Bem, tenho que admitir, estou ansiosa. Pego meu vôo de volta a Los Angeles hoje à noite. Depois de seis anos longe de tudo, família, amigos, enfim vou voltar pra casa...
Não que aqui seja ruim, longe disso, fiz alguns amigos, mas as pessoas daqui são diferentes, frias, distantes. Elise é minha melhor amiga, combinou com minha turma de teatro fazer uma despedida pra mim em segredo
(como se eu não soubesse). Ainda tinha umas coisas pra empacotar, meus livros, na verdade não era muita coisa pois eu não trouxe quase nada de casa, somente o essencial.
–Amiga!- disse Elise entrando no meu quarto meio assutada.
–O que aconteceu, morreu alguém?! - brinquei com ela
–Não, é que meu note não quer ligar, vamos comigo no meu quarto, me ajuda....
–Tá bem, vamos.

Na verdade sabia bem o que ela queria. Abrindo a porta la estava o pessoal todo reunido, meu professor Sr. Lacroux, meus companheiros de turma, fotos, despedida. Não fiquei muito tempo, tinha uma vida a retomar...
mais tarde coloquei tudo no carro de Elise, ela ia me
levar ao aeroporto. Cheguei meio atrasada, mas felizmente não perdi o vôo,
no portão de embarque duas amigas se despedindo com choro, e já com
saudades.
– Não sei o que vou fazer sem você amiga. - disse Elise enxugando as lágrimas.
– Imagina, você pode ir me visitar nas férias, e vamos manter contato.
– Sentiremos muito sua falta.- sabia que ela estava falando de si, não dos outros.
No avião, senti aquele frio na barriga, aquela insegurança do futuro, me peguei imaginando como seria minha volta, já que meus pais não paravam em casa, sempre trabalhando. Minha mãe estava com uma peça em cartaz, meu pai cuidando dos negócios.
Eu tinha herdado de herança no Brasil uma rede de hotéis, que era empresariada pelos funcionários do meu pai adotivo (e de coração, já que era muito nova quando meus pais biológicos morreram). Fiquei assim, perdida em pensamentos, quando escuto o piloto comunicando que já iríamos pousar. Viagem rápida.

Do aeroporto em casa fiquei relembrando minha festa de quinze anos, a última noite que passei em casa. Lembrei do sonho que tive e no mesmo instante o medo que tive ao acordar veio em mim como uma flexa. Na época quase desisti da viagem. Naquele sonho aparecia uma pessoa me dizendo para que ficasse em casa, imagens de fogo e tudo acabava com ela pedindo ajuda. Me dei conta que tinha chegado em casa quando avistei minha mãe na porta de entrada me esperando. Desci do carro e fui direto abraçá-la, estava com muitas saudades.

– Mamãe! - pulei nos braços dela, quase caímos as duas.

– Olá meu amor, como está crescida. - disse ela alizando meus cabelos.

Fomos para dentro e lá estavam meus amigos de infancia. A Debby, a Lisa (nem tão amiga assim, já que ela tinha me "roubado" o Josh) e falando nele...

– Sophie!!! - Josh veio de encontro a mim e me deu um abraço .

Impossível não lembrar do quanto eu o amava, daria minha vida pra ficar com ele, pelo menos antes era assim. Mesmo depois do tempo ainda podia sentir borboletas no estômago ao vê-lo. Nos sentamos na sala e ficamos horas conversando, colocando as fofocas em dia, como se diz. Assim que anoiteceu eles se foram, combinamos de nos ver no dia seguinte. Subi para o quarto, precisava de um banho pra relaxar.