PV EDWARD

Eu estava lutando por mais um mês, depois passei a lutar por mais uma semana, depois por mais alguns dias, depois por horas, minutos, quando me vi contando segundos para continuar a me manter longe, simplesmente me levantei de uma pedra onde estava sentado há dias na beira de um penhasco em algum lugar na Bolívia e saí correndo de volta para ela. Só parei quando cheguei a sua casa. E vi que a janela do seu quarto estava aberta como ela sempre deixava quando ainda estávamos juntos. Fiquei pensando... Será apenas uma coincidência a janela está aberta e eu estar aqui agora ou ela a deixou aberta com o propósito de que fazia antes de eu deixá-la?

Concentrei-me nela e ouvi o som do seu coração. Ah! Não tem som mais lindo do que esse, ele estava acelerado e já era madrugada e ela ainda não estava dormindo, estranho! No segundo seguinte escutei um som que me fez paralisar.

Ouvi Bella gritando de dor.

Refiz-me do choque, escalei rapidamente sua janela e entrei em seu quarto para saber o que havia acontecido e a vi encolhida na cama com as mãos em sua cabeça, sua expressão era de que estava sentindo muita dor. Fui até a cama e me ajoelhei a sua frente.

— Bella, amor o que você está sentindo?- perguntei angustiado.

Bella abre os seus olhos e olha para mim, mas não responde.

— Por favor, me diz o que você tem? 

— Eu o estou vendo na minha frente à dor deve estar me fazendo surtar, só pode ser. Deus acabe logo com isso. 

— Você não está surtando eu estou aqui.

Droga! Charlie acordou e está vindo ver Bella.

— Eu volto logo meu amor. – dou um beijo em sua testa e saí rapidamente do quarto quando ouvi o pai de Bella girando a maçaneta.

Fiquei em cima de uma árvore em frente à janela do quarto dela, estava escuro ainda então Charlie não me veria aqui.

— Bella minha filha. - diz Charlie indo até a cama e a pegando em seu colo.

— Tomou seu remédio?

O que será que Bella tinha para deixá-lo nesse estado de desespero? Ele está se esforçando para não demonstrar todo o desespero que estava sentindo, mas seus pensamentos estava tomado de preocupação. Pelos menos é o que estou entendendo já que eu não consigo ler sua mente totalmente, apenas fragmentos.

— Não tomei.

— Você tem de tomar. - diz Charlie fazendo carinho nas costas dela.

Bella sai do colo dele e vai em direção dos remédios.

— Pena que vocês não servem mais. - falou Bella num tom bem baixo que Charlie não ouviu abrindo o frasco com os comprimidos.

Como assim não servem mais? O que está acontecendo com você minha Bella?

— Pegue. - diz Charlie lhe entregando um copo com água.

E Bella toma o remédio.

Porque Deus? Não é certo os filhos irem antes dos pais... – pensou Charlie.

O que Bella tem é tão grave assim que ela corre risco de morte, mas o que será? Porque eu não consigo a ler mente dele direito. Argh! Isso é tão frustrante!

Preciso descobrir o que é. E farei isso na hora que Charlie sair do quarto.

— Agora volte a dormir pai você vai trabalhar amanhã.

Nem mesmo doente ela para de se preocupar com os outros. Bella é tão altruísta.

— Não, eu não vou trabalhar, eu não consigo trabalhar direito com você aqui sozinha, vou tirar as minhas férias acumuladas e ficar com você todos os dias.

Tantos quantos ainda me forem concedidos. - pensou Charlie.

— Não, você gosta do seu trabalho.

— Não, está decidido, vou tirar todas as minhas férias acumuladas.

— Pai- Bella respira fundo- você vai continuar levando a sua vida como sempre gostou de levar.

Charlie começa a abrir a boca para discordar.

— Por favor, eu vou me sentir melhor e eu não quero você preso aqui vinte e quatro horas por dia. Por favor, viva sua vida normalmente é tudo o que lhe peço.

— Ok. - diz Charlie se rendendo ao seu pedido e não querendo discutir com ela.

Bella é praticamente a teimosia em pessoa.

— Obrigada pai agora vá dormir tranquilo, eu já tomei o remédio e vou voltar a dormir logo.

— Certo. - disse Charlie.

Ele não percebeu, mas eu percebi que Bella havia mentindo.

— Mas me prometa mocinha que amanhã manterá o seu celular sempre ao seu lado e me ligue se precisar e entenda todas as minhas chamadas também, por favor.

— Eu prometo pai.

— Boa noite! Minha filha. - diz Charlie dando um beijo na testa dela e saindo do quarto.

Bella se senta encostada na cabeceira da cama e fecha os seus olhos.

Eu entro rapidamente em seu quarto e me sento na cama ao seu lado de frente para ela.

Agora que a observei direito percebo que está  pálida, um pouco mais magra e com olheiras como se não dormisse há dias.

— Bella. - chamei sua atenção já que ela não havia percebido que eu estava ali.

Bella abriu os olhos lentamente e me encarou. Seu rosto estava livre de qualquer expressão. Eu até agora não descobri o que ela tem e nem o que está pensando de mim por estar ali. Raiva no mínimo.

— O que faz aqui?

— Vim te pedir perdão.

— Por não me amar. - soa sarcástica.

Eu já esperava por uma reação desse tipo, mas leve o tempo que levar eu vou te ter de volta Bella.

— Ninguém pede perdão por isso. - continuou Bella.

— Mas eu te amo Bella.

Ela me olhou cética.

— Definitivamente você é bipolar.

Eu teria sorrido disso como da outra vez que me falou isso se a situação agora não fosse tão delicada.

— Me deixe explicar, por favor.

— Não é necessário.

Ela acredita em mim. Pensei feliz.

— Você deixou tudo muito claro da última vez. - disse Bella terminando a frase e acabando com a minha felicidade.

Mas não me deixei abater. Bella irá perceber que falo a verdade custe o tempo que levar, ou quantas vezes eu tenha que repetir isso a ela.

— Bella eu menti para você aquele dia, porque era única forma de você acreditar.

— Você mentiu para eu acreditar. Isso não faz sentido algum.

— Era a única forma de você aceitar a separação. - expliquei melhor.

Bella arfa surpresa. E percebi que agora entendeu o que eu fiz naquele dia.

— Você mentiu, então se me ama por que me deixou? Sabe quando a gente ama alguém a gente quer ficar próximo e não se afastar dela.

Pela sua pergunta percebi que ela não acreditava totalmente que eu a amava, havia certo tom de dúvida em sua voz.

Reprimi um suspiro frustrado.

Paciência Edward, quando você decidiu voltar para ela, sabia que as coisas não seriam fácies, digo a mim mesmo mentalmente.

— Tem razão. Mas o nosso caso não é uma situação comum. Eu te deixei por dois motivo, o primeiro porque eu queria que você tivesse uma vida normal como a de qualquer outro humano, e que comigo ao seu lado não seria possível. Eu queria que você encontrasse alguém, que pudesse seguir adiante com você, quero dizer, que pudesse envelhecer ao seu lado, vocês iriam se formar e depois encontrar um trabalho fixo, vocês poderiam se estabelecer em qualquer lugar desse mundo que desejasse sem a preocupação de ter que se mudar em pouco tempo ou sem restrição por conta do sol, iriam se casar e construir uma família, você teria seus filhos, teria a oportunidade de ver seus netos nascerem e crescerem e se a vida fosse bem generosa quem sabe ver até os seus bisnetos.

Era difícil para mim montar esse cenário que eu tanto desejava a ela sem mim ao seu lado, tendo que imaginar outro homem em meu lugar.

— E o segundo motivo, porém não menos importante da minha partida é que eu não te queria mais vivendo uma vida na qual você estava se arriscando a cada segundo dela.

— Edward...

— Me deixe terminar.

Eu sabia que Bella não achava isso algo grave como eu, como sempre ela ignora o perigo.

— Eu te expus ao meu mundo que é extremamente perigoso para humanos e não pude te proteger dele. Na primeira vez, eu quase a matei na clareira lembra?

Ouvi seu coração acelerar, Bella havia ficado com muito medo de mim naquele dia.

— Mas como fui capaz de me controlar deixei isso passar, a segunda com o James ele era um estranho que cruzou nosso caminho só por isso relevei também era só ter um pouco mais de cuidado e ficar atento aos nômades. Na terceira vez com o Jasper no dia do seu aniversário, não deu mais para relevar, eu estava de repente te defendendo da minha própria família e não pense que culpo Jasper pela minha decisão de te deixar, ele apenas agiu por instinto naquele momento, aquilo é o que verdadeiramente somos, seres sedentos por sangue, por mais que nos esforçamos para não sermos estamos sujeitos a falhar, como se já não bastasse todos os segundos que você arriscava sua vida quando estava ao meu lado. A sua vida é importante de mais, não é algo que dá para relevar como de certa forma eu estava fazendo. Eu queria que você tivesse uma vida feliz e sem estar de cara com o perigo a todo o instante.

— Eu não fiquei feliz com a sua partida, ninguém é feliz longe de quem se ama Edward.

Isso quer dizer que Bella ainda me ama, mas será o suficiente para me perdoar?

— Acredite, sei disso, aprendi da pior forma. Não houve um segundo se quer que eu não sofresse por estar longe de você. É como se tivesse um buraco aqui.- aponto para o meu peito - Então eu me dei conta que eu havia deixado meu coração aqui com você. Meu coração não bate há um século, mas quando estou perto de você me sinto vivo, você dá vida a ele. E quando parti percebi que viver longe de você é impossível. Sei que eu estando aqui agora estou indo contra os motivos que me fizeram partir. Mas levando em conta que eu não vivo mais estando longe de você, eu queria saber se mesmo depois do que eu a fiz, você ainda é capaz de me amar como antes e de me aceitar de volta?

— Eu nunca deixei de te amar Edward e nada do que você faça poderá mudar isso e o que eu mais quero é você de volta na minha vida, mas eu não posso.

— Se você quer. Porque não pode? 

— Por que primeiro eu teria que ter uma vida para te aceitar de volta.

— Como assim? Você está viva Bella.

— E segundo eu não... Aaiiiii.- disse Bella coloca suas mãos em sua cabeça e se deitou na cama enterrado seu rosto no travesseiro.

Seu corpo tremia mais não era de frio e se de dor.

— O que você tem meu amor?- perguntei aflito por vê-la sentindo dor.

Ela mais uma vez não me responde.

— Vou te levar ao médico. - a pego em meus braços.

Ele me daria à resposta. Uma pena que Carlisle não estava aqui, eu teria minha resposta mais rápido ainda.

— Não!

— Porque não? Se você está sentindo dor.

— Eu já fui a um médico ...ou melhor a vários.- disse Bella ofegante por causa da dor que estava sentindo.

— E o que você tem?- perguntei apreensivo.

— Um tumor ...no cérebro.

Paraliso. Eu não esperava por algo tão grave.

— Quando descobriu?

— Poucos dias depois que você ...bom você sabe. –Bella se refere ao dia que a deixei na floresta.

— Eu vou falar com meu pai, ele conhece médicos em todo o mundo ele deve conhecer alguém que possa te ajudar.

— Não tem cura. Eles me deram apenas dois anos de vida, ou melhor, agora tenho apenas no máximo um ano e meio. – diz Bella num tom de voz normal agora, sua dor felizmente havia passado.

Se eu não tivesse ido embora Bella não teria sofrido durante seis meses. Idiota você a fez sofrer mais do que o esperado.

— Eu tenho a cura. - falo determinado.

Era o certo a se fazer agora. E dessa vez eu não estava errado quanto à tomada de uma decisão.

— Tem e qual então? Porque todos os médicos me desenganaram. – Bella me perguntou não acreditando que eu tinha de fato a cura.

— Se ainda for o seu desejo, eu vou te transformar.

Bella me olha surpresa.

— Você nunca quis que eu me transformasse.

— O motivo de eu não querer te transformar não existe mais, você infelizmente não tem mais uma vida inteira pela frente. Mas se não quiser mais se transformar me permita então ficar ao seu lado até o seu último segundo de vida.

Que irei me juntar a você tão rápido eu consiga dar um fim na minha vida, completei essa parte mentalmente.

— Então, eu ficarei ao seu lado, pelo tempo que te resta ou para sempre? – perguntei ansioso por sua reposta.

— Eu er... preciso pensar.

— Leve o tempo que precisar.- soou paciente.

Olhei para a janela com a intenção de ir embora para deixá-la pensar, mas não consegui ir, eu estava preocupado em deixá-la, Charlie havia voltado a dormir e eu também não queria me separar dela.

— Posso ficar aqui? Prometo que não vou te pressionar para me dar logo uma resposta, melhor não vou nem tocar nesse assunto só me deixe ficar aqui, eu não consigo ir. - admiti.

Bella ficou com a expressão pensativa.

— Ok pode ficar. - disse Bella se deitando na cama.

Eu a cobri com o edredom e me sentei na beira da cama.

— Ela sempre esteve aberta.- diz Bella olhando para a janela - Por mais que a minha mente dissesse que você jamais voltaria meu coração não queria acreditar nisso. – diz olhando para mim agora.

— Seu coração estava certo. Eu devia ter escutado o meu. Quando eu lhe dei as costas e saí correndo e a ouvi dizer não vá, ignorei a ordem do meu coração de ficar e resolvi escutar a minha mente. Se tem algo que aprendi com isso tudo é que no amor não se dá para ser racional, a mente não sabe o que é melhor para nós, somente o nosso coração sabe.

Bella apenas assentiu.

— Posso? – quis saber se poderia me deitar com ela como eu fazia antes.

Estava com uma saudade disso.

— À vontade. - Bella fala me dando espaço para me deitar em sua cama.

Me deitei ao seu lado e ela apoiou sua cabeça em meu peito como fazia antes.

A abracei e fiquei fazendo carinho de leve em seus cabelos e cantei sua música de ninar que há exatos seis meses eu não cantava e Bella adormeceu em meus braços.