Depois que sai do refeitório, fui até o quarto de Daniel. Eu precisava dizer a ele, que estava indo embora. Precisava vê-lo saber se ele estava bem, assim que cheguei a frente ao seu quarto, bati na porta e ouvi vozes do outro lado. Algo me dizia que não havia vindo em boa hora, que eu tinha que me virar e sair correndo, mas não deu tempo, assim que eu ia me virar ele apareceu na porta.

– Hey, é você! Hã... Tudo bem?– ele disse surpreso

– Sim, só passei para ver como estava. Está tudo bem?

– Estou bem e você?

– Também, acho que não é uma boa hora não é?

No momento em que ele iria falar, a porta foi aberta abruptamente atrás dele. Um homem de aparência refinada e sofisticado surgiu. Ele era loiro, tinha olhos azuis, barba por fazer e deveria ter quase 1,90 de altura, preciso dizer que eu ainda não estava acostumada com esses homens lindos de morrer. Porque o infeliz conseguia ser mais bonito que Daniel, como podia? Era provável que ele fosse tão bonito quanto Miguel, mas eram belezas totalmente diferentes. Ficamos nos encarando por alguns minutos até que ele falou:

–Olá, você deve ser... Louise?

– Si... Sim. E o senhor? – assim que percebi Daniel abaixando a cabeça, não era nem preciso que ele se apresentasse, eu já sabia o quem era.

– Me chamo Klaus DeLancret, encantado!

...

Depois que voltei para o paraíso, não deixava de pensar em Louise queria poder fingir que não havia me abalado com essa história, mas estaria mentindo para mim mesmo. Voltei a minha casa, deitei em minha cama e tentei dormir, mas só conseguia imaginar aquele filhote de vampiro com as mãos em minha Louise. Eu queria pegá-lo pelo pescoço, mas como Ariel disse Louise havia feito sua escolha e eu não podia fazer nada para mudá-la. Decidi ir para frente do lago, colocar os pensamentos em dia. Precisava esquecer Louise, o que eu sabia que era extremamente difícil já que tudo ali a lembrava. Depois de alguns minutos em silencio, só observando a paz do lago e como ele me tranqüilizava, ouvi algum passo vindo do bosque, talvez fosse Ayana, então nem me importei em olhar. Pouco depois esse alguém falou:

– Eu não sabia que você ainda ficava imóvel assim?

– Para meditar é necessário paz, e ficar quieto.

– Você não muda nunca, não é mesmo Miguel?

– Não e nem você não é Amanda?

– Nunca, somos anjos. E anjo é sempre a mesma coisa...

Eu me levantei e a abracei, ainda abraçados a levantei e rodopiei, fazia muito isso quando ela era menor, mas agora era uma mulher. Ela era linda, tinha a pele branca um pouco bronzeada, os olhos eram castanhos escuros, os cabelos lisos e negros caiam em cascata até sua cintura. Ela era um pouco mais baixa do que as anjas, tinha 1,62 de altura. Mas estava sempre de salto, para disfarçar a altura. Amanda havia se tornado uma linda mulher, suas curvas eram bem delineadas, tinha seios fartos, mas o que mais me chamava atenção era sua simpatia. Amanda conversava e sorria sempre para todos, tratava as pessoas com tanto respeito e carinho que era um ótimo exemplo para muitos anjos. E era uma eximia guerreira, sem duvidas a melhor da Casta de Rafael, que por sua vez havia lhe dado uma missão de um com Gabriel a Turquia para que ela mostrasse a Gabriel que os humanos tinham sentimentos. Gabriel, era um tanto teimoso e sarcástico, era um ótimo arcanjo, mas ainda duvidava que as pessoas da terra tivessem sentimentos, seu argumento era sempre “ Como vocês podem dizer que eles sentem a mesma coisa que nós, se a única coisa que sabem fazer é acabar com tudo. Eles fazem guerras por terras, que nem são deles. Destroem florestas, matam o próximo. Eles são seres irracionais”. Gabriel era o arcanjo responsável pela natureza, ou seja, ele dominava os cinco elementos, e sentia raiva dos humanos quando eles o destruíam. Rafael era responsável pelos sentimentos, ele controlava todos eles. Desde o amor ao ódio. Eu sou responsável pela ordem dos mundos tanto o nosso quanto o dos humanos.

– Então, o que te trazes aqui? Soube que estava em missão com Gabriel, porque voltou?

– O conselho nos chamou de volta, disse que havia algo maior para nos preocuparmos. Parece que a filha de Ariel e Athus foi seqüestrada!

– Louise? Seqüestrada? Eu acabei de deixá-la em casa!

– Parece que Klaus a seqüestrou, mas ainda não sei ao certo. Pelo o que entendi Athus convocou o conselho e disse que agora teríamos que decidir o que iríamos fazer. Se realmente iríamos ajudá-los, ou iríamos fugir.

Eu fiquei em estado catatônico, não sabia se acreditava ou não em Amanda. Resolvi segui-la ao conselho, e só tive certeza de que isso realmente havia acontecido quando vi Athus no paraíso e Ariel ao seu lado reivindicando seu cargo como Arcanjo. Era a primeira vez que isso acontecia, como Ariel era irmã de sangue de Lucifer assim que ele morreu era natural que ela tomasse o lugar dele, mas ela preferiu não se manifestar. Mas agora, sabendo que sua filha estava em perigo e que se ela reivindicasse seu lugar como arcanjo, ela poderia ser muito mais forte, não pensou duas vezes reivindicou seu posto. Ela não seria a pacificadora como Lucifer era. Ariel tinha outras qualidades, vi como tudo aconteceu rápido em um instante ela tinha asas brancas em outro já estavam totalmente douradas. Ela era o Arcanjo da sabedoria!

...

Tudo foi muito rápido eu não sabia o que fazer ainda nem tinha forças para nada, depois que Klaus se apresentou dois vampiros apareceu do nada, e bateram em minha cabeça. Vi que Klaus estava impedindo Daniel de se mexer, Klaus era muito mais forte que Daniel, mas assim que estava desmaiando vi Daniel correr em minha direção e me segurar nos braços. Ouvi seu sussurro, mas não soube decifrar já que ele falou em Frances.

– Mon amour, ne vous inquiétez pas. Ne les laissez pas vous blesser,je le promets. Non pas que je dois mourir pour remplir cette promesse!

Depois disso eu desmaiei.

...

Louise bateu em minha porta, eu tentei não demonstrar qualquer coisa, se meu pai percebesse quem era na porta isso não ia dar muito certo. Ela estava se despedindo, quando ele resolveu aparecer e se apresentar. Eu não podia contra o meu pai, não havia nada que pudesse fazer para que Louise conseguisse sair dali, sem que fosse levada. Dois vampiros apareceram e bateram forte em sua cabeça, antes que eu pudesse ter qualquer reação meu pai me impediu só deixando que eu corresse ao seu encontro, quando ela estava quase desmaiando. Assim que a peguei fiz uma promessa a ela, e eu a cumpriria nem que fosse a última coisa que fizesse em minha vida. Meu pai ordenou que levássemos ao palácio em Versailles. Eu sabia que ele não iria matá-la, pelo contrario primeiro iria conhece-la, depois a estudaria, para só depois decidir o que de fato faria. Eu teria algumas semanas antes que isso acontecesse, para ajudá-la a sair de lá. Mesmo que no fim ela não ficasse comigo, eu iria contra a minha família, para que ela sobrevivesse.

...

Depois da reivindicação de Ariel, juntei-me a Athus. Eu sabia que ele precisava de um apoio agora, pude ver nos olhos aflitos de todos os anjos. Mas nunca em toda a minha vida, vi tantos anjos e demônios reunidos lutando por uma causa, e a vibração que se sucedeu assim que Athus pronunciou as próximas palavras foi indescritível.

– Que a batalha comece!

* Meu amor, não se preocupe. Não deixarei que eles te machuquem, eu te prometo. Nem que eu tenha que morrer para cumprir essa promessa!*