Capitol Hunger Games escrita por Azula, AnaCarol


Capítulo 12
Hasse's POV


Notas iniciais do capítulo

Narração por Hasse.



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Há dois dias sem uma noite de sono completa. Agora estou vendo seu rosto se contorcendo enquanto grita meu nome e coloca a mão nos ouvidos. Seu cabelo loiro está emaranhado e ela possui olheiras profundas. Finalmente Silena e Dan conseguem acalmá-la e ela vai dormir. Seu rosto, antes angelical, agora está franzido em preocupação. Penso que ela vai se acalmar durante o sono, mas começa a gritar meu nome novamente.   

Tenho vontade de quebrar a televisão e matar todos que estão fazendo isso com a minha Lynn. Lembro-me de como eu odiava a Capital e desejava isso para as crianças que nos assistiam enquanto lutávamos até a morte, mas fazer o mesmo com elas não nos faz melhor, pelo contrário.  

Não suporto mais vê-la sofrer enquanto enlouquece, mas não posso fazer nada para tirá-la da arena. A morte de Kyra deve ter destrancado tudo que ela guardava em seu coração, seu arrependimento por não ter feito nada enquanto seu avô manipulava tudo. Entendo sua dor e sei que vai piorar quando ela ganhar, depois de perceber que todos os seus novos amigos, os únicos que lhe traziam esperança, estão mortos. Sei bem como é isso. Quero reconfortá-la e fazer alguma piada sobre como ela come, a quero de volta, quero ela zombando da minha bermuda de ursinhos. Eu não só quero como preciso.

Forço-me a ficar sentado e a não fugir dessa realidade, apesar de minha vontade ser ajudá-la e não só ficar parado assistindo seu sofrimento.

Gritos.

Não consigo mais aguentar, me levanto do sofá e vou beber um copo de água. Olho de relance para a televisão, Silena está segurando sua mão e murmurando algumas palavras inaudíveis enquanto Dan anda de um lado para outro. Eu queria estar lá. Eu queria defendê-la.

Bebo água e jogo um pouco no meu rosto para me manter acordado. Não consigo, meus olhos estão quase fechando, volto para a sala e adormeço por mais ou menos três horas.

Quando acordo e olho para a TV a situação ainda é a mesma, mas agora Lynn está suando frio e não está gritando.

Posso ter convivido poucos dias com ela, posso ter tentado matá-la, mas de alguma forma eu a... Amo e a quero viva.

Esse pensamento me lembrou seu rosto assustado, porém firme, quando eu lutava com ela, de seu cabelo contra o vento e o jeito como ela jogou o tridente, em vão, na minha direção. Sinto vontade de rir, mas rir não é a mesma coisa sem que ela esteja comigo. Levanto-me e vou para o seu quarto, a porta está fechada desde que ela entrou na arena, e sinto como se o ar que estava preso lá dentro estivesse aliviado de sair. Sento em sua cama e pego uma fotografia. Lynn, seus pais e seu irmão estavam sorrindo, mas seu avô possuía um rosto sério. Ela estava ao seu lado, e em seu ombro pousava a mão magra do velho Snow. Seus olhos de cobra pareciam muito com os de Lynn, apesar de que os dela possuíam um ar mais gentil. Fisicamente, eles tinham algumas semelhanças, mas só isso. Não se pareciam em nada. Lynn não merecia ser julgada, ainda sinto-me culpado por julgá-la. Ela é apenas uma garota de 14 anos comum, ela sofre e ama, coisas que seu avô não sabia fazer. Coloco a foto em seu lugar e pego um brinquedinho, um chaveiro, a figura era de uma cobra verde e atrás seu nome estava estampado.

Ver todas as suas coisas perfeitamente arrumadas me da uma dor forte no coração. Saio do seu quarto e volto para o sofá da sala. Ainda deitada e murmurando delírios, desta vez é Dan que está ao seu lado.

Canhão.

Dan se levanta rapidamente.

Lynn não move um músculo.

Silena não está lá.

- Silena? – Dan pergunta não muito alto.

Ouço o som de folhas se quebrando, e por sorte é Silena.

- Quem será que morreu? – Ela pergunta com as mãos cheias de frutas. – Trouxe algumas, elas parecem suculentas.

- Eu não sei, mas é melhor termos cuidado. Não vamos mais sair sozinhos.

- Os gritos da Lynn devem estar atraindo todos os tributos. – Silena fala enquanto come um morango.

- Talvez não, creio que estamos muito afastados, e agora ela está bem quieta. Mas antes... – Dan diz e a conversa morre.

Meus olhos estão coçando e ardendo, estou morrendo de sono, mas quero ver se Lynn está bem.

Bem eu sei que ela não está, quero dizer viva.

Viva... Essa palavra ecoa na minha mente, é como uma maldição. Saio dos Jogos e penso que finalmente vou ter uma vida normal, vejo dois tributos do meu distrito morrer e começo a treinar uma garota que eu amo, para vê-la enlouquecer lentamente. Viver não é a solução, nem morrer. No momento, para ela, viver é uma ordem, uma obrigação.

Os momentos engraçados que tivemos voltam na minha cabeça, limito-me a sorrir, mas logo me repreendo. Vê-la sozinha e sofrendo está me matando, mas lembrar de como ela ria e se divertia também me mata, porém aos poucos.

Eu preciso salvá-la, mas não sei como. 


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Notas finais do capítulo

Hasse tão profundo ):



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