Durmstrang, cujo ônibus que iria nos levar até lá sairia às cinco da manhã em ponto.

Estava terminando de colocar algumas coisas na mala quando vi Draco soltar um urro de frustração.

O problema? Rá, você já deve ter imaginado: Blaise dorme feito um coala.

E vale acrescentar, caso você não saiba, que coalas dormem pelo menos 22 horas por dia, sendo que nas duas horas restantes eles passam comendo.

É, parece que estamos chegando a um entendimento aqui.

Blaise é um coala humano.

- Nós vamos nos atrasar por causa dele! – Draco apontou para Blaise, apagado no travesseiro. – Faça algo de útil e abra esses olhos, caramba. Levante daí!

- Relaxe um pouco. – eu tentei dizer, fechando o zíper da mala até o final. – Não vamos nos atrasar. Ainda temos tempo.

Blaise roncou. Draco contou até dez, baixinho, fechando as mãos em punhos.

- Tudo bem, deixe-me tentar uma coisa. – deixei minhas coisas ao pé da cama, empurrei Draco para longe - antes que ele desse uma surra no moreno que roncava - e me dirigi até a cama de Blaise, que dormia de bruços no colchão.

- O que você vai fazer? – perguntou Draco, desconfiado, quando me viu inclinado sobre Blaise, para sussurrar algo no ouvido dele. – Não me faça assistir uma cena gay às quatro e meia da manhã, Nott! Eu não estou preparado psicologicamente para isso.

- Ah, cale essa boca. – eu mostrei o dedo para ele, que só revirou os olhos. Voltei-me para Blaise, que dormia feito uma pedra. Pigarreei, preparando a garganta para uma voz irritantemente fina, e foi algo mais ou menos assim que saiu: – Ei, acorde, docinho. Acorde, meu pedaço de chocolate.

Draco tentou reprimir de início, mas começou a rir tanto que eu até conseguia ver uma veia pulsando no seu pescoço. E ele ria ainda mais sempre que me olhava fazendo aquela vozinha de garota de novo. Blaise, aparentemente dormindo, começou a sorrir.

- Vamos, seu lindo... – eu dei tapinhas na sua bochecha direita. – Acorde para brincar comigo.

Virei-me para Draco, que mudara a cor do rosto de branco-giz para vermelho-tomate em questão de segundos. Ele parecia estar prestes a ter uma falta de ar. Gesticulando com as mãos, pedi que ele ficasse quieto, mas não pareceu ser possível.

Blaise começou a balbuciar alguma coisa, ainda sorrindo, e então abriu os olhos.

- Oi... garotão! – eu sorri para ele, que levou um tremendo susto.

Arregalando os olhos, ele me empurrou e saiu da cama aos pulos. Draco continuava rindo, dessa vez com a mão sobre a barriga.

- Ai, acho que perdi meu pâncreas! – ele estava dizendo, olhando para um Blaise de pé no meio do quarto, só de cueca.

- Vocês vão ver só. – disse ele, bocejando rapidamente. – Podem providenciar uma grande quantidade de café se não quiserem dormir naquele ônibus. Vocês não sabem o que os aguardam.

- Meu Deus! Acho que até borrei as calças. – eu abri exageradamente a boca, para fingir desespero.

- Você é mesmo um cara muito maldoso – caçoou Draco, desta vez calçando seus tênis gordos, do tipo skatista.

Blaise, emburrado, começou a colocar uma roupa enquanto terminávamos de pegar tudo o que precisávamos. Quando estávamos com tudo pronto, já descendo as escadas do prédio 6, o moreno me veio com a ideia de que tínhamos deixado a janela do quarto aberta.

- E daí? – Draco fez descaso, ajeitando a mochila sobre um dos ombros. – Por acaso um alien vai entrar pela janela e se esconder dentro do seu armário, só para te dar um susto quando você voltar?

- E por que não? – Blaise jogou sua mala para cima de mim e voltou a subir as escadas. - Aliens vivem fazendo isso!

- Mas é um folgado, mesmo! – praguejei alto, tentando equilibrar a mala de Blaise em cima da minha. – Tomara que o alien já esteja te esperando debaixo da cama!

- Mas ele não estava dentro do armário? – perguntou Draco, enrugando a testa.

- Quem se importa? – eu joguei a mala de Blaise no loiro, que a pegou com certa dificuldade. Ele me jogou a mala de volta, e fizemos o mesmo pelo menos mais umas três vezes, até que Draco ficou com ela no final.

- Será que a Granger vai sentar do meu lado no ônibus? – ele indagou enquanto saíamos do prédio e nos dirigíamos até um montão de gente amontoada na frente do estacionamento do campus.

Sorrindo, eu lhe lancei o meu melhor olhar irônico.

- Quem diria... Draco Malfoy apaixonado.

Ele me jogou a mala de volta.

- Eu não estou... apaixonado! – ele falou essa última palavra de um jeito quase enrolado, entre uma tossida e um engasgo.

- Então isso é muito fogo querendo um extintor! – eu soltei a hipótese.

Draco sorriu de lado, entrando em um pensamento que eu prefiro manter em sigilo (se é que ainda não deu pra sacar que envolvia a Granger, de preferência com pouca roupa, com ele no meio), e então ele pareceu notar o que eu estava sugerindo.

- Pare de ficar me dizendo isso! – ele entoou um tom falsamente irritado. – Você sempre me dá ideias, Nott, ideias essas que não podem ser realizadas em um ônibus lotado com todo o pessoal do nosso ano na volta! Fora que estamos falando da Granger! Ela com certeza não é assim uma garota tão fácil.

- EU? – eu empurrei a mala para ele. – Você que fica pensando nisso, coisa loira! Eu não estou na sua cabeça para controlar o que você pensa. Eu só dou a ideia, o resto é com você!

- Ahã, vá nessa! – disse ele, todo cheio de si. – Mas não pense, você, que eu não notei como você está louco pela ruiva. Ela sim que é fogo para você apagar!

Aquilo me atingiu como um soco na boca do estômago. Por que isso me deixava com a sensação de que uma raiva estava crescendo, pronta para explodir na forma de xingamentos, algo como se eu precisasse proteger Gina das palavras de Draco?

- Eu não penso nela dessa forma – acabei dizendo. – Não... não desse jeito.

- Então o que era aquilo, no dia dos resultados da formação do time? Vocês estavam de mãos dadas, Nott! No corredor, na frente de todo mundo!

- Ela é bem mais que fogo, Draco. – eu lhe dei um esmurro com meu ombro.

Ele arregalou os olhos.

- Um incêndio, então?

Tive de rir. Mas como era idiota.

- Você me entendeu. Gina é bem mais do que uma dessas garotinhas que estão loucas para se entregar para você, de mão beijada. Acho que ela me dá uma surra se eu inventar de colocar a mão nela desse jeito!

Draco riu.

- Mas vocês já ficaram, não é? – perguntou ele, de um jeito tão natural que eu fiquei até morrendo de vergonha pela resposta que teria de dar.

Como não falei nada de imediato, ele me olhou com os olhos tão arregalados que até pareciam duas bolas de golfe.

- VOCÊ AINDA NÃO PEGOU A RUIVA?! – ele praticamente gritou, desacreditado. Pulei em cima dele, para tapar sua boca, e logo ele já estava rindo.

- Cale a boca, projeto de gente! Acho que não te ouviram lá na Casa Branca!

Draco parecia pronto para sair rolando no chão, de tanto rir. Eu já estava ficando seriamente envergonhado, tanto pelo papo que estávamos tendo como pela atenção que chamávamos dos alunos que se dirigiam para o estacionamento.

- Há quanto tempo você está tentando? – perguntou Draco, de bochechas vermelhas.

Parando para pensar, eu já estava ligado em Gina desde aquela noite, quando a vi jogando futebol de madrugada pela primeira vez. Mas eu não pensava nela como uma pessoa com quem eu podia ficar, desde o princípio. Eu me vi gostando dela praticamente do nada. E, até agora, eu não havia investido nada sobre ela.

- Acho que não estou tentando. – eu acabei tendo minha epifania em forma de fala. Draco ficou surpreso mais uma vez. Ele colocou a mão na minha testa.

- O que está havendo com você? – ele fingiu me examinar, puxando a parte inferior dos meus olhos para baixo, feito um médico de verdade para olhar minhas pupilas. – Onde está o cara galinha que competia comigo, que ficava com mais meninas do que qualquer um?

Com um sorriso, eu me vi respondendo:

- Acho que ele amadureceu. E está tão apaixonado quanto você.

Ele fechou a cara tão rápido quanto tentou conter um sorriso.

- Já disse que não estou apaixonado.

- Você tem razão. – eu me apoiei sobre ele, fechando o braço no seu pescoço, fazendo-o parar onde estava. – Nós estamos amando, Draco.

Paralisados, nós dois ficamos ali, no meio do caminho para o estacionamento, com malas e mochilas nas mãos, totalmente surpresos com nós mesmos. Meu braço deslizou da volta do pescoço de Draco, de tão mole que eu pareci ficar tão de repente, e caiu ao lado do meu corpo novamente. Mas ao mesmo tempo, eu me sentia duro como pedra, ou talvez tão líquido como uma poça d’água.

Eu amava Gina.

Puta que pariu, eu acabei de dizer que amo alguém.

Bom, eu não disse realmente, mas pensei tão forte que isso ecoou pela minha cabeça por uns bons momentos.

Eu amo Gina Weasley.

- Estamos fodidos – disse o Draco, tão estátua quanto eu, olhando para o céu cheio de estrelas acima de nós dois.

- Pela primeira vez na vida, Draco, eu estou concordando com você.

- - -

[Party In The U.S.A. – Miley Cyrus]

- Estão todos aqui? – perguntou Madame Hooch, com uma planilha de nomes em mãos.

Já dentro do ônibus – de dois andares, só para constar. -, eu estava sentado ao lado de Draco, nas poltronas atrás das ocupadas por Gina e Luna.

- Vejo que Zabini ainda não chegou... – disse Hooch, esticando o pescoço para alcançar a visão até o final do ônibus.

- Nem Hermione... – acrescentou Draco, baixinho, para mim.

- Hermione Granger também não está aqui, treinadora! – eu berrei, para que ela escutasse.

Draco me deu um beliscão.

- Se fosse para gritar desse jeito, eu podia ter feito isso. – resmungou ele.

- Então por que não fez? – eu dei de ombros, na maior simplicidade da coisa.

- Parem de reclamar, vocês dois!- Gina nos lançou uma daquelas almofadas para o pescoço por cima do banco. – Parecem duas velhas reclamonas!

Luna riu e balançou a cabeça de um lado para o outro, como que achando tudo aquilo muito legal. Segundo ela, Gina tinha um jeito espontâneo de agir que chegava a dar inveja.

- Granger e Zabini... Aonde esses dois se meteram? – reclamou Hooch. - Já são 5h02min! Combinamos de sair as cinco em ponto.

Alguém se levantou lá no fundão.

- Eu posso procura-los. – dizia a voz de Ron.

O Potter riu. Draco bufou.

- Desculpe, treinadora. Estamos aqui! – Hermione vinha subindo as escadas para o segundo andar com Blaise nos seus calcanhares.

- Onde vocês dois estavam? – perguntou Hooch, impaciente.

- Estávamos colocando nossas coisas no compartimento das malas. – explicou Blaise.

Draco me olhou, desconfiado. Fomos nós dois que guardamos a mala dele lá.

- Tudo bem, tudo bem! – disse Hooch, aceitando a desculpa. – Arranjem um lugar para sentar. Já vamos partir. Erneeeeesto? Motorista!...

Blaise cochichou algo no ouvido de Hermione enquanto eles vinham em nossa direção, ao que ela respondeu com um aceno de cabeça e um: tudo bem, já entendi.

Os dois sentaram em um banco ao lado do nosso, na outra fileira de poltronas. Blaise ficou com a do lado da janela, enquanto Hermione ficava na do corredor, bem ao lado de Draco.

O ônibus deu a partida, fazendo com que todos nós fossemos jogados contra os encostos dos bancos.

- Manda ver, Ernesto! – gritou Blaise, batucando no vidro da janela. – Vamos lá, a todo o vapor!

- Blaise, não estamos em um trem. – Draco revirou os olhos.

Hermione sorria olhando para o loiro. Uma mão pousou sobre o ombro dela, o que a fez olhar para cima.

- Oi, Mione. – disse Ron, passando a mão pelo cabelo. Eu quase podia sentir a tensão de Draco ir subindo feito um foguete. – É, bem... eu vim convidar você para sentar lá no fundo... você sabe. Comigo.

Hermione olhou para Draco. Draco olhou para Ron. Ron continuava a olhar para Hermione.

- Na verdade – disse eu, me levantando, quase caindo com o movimento do ônibus -, ela ia sentar aqui com o Draco, agora mesmo.

Ron me encarou com uma expressão raivosa. Sua mão se fechou em um punho. Draco me olhou com uma demonstração de “que merda você acha que está fazendo?”, enquanto eu passava por ele e ficava no corredor entre uma poltrona e outra, bem de frente para o ruivo.

Hermione levantou e foi se sentar no meu lugar, enquanto eu permanecia de pé, na frente de Ron.

- Que foi, ruivão? – eu sorri do jeito mais verdadeiro que consegui. – A Lilá não veio?

- Veio sim. – ele me lançou um sorriso cheio de fúria. – Está lá atrás, me esperando.

Gina se ajeitou na poltrona, espiando a mim e ao seu irmão.

- Oh, então eu acho que você devia voltar para lá. – eu balancei a cabeça em um sinal positivo. - Pelo visto, ela tem necessidade física de você. Já deve estar morrendo de saudades.

Ron viu não só o meu olhar, mas também o de Blaise e Draco, que diziam claramente que ele havia invadido um território inimigo. Ele lançou um último olhar para Hermione, que lhe sorriu com pena, e voltou para o fundo, onde Lilá o agarrou pelo pescoço quase que instantaneamente, feito um polvo com seus tentáculos.

Sentei ao lado de Blaise, na diagonal de Gina. Ela sorriu para mim, com os olhinhos inchados de sono. Pisquei com um olho só para ela, bem rapidinho. Ela fez uma careta e virou-se para frente novamente, chamando Luna para falar alguma coisa.

E assim, a madrugada se seguiu. Luna dormiu, assim como Gina, uma apoiada na outra. Blaise, estranhamente, parecia animado demais para dormir. Estava de olhos bem abertos, olhando para fora com os fones aos ouvidos, onde uma música animada explodia alto suficiente para que eu pudesse escutar o ritmo. Draco deitou em Hermione, que ficou mexendo nos cabelos dele com uma delicadeza que era quase palpável. Draco dormiu.

Escutei um psiu e notei que era Hermione quem havia o feito. Blaise tirou os fones, sorrindo feito um Ronald McDonald da vida e, passando por mim, ele se agachou ao lado de Draco e tirou um tubo de pasta de dente do bolso do casaco.

Rindo baixinho, eu me lembrei do que ele havia falado no quarto.

“Vocês vão ver só. Podem providenciar uma grande quantidade de café se não quiserem dormir naquele ônibus. Vocês não sabem o que os aguardam.”

Agora estava claro o motivo de ele ter voltado ao dormitório. Pasta de dente.

E ele, ainda não satisfeito, conseguiu um complô com Hermione no caminho, para fazer com que Draco dormisse.

Corrigindo: Blaise é um coala gênio.

Depois de um minuto ou dois, Draco estava com as bochechas brancas.

- Eu não acredito que eu concordei em fazer isso. - dizia Hermione, risonha. – Olha só para o rosto dele! Está parecendo um floco de neve.

Blaise voltou ao seu lugar, satisfeito. Eu já ouvia os resmungos de Draco. Com toda certeza, suas bochechas deviam estar queimando.

- Você é terrível! – eu dei uma cotovelada de leve no braço de Blaise.

- Eu sei. Obrigado.

- Mas o que... – murmurou Draco. – O que é isso no meu rosto?

Hermione riu. Blaise também. Eu não fiquei muito atrás.

- Blaise? – chamou Draco, raivoso.

- Que foi, meu lindo? – respondeu o moreno, voltando a colocar os fones de ouvido.

- Você o deixou passar esse negócio na minha cara? – dizia Draco para uma Hermione risonha.

- Você dormiu no meu colo. – ela se defendeu. – Queria o quê?

- Ah, sei lá. Qualquer coisa, menos pasta de dente, caramba!

- Falem baixo! – eu pedi. Era só o que faltava, acordar todo mundo no ônibus.

Hermione passou o dedo na bochecha de Draco e o levou até a boca.

- Hmmmm, hortelã.

Draco, irritado, levantou e foi até o banheiro lavar o rosto. Hermione me lançou um olhar cúmplice.

- Que foi? Ele mereceu! Pensa que eu esqueci o que ele fez naquela festa?

Virando-me para frente, murmurei:

- Pois bem, agora vocês estão quites.

- - -

[Look After You – The Fray]

Pouco tempo depois, com o ônibus todo apagado, uma garota passou por mim e deixou alguma coisa cair no meu colo. Piscando os olhos com força, eu me esforcei para ler no escuro.

-

Lá atrás está todo mundo dormindo.

Estou te esperando no banheiro.

Preciso de você AGORA.

A.G.

-

A.G.? Virando-me para trás, pude ver uma mecha de cabelo loiro entrando no banheiro. Mas que merda. Astória Greengrass, você só pode estar de brincadeira.

Olhando no relógio no meu pulso, notei que a qualquer momento o sol podia nascer. E, de maneira alguma, eu iria querer passar esse momento com Astória, trancado em um banheiro de ônibus, com tudo balançando.

Levantando-me com cuidado, fui até o assento de Gina. Ela estava dormindo, aconchegada em Luna. Por um momento cogitei a ideia de deixa-la repousando e voltar para minha poltrona, para tentar fazer o mesmo.

Olhei para o fundo do ônibus, para o banheiro entreaberto.

Não, Gina precisava acordar.

- Ei – eu sussurrei, balançando de leve o seu ombro. – Gina. Giiiiiina.

Ela abriu os olhos um pouquinho, bocejando.

- Nott? O que foi?

- Preciso que você venha comigo.

- Para onde? – ela piscou com mais força, para afastar o sono. – Você está louco? Estamos em um ônibus. Não tem para onde ir.

- Aí é que você se engana. Anda, venha comigo. Não podemos perder isso.

Ajudei Gina a levantar e, com o balanço devido à velocidade em que nos encontrávamos, ela se agarrou em mim para me seguir. Fomos até o início do ônibus, descemos as escadas e fomos parar no andar de baixo, que estava vazio a não ser por alguns equipamentos de futebol e algumas malas que não couberam no compartimento separado.

- O que você quer aqui em baixo, garoto? – Gina esfregou os olhos com as costas da mão. – Está bem mais escuro aqui em baixo.

- Shhh, fique quieta. – eu cobri seus lábios com a mão e a puxei para uma poltrona mais ao fundo, de frente para uma janela com cortina.

Ela sentou ao meu lado e ficou me olhando como se eu fosse um completo pirado. E talvez eu fosse, mas isso não importava.

Abri a cortina devagarinho e vi o rosto de Gina se iluminar aos pouquinhos. Seus olhos claros se tornaram mais claros. Sua pele branquinha pareceu mais branquinha. As sardas nas suas bochechas pareciam sorrir para mim de um jeito doce e adorável.

O sol surgiu de mansinho entre as nuvens. Era só uma pequena bola de luz dourada entre vários pedaços de algodão.

Um bando de pássaros cruzou o céu, todos voando para o horizonte em uma formação que parecia imitar um pássaro maior, desses que a gente desenha sem detalhe algum, como um V achatado no canto de uma folha de papel.

- Olhe. Um pássaro feito de pássaros. – disse Gina, apontando para eles.

Desviei meus olhos até os dela, que foram arrancados da vista da janela para observar como minhas pupilas ficavam mais dilatadas com apenas uma respiração, uma frase, com uma covinha escondida no canto de um sorriso.

- Bom dia, Gina – eu lhe disse.

Ela curvou os lábios para cima, no sorriso mais lindo que eu já vi na boca de qualquer pessoa que eu tenha conhecido. Ela chegou mais perto.

- Bom dia, Nott.

Meus dedos contornaram a lateral do seu rosto, desde a testa, afastando uma mecha ruiva brilhante de sol para trás de sua orelha, até sua bochecha e seu queixo.

De leve, contornei também seus lábios rosados com a ponta dos dedos, o que a fez fechar os olhos lentamente, mas não antes de baixar minha mão com a sua e apertá-la, forte.

- Por que você está me olhando desse jeito? – perguntou ela, em uma voz que fraquejava em cada letra.

Subitamente, lembrei-me daquela noite em que lhe dei o chaveiro de futebol.

- Você vai me achar idiota.

Ela entrou na deixa.

- Não vou, não. – ela negou de leve com a cabeça. - Não mais do que eu já acho.

Ela abriu os olhos e me encarou com um sorriso sapeca nos lábios. Aproximei-me mais ainda, encostando meu nariz no seu.

- É que o idiota aqui quer muito te b...

Nem tive tempo de completar a frase, pois Gina já havia dizimado qualquer espaço que podia surgir entre nós dois.

E eu amo cada minuto que sinto suas mãos na minha nuca, cada instante em que ela me deixa conduzi-la, cada momento em que nossas bocas parecem uma só.

Amo o jeito que me sinto leve e pesado, frio e quente, feliz e confuso, cansado e cheio de energia ao mesmo tempo.

Amo tê-la apertada entre meus braços.

Amo poder sentir o seu cheiro tão de perto.

Amo ser o beijado e não o beijador desta vez.

Amo o fato de ela me fazer sentir como se estivesse beijando alguém pela primeira vez, mesmo depois de tudo.

Amo estar aqui, com ela junto comigo, vendo o sol nascer através da janela.

Amo.

E amo-a.


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Notas finais do capítulo

E aí? Valeu a pena esperar?
Me digam tudo o que acharam. Quero muito saber se eu consegui corresponder as expectativas de vocês.
Como disse lá em cima, esses problemas pessoais estão me deixando no trapo, então não sei quando vou poder postar o próximo, mas vou tentar fazer meu melhor e atualizar assim que eu puder.
Vocês gostaram do capítulo?
Eu achei bem bacana, pelo menos para alguém que não escrevia a quase um mês DDD:
Espero que entendam e que continuem comigo, com o Nott e com a Gina!
Amo muito vocês ♥
Muitos beijos, Giu.
P.S. Deixe um review e eu empresto o Nott para você por uma semana. hahahaha :D