Todos na sala se entre olharam, mas ninguém conseguia falar nada. Estávamos esperando que Lady Kate continuasse a narrativa, Dan olhou pra mim com ar de desespero, eu bati para o lugar ao meu lado, e ele se sentou. Segurei a mão dele, tentando lhe confortar, sabia que não seria tão fácil assim. Eu já havia vivido mais ou menos a mesma coisa, então apertei lhe a mão. E ele fez sinal para que a mãe continuasse.

“Antes de eu conhecer Klaus, eu vivia em uma pequena cidade do País de Gales. Minha família tinha apenas uma pequena fazenda onde criávamos algumas ovelhas, mamãe se foi quando eu tinha apenas três anos, vive por anos somente eu e meu pai. Quando completei quinze anos, eu conheci Lúcifer. Ele havia vindo de um país distante para ajudar meu pai, estávamos passando por alguns problemas financeiramente, até mesmo pensou em vender a fazenda. Como ele era muito conhecido na cidade, alguns amigos fizeram um esforço e trouxeram uma pessoa para ajudar meu pai, ele não tinha mais idade para fazer a fazenda prosperar. Assim que Lúcifer chegou, tudo mudou. Meu pai estava mais feliz, dizia que Lúcifer era o filho homem que ele não tinha. E isso me fazia ficar triste, era como se meu pai só ligasse para Lúcifer. Eu ajudava sempre que podia, mas eu e Lúcifer não nos batíamos. Estávamos sempre discutindo, e papai falava que isso era amor, pouco antes de completar um ano que Lú estava em casa, a fazendo começou a prosperar, já tínhamos quitado todas as dividas com o Rei e já tínhamos comprado alguns bois, eu tinha aprendido a fazer queijo. E começamos a vender leite e queijo, aos poucos papai foi ficando rico e graças a Lúcifer tínhamos uma pequena fortuna, pudemos aumentar a fazenda, e reconstruir a casa. Eu tinha parado de pegar no pé de Lú, e estávamos nos dando bem. Quando fiz meu aniversário de dezesseis anos, pouco antes de dormir, Lúcifer foi ao meu quarto. Papai já estava dormindo, então deixei que ele entrasse. Ele disse que só tinha ido levar o meu presente, então ele tirou um colar de seu pescoço e me entregou, era colar simples, o pingente era um par de asas de anjos, eu coloquei e ele me disse que usasse sempre, que assim eu estaria sempre protegida pelos anjos do céu, e que se eles não me protegessem ele mesmo o faria. Depois disso eu sempre estava com o colar, ele sempre sorria ao ver que eu nunca tirava o colar. Lúcifer encantava a todos com aqueles olhos azuis Cobalto, eu sempre ficava encantada, ainda mais quando ele parecia ler meus pensamentos. Mais alguns meses se passaram, e ouvi uma conversa entre ele e meu pai, ele dizia que não poderia ficar mais muito tempo e logo teria que ir embora, nessa noite eu chorei demais. Logo meu pai iria arranjar alguém para me casar, eu já estava ficando velha, naquela época as garotas se casavam com quinze e dezesseis anos. Eu já estava prestes a fazer dezessete, e queria muito que a pessoa que meu escolhesse para me casar fosse Lúcifer. Mais algum tempo, Lúcifer tentava ir embora mas dizia que não conseguia ir. Eu não queria que ele fosse embora. Dois dias antes de eu completar dezessete anos, papai tinha ido ao reino e só voltaria no dia do meu aniversário. Eu estava terminando de fazer a janta e Lúcifer ainda não havia voltado para casa, já era tarde da noite, quando ele voltou seus olhos estavam vermelhos. Parecia que ele estava chorando, eu perguntei se estava tudo bem com ele, ele apenas disse que sim. Ele não tocou na comida, e foi deitar-se. Eu fiquei acordada, tinha que deixar a cozinha limpa. Mesmo com a casa maior e com a riqueza que estávamos acumulando, eu gostava de arrumar a casa. Não tinha permitido que papai, contratasse alguém para fazer o que eu podia fazer. Depois de arrumar tudo, eu fui para meu quarto. O quarto de Lúcifer era o primeiro do corredor, assim que passei em frente a sua porta, ouvi seus soluços. Ele chorava tanto, parecia que estava sofrendo, e eu não consegui ir para o meu quarto. Bati na porta, mas ele não respondeu. Então, abri. Aquela cena foi a pior da minha vida, Lúcifer estava ajoelhado olhando para a janela, havia cortado os pulsos, seu sangue escorria pelos braços, corri para ele e percebi que ele chorava, mas não parecia sentir dor por causa dos pulsos, algo o incomodava por dentro. Eu lembro que não conseguia pensar em nada, então rasguei meu vestido e peguei uma tira e amarrei em seus pulsos, ele ainda olhava pra mim aturdido. O abracei por muito tempo ficamos assim, até que vi que ele não estava mais tão angustiado, eu perguntei se ele estava melhor e disse que sim. Tirei as tiras de seus pulsos, e não havia nenhum corte, e o único vestígio que tinha era nas tiras que estavam encharcadas de sangue. Eu questionei o que ele era e ele me contou toda a verdade, ele disse que era um arcanjo que havia vindo a terra, para impedir que uma profecia se realizasse. E que eu fazia parte dessa profecia, e que ele já havia completado sua missão. E tinha dois dias para ir embora, eu fiquei assustada com toda essa revelação. Deixei seu quarto correndo, e tentei me acalmar, tomei um banho para relaxar e me deitei, não conseguia dormir. Ele ia embora em dois dias, e se eu não lhe dissesse que eu o amava não iria me perdoar, talvez fosse a última vez que eu teria a oportunidade de lhe dizer isso, então coloquei um robe e fui novamente em seu quarto, ele já havia tomado banho estava deitado apenas com calça, deixando seu tronco nu, eu entrei sem nem bater, eu fiquei sem graça nunca havia estado com um homem quase nu antes. Mesmo assim me forcei a ir até a cama, o abracei e disse que eu o amava e que não queria que ele fosse embora, ele disse que eu estava deixando a situação pior do que já estava, mas também disse que eu era a mulher de sua vida, e que ele faria de tudo para voltar. Nós não agüentamos e nos entregamos a paixão e ao amor que sentíamos um pelo outro, ele me fez sua mulher. E eu estava certa de que era isso o que eu queria, depois que acordamos eu arrumei tudo para que meu pai não percebesse e graças a Deus deu tempo, pois ele chegou naquele dia, ele havia conseguido resolver tudo e voltou mais cedo. Mas era nítido que algo estava acontecendo, mas papai fingiu não ligar. Me disse que um primo do rei estava vindo para a cidade e ele queria que eu o conhecesse, não podia enfrentar meu pai, então disse que tudo bem. Logo o dia passou rápido, e antes que o sol raiasse, Lú foi ao meu quarto. Ele estava se despedindo, eu sabia que ele iria embora, mas eu não queria nada disso. Ele me jurou que em algum dia, ele voltaria para que fossemos felizes. Ele me entregou um anel e disse para que eu guardasse que era algo que ele um dia teria que voltar para buscar. Ele me deu um beijo e disse que me amava. Logo ele saiu, e foi embora. Eu cai em desespero, um mês depois papai havia marcado o meu casamento para quinze dias, e eu nem conhecia meu noivo. Eu estava muito ruim, eu achava que era porque iria me casar com alguém que não era o homem que eu amava, eu conheci meu noivo poucas horas antes do meu casamento, ele parecia que estava tão mal quanto eu. Ele disse que havia amado uma mulher que não o amava, e que havia brincado com seus sentimentos. Prometemos que seriamos fiel a família que estávamos construindo juntos, e ele me disse que queria ser pai logo. Assim casei com uma pessoa que achava que era um príncipe encantado, eu e Klaus nunca nos amamos de verdade, mas tínhamos uma promessa a zelar, o que foi difícil. Daniel nasceu sete meses depois, e para todos ele havia nascido prematuro, mas eu sabia que não era bem isso. Eu sabia que ele não era filho de Klaus, mas graças a Deus Daniel puxou a mim, assim não teria como alguém acreditar que ele não era filho de Klaus. E Ele mesmo nunca desconfiou até que por ironia do destino Klaus, virou amigo de Lúcifer, ele vivia falando sobre um amigo chamado Lúcifer, meu coração acelerava toda vez que eu ouvia esse nome, até que um dia meus maiores pesadelos foram confirmados, o amigo, o tal Lúcifer, era o meu Lúcifer. A primeira vez que nos vimos, depois que eu me casei Daniel tinha quase quinze anos, e assim que ele colocou os olhos em Daniel, eu senti que ele sabia que ele era seu filho. Depois disso eu evitava todas as formas que ele viesse em casa, mas logo quando Daniel fez dezenove anos ele contraiu tuberculose, e mesmo sendo filho de um anjo, ele não conseguia se recuperar. Klaus já sabia que Lúcifer havia caído, e disse que iria pedir que o ajudasse. Klaus se encontrou com ele, e pediu que ele salvasse Daniel, Lúcifer disse que iria ver o que podia fazer. Então, fiz o que tinha que fazer, fui até Lúcifer e contei a ele toda a verdade, ele disse que não iria falar para Klaus que eu havia ido até ele. Para Klaus eu não conhecia Lúcifer, e eu realmente não conhecia aquele Lúcifer. Pouco antes de ir embora naquele dia, Lucifer me disse que havia renunciado as asas de arcanjo por mim, e quando ele voltou eu já havia me casado, e que a revolta dele com o Grande Criador, era que ele sabia que tudo o que ele queria era poder ficar comigo e que ele não podia. Então, ele preferia ficar sem suas asas do que sem mim, e quando ele descobriu que eu havia me casado, ele resolveu declarar guerra contra Deus, porque eu havia me casado com Klaus. Ele disse que sempre me amaria, e que ele jurou me proteger para sempre, e isso queria que ele salvaria Dan. Logo ele fez o acordo com Klaus, e pediu que ele o ajudasse na guerra contra Deus, eu fui contra, mas era vida do meu filho que estava em jogo. Depois de muito tempo, Klaus descobriu que Ariel estava grávida, e queria de todos os jeitos levá-la de perto de Athus ele não podia aceitar, que ela sempre amou Athus. E foi assim que eu vi o amor da minha vida sucumbir, por causa do meu marido. Mesmo assim eu nunca contei a Klaus a verdadeira história. Mas no fundo acho que ele sabe que Daniel não é seu filho.”

– Mamãe, você quer dizer que eu sou metade anjo?

– Sim, acho que o termo real é Nephilim. Por isso você é mais forte do que Klaus.

– Peraí, se eu sou filho de Lucifer, Ariel é minha tia e Louise é minha prima?

– Exatamente.

– Katharine, posso ver o anel que Lucifer deixou com você? – minha mãe disse

– Claro, está com Daniel. Eu dei a ele assim que nos tornamos vampiros.

Daniel tirou o anel de seu dedo anelar e entregou a ela, minha mãe ficou pálida, papai e Miguel ficaram tensos, e eu estava começando a ficar preocupada, mas quem perguntou foi Hector.

– Mamãe, o que foi?

– Esse é o anel da Ressuscitação!

PS¹:

Imagem do Anel: http://images02.olx.com.br/ui/15/35/97/f_254782897-6c6bfe86.jpeg

Imagem do colar : 

http://2.bp.blogspot.com/_HR1s8YcCI_k/TIEgDqlcipI/AAAAAAAAARE/anG8QemtwRo/s1600/DSC06263.JPG