Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Cama dura. Quarto sujo, com um cheiro asfixiante. Barulhos noturno que eu já conhecia, mas que não me deixavam dormir. O suave ronronar de Seth e Alice, seus corpos tremendo enquanto eles balbuciavam seus pesadelos para mim, sem se quer imaginar que eu os ouvia. Mas lá estava, o medo estampado em cada murmuro, palavras como “Concluán”, “loucura”, “morte” e outras do tipo seguidas em procissão. Logo eu os acordaria, combinamos que só pararíamos para dormir por quatro horas, antes de seguir viagem. Assim que chegaram, eles desabaram na única cama do único quarto que conseguimos alugar. Eu sentei na beirada da cama, único lugar livre de seus corpos esparramados, mas fiquei pouco tempo lá. A falta das vozes deles libertaram meus pensamentos mais tenebrosos e deprimentes, eu sentia que ia entrar de novo no espiral que me derrubou e que poderia me destruir com facilidade, por isso eu saí do quarto e fui para o carro. O CD que Seth comprara ainda estava lá, eu o coloquei para tocar, fechei todas as janelas e liguei o som no último. O barulho da música explodiu de uma vez só, me deixando surda.

Demorou, mas finalmente o CD teve o efeito que eu queria, expulsou todo pensamento da minha cabeça e fez com que meu corpo entrasse num estranho estado de topor. Era desagradável, mas eu preferia aquilo do que meus sonhos ou pensamentos. E foi assim que eu passei minhas três horas e meia de sono. Voltei quando o CD foi perdendo seu efeito e quando já estava na hora de acordar meus amigos.

-Alice, Seth – eu chamei assim que o relógio passou pelo último ponteiro marcando quatro horas exatas de sono.

Eles acordaram, lerdos e incompreensíveis. Com esforço eu os coloquei dentro do carro e voltei para a última parte da nossa viagem, deixando que eles despertassem completamente no tempo deles. Demorou mais do que o normal, eu podia jurar que Alice voltou a dormir mesmo depois que entramos no carro, mas finalmente eles despertaram. Tomamos o café da manhã no carro mesmo, acabando com nossa reserva de iogurtes, salgadinhos e pão. Foram mais sete horas dentro do carro, dirigindo no limite máximo que era permitido, às vezes, quando Seth garantia que não havia radar nem um posto policial por perto, ignorando limites e tirando a máxima velocidade do carro. Eu estava orgulhosa do meu brinquedo.

Mas depois de sete horas nós finalmente chegamos na cidade onde a prisão de Concluán estava. Foi terrível!

Se houvessem soldados marchando armados, tanques de guerra e explosões nós ficaríamos mais tranqüilos do que com o que veio ao nosso encontro. A cidade era perfeita! Parecia mais um filme do que a vida real.

-Caramba! Isso é… tranqüilo de mais – Alice soltou.

Parecia uma cidade familiar, mães com carrinhos, homens sorridentes e crianças carregando sorvetes de chocolates andavam de um lado para o outro, completamente seguros e tranqüilos. Eles não tinham medo de Concluán, confiavam cem por cento que era impossível invadi-la ou alguém sair de lá vivo.

De algum modo, eles estavam certos. A história daquela prisão era simples: nunca houvera confusão, nunca houvera uma fuga, nunca houvera uma invasão, nunca houvera nada de ruim, de indesejável acontecendo nela. Uma instituição perfeita!

-Vire a direita, por favor – Seth pediu.

Virei, corremos mais uns cinqüenta metros quando ele pediu para parar na frente de uma imensa catedral gótica.

-O que vai fazer aqui? – Alice perguntou.

-Vou orar. Você fala sobre sorte. Eu acredito em Deus.

Ele saiu do carro e nós o seguimos, um pouco atrás. Seth foi até um banco e se ajoelhou, eu nunca tinha me perguntado sobre a fé dele, sobre qual seria sua religião, ou se ele tinha alguma. Religião não era algo forte para mim, minha mãe às vezes nos levava a igreja, eu acreditava que tinha fé, ou algo parecido com isso, mas era tão frágil, tão superficial que quando minha família morreu, até antes disso, quando Erick foi seqüestrado, minha “fé” foi para o espaço.

No início eu simplesmente não acreditei que Deus existia, por que, se Ele existisse, minha família não teria morrido. Quando eu soube que Edward não era o culpado pela morte deles, então eu voltei a acreditar em Deus. Foi Nele que coloquei toda a culpa da morte dos meus pais.

Mas lá estava Seth, ajoelhado, as mãos juntas enquanto ele orava com fervor e muita fé. Alice sentou no banco, desconfortável, depois bufou e também fechou os olhos, orando do seu jeito. Eu me afastei, indo para perto do altar, a imagem de um Homem crucificado na parede do fundo. Meu coração doeu ainda mais, a angústia me sufocou, eu queria acreditar no Deus de amor que Seth conhecia, ou o Deus que Alice tinha, um Deus que, apesar de suas crendices na sorte, ela ainda recorria.

Eu precisava confiar em alguém, ter alguém para quem recorrer, precisava de Deus, um Deus que me amasse, que me protegesse, me guardasse.

Caí de joelho e baixei a cabeça, chorando pela primeira vez depois que acordara.

-Por favor – eu pedi num sussurro angustiante, orando com mais fé do que fizera em toda minha vida – Se Você existe, se está aí, não me deixe agora, não faça isso comigo de novo. Eu já perdi minha família, não posso perder ele, ele não! Por favor, faça com que ele agüente, com que ele ainda esteja vivo, deixe que eu o tire daquele lugar, por favor. Não me tire isso…

Uma mão tocou meu ombro, eu olhei para cima e Seth estava do meu lado, Alice estava na porta da catedral, olhando para fora. Ele se ajoelhou ao meu lado e sorriu para o Homem crucificado.

-Você está orando para um Deus errado Bella. Deus, o Deus verdadeiro, não tira uma família, não mata quem amamos.

-Então como eu devo orar? – perguntei ainda com lágrimas.

-Pai de amor – ele começou e eu fui repetindo – Obrigado por ter permitido que eu chegasse até aqui, que eu pudesse conhecer pessoas maravilhosas que cuidaram de mim e foram meus amigos. Obrigado por que eu tive uma família cheia de amor, algo que muita gente nunca teve em toda sua vida. Peço que me acompanhe, que me ajude a ajudar meu amigo e que, se for da Tua vontade, eu possa voltar para casa com ele. Muito obrigado por tudo. Amém.

-Amém – eu terminei.

Estranho, me sentia mais leve do que me sentira nos últimos meses. Seth se levantou, estendeu a mão e me ajudou a levantar, me abraçando com carinho.

-Deus não tira o livre-arbítrio dos homens, mas ele cuida dos seus – ele sussurrou.

Concordei e fui com ele para fora. Alice não disse nada, parecia em paz consigo e com seu Deus, Seth parecia confiante e bem mais calmo agora que pedira ajuda a Deus. Eu… Eu continuava com dor, mas agora estava me sentindo mais segura também.

Entramos no carro e rodamos pela cidade, buscando um lugar para ficarmos.

-Lá na frente – apontou Seth – Parece um hotel.

-Temos quanto dinheiro? – perguntei sem realmente estar preocupada.

-O suficiente para passar um mês num hotel mediano – Alice disse recontando nosso dinheiro.

-Eu faço nossa entrada no hotel – me dispus.

-Eu vou descarregar as nossas coisas e vou para o quarto. Preciso de um banho frio antes de começar a mexer no computador – Seth mostrou seus planos para nós.

-Eu vou dar uma andada, arrumar as últimas coisas que faltam – Alice contou cheia de mistério.

-O que nós não temos? – Seth perguntou com incredulidade.

-Não temos o que vamos usar para mudar a cor dos cabelos de Edward – ela enumerou – Não temos uma placa de carro para substituir a placa da Ferrari, não sabemos quem trabalha na prisão e como eles chegam até ali, não sabemos nem se quer o horário que fazem a troca de turnos.

-Vamos dividir – eu sugeri – Você vai atrás da placa – eu estava tentando ignorar como ela conseguiria a placa – E da mudança do cabelo, eu pesquiso sobre a prisão.

Ela concordou e nós estacionamos no lado de fora do hotel. Entramos juntos, para qualquer efeito eu e Alice éramos primas e Seth era o irmão dela, seus traços eram mais parecidos com os dela do que com os meus. E ninguém prestaria atenção em uma família certinha que chegava num hotel, bem diferente de três jovens solteiros e sem parentesco.

Foi tudo muito rápido na parte de registro, Seth pegou as chaves e cuidou do carregamento das malas e mochilas enquanto eu e Alice saíamos para buscar o que faltava. Era a metade do dia dos dois dias e meios que nós tínhamos. Que ele tinha.

-Se cuida – Alice disse sorrindo para mim, tomando um caminho oposto ao meu.

-Você também.

Entrei no carro, já livre das bagagens, e rodei pela cidade, evitando a proximidade com a prisão. Não foi difícil, apesar de ninguém temer, ela não ficava exatamente dentro da cidade, e sim mais afastada.

Parei o carro no grande prédio branco, cheio de vidraças, me sentindo mais calma com a familiaridade do local. Mesmo naquela situação, um hospital me lembrava o lugar mais perto de um lar. Um refúgio.

Olhei meu rosto no espelho, ele não parecia tão feio quando estava com as gases, mas eu sabia o que estava atrás daqueles panos. Com cuidado, eu retirei o curativo e joguei ele no lixo do carro.

Caminhei para o hospital, entrei e fui até a atendente.

-Com licença – eu pedi graciosamente. Como uma verdadeira dama.

-Pois não queri… Céus, seu rosto querida! – ela falou tapando a boca, horrorizada.

-Eu tive um pequeno acidente, há algum médico disponível no momento?

-O doutor Beigh está terminando de atender um paciente. Ele poderá te atender daqui a pouco. Por favor, ponha isso no seu rosto – e me estendeu um lenço perfumado – E espere naquela cadeira, te atenderemos logo.

-Muito obrigada – agradeci sentando na cadeira como um cordeirinho obediente.

Não demorou, só foi preciso mais dez minutos de espera até que ela me mandou seguir uma das enfermeiras. Entramos na parte real do hospital, caminhando através de um largo corredor ladeado de portas brancas e grandes. Paramos numa porta aberta, um senhor já de idade, vestido de branco, me esperava com um sorriso amigável.

-Olá querida, entre, por favor.

-Obrigada.

Sentei na maca, a enfermeira pegou vários tubinhos de remédios e colocou ao alcance do médico, enquanto ele analisava meu rosto, os dedos tocando com tamanha delicadeza o machucado que eu mal senti quando seus dedos abandonaram minha face.

-Obrigado Luana – ele agradeceu quando a enfermeira saiu silenciosamente – Um belo estrago nesse rosto, hein? O que aconteceu?

-Acreditaria se eu dissesse que você não acreditaria se eu te contasse a verdade? – a melhor forma de escapar de uma pergunta era dar uma resposta confusa e vaga.

Ele riu, percebendo meu intuito, mas deixou essa passar.

-Vou ter que raspar o machucado antes de limpá-lo, isso vai doer um pouco – ele avisou pegando o instrumento correto.

-Está infeccionado de mais?

-Não, na verdade está bem limpo. Foi a algum médico antes de vir para cá?

-Não – respondi com orgulho de mim mesma.

Ele começou a raspar, eu me encolhi, com dor, e iniciei minha conversa.

-Muita gente se machuca aqui?

-Não, na verdade casos como o seu são raros, normalmente as pessoas não vêm tão machucadas. Você não é daqui?

-Não, estou com meus primos. Vim mais para conhecer a famosa cidade que guarda os maiores bandidos da história.

Ele riu, se divertindo com minhas palavras.

-Claro, Concluán, muita gente vem até aqui para conhecer o lugar.

-Tem excursões para lá? – perguntei com inocência, já sabia a resposta.

-Claro que não! Ninguém em sã consciência entraria em Concluán por vontade própria.

-Os soldados entram – eu joguei com cuidado.

-Sim, mas é o emprego deles, eles ganham por isso, são treinados para ficar ali, fora eles, ninguém realmente pensa em entrar lá. Não há curiosidade que seja suficiente para isso.

-E as pessoas que trabalham lá? Fora os soldados – e torci para dar certo.

-São gente daqui, trabalham em turnos em Concluán, limpando, lavando, cozinhando. Gente decente que tem lá seu sustento.

-Eles entram como lá? – perguntei tentando fingir menos interesse do que aquele que fervia dentro de mim.

-Todos se encontram na frente de Concluán, esperam dar o horário e entram.

-Hum. O senhor conhece alguém que trabalha lá?

-Não, os funcionários de Concluán utilizam o sistema médico de lá, é mais fácil do que o nosso. Mas eles se encontram na lanchonete da Léia sempre que chegam, é o único lugar que ainda está aberto quando eles trocam o turno da noite. Pronto, acabei.

Ele realmente tinha acabado, meu rosto estava limpo e vermelho. O último remédio que ele passou pinicava minha pele, mas seu efeito diminuía a dor, deixando meu rosto meio dormente.

-Muito obrigada, o senhor foi realmente gentil – agradeci apertando sua mão.

-Só fiz meu trabalho, tome mais cuidado com esse seu rostinho, hein.

-Pode deixar.

E saí. Entrei no carro e fui para o hotel.

Alice já tinha chegado, estava saindo do banho quando eu entrei, o corpo pingando água enquanto o vapor inundava o quarto. Seth estava sentando na mesa, concentrado.

-Voltei – disse trancando a porta.

-Que bom – Alice respondeu aliviada – Como foi o passeio?

-Interessante. Consegui que um médico de verdade desse uma olhada no meu rosto e o limpasse. Sei onde as turmas de trabalho se encontram e como chegam em Concluán. O que você conseguiu?

-Uma placa e papel crepom na cor vinho.

-Papel crepom? – perguntei surpresa.

-Ele não é identificado no detector de metais ou qualquer coisa pela qual você vai ter que passar. Eu imaginei que o vinho, misturado com a cor dos cabelos dele, daria um ar mais natural…

-Vai ficar castanho? – interrompi.

-Vai, pode ficar tranqüila.

-E Seth, teve algum progresso? – perguntei baixinho, não querendo tirar sua concentração.

-Sei lá, não quis interromper, ele não disse nada desde que eu cheguei.

-Vou tomar um banho, nós podemos ir a lanchonete onde eles se encontram depois.

-Tudo bem.

Fui para o banheiro, no caminho espiei o computador dele, na tela havia uma gama de números e símbolos diversos, todos embaralhados. Seth estava parado, o queixo apoiado nas mãos enquanto o suor escorria do seu rosto. Nunca entenderia aquilo.

Tomei um banho rápido só para tirar a sujeira da viagem, estava alerta de mais, preocupada de mais para procurar relaxar com a água quente.

Me troquei e saí com Alice. Pedindo informações conseguimos chegar até a lanchonete da Léia, um lugar pequeno, mas com uma característica aconchegante, quente. Garçonetes andavam de um lado para o outro, servindo os clientes, nós pegamos uma mesa nos fundos e observamos as pessoas, nosso pedido (duas águas) chegando logo depois.

-Tem um padrão nas roupas – Alice notou.

-Tem?

-Sim, como se fosse uma hierarquia. Roupas com detalhes em branco estão no topo. Veja aquela moça loira sentada perto do balcão.

Eu olhei, a garota estava muito bem acomodada, servida de diversos pratos, uma barreira invisível separando ela dos outros.

-Depois vêm os detalhes em amarelo e vermelho, eles são divididos em grupos.

-Diferença de função – eu deduzi.

-É provável, e, por fim, detalhes em cinza, os trabalhadores mais simples.

Os detalhes eram coisas simples, difíceis de perceber a menos que você estivesse procurando com desespero, como nós estávamos.

-Então minha roupa deverá ter que detalhe?

-Branco daria direito a andar por toda a prisão, eu suponho, mas em compensação chama muito a atenção e tem poucos vestidos assim, o que dificulta você se misturar. Amarelo e vermelho são grupos separados, gente que deve trabalhar num único ambiente, provavelmente cozinha e lavanderia.

-Sem mobilidade espacial e um bom conhecimento mútuo – apontei o lado ruim.

-Sobra então a turma de cinza, talvez seja a turma da faxina. E tem muitos deles aqui.

-Mobilidade e mistura consideráveis – concluí.

-Sim, eles parecem descansados, então estão indo trabalhar. Vamos dar mais meia hora até isso daqui encher e eles saírem para o trabalho, temos mais doze horas e meia para preparar tudo.

-Isso limita nosso tempo para um dia e meio – eu lembrei preocupada.

-Sim, mas você precisa dormir, se preparar. E se Seth não conseguir entrar no sistema, nós temos que fazer o plano C, então é melhor esperar do que agir com pressa e estragar tudo.

Concordei, nós pagamos as águas e voltamos para o hotel.

Tínhamos ao todo quatro planos: A, que seria tirar Edward de lá, com ele disfarçado de trabalhador; B, que envolvia uma ação rápida de invasão a Concluán caso ele estivesse inconsciente; C, que era uma verdadeira loucura e que não funcionaria, criado apenas para termos uma alternativa caso Seth não conseguisse entrar no sistema; e D que era voltar para casa e mandar uma carta pedindo o corpo para ser enterrado.

-Tome isso – Alice me passou dois comprimidos laranjas quando nós entramos no quarto, Seth ainda na mesa.

-Para que serve?

-É um calmante, vai fazer você dormir como uma pedra por dez hora seguidas, sem sonhos nem pesadelos.

Eu engoli os comprimidos deitei na cama e fechei os olhos. Ouvi Alice sentar perto de Seth e ficar quieta ao seu lado, o barulho das teclas sendo digitadas, senti um leve topor nos extremos do meu corpo, uma escuridão densa, vi um rosto surgir, meio desfocado, um sorriso cândido se transformando em cabelos de fogo...

-Edward – meus lábios suspiraram e eu dormi.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo,a tão esperada invasão a Concluán. Aguardem :)
E comentem!!!



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