Paradise escrita por CrisPossamai


Capítulo 2
Estarei lá por você




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Quinn Fabray recebe alta ao meio-dia da sexta-feira após doze dias de internação e com o quadro clinico ainda aspirando cuidados e sem um parecer definitivo. Não havia certeza sobre a sua evolução ou mesmo sobre a possibilidade de recuperar o movimento das pernas. Por sua vez, Mike se sente intimidado ao pisar na residência do que sobrara da família Fabray. Contudo, valia o esforço. Judy Fabray se mostrava menos tensa com a presença do desconhecido asiático. A fala mansa e o sorriso fácil se transformaram no maior suportr para que Quinn enfrentasse o desafio de conviver com a cadeira de rodas.

No dia em que completou-se um mês da alta hospitalar, a loira recebe o tradicional visitante em mandarim e com um sorriso invejável no rosto, já que ela iniciaria a fisioterapia no dia seguinte. Logo, poderia retornar para o convívio dos colegas no Colégio Willian Mckinley. Mais do que nunca, era uma questão de tempo para que a sintonia da dupla fosse revelada para o universo reduzido de Lima. E ele não poderia estar mais satisfeito.

Não há exagero no pseudo-relacionamento. Ele não comparece a fisioterapia, porém, aproveita da tecnologia para verificar o estado emocional da aluna no instante em que o status de Quinn Fabray se mostra disponível no Facebook. O sorriso é tão automático quanto a ação de saúda-la. O primeiro comentário dela depois do trágico acidente movimenta a timeline dos integrantes do New Directions naquela noite. “Nunca estive tão feliz em retornar às aulas. Amanhã, de volta ao Willian Mckinley”. A frase recebe diversos comentários e os amigos não cansam de curtir a novidade. Ele se limita a chama-la em particular na rede social.

Mike Chang diz:

Você precisa de alguma ajuda amanhã?

Quinn Fabray diz:

Ajuda, não. Mas, gostaria de ver você lá!

Mike Chang diz:

Mesmo que eu tivesse qualquer outro lugar par ir, estaria lá por você.

Quinn Fabray diz:

Eu queria escrever obrigada em mandarim, mas, fica muito difícil desenhar aqui.

Mike Chang diz:

Seria ótimo, minha irmãzinha duvida que eu esteja mesmo te ensinando mandarim.

Quinn Fabray diz:

E o que eu posso fazer para te ajudar a provar?

Mike Chang diz:

Eu adoraria passear com vocês algum dia! Mas, acho que posso esperar... Enquanto isso, podemos nos falar por vídeo, o que acha? Ela quer dizer oi em mandarim!

Quinn sorri diante do monitor antes de aceitar o convite de videoconferência e exclama um fofo para o garoto que logo surge na sua frente. A pequena Melissa, a caçula da família Chang, é totalmente o oposto do irmão. Tagarela, extrovertida e completamente encantadora. As poucas palavras trocadas em mandarim servem para comprovar a história do irmão mais velho. Realmente, Mike Chang era fofo e a única coisa estranha era a evolução daquela confusa conexão.

Na manhã seguinte, os olhares a perseguem, os comentários lhe incomodam, os amigos lhe sufocam, porém, ele estava lá. Quieto, alheio a movimentação excessiva e com o sorriso de sempre no rosto. Ela encontra motivo para rir mesmo em uma cadeira de rodas.

Artie é o mais atencioso e lhe ensina, literalmente, o caminho das pedras. A proximidade com o deficiente físico lhe rende a comprovação de que havia uma espécie de reconciliação dele para com Tina. Afinal, Tike deixara de existir há semanas!

A expectativa para a reunião do coral era tamanha que mesmo os comentários descabidos de Brittany ou irritantes de Rachel são relevados pela maioria durante o almoço. Após dois meses tensos, o Glee Club estava reunido e em preparação contínua para as Nacionais. O último sinal ecoa pelos corredores do colégio e os perdedores se apressam para alcançar a sala de ensaios. Will Schuester terminava de escrever a palavra chave da vez. Superação. Por unanimidade, a semana seria dedicada para homenagear o esforço de Quinn ema retomar o controle da própria vida. A apresentação de Mercedes leva a loira as lágrimas, o solo de Puck lhe emociona e as palavras do professor somente ressaltam o valor individual da jovem. Ele sorri. Discreto, introspectivo e quieto.

Mike precisava reconhecer que as palavras nunca foram o seu ponto forte. Ele precisou de três anos no coral para arriscar um misero solo e, agora, não poderia estar mais nervoso. A sua preferência sempre foi a dança, o movimento ao mero fato de estar estático e enfrentar a multidão apenas com a sua voz. Por mais que a sua vontade fosse em dançar com ela, teria que esperar um pouco mais. Na atual circunstância, a sua melhor aposta era a música... E a voz. Estático, ele ergue a mão e espera pela oportunidade para se encaminhar até o centro da sala. O asiático suspira e solicita uma nota ao pianista. As expressões de espanto dos colegas não ajudam muito para afastar o embrulho no estomago e a sensação de esquecimento dos primeiros versos da canção.

Quando ela era apenas uma garota

Ela tinha expectativas com o mundo

Mas isso voou além de seu alcance

Então ela fugiu em seu sono

E sonhou com o para-para-paraíso

Para-para-paraíso

Toda vez que ela fechava os olhos

Kurt quase tem uma sincope nervosa ao constatar que ninguém compreende a verdadeira motivação da apresentação inesperada do asiático. Ele procura pela percepção nos olhos de Rachel e Mercedes e a única coisa que encontra são lágrimas. O extravagante solista bufa pela lentidão de seus colegas e sussurra mais para si do que para ser ouvido por terceiros.

_ Por que Mike Chang está cantando uma música para a Quinn?

_ Finalmente! Achei que eu estava imaginando coisas... Acho que isso – Blaine refere-se a ligação do chinês e da loira – começou mais ou menos naquele dia no hospital, lembra?

_ Claro, foi estranho... Mas, os dois pareciam tão naturais juntos... Formariam um bonito casal, não acha? – brinca o futuro aluno da NYADA.

_ Acho que é só uma questão de tempo e de percepção. Obvio! – aposta o antigo Warble.

Rachel enxuga as últimas lágrimas e enxerga o óbvio descrito por Blaine. A performance do asiático não emocionou a loira, muito pelo contrário. Um admirável sorriso brotara no rosto da ex-líder de torcida e a judia se perguntava se deixara algo escapar nos últimos cinco minutos. Tina entrelaça as mãos com Artie e levanta uma sobrancelha impressionada. O antigo namorado havia falhado nas notas mais complicadas e pecado pela excessiva ansiedade, entretanto, evoluíra tanto vocalmente! Ela estava orgulhosa pelo amigo. Amigo, ainda era estranho pensar nele daquela maneira.

A calmaria de Mike parecia complementar a sua eterna obsessão em causar, propagar o próprio talento. Opostos. A paciência não combinava com o seu estilo e não poderia de formar alguma ditar o seu idealizado futuro. Mesmo quando ela decidiu romper o namoro, ele não se excedeu. Se expressar com o silêncio era a mania mais irritante de Mike. Ele baixou os olhos e perguntou se tinha certeza. Ela confirmou e o garoto a sua frente se limitou a respirar profundamente e sorrir desanimado.

Tina se lembraria do primeiro namorado de verdade para sempre. Todavia, o coração ainda pertencia ao primeiro amor. Artie crescera e se impusera de maneira tão corajosa nas últimas semanas, que era inútil perder tempo reprimindo os próprios sentimentos. Afinal, a tentativa de suicídio, o impulso Finchel para adiantar a união e o trágico acidente só demonstravam como a vida era curta demais para se acovardar, para se conformar com menos do que o necessário para ser feliz. Por isso, ela estava orgulhosa ao testemunhar o amigo fazendo exatamente o mesmo.

Quando ela era apenas uma garota

Ela tinha expectativas com o mundo

Mas isso voou além de seu alcance

E balas foram pegas com seus dentes

Will elogia o esforço de seu principal dançarino e dispensa os alunos. Aos poucos, a maioria se dispersa e Puck se oferece para dar uma carona à Quinn até a casa de Shelby para visitarem Beth. Com o convite, a loira sequer tem a chance de agradecer ao gesto do visitante mais regular. Ela brincava com a filha biológica, quando o celular soou com uma mensagem dele. Você está cansada de aula por hoje ou encara um extra? Lição de mandarim às sete? Ela confirma o compromisso e aproveita para matar as saudades da filha. A insanidade de querer prejudicar a mãe adotiva e lutar pela guarda de menininha parecia ter ocorrido há décadas... Por isso, Shelby tolerava com tranqüilidade a presença dos jovens em sua residência.

Pontualmente às sete horas, as leves batidas são ouvidas na porta da casa de Judy Fabray. O sorriso torto e o tom calmo se tornam rotina, especialmente, naquele horário. Logo, o mandarim se transforma em detalhe secundário para a hora particular da inusitada dupla. Lições de casa, planos para números no Glee Club, comentários idiotas sobre nada, sessões intermináveis de videogame, reprises de Dragon Ball e animes desconhecidos para a maioria dos adolescentes e risadas. Mais do que distração, a presença de Mike Chang se confirma como a certeza de gargalhadas e momentos que compensam toda a dificuldade de lidar com o último ano do colegial em uma cadeira de rodas.

Contudo, naquela terça-feira as risadas são trocadas por lágrimas, recusas, brigas e desistências. Ela havia caído seguidamente no exercício da fisioterapia que deveria ser a chave para sua libertação da pragmática cadeira. O planejamento da médica estava atrasado em duas semanas, apesar, da inicial boa vontade em cumprir a desgastante rotina de exercícios, repetições e remédios. Naquela terça-feira, Quinn amaldiçoou o mundo, a família, os amigos e se trancou no quarto incomunicável. Estava farta dos rostos piedosos, das gentilezas exageradas e da recuperação inútil. Ela queria voltar ao normal! Seria pedir muito?

A vida continua

Fica tão pesada

A roda corrompe a borboleta

Cada lágrima, uma cachoeira

Ela rejeita as ligações dele, não retorna as mensagens e não se dá ao trabalho de responder, quando ele bate diversas vezes na porta do seu quarto. A loira estava prestes a responder a persistência com grosseria, quando uma voz infantil lhe desarma. Como ele havia se atrevido a trazer a irmãzinha? Aquilo era golpe baixo! O segundo pedido da menina lhe convence e a loira autoriza a entrada das visitas.

_ Eu disse que ela me deixaria entrar, Mike! Mamãe fala que ninguém consegue me dizer não... UAU! Que quarto legal... Quantos brinquedos! Você se trancou para brincar sozinha, não é? – a tagarelice da garotinha lembrava muitíssimo Rachel Berry – Ah! Ajudei a minha mãe a fazer esses biscoitos para você... E não deixei o Mike comer nenhum! Ele é guloso!

O rapaz chama a irmã de mentirosa e entrega o pacotinho repleto de ccokies. A face da loira estava mais serena e, aos poucos, as perguntas intermináveis de Melissa Chang devolvem algo próximo do bom humor a Quinn Fabray. O asiático permanece em silêncio apenas observando a interação das duas garotas mais importantes da sua vida. Quando ele se ligara daquela forma à loira? Antigamente, ele mal tinha interesse em trocar cumprimentos com a ex-capitã das cheerios. Ele sempre se referia à ela como a namorada de alguém. Primeiro, como namorada de Finn, depois de mãe da filha de Puck, no segundo ano, como a namorado do garoto novo e agora... Bom, agora, Mike ainda não tinha as palavras certas para definir Quinn Fabray. Sinceramente, as palavras nunca foram o seu forte. 

_ Mike tinha te chateado? – o garoto pegava uma boneca numa estante mais alta e se assusta pela ousadia da caçula – Ele ficou todo nervoso, porque você não atendia ao telefone e mamãe sempre diz que meninos não podem deixar as meninas tristes.

_ Não, Melissa. Seu irmão sempre foi muito querido. Eu não atendia, porque queria ficar um pouco sozinha, entende? – a menina gesticula que sim e se entretem com o novo brinquedo. O semblante da loira fica mais sério e o olhar fulmina o garoto. – Você apareceu no hospital por causa da sua mãe?

_ Mais ou menos... Três dias depois do acidente, a Tina terminou comigo e nem sequer perguntei o motivo... Minha mãe sempre disse que eu jamais deveria gritar ou magoar uma garota... Então, aceitei a decisão. O problema é que eu não reagi muito bem ao descobrir que ela estava voltando com o Artie. – ele se acomoda na beira da cama – Ai, minha mãe ralhou... Disse que eu deveria me envergonhar por achar que estava tendo uma semana ruim... Porque ao redor do mundo, milhares de pessoas estavam enfrentando dias ainda piores. Por isso, lembrei de você... – a explicação é cortada.

_ Oh! Isso não soou muito bem.

_ Não por isso...Ficou claro que eu deveria me focar nas coisas boas. Então, me lembrei de você, Quinn. Apesar de tudo, eu teria a oportunidade de conhecer você e não a namorada de alguém.

_ EI! Eu não namorei tantos caras... – ela quase consegue brincar.

_ Mas, era como eu conhecia você... Como a namorada de um amigo meu... Você mesma disse que nós nunca fomos... Próximos. Achei que estava mais do que na hora de mudar isso. Por isso, fui ao hospital... – ela ri do nada – O que aconteceu?

_ Eu...Lembrei de quando descobri o seu nome... – ele estranha e presta atenção nela – No começo do Glee, eu mal tinha decorado o nome do pessoal... E um dia, eu e Puck cuidamos dos sobrinhos da ex-mulher do senhor Schue... E ele não desgrudava do celular e disse que estava trocando mensagens com Mike Chang, o asiático do coral. Na verdade, ele estava mandando mensagens picantes para a Santana... Não tem importância, mas, tem haver com o que você disse. – ele sorri e joga o braço direito sobre os ombros dela, enquanto a irmãzinha se divertia com as bonecas – Fico feliz que isso tenha mudado.

_ O que mudou? – os dois gargalham da curiosidade infantil _ Ei, agora que ela já está feliz... Podemos comer os biscoitos? – o irmão mais velho retruca _ O que? Mamãe não deixou que comêssemos nenhum! Eu quero experimentar, Mike! – choraminga a menina.

_ Claro, Melissa. Você pode pegar quantos quiser, está bem?

A loira apanha o pacote e se serve do primeiro cookie. Na seqüência, oferece aos irmãos e ri diante do entusiasmo da menininha. Quinn não entende como aquela terça-feira negra termina de forma tão reconfortante, assistindo a um desenho qualquer escolhido pela caçula da família Chang e de mãos dadas com o primogênito. 


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