Já estávamos procurando por Louise há mais de cinco dias, eu estava preocupado não havia nenhuma pista para onde a levaram, e não conseguíamos um contato com ela. Estava aguardando as ordens de Miguel, para que pudéssemos ir à França. Eu estava deitado em minha cama, quando meu celular começou a tocar.

- Alô.

- Hector, é você? – uma voz sussurrou do outro lado da linha.

- Sim, quem é?

- Sou eu Daniel, não tenho muito tempo. Daqui a pouco meu pai aparece, então tenho que falar rápido. Louise está no palácio de Versailles, meu pai não tem a pretensão de matá-la, não ainda. Mas quanto antes vocês tentarem tirá-la daqui melhor. Meus pais estarão indo para Juneau em dois dias, alguma coisa aconteceu por ai. Enfim, se você puder me encontrar no HÔTEL D’ANGLETERRE em dois dias podemos montar um plano para tirar Louise daqui.

- Daniel, porque você esta me ajudando?

- Porque eu a amo, e ela não tem que passar por essas coisas!

- Estarei ai em dois dias.

- Ok... e ah Hector, se você puder vir sozinho, e não dar a localização de Louise melhor. Se meu pai sentir qualquer coisa fora do comum, ele não irá para Juneau.

- Ok, darei um jeito.

- Ok, nos vemos em dois dias as oito da noite!

- Tudo bem, estarei ai. Obrigada Daniel!

- De nada!

Depois disso voltei a encarar o teto, tinha que levantar e arrumar as malas. Tinha que dar um jeito de ir até Versailles sem que ninguém percebesse, depois de arrumar uma mochila, e esperar que Miguel, meu pai e minha mãe ficarem entretidos nos planejamentos de resgate de Louise. 

...

Estava chegando ao aeroporto quando senti sua presença, eu não tinha como disfarçar a minha. Sabia que ele me encontraria mais cedo ou mais tarde, então fiz a única coisa que podia fazer antes que ele me pegasse. Corri, a minha sorte era que o aeroporto de Juneau estava vazio. Comprei a passagem para Paris, teria uma escala em Seattle. Com sorte eu chegaria ao meu destino em dezoito horas, e sem que ele conseguisse me pegar. Já não sentia mais sua presença, quem sabe ele teria ido embora, passei em uma lanchonete e tomei um café puro e alguns salgados para me sustentar até Seattle. Meu vôo foi chamado, assim que cheguei ao avião sentei em minha poltrona, relaxei. Alguém sentou ao meu lado, mas eu nem me importei em abrir os olhos, até que ele falou.

...

Já estava no castelo há alguns dias, não estava sendo maltratada, pelo contrario Klaus me deixou em um quarto maravilhoso, com uma cama enorme, televisão, banheiro e muitos vestidos. Mesmo assim eu estava sendo constantemente vigiada. Todos os dias as seis e meia da noite ele me levava a biblioteca e me perguntava um monte de coisa, eu nem sempre respondia. Até que ontem, ele me perguntou se eu sabia sobre o meu tio, sobre a profecia, até mesmo sobre o acordo que eles fizeram foi ai que eu entendi.

Flashback

Como todas as tardes desde que eu fui raptada, Klaus me chamou na biblioteca, eu ainda não entendia seu jogo, que estava me irritando cada dia mais. Ele me mantinha em seu palácio, e não me deixava nem ao menos ver Daniel. Ainda não entendia por qual motivo ele ainda me mantinha assim, porque não me matar logo? Mas fiz o que ele queria, coloquei um vestido comprido, e fui ao seu encontro. Entrei na biblioteca, e lá estava ele com sua pose sofisticada, além do infeliz ser lindo, era todo educado. Ele não aparentava ser tão ruim, muito menos ser o homem que eu odiava tanto. Assim que me viu, deu um sorriso e disse:

- Minha querida, como passou esta tarde?

- Como todas as outras, trancafiada em meu quarto.

- Desculpe fazê-la passar por isso. Eu realmente sinto muito.

- Ta, agora vamos direto ao assunto?

- Sim. Sente-se.

Ele sentou em sua poltrona, e ficou de frente para mim.

- Louise, fiquei sabendo que faz pouco tempo que você soube que é uma Danger. E que foi seu pai, quem lhe contou. Mas me diga uma coisa, você sabe sobre seu tio?

- Miguel mencionou algo sobre o sangue dele correr em minhas veias, mas eu não faço idéia do que ele quis dizer com isso.

- Posso te contar uma história?

Eu apenas assenti, e vi ele ficar um pouco nervoso. Respirou fundo e continuou.

- Antes de eu me tornar o primeiro vampiro, eu conheci uma linda mulher, chamada Ariel. Ela parecia um anjo, além de linda, era delicada, e muito gentil. Na época eu tinha um pouco mais de vinte anos, estava de casamento marcado com Lady Kate. E acabei me apaixonando por aquela linda criatura, um dia antes do meu casamento, conheci Lucifer. Irmão gêmeo de Ariel, ele era igualmente belo, só que Lucifer tinha algo diferente que eu não sabia decifrar o que era, por fim nos tornamos amigos. E durante anos e anos fui seu braço direito aqui na terra, ele havia me contado sobre os anjos e dizia que era contra as regras do grande Criador, pois via o sofrimento de sua irmã e seu fiel escudeiro. Eles se amavam, mas como anjos não podiam se envolver, o que na verdade não era bem assim, mas como Ariel era irmã de um arcanjo, ela tinha sangue de um arcanjo e por isso não poderia nunca se envolver com ninguém. Arcanjos estão fardados a darem suas vidas pela dos outros, e não poderia nunca haver qualquer outro vinculo. Depois que Lucifer resolveu “cair” eu descobri que Daniel tinha uma doença incurável, e que não poderia passar de seus dezoito anos. Eu como pai, não podia nunca deixar que isso acontecesse. Fui até Lucifer e fiz um acordo com ele. Pedi que deixasse minha família imortal, para que não morrêssemos nunca. Eu nunca me esqueci de Ariel, mas meu filho era muito importante para mim. Ele nos concedeu a vida eterna, desde que criássemos um exercito contra o grande criador. Ele não queria “matá-lo” mesmo que isso fosse possível, ele queria reivindicar suas regras. Com o tempo, Lucifer estava ficando cada vez mais paranóico, e queria que atacássemos o exercito do grande Criador. Eu fui contra, e acabamos brigando. Ele queria matar a minha raça, e eu não podia deixar. Cada vez estávamos mais poderosos, e confesso isso subiu um pouco em minha cabeça. Descobri que Ariel estava grávida, e que o único jeito de Lucifer acabar com as nossas vidas, era através do seu sangue. Só que com o filho de Ariel, Lucifer tinha tres chances de nos aniquilar, fiz o que eu tinha que fazer. Em uma noite, quando Ariel já estava em seu oitavo mês de gestação, fizemos uma emboscada. Eu não queria matá-la, apenas seqüestrá-la e deixá-la presa, era a única alternativa que eu tinha. Estava lutando contra Athus, e ele conseguiu me desarmar, Ariel estava muito próxima e a espada foi em sua direção. Vi tudo em câmera lenta, só que antes de chegar nela, Lucifer apareceu do nada e pulou em sua frente. A espada cravou em seu peito, uma luz apareceu no buraco em que a espada havia ferido e antes de morrer, vi ele dizer a sua irmã. “ Eu sempre te amarei”. Fugi de lá, e desde então, tento de todas as formas viver em paz, o que de certo não consigo muito. Só que agora você apareceu. E eu tenho a chance de ficar bem para o resto da vida, e nem você e nem ninguém precisam morrer.

- Perai, lúcifer é meu tio?

- Sim, o sangue dele circula em suas veias.

Eu me levantei não queria nem saber quem era aquela pessoa que estava parado ali, simplesmente me virei e voltei para o meu quarto.

...

- Você achou que poderia sair de casa sem que ninguém percebesse?

- Puta merda, como você me achou?

- Facil, você ainda não sabe disfarçar sua essência.

- Que merda!

- Você está indo salvar Louise, e eu vou com você!

- Não. Você tem que ficar e continuar seu plano com a mamãe e o papai.

- Seu pai e sua mãe sabem se virar, e eu estou te dizendo que vou com você!

- Porra Miguel, você é um porre mesmo!

- Eu sou, e você é um adolescente mimado como a sua irmã, agoracala a boca e vai dormir.

Ele ficou mudo, Thor não era como Louise que ficava reclamando. Ele sabia que era o melhor a fazer, só espero que ela esteja bem. Tenho a impressão de que Klaus está tentando manipulá-la contra nós. Louise me espera, estou indo te salvar.