Younger Souls escrita por CaahOShea, Bellah102


Capítulo 10
Capítulo 9 - Aproximação


Notas iniciais do capítulo

Ooi meus amores, tudo bem? * se esconde das pedras kkk* Espero que sim!
Feliz 2013 um pouco atrasado! rsrs
Como passaram a virada de ano?
Meninas, eu sei, foram longos meses sem postar aqui em YS, e eu seria que isso não é nada legal e sim uma grande mancada. Sim, eu sei, eu também sou leitora e sei como é chato ficar esperando um novo post. Mas, não é por minha vontade, e nem pela da Bella. Se pudessemos nós com certeza postariamos um capítulo novo todos os dias. Mas as coisas nem sempre são tão fáceis assim. =/
Bem, vocês merecem uma explicação e vamos a elas, não é? Seguinte, eu finalizei na faculdade meu primeiro semestre gente, e não é moleza. E a Bella também entrou na temporada de provas no fina do ano, e se ausentou por um mês para poder se dedicar ao novo projeto novo chamando Lendas * que por sinal tá incrivel* o que ocasionou a essas duas lindas autoras uma belissima falta de tempo.
Segundo e talvez mais importante foi falta de inspiração. Sim, estávamos de férias, e sim, nós descasamos de provas e tudo mais, porém, nós duas tivemos um período longuinho de falta de inspiração para finalizar o capítulo. E como queremos fazer o nosso melhor para postarmos para as leitoras mais fofas do Nyah, tudo isso resultou na demora para postar.
Bem, é isso flores do nosso jardim. Pedimos imensamente perdão pela nossa demora, e esperamos que compreendam que é complicado meus anjos, mas assim, jamais vamos nos arrepender de escrever com todo carinho pra vcs ^
Bem, agora com explicações dadas, vamos a boa noticia, finalmente o capítulo saiu, eeee! E queríamos agradecer de coração a todas nossas leitoras que comentam, favoritam e recomendam a fic, como a Ane Marie, que remendou no último capítulo, obrigada lindas, vocês são nossa inspiração!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/210100/chapter/10

POV Sally:

Senti minha mente recuperar a lucidez aos pouquinhos. Minha cabeça latejava, doendo fortemente. Onde eu estava? A última coisa que me lembrava... Era de entrar naquele guarda roupa pra fugir daqueles dois Buscadores que me viram pegando um pacote de salgadinho num mercadinho ali perto... E depois... Aqueles olhos... Aqueles olhos castanhos esverdeados que me fitavam. Depois disso, não me lembrava de mais nada.

–Então, como ela está? - Ouvi uma voz feminina perguntar, preocupada.

–A febre cedeu um pouco. Acho que ela vai se recuperar logo. – Ouvi uma jovem voz masculina dizer.

– Mas o que vamos fazer com ela mãe? Não podemos deixá-la aqui.

–Eu não sei Benji. Sinceramente não sei. Mas acho que primeiro teremos que esperar que ela acorde.

Eu estava muito confusa e meus olhos ardiam teimando em ficar fechados. Senti meu estômago se revirar, fazendo barulho. Fazia tantos dias que eu não comia... Mas isso não era importante no momento. Quem eram aquelas pessoas? O que elas queriam de mim? Queriam me transformar em alma também? Porque eu não ia deixar!

Bem, acho que eu vou para o quarto tomar um banho. Está com fome?

Se houve resposta, eu não escutei. Uma porta foi aberta e fechada, simultaneamente. Eu estava sozinha? Abri os olhos com dificuldade, muito devagar, até eles se acostumarem com a fraca claridade do quarto. Então me deparei com aquele par de olhos castanhos esverdeados me fitando espantados. Não havia resquício de alma neles. Tentei me levantar, sobressaltada, mas senti uma dor aguda na cabeça.

– Aiii!

– É melhor você ficar deitada, ainda está muito debilitada. – Ele disse com sua voz calma, tocando com carinho meu ombro. Encolhi-me na cama, assustada. Minha respiração começou a acelerar quando ele se aproximou, ficando mais perto de mim. Eu estava com medo. Medo que ele me tocasse... Como Mark tinha feito. - Hey, calma. Eu não vou te machucar. – Ele disse, sorrindo.

Pulei da cama num salto, ficando de pé na cama. Meu mundo girou, mas mesmo assim, fiz o que pude para correr até o canto do quarto. Eu estava fraca e senti minhas pernas bambearem, tive que me segurar na parede para não cair.

– Você não está bem. Deixe-me te ajudar.

Disse o garoto, me seguindo. Ele tinha cabelos escuros e os olhos castanho-esverdeados pertenciam a ele. Algo dentro de mim, uma vozinha da minha consciência talvez, me dizia que eu não deveria confiar nele. Eu tinha prometido a mim mesmo que jamais confiaria novamente em nenhum desconhecido. Mas, estranhamente, outra parte dizia que eu deveria aceitar a ajuda dele, que ele me protegeria, me manteria a salvo, como há muito tempo ninguém fazia.

– QUEM. É. VOCÊ? - Perguntei receosa, escondendo meu rosto na parede.

– Eu me chamo Benjamim, mas, pode de chamar de Benji. – Ele disse sorrindo – Foi eu que... Encontrei você ontem naquele guarda roupa.

– Eu me lembro... Quer dizerrr... De algumas coisas. Chamo-me Sally.

Falei dando um sorriso fraco, ainda tonta e desconfiada. Benji me guiou de volta para a cama. Eu estava muito fraca e todo meu corpo estava dolorido. Correr daqueles Buscadores havia me rendido uma bruta dor muscular. Meu estômago voltou a se contorcer, roncando em alto e bom som. Eu estava com tanta fome... Levei as mãos ao estômago, tentando fazê-lo se calar. Benji olhou pra mim, arqueando as sobrancelhas e dando um sorriso cumplice.

– Eu já volto. Vou buscar alguma coisa pra você comer. – Ele disse saindo pela porta a passos largos. Deitei-me embaixo da fina coberta do hotel e encolhi-me na cama novamente, envolvendo com os braços meus joelhos. Fechei os olhos, desejando que Benjamim voltasse logo. Então, eu acabei adormecendo rapidamente.

‘’ Eu estava numa campina, o sol brilhava incessantemente no belo tapete de lírios brancos. Senti a necessidade de tocá-los, e assim o fiz. Eram macios, perfumados como os que minha mãe costumava me presentear quando criança. Imediatamente senti aquela quase esquecida sensação de paz. Foi ai que eu a vi.

– Sally? - De repente ouvi ela me chamar. Era mesmo a minha mãe.

Corri mais rápido ao seu encontro.

Choquei-me em seus braços abertos como fazia antigamente. Sempre a recebia assim, abraçando-a com todas as minhas forças, como se nada no mundo fosse capaz de quebrar esse contato. Nos seus braços me senti segura novamente, como aquela garotinha de seis anos que esperava ansiosa por receber esse carinho todo final de tarde. Ela transbordava amor e era exatamente disso que eu precisava.

Não consegui segurar as lágrimas e chorei.

Caí aos prantos abraçada a ela, mas não eram lágrimas de tristeza e sim de felicidade por tê-lo novamente comigo. A tanto tempo eu não a via... Sentia tanta falta dela...

– Não chore filha, não chore. – Ela disse acariciando meus cabelos acobreados.

– Sinto tanto a sua falta. – Falei em meios aos soluços. – Eu te amo.

– Eu sei meu amor, eu também te amo muito minha filha. Mas agora você tem que ser forte. - Eu não consigo mamãe. Eu não tenho mais forças. Eu estou tão cansada... De ter que fugir. De ficar sozinha. Estou tão perdida mãe.

– Sei que está sofrendo muito, princesa. Mas tem que ser forte. Por você. Por nós. Eu sei que você consegue, você é a garota mais forte e corajosa que eu já conheci meu amor. Sei que vai conseguir. E lembre-se... Eu sempre vou estar ao seu lado.

– Eu sei. E eu nunca vou esquecer você mamãe. Eu vou encontrar você e a Anne, eu prometo.

– Filha... Promete-me uma coisa... - Ele pediu afagando os meus cabelos num gesto de carinho antigo.

– Claro mãe.

– Promete que... Vai ser feliz. Promete que vai manter a cabeça erguida. Que vai lutar.

Agarrei-me mais a ela. Eu não queria ir embora. Queria ficar com minha mãe em qualquer lugar que fosse, o importante era a felicidade que sentia por tê-la de volta cuidando de mim, como antes.

– Eu prometo. Prometo mamãe. – Falei abraçando-a para que ela permanecesse comigo. Eu queria que ela nunca mais fosse embora.

– Eu confio em você Sally. Sei que vai conseguir. E lembre-se, jamais se esqueça de quem você é. - Ela desvencilhou-se do meu abraço, beijou a minha testa e saiu caminhando...

E então acordei assustada.

Assim que abri os olhos dei de cara com Benji. Ele segurava uma bandeja com pãezinhos recheados, frutas, suco e um pedaço de bolo. Era um verdadeiro banquete. Ele me fitava com seus grandes olhos castanhos esverdeados, uma expressão tranquilizadora e imediatamente senti-me em paz.

– Você está bem? – Ele perguntou sentado do meu lado na cama e deixando a bandeja no criado-mudo. – Estava chorando enquanto dormia. - Não foi nada... Só um... Sonho.

Respondi encarando o chão. Mas eu não podia negar a enorme dor no meu peito. Depois daquele sonho, eu sentia como se tivesse perdido minha mãe novamente.

–Foi um sonho ruim?

Ele perguntou. Fiz que não.

–Eu não sei. E foi naquele momento que nossos olhares se cruzaram de um jeito estranho e permanecemos ali nos encarando num silencio constrangedor.

– Eu... Trouxe comida pra você...

Ele disse pigarreando, desconfortável, quebrando o silencio e apontando para a bela bandeja.

– Nossa isso é... Um verdadeirrrro banquete! – Falei sorrindo enquanto bebericava uma pouco do suco – Acho que é pra dois.

Benji apenas me observava sorrindo enquanto eu praticamente devorava o bolo, as frutas... Eu ofereci um pouco a ele e ele me disse que já tinha tomado café. Mesmo sabendo que ele estava mentindo, voltei a minha atenção pra a comida. Não era todo dia que se podia comer assim.

POV. Benji:

Permaneci calado fitando o nada enquanto o nada enquanto Sally se alimentava. Há quanto tempo ela não devia ter uma refeição decente? As palavras dela no Diário não saiam da minha cabeça.

–Obrrrrigada – Ela murmurou baixinho, com seu sotaque do Norte. – Obrrrrigada... Por ter me salvado dos Buscadores ontem e... Por estar me ajudando.

– Não foi nada. – Falei sorrindo – Afinal, estamos do mesmo lado nessa guerra, não é? No mesmo barco.

– Me desculpe porrrr ter me fugido de você... É que eu estava assustada. Não tenho contado com humanos há algum tempo... – Ela disse mordendo o lábio como se quisesse fugir de alguma lembrança atormentadora. – Mas não tempo o bastante, eu dirrria.

– Tudo bem. Não precisa mais ter medo agora. Você está segura. – Falei pensando nas Cavernas. O lugar onde todos nós nos sentíamos seguros. Nosso porto seguro. Então, contei pra ela sobre as Cavernas, sobre a nossa resistência. Seus olhos brilhavam de esperança, como se tivesse achado realmente algo com que se apegar. Uma nova perspectiva. – Sally, posso te fazer um convite?

– Convite? – Ela disse curiosa com seu belo sotaque do Norte.

– Vem comigo? Pra minha casa, nas Cavernas? – Perguntei ansioso estendendo a mão para ela. Ela permaneceu calada, pensativa por alguns segundos. Parecia ter congelado no lugar. Ou quer sabe estava só absorvendo a nova perspectiva a sua volta.

– Sim, eu... Eu vou. – Ela disse sorrindo, pegando minha mão. E naquele exato momento eu soube, aquele seria o começo de algo novo. Quem sabe algo bom...

Serei seu sonho, serei seu desejo,

Serei sua fantasia

Serei sua esperança, o seu amor,

serei tudo o que você precisa

Te amarei com toda a força do meu ser

Verdadeiramente, loucamente e intensamente;

Serei forte, serei fiel.

Truly, Madly, Deeply– Savage Garden

POV. Jullie

– Então você e Chase estão mesmo namorando? – Perguntei depois de Joy me contar sobre a reconciliação deles. Joy assentiu timidamente com um sorriso de orelha a orelha, com os olhos brilhando de felicidade.

– Você... Pode guardar segredo? – Ela perguntou hesitante, mordendo os lábios.

– Joy, eu não acho certo esconder isso dos nossos pais. Você sabe que eles sempre disseram que poderíamos sempre contar com eles... – Falei, sincera. – Lembra-se do circulo de confiança?

Perguntei, gesticulando com as mãos no formato de um círculo.

Ela suspirou.

– Eu sei, mas... É só por um tempo, sabe? Até Chase conversar com o papai.

– Ele vai conversar com o papai? Uau! Desejo a ele boa sorte!

Falei brincalhona e Joy faz uma careta, mostrando a língua.

– Vai sim, ele disse que quer fazer tudo direito. – Ela disse, assentindo e suspirou, olhando para as mãos pousadas sobre os joelhos – Mas eu sei que não vai ser nada fácil...

– Você gosta mesmo dele não é?

Perguntei, deixando a cabeça tombar para o lado. Dava para ver nos olhos dela quando ela sorriu e assentiu.

– Muito. - E o Matt? - Matt? O que tem ele?

Ela perguntou, unindo as sobrancelhas.

Não pude evitar de sentir uma pontada de dor. Era como se ela tivesse esquecido tudo o que fizera ele passar. Bem, eu não esquecera. Eu e Joy estávamos bem novamente, mas isso não tornava o que ela tinha feito em certo.

–Ele ainda parece gostar muito de você.

Confessei baixinho. Isso também doía um pouco.

– Matt é legal. Eu só não quero nada com ele. – Ela soltou o ar, como se estivesse irritada – Eu queria que ele entendesse isso.

Disse, dando de ombros.

POV. Matt

Por que eu me sentia daquele jeito? Joy sempre deixou bem claro que nunca quisera nada além de amizade comigo e fez tudo aquilo pra provocar Chase. Mas admitia que desde que vi os dois se beijando na Sala de Jogos, há uma semana, eu me senti confuso, não conseguia organizar meus pensamentos e nem mesmo conseguia saber o que estava sentindo. Isso só piorou depois que Joy torceu meu pulso quando tentei beijá-la.

Não senti nada”.

Essa frase me assombrava.

E agora, ali estava eu, sentado no colchão sem conseguir dormir e o vento frio que soprava durante a noite nas Cavernas também não me ajudava muito... Pode soar clichê, mas eu senti falta do meu pai naquele momento. Era sempre com ele que eu conversava quando eu me sentia confuso ou triste. Ele sempre fora meu melhor amigo. Sempre me animava. Colocava-me pra cima. Às vezes uma piada dele era mais estimulante do que uma chícara de café.

– Matt? – A voz de Jullie chamou.

Fui até a porta e me deparei com ela encostada na parede, encarando-me com seus olhos Neve, Safira, Meia Noite, idênticos aos de Joy.

– Oi! – Ela disse sorrindo ruborizada. - Oi. – Disse surpreso, afinal, todos já estavam dormindo à uma hora dessas. O que ela estaria fazendo aqui? – Você não deveria... Estar dormindo, ou sei lá? - Estava sem sono. – Ela disse, dando de ombros - Desculpa te incomodar é que eu... - Não, tudo bem. – Apressei-me em lhe garantir. - Eu também não estava conseguindo dormir.

Falei passando as mãos pelos cabelos. Só então notei que ela carregava duas xícaras de alças fumegando de tão quentes. Pelo cheiro, era chocolate quente.

– Você não apareceu no jantar... Imaginei que estivesse com fome.

Ela se explicou quando viu que meus olhos estavam pousados nas xícaras e me estendeu uma delas.

– Obrigado. – Falei bebericando um pouco do chocolate e sinalizando para que ela entrasse.

Ficamos horas ali, sentados no colchão conversando sobre assuntos triviais. Como qual era a cor preferida, comida, os gostos e, é claro, todas as nossas trapalhadas já que, pelo visto, ambos éramos atrapalhados por natureza. Ri quando Jullie me contou que um dia, quando ela fora ajudar na plantação, ela caíra com um balde d’agua e molhara o pai por completo.

– Você prometeu que não ia rir!

Ela disse fingindo-se de brava, socando-me de brincadeira. Respirei fundo para acalmar o riso.

– Ok, ok. Desculpe, foi mais forte do que eu. - Sei... Bom, não posso negar, sou uma completa descoordenada.

Ela disse sorrindo. Ficamos um silencio por alguns segundos. - Er... Eu fiquei sabendo que Chase e Joy estão namorando... De novo.

Falei tentando soar o mais natural possível. Ainda não tinha certeza de como me sentia quanto à isso. Não sabia se estava feliz por Joy, ciumento, ou ainda indiferente. Jullie não fez nenhuma tentativa de negar. Só assentiu com a cabeça, o humor de sua trapalhada desaparecido de repente.

– Sim, eles se gostam muito. Fico feliz por eles. Mas como você...?

– Eu vi os dois se beijando na Sala de Jogos... -Hum... – Ela suspirou pensativa – Você ainda gosta dela não é? - Sim, nos tornamos bons amigos. Por que a pergunta? - Bom, você ainda parece gostar muito dela... - Ok, eu admito. – Disse suspirando – Eu gostaria que fôssemos mais que amigos, mas pelo visto você não parece muito surpresa com isso não é?

Perguntei, levantando uma das sobrancelhas.

–Na verdade, não. Eu já desconfiava. - E você? - Eu?!

– Já se apaixonou por alguém? - Não... - Ela disse corando, olhando para o chão. Então, nossos olhares se encontraram. Seus olhos Neve, Safira, Meia Noite...

– Eu... Tenho que ir... Está ficando tarde, vão notar minha falta.

Ela disse, desviando o olhar para o chão, nervosa. - Claro, me desculpa eu não queria te meter em encrencas. Disse, estendendo a caneca vazia que ela me trouxera.

– Não, tudo bem. Com tanto que eu chegue ao quarto antes que Joy acorde. – Ela disse brincalhona, aceitando a caneca verde e se levantando. Ela estendeu a mão livre. – Foi... Muito bom conversar com você.

– Também gostei. – A acompanhei até a porta, o que poderia ter sido cavalheiresco, se a porta não ficasse à dois passos do colchão onde estivéramos conversando

– Até mais Jullie!

– Até. – Ela disse sorrindo indo em direção ao seu quarto através do corredor.

– Jullie?

Chamei-a de volta. Ela se virou de pronto.

– Sim?

Perguntou, piscando duas vezes.

– Obrigado pelo chocolate.

Agradeci, abaixando a cabeça de leve. - Não foi nada. – Ela disse, sorrindo. - Boa Noite, Matt.

– Boa Noite.

Pov. Benji

Voltar para casa depois da minha primeira incursão era uma sensação interessante. Agridoce. Eu estava feliz, e ao mesmo tempo, triste de deixar a cidade. Eu queria conhecer aquele lugar diferente melhor. Saber como funcionava. Olhar pela janela já era um começo.

Olhei para o outro lado do banco, onde Sally se acotovelava com algumas sacolas pardas de macarrão instantâneo, olhando pela janela, sem conseguir esconder o espanto ao ver as paisagens arenosas do nosso lar.

Imaginei que aquilo seria estranho para ela. Segundo seu diário – E seu sotaque fortíssimo – Ela era do Norte do país e nunca tinha visto nada parecido.

–Bem impressionante, hum?

Perguntei, tentando quebrar o gelo. Apesar de a termos salvo, Sally ainda não confiava totalmente em nós, nem mesmo em mim, e isso criava um pesado clima de tensão sobre o carro, que eu não conseguia quebrar. Ela assentiu, olhando para mim por um instante e então desviando o olhar, como se não quisesse que eu visse seus olhos livres do prateado. Imaginei que aquilo fosse um hábito muito antigo para se largar.

–É. É sim.

Disse, voltando-se para a janela. Suspirei, imitando-a. Lá fora, cactos estendiam-se ao Sol espalhados pela areia quente. Para mim era só mais um dia no Paraíso. A viagem não levou muito mais tempo depois disso. Mamãe e papai desceram do carro e abriram o porta malas, e começaram a levar as coisas, com a ajuda de tio Kyle e tia Sunny.

–Hum, Sally? – Chamei, vendo que ela continuava olhando pela janela – Vamos?

Ela assentiu, mas continuou no mesmo lugar.

–Ei. – Disse, me aproximando. – Qual o problema?

Ela deu de ombros e soprou uma mecha de cabelos vermelhos dos olhos.

–E se eles não gostarrrem de mim?

Ela perguntou baixinho, como se tivesse medo de falar comigo. Dei-lhe um soquinho de leve no ombro, o que a fez levantar o rosto de repente.

–Não tem perigo. Você está entre os seus. Todos vão te adorar. Vamos.

Convidei-a, acenando para que me seguisse. Ela veio de gatinhas até a ponta do porta-malas onde estávamos e sentou-se na beirada. Quando se levantou, todo o seu equilíbrio oscilou e por um segundo tive medo que fosse cair. Ajudei-a a sentar novamente no carro.

–Ei, tudo bem?

Perguntei, enquanto ela esfregava a cabeça como se estivesse com dor. Ela assentiu devagar.

–Foi só uma tonturrrra.

Ela me assegurou, piscando os olhos algumas vezes.

–Quer uma carona?

Perguntei, prestativo. Ela uniu as sobrancelhas.

–Uma carrrona?

–Sim. – Virei-me de costas para ela – Eu te levo até lá.

Ela riu de leve, escondendo o rosto entre as mãos e corando levemente. Como a Sarah descreveria? Fofinho. Muito fofinho.

–Não prrrecisa, eu estou bem.

Ela me assegurou. Uni as sobrancelhas.

–Tem certeza?

Ela assentiu, mas suas mãos a traíram quando automaticamente voaram à sua cabeça. Fiz que sim.

–Você vem comigo.

Disse, me ajoelhando ao lado do carro e passando os braços pelas suas pernas antes que ela tivesse tempo de discutir. Com um gritinho, ela se agarrou ao meu pescoço para não cair.

–Benjamim!

Exclamou, assustada, segurando-se firme. O jeito que ela dizia meu nome com seu sotaque era engraçado.

–Relaxe. Vamos chegar logo.

Voltar para casa me mostrou o quanto eu estava cansado. Toda a adrenalina tinha ido embora, e agora, só havia o desejo de uma cama bem macia e quentinha. Sally também parecia ter o mesmo desejo. Tive quase a certeza que ela tinha cochilado em minhas costas no caminho para as Cavernas.

Já éramos esperados quando chegamos. Tia Peg e tio Ian já estavam ali para nos ajudar a levar as compras para dentro. Tio Jeb também estava ali, e ao contrário de todos, seu olhar se fixou em mim enquanto eu passava direto por ele na direção do meu quarto.

–Ei Benji.

Ele me chamou de volta. Virei-me para ele com o cuidado de não balançar muito Sally.

–Eu... – Ele fungou – Acho que tem alguma... Alguém, nas suas costas.

Eu ri baixinho.

–Eu sei tio Jeb.

Ele deu de ombros.

–Ah bom – Ele ficou em silêncio por um tempo. Mudei o peso para a outra perna, enquanto eu esperava que ele manifestasse sua curiosidade aparente – E... Quem é ela mesmo?

–Ah – Estava tão cansado que tinha esquecido que Sally jamais tinha estado ali, e isso podia causa, sim, algum estranhamento – Essa é Sally. Nós a encontramos no hotel. Ela estava fugindo dos Buscadores há dias.

Ele uniu as sobrancelhas.

–E algum motivo especial para você estar carregando ela?

Perguntou, desconfiado. Dei de ombros, bocejando.

–Ela não é muito pesada.

Respondi por fim. Ele estreitou os olhos.

–Coloca a menina no chão.

–Isso é mesmo necessário?

Ele assentiu, ainda sem tocar na arma pendurada nas costas. Suspirei e espiei o rosto de Sally para ver se dormia. Seus olhos castanhos encararam os meus de volta, cheios de medo. Assenti, mostrando que estava tudo bem e a pousei de leve no chão. Tio Jeb dobrou o dedo indicador na direção dela pedindo que se aproximasse. Ele olhou-a de cima a baixo e ela torceu as mãos, nervosa, mordendo o lábio e me lançando um olhar, como se perguntasse se ele mordia. Só sorri, tranqüilizador e esperei.

Tio Jeb se aproximou dela e sussurrou algo em seu ouvido.

–Oh – Ela disse, baixinho. Ela riu e cobriu a boca, voltando a corar – Está bem.

Disse baixando o olhar, e voltando para meu lado. Tio Jeb me lançou um olhar e foi ajudar meus pais e meus tios com as compras.

–O que foi que ele disse?

Perguntei à Sally, curioso. Ela deu de ombros, sorrindo de leve.

–Ah, nada demais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Younger Souls" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.