Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Oiee amores, tudo bom? Mais um capítulo para vocês, boa leitura!
Ah, muito obrigada pelos comentários, amei todos eles!



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-Barreira – Alice anunciou.

         Ergui a cabeça do rosto de Edward, ele me encarava, seus olhos profundos me fazendo perder a noção do tempo. Seth suspirou, diminuindo a velocidade, pegou a carteira e tirou algum dinheiro dela.

         -Vocês voltaram – o soldado corrupto nos cumprimentou com maldade.

         Sem responder, Seth entregou o dinheiro a ele e esperou que ele nos deixasse sair. Mas desta vez o soldado contou o dinheiro lentamente, nota por nota, olhando para nós e sorrindo com escárnio.

         -O dobro ou vocês não passam – sentenciou rindo.

         -O quê? – Seth exclamou irritado.

         -Você está louco, aí tem dinheiro suficiente para passarmos mais duas vezes por essa droga – Alice gritou.

         -Mudança de preço, a vida anda difícil ultimamente – e riu.

         Estremeci, não tínhamos o dinheiro que ele pedia, não tanto, e voltar não era uma boa idéia, assim como chamar atenção. Se voltássemos, Edward morreria, se arrumássemos confusão e os outros soldados se aproximassem, corríamos o risco de ser reconhecidos. Sem opções, eu peguei a bolsa aos meus pés e a abri, tirando uma arma grande e pesada de dentro dela.

         -Bella? – Edward começou espantado.

         -Shh, tenho que tirar a gente daqui.

         Apontei a arma para o soldado e ameacei com frieza:

         -Se quer o dinheiro, pegue, se não quer, caía fora. Nós vamos passar por aqui, querendo você ou não!

         Ele deu alguns passos para trás, o medo o invadindo. Alice virou para mim, olhou o objeto nas minhas mãos e riu com aprovação.

         -Podemos passar? – Alice perguntou rindo descaradamente.

         -Podem – ele grunhiu com ódio recebendo o dinheiro.

         Passamos por ele correndo, uma nuvem de poeira apagando nosso caminho.

         -Você sabe usar isso? – Alice perguntou.

         Eu guardava arma com todo cuidado, tentando tocar o menos possível nela.

         -Não – respondi rindo.

         E eles riram comigo.

         Comparado com nossas longas viagens, chegar ao casarão foi rápido. Seth estacionou o carro na frente e virou a chave, silenciando o ronco do motor.

         -Casa! – Alice exclamou batendo palmas.

         -Seth! – Laura berrou correndo na nossa direção.

         Ele ainda nem tinha saído do carro quando a criança se jogou sobre ele, os braços pequenos tentando envolver toda a sua cintura num abraço apertado.

         -Oi meu amor – ele se abaixou pegando a menina no colo.

         Peter apareceu na porta, os olhos arregalados enquanto nos via sair do carro apertado, todos com as roupas amassadas e grandes olheiras. Mas seu choque foi insuperável quando ele viu Edward cambalear para fora, se apoiando em mim.

         -Por todos os arcanjos, você está vivo! – berrou correndo até nós.

         -Não o abrace – eu mandei vendo a direção de seus braços – Ele precisa de cuidados médicos agora.

         Lágrimas rolaram no rosto do homem, ele me olhou, a gratidão extravasando por seu corpo.

         -Eu disse que traria ele de volta – lembrei a ele – Tem como ajudar a levá-lo lá para baixo?

         Peter riu, bobo, e com cuidado pegou Edward em seus braços.

         -Isso é humilhante – Edward arquejou, exausto e sonolento.

         -Mas é pior do que uma velhinha com artrite – eu brinquei.

         Laura saiu correndo para dentro, anunciando nossa chegada aos berros, eu tomei a frente do grupo, a mochila pesada nas costas, Peter vinha logo atrás e Seth e Alice terminavam o cortejo.

         Na parte debaixo da casa as pessoas nos esperavam, querendo ver por si mesmas se era verdade o que a menina gritava. Todos gritaram o nome do ruivo quando o viram, se aproximando em seguida, mas eu os mandava para trás e caminhava em direção a enfermaria.

         -Ele precisa de cuidados médicos – explicava para os rostos atônitos.

         Carlisle apareceu entre eles, mas ao invés de olhar para Edward, seu olhar recaiu sobre mim, aliviado, um sorriso de satisfação inundando seu rosto enrugado e sombrio.

         -Bella – ele falou correndo até mim.

         -Enfermaria Carlisle – eu orientei enquanto ele me acompanhava – Conseguiu os remédios?

         -Sim, está tudo pronto para recebê-los.

         -Ótimo, Alice, por favor, arrume algum recipiente muito grande, como uma banheira.

         Ela concordou e saiu por um dos lados, Charlote a ajudando a procurar tal recipiente enquanto os outros nos seguiam de perto.

         -Muito bem pessoal, ninguém na enfermaria – Carlisle mandou quando passamos pela porta.

         Eles reclamaram, mas não discutiram, os olhares indo para Seth que logo seria bombardeado com perguntas sobre nosso feito. Peter deitou o corpo de Edward na maca, a expressão preocupada.

         -Ele está leve de mais – percebeu com medo.

         -Edward perdeu muito peso lá dentro – eu expliquei arrumando o corpo dele e tirando o sapato velho e surrado de seus pés.

         Nesse momento Alice entrou com Charlote e mais dois homens altos fortes, carregando uma banheira de tamanho médio.

         -Encha de água – eu pedi indo para o armário de remédio – Tire a camisa e a calça dele Carlisle, vamos dar um banho nele antes de limpar a suas feridas.

         Todos me obedeceram, quando a banheira já estava cheia Alice e os três foram embora, Peter ia segui-los quando eu pedi que ficasse. Seria preciso dois homens para segurar Edward depois que ele entrasse na água. Joguei um pano para Carlisle, me aproximei e joguei o conteúdo de três frascos de remédio na água, tingindo-a de verde claro.

         -Amordace-o e traga-o para cá – eu mandei.

         -Como? – Carlisle e Peter perguntaram juntos.

         -Só faça o que eu mandei. Vocês vão entender depois.

         Incerto, Carlisle o amordaçou com cuidado, tentando não ferir seu rosto desfigurado e inchado e trouxe o corpo frágil para a banheira, eu desviei o rosto. Eles pensaram que por pudor. Eu sabia que era por horror

         -Segurem ele dentro da água – eu mandei, minha voz falhando enquanto ouvia seu corpo afundando.

         No início, nada aconteceu. Mas eu não tinha contado até dez quando ele começou a se debater, urrando de dor, lágrimas rolavam de seus olhos enquanto ele tentava se erguer, lutando com os dois.

         -Bella – Carlisle chamou desesperado.

         -É o único jeito de limpar todo o corpo dele, a infecção é muito séria, se não fizermos isso ele vai morrer.

         Olhei para eles, chorando com angústia. Eu odiava ver Edward sofrendo, lutando para não sentir dor, ainda mais quando eu conhecia a dor que ele estava enfrentando.

         Aprendi aquilo com meu pai, ele disse que era uma técnica que apenas alguns médicos muito experientes aprendiam, era proibido usá-la a não ser em situações extremas, pois a dor que ela conferia ao paciente era cruciante. Mordi meu lábio inferior, as lágrimas jorrando de meus olhos sem para enquanto as minhas lembranças daquela dor me inundavam. Um dia eu também fiquei muito machucada e meu pai teve que fazer isso comigo. Ele me segurou na banheira de casa, lágrimas silenciosas rolando enquanto ele assistia minha dor mortal.

         -Isso não vai parar? – Peter perguntou.

         Edward tinha parado de se debater com minhas palavras, mas seus gritos sufocados ainda vinham com força e seu corpo tremia com violência.

         -Vai diminuir com o tempo. Quando ele estiver limpo, a água ficará preta – respondi maquinalmente, assistindo aquele espetáculo de horrores.

         Demorou três longas horas, nesse tempo todo eu fiquei de pé, os braços cruzados na altura do peito enquanto chorava em silêncio olhando para seu rosto, Peter e Carlisle permaneceram firmes ao seu lado, segurando seu corpo de baixo da água. Até que a coloração preta ganhou a água e a tingiu por completo.

         -Podem tirar – eu pedi aliviada por aquele sofrimento poder terminar.

         Virei enquanto eles tiravam o corpo dele da água. Ouvi o barulho de um pano cobrindo o corpo provavelmente vermelho dele e a respiração mais ofegante quando Peter pegou Edward nos braços, aninhando-o como se aninhasse sua filha.

         -Pode olhar Bella – Carlisle permitiu.

         Me virei e me aproximei deles com cuidado, Carlisle tirou a mordaça, eu arrumei seu corpo e Peter passou a secá-lo com a mesma habilidade que aprendera a secar Esperança. Passei um tubo de gel para cada um deles e pedi que espalhassem o gel pelo corpo ferido enquanto pegava um lençol liso para o cobrir.

         -Ele vai ficar bem? – Peter perguntou olhando diretamente para mim, Carlisle administrava alguns remédios para febre.

         -Sim, o pior já passou – respondi cansada – Agora ele só vai precisar de descanso e comida, os ferimentos vão cicatrizar sozinhos.

         -Não vamos ter que fazer aquilo de novo, vamos? – a voz dele deixava bem claro que ele não ajudaria uma segunda vez.

         -Não, uma vez basta.

         -O que fazemos agora? – Carlisle perguntou.

         -Vocês vão tomar um banho, precisam se limpar do medicamento. Eu fico com ele. E, por favor, livrem o Seth dos outros, o menino precisa tomar um banho e dormir.

         Eles sorriram com meu pedido e saíram, só Carlisle hesitou um pouco.

         -Ele vai ficar bem, pode ir.

         -Mas você vai ficar bem?

         Olhei para Edward, depois sorri e respondi confiante:

         -Ele está aqui, ele vai ficar bem. Agora eu estou bem.

         -Que bom – e saiu.

         A cadeira já estava ali, eu me sentei e olhei para ele. Seus olhos estavam cerrados, lágrimas rolando regularmente.

         -Sinto muito – sussurrei tomando sua mão na minha com delicadeza.

         -Eu teria preferido morrer a passar por isso. Por favor, não faça isso comigo de novo – e ele começou a soluçar.

         -Não posso prometer isso – confessei – Se sua vida estiver em perigo, se eu precisar fazer isso de novo para salvar sua vida, eu não vou hesitar em fazer, não vou te perder Edward, pode me chamar de egoísta, mas eu não vou te perder.

         -Você não corre esse risco Bella, nunca correu, eu sempre estarei com você. Eles podem me prender, me matar, me afastar de você, mas não podem tirar você do meu coração, ou eu do seu. Sempre estaremos juntos garota, para todo sempre.

         Ele sorriu, eu ergui sua mão e a beijei sorrindo para ele de volta.

         -Não vai me tirar daí de dentro? – perguntei tocando o lençol no local abaixo de seu coração com cuidado para não machucá-lo.

         -Nunca – ele jurou.

         -E se um dia você não estiver mais no meu?

         Ele não tirou o sorriso do rosto, a expressão sonolenta guardava um pouco de calma e cansaço.

         -Não acredito que isso vai acontecer, mas, se isso acontecer, nada para mim vai mudar. Você sempre estará no meu coração, isso não depende de você

         -Obrigada.

         -Exatamente pelo quê?

         -Por me dar um lugar para voltar.

         Seu sorriso desapareceu, seus olhos se estreitaram em mim, um conflito borbulhando neles.

         -Sinto muito – ele arquejou, uma careta de dor surgindo quando ele se mexeu.

         -Pelo quê? – indaguei segurando seus ombros na maca.

         Lancei um olhar feio para ele quando ele tentou se livrar das minhas mãos. Ele sorriu, se rendendo com um suspirou e fechando os olhos.

         -Eu sinto muito por sua família, por Embry, por Erick, por Renné, por Charlie. Sinto muito por eles. Acho que ainda não tinha dito isso para você, mas quando eu estava em Concluán eu tive muito tempo para pensar, para rever minha vida, ver o que realmente importa. E Bella, você é o que eu tenho de mais importante no mundo. Eu nunca quis que você sofresse, eu sei o que é perder sua família, o que é num dia ter um pai e uma mãe que beijam sua testa antes de você dormir e no outro ter que escolher algo preto para enterrar seus pais.

         -Não precisa falar disso – eu propus me contraindo com minha própria dor.

         -Por muito tempo eu nunca falei da minha família e acabei esquecendo como é se sentir abandonado. Não soube conversar com você, não soube chorar com você, estava tão afoito tentando te provar a verdade, tentando parecer justo para você que eu esqueci que aquilo realmente não importava. Você não precisava daquilo, você precisava de alguém para te consolar. Mas eu só fui perceber isso em Concluán.

         -Eu estou bem Edward, acho que, de alguma forma, você me ajudou mais do que podia imaginar, nessa casa eu me distrai, aprendi a conviver com a dor, por que todo mundo aqui perdeu alguém e mesmo assim continuou a viver. Você seguiu sua vida, apesar de tudo, e eu posso seguir a minha também.

         -Mesmo assim eu podia ter feito mais, ter te tratado melhor…

         -Shh – eu sussurrei pondo um dedo em seus lábios – Eu estou bem Edward, e não perdi toda minha família, eu ainda tenho você. E isso basta. Agora trate de dormir, você ainda não está curado.

         Ele obedeceu, fechou os olhos e ficou quietinho. Levantei, peguei uma coberta fina e coloquei sobre seu corpo, beijei sua testa e sentei, deitando a cabeça no pequeno espaço vazio da maca. Cansada, fechei os olhos e bocejei, caindo no sono mais leve que tive depois de dias e dias.


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Notas finais do capítulo

E então? O quer acharam? Espero que tenham gostado! Comentem e deixem meu coraçãozinho mais feliz:)