Snape e Trelawney - o Fim escrita por The B Sakakibara


Capítulo 1
Vidas que Seguem




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Continuação de Snape e Trelawney

Estava de volta a sua sala no alto da torre. Com calma, preparou um chá e agora o tomava sentada na mais confortável das três poltronas que possuía e que estava junto à pequena janela, para que pudesse observar a vida lá fora. Os óculos estavam na mesa ao lado, mas ela não se importava em ver a paisagem um pouco embaçada. Sorveu mais um pouco de chá e descansou a xícara e as mãos no colo, e desviou o olhar para dentro do próprio aposento. Não olhava nada em especial. Após um curto tempo, encheu a xícara novamente, tomou um pequeno gole e voltou a olhar para o jardim.

Notou que o Salgueiro Lutador estava anormalmente quieto. Uma leve brisa soprava de forma agradável, e as nuvens no horizonte começavam a ganhar um tom amarelado, mostrando que o anoitecer não tardaria. Alguns alunos ainda passeavam pelos jardins, talvez pondo as conversas em dia, talvez matando as saudades uns dos outros depois das férias.

Trelawney procurava não pensar em nada do que vivera naquela tarde. Os olhos estavam um pouco inchados, e ela sentia um inexplicável e inédito vazio por dentro. Porém (e isso foi uma surpresa para ela mesma) estava calma. Tão calma consigo mesma e com a alma em paz.

Estava triste, pois tinha sido derrotada. Mas tinha ido à luta!

Voltou a olhar pra dentro do quarto. Respirou fundo e, segurando a xícara com mais força, olhou na direção desta e não pode reprimir uma careta. Tomou de um só gole o chá e voltou a olhar para fora. Notou agora que uma aluna loira estava parada muito quieta observando a janela do quarto onde ela, Trelawney, se encontrava. Mesmo distante, o olhar da garota era hipnotizante. E assustador. Quem era ela? A blusa azul indicava que ela era da Corvinal, mas Sibila nunca a reparara.

Mas ela continuava ali a encarando. Sibila começou a ficar incomodada, mas então a garota sorriu e se retirou.

Aliviada, Sibila fechou a cortina e se enrolou num cobertor. Como era bom ficar ali enrolada, sentindo um calorzinho gostoso depois de tomar um chá quente. Nem viu quando pegou no sono. Acordou horas mais tarde com uma batida insistente na janela. Ao afastar as cortinas, viu uma coruja com uma tira de pergaminho presa a perna. Pegou-o e leu:

“Desculpe-me!”

A coruja já voara quando acabou de ler. Não fazia idéia de que horas eram, porém não devia ser muito tarde, ainda dava pra ouvir vozes vindas lá de baixo. Não sentia fome, por isso resolveu ir se deitar imediatamente, mesmo sem sono, apenas pra não ficar ali sentada tomando mais chá. Pra sua sorte, adormeceu quase que instantaneamente e só acordou no dia seguinte.

**********

Deveria fazer anos que se encontrava perdido por ali. Não tinha muito controle de nada, seus braços e pernas não obedeciam muito as suas vontades. E estava cansado e fraco. Parecia estar no Espaço, só que com algumas cores misturadas. Sentia o corpo se jogado daqui pra lá, sentia-se rodar como um peão. De repente Snape se viu sugado pra trás e um instante depois estava no teto de sua masmorra. Foi obrigado a ficar numa posição estranha, como se tivesse sentado sobre as mãos e com o rosto no chão. Percebeu seu corpo caindo e desacelerando.

Sentiu algo gelado em seu rosto, principalmente na testa. Quando abriu os olhos, Snape se viu sentado sobre as mãos e com o rosto colado no chão frio. Os olhos estavam inchados de sono e choro, o corpo cansado e um pouco dolorido, talvez pela incômoda posição na qual adormeceu. Tombou o corpo de lado, levantou-se e sentou-se na cama. Relembrou do ocorrido da tarde.

Lílian agora não era problema. Mas por onde sua alma esteve vagando? Porque a dor que sentira à tarde foi forte o suficiente para fazê-lo ficar vagando pelo espaço?

A mente agora estava muito bem fechada, e sob seu total controle, mas o preço era o cansaço do corpo físico. Um preço até que barato.

Ficou um tempo ali sentado pensando em Trelawney. Teve que admitir que ela era corajosa o suficiente para se declarar daquele modo. Essa coragem que ele nunca teve e talvez por isso tenha perdido a única mulher que amou. Ora, é claro que ele a teria perdido de qualquer jeito, não por nunca se declarar, mas por escolherem lutar em lados diferentes durante a guerra.

Estranhamente Severo se sentia leve. Pegou um pedaço de pergaminho e rabiscou algo. Em seguida foi ao corujal e confiou a mensagem a uma das corujas presentes. Em seguida voltou para o castelo.

Não sabia quanto tempo ficou dormindo, mas deveria ter acordado por volta das 20h00min, pois o grande relógio de areia que ficava num dos corredores registrava agora 20h47min. Pediu que um pequeno jantar fosse servido em seu quarto. “Não foi culpa minha”, pensava consigo mesmo a todo instante.

Não querendo ficar pensando no ocorrido e no próprio “sonho”, Severo pegou um grosso livro que se encontrava em sua estante particular e começou a lê-lo com fervor. Era um livro que lera apenas uma vez na vida, quando tinha 12 anos, e que o deixou profundamente marcado: dava dicas de como um bruxo poderoso poderia criar feitiços mortais.

Já era de madrugada quando resolveu encerrar a repetida leitura e dormir.

**********

O professor Dumbledore enviou uma mensagem convocando Severo pra uma reunião na manhã seguinte. O morcegão desconfiou que o diretor soubesse de tudo que ocorreu na tarde passada. Mas o assuntou girou em torno da nova temporada de Quadribol que se iniciava, das chances de vitória do União de Puddlemere, da certeza do Chudley Cannos ficar em último e da bela goleira do Harpias de Holyhead.

Enfim, Dumbledore foi misterioso como sempre. Tudo bem, a vida tinha que se seguir. Assim pensando, Snape desceu a escada em caracol quando deu de cara com Sibila. Ambos se encararam por uma fração de segundo, e pararam a caminhada, ambos de cabeça baixa. Trelawney tomou a iniciativa de subir, e quando passou por Snape, este sussurrou:

- Desculpe, acho que me enganei...

- Não, eu é que me enganei...

E subiu. A conversa dela com Dumbledore foi muito casual. O diretor, sorrindo e em tom amistoso, apenas a aconselhou não faltar nas próximas aulas e nem liberar os alunos mais cedo sem passar os deveres do dia. Assim, ela também tinha entenderia que a vida seguia em frente.

Em menos de uma semana tinham voltado a ser as pessoas de sempre. Ela meio biruta e prevendo a morte de Potter e ele, o malvadão que sempre implicava com Potter.

Fim.


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