Sonhos Distorcidos escrita por Marie Lolita


Capítulo 4
Capítulo 3 - Meu muso


Notas iniciais do capítulo

Eba, olha eu aqui de novo. Estou muito feliz com os reviews recebidos, estão gostando, isso me deixa bem feliz.
Não percam mais esse cap, que como sempre é uma confisão total.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/208758/chapter/4

   Poucos dias tinham se passado, faltava somente dois dias para o final de semana chegar. Não tinha mais visto Sasori, o que indicava que ele não a chamou para sair, mas sim Ino. Ela não poderia fazer seu plano funcionar justamente com a loira, tinha que ser numa roda de amigos.

   As aulas estavam sendo deliciosas de assistir. Tinha aprendido muito e melhorado seu traço aos poucos, até aprendeu a usar carvão, com uma pequena ajuda de Sai. Ele não era uma pessoa de muitas palavras ou um senso de humor dos melhores, mas muito agradável e ele se esforçava para tentar manter uma amizade. As coisas não estavam tão difícil assim, pelo menos agora, às vezes se esquecia que tinha que manter o disfarce, em uma dessas Sasuke quase o viu sem peruca, depois do banho enquanto secava suas madeixas roses.

   - Eu queria saber Sai, quem é garota que você retratou naquele desenho? – prometeu que não iria perguntar, mas não se conteve. Aproveitou a aula vaga de aquarela, enquanto eles andavam para o refeitório para perguntar.

   Sai ficou mais sem jeito e até parecia levemente corado. Por um segundo ele ficou em silêncio pensando se respondia a verdade ou não. Talvez não devesse ter perguntado.

   - Fui apaixonado por ela por um ano. Até me declarar.

   - Ela é linda. Agora é sua namorada? – perguntou entusiasmada.

   - Não. Ela agora namora meu melhor amigo – declarou triste, seu tom indicava que dava a conversa por encerrada.

   Opa. Não devia ter perguntado mesmo. Agora ele estava triste, por culpa dela. Tinha que arranjar outro assunto e rápido.

   - Hum... você já achou sua inspiração para a aula de desenho artístico da semana que vem?

   - Não. Ontem estava tentado achar alguma inspiração nas coisas que gosto ou nos desenhos passados, mas nada. Acho que vou ter que fazer o que a professora falou, achar uma musa inspiradora ou algo do tipo – disse, de certa forma mais contente com a mudança de assunto. – E você? Achou?

   - Bem, não, mas estou procurando e... – ela mesma se interrompeu. Finalmente viu quem queria ver em dias. Ele estava outra vez recostado no tronco da árvore, lendo bem concentrado, o que parecia um monólogo, talvez sua próxima peça. - Sai, pode ir indo para o refeitório, daqui a pouco eu te alcanço, tenho que falar com uma pessoa. Tchau.

   Apertou mais seu bloco de papel e o estojo de lápis, nervosa com a idéia. Parecia estúpida. Não. Era estúpida. Mas é o que tinha para hoje.

   - Licença – falou, chamando a atenção dele. – Posso me sentar ao seu lado?

   - À vontade – deu mais espaço.

   Sakura sentou-se ao lado dele, mas nada disse, somente ficou ali, corando aos poucos. Ele esperou ela falar alguma coisa, que não veio, até pigarrear.

   - Então, acho que você quer alguma coisa, não é?

   - Ah! É mesmo... bem, eu queria te  pedir um favor. – Se virou para encarar os olhos castanho-claros dele.

   Respira, concentra.

   - Queria que você fosse meu muso para a aula de desenho artístico. – Sasori a olhou sem entender, depois franziu a testa. – Sei que é estranho, principalmente porque sou um garoto e você me acha afeminado, mas entenda, preciso de inspiração. E você me da inspiração.

   - Eu? – levantou uma de suas sobrancelhas vermelhas.

   - Sim. Seu cabelo é legal e você é popular e bacana – não é só por isso, mas era o que podia falar. – Por favor?!

   Ele estranhou o pedido e achou mesmo que ele era homossexual ou algum pervertido por pedir aquilo. Mas assim que olhou para aqueles grandes olhos verdes, ela lembrava tanto uma garota, se tivesse cabelo grande ou uma peruca com roupas femininas poderia se passar por uma. Não agüentou recusar.

   - Acho que tudo bem. Se quer me desenhar e eu te transmito inspiração, por mim tudo bem. Mas é só isso, néh? – perguntou ainda de testa franzida e olhos sem entendimento.

   - Sim. Só isso.

   - Tudo bem então.

   Naquele momento ela queria abraçá-lo e dar um beijo na bochecha de agradecimento, claro que não é para tanto, mas queria. Como não pode, simplesmente apertaram as mãos.

   Assim que ela estava se levantando para encontrar Sai no refeitório e almoçar ele a chamou de volta.

   - Ei, todos vamos sair no sábado para comer uma pizza, quer ir? – Ótimo. A oportunidade que ela precisava.

   - Claro. Posso levar uma amiga? – não poderia esquecer-se de Ino, ela é sua amiga e o convidou para sair, nada mais justo que chamá-la, agora tinha um grupo, tudo bem.

   - Claro que pode garotão, até três se quiser. Talvez nem precise te apresentar ninguém.

   - É... hum... então vou indo.

   No almoço pegou um sanduíche e um suco de caixinha, coisas simples, ela não queria comer nada complicado que nem conseguisse pronunciar. Não quis ficar no refeitório. Ao invés disso preferiu andar pelo campus com Sai atrás de uma inspiração ou uma musa para ele.

   - Chay! – gritou Ino correndo atrás dos dois.

   - Oi Ino. Eu queria falar com você mesma. – Parou na frente deles ofegante, colocou a mão nos joelhos se inclinando para frente. Mostrou o indicador pedindo um minuto para recuperar o ar.

   - Eu... queria... saber... sobre o final de... semana.

   - É sobre isso mesmo que eu quero falar.

   Sai ficou observando a conversa das duas, bem alheio. Só então Sakura se deu conta do desconforto do amigo.

   - Desculpe. Fui mal educado. Essa é Ino. Ino esse é meu amigo e colega de classe, Sai.

   Ela deu um largo sorriso e pareceu avaliar o garoto a sua frente. Ele estendeu a mão, que ela apertou rapidamente.

   - Prazer, Sai.

   - Digo o mesmo – encabulado, ele desprendeu sua mão da dela assim que pode. – Chay, vou indo para a sala de desenho teórico, tenho... uma coisa para fazer antes da aula começar. Mais uma vez, foi um prazer conhecê-la, Ino. – Ele deu um tapinha no ombro da rosada e estendeu a mão novamente para Ino, que não apertou, mas se inclinou e deu um beijo na bochecha esquerda do menino. Ele ficou corado e saiu apresado.

   - Fiz algo de errado? – perguntou a loira sem entender, olhando ele ir embora apresado.

   - Acho que ele é muito tímido e você rapidinha demais. Percebi que gostou dele, mas vá com calma para não assustá-lo mais uma vez. – elas se entreolharam depois que ele havia sumido. – Não é por isso que queria falar com você. Queria perguntar se poderíamos mudar o programa de sábado.

   - Não acredito que vai furar comigo Haruno. Achou outra garota, é isso? – perguntou um pouco possessiva. Isso a estava assustando.

   - Não. Claro que não. Mas o Sasori me convidou para ir comer pizza sábado com os Akatsukis, e queria saber se você toparia ir. Vamos?

   - Ta brincando? Fala sério. O Sasori te chamou para sair com os amigos dele e você quer me levar? – Ino perguntou, como se Sakura já não tivesse dito, nem entendia o porquê disso, mas afirmou com a cabeça. O que a fez dar um gritinho histérica e pular para cima dela, envolvendo seus braços ao redor do pescoço da mesma, toda contente. – Claro que quero ir. Vai ser ótimo sair com o segundo ano mais badalado do campus. Sabe quantas garotas se matariam por isso? – ela franzia a testa estranhando a cena e meneou um não com a cabeça. – Milhares – respondeu.

   Ela já começou a planejar que roupa iria usar. O que iria falar. O que levar. E em como todas suas amigas morreriam de inveja dela. Sério que garotas são assim? Perguntou-se. Eu não sou assim.

   Voltando a caçada de Sakura e Sai, eles não conseguiram achar nada, nadinha que o inspira-se. Tirando o fato de a loira ter o assustado, mas pelo menos gostou dela, até a chamou de “energética, até demais”, já era um bom começo. Mas a garota estava triste por não conseguir ajudar.

    Mais tarde voltou para seu quarto para guardar e pegar mais alguns materiais de arte para a próxima aula. Para sua surpresa Sasuke estava lá e pior, tinha achado o pacote de tampões (absorventes) que havia escondido no criado-mudo da cama. Estava frita. Agora babo tudo!

    - O que é isso? – perguntou tirando um dos absorventes da caixinha e jogando na cama dela, bem a sua frente. – Isso é aquele tal de absorvente que mulheres usam? – meneou com a cabeça que sim, ainda incrédula para xingá-lo e mandá-lo para o quinto do inferno. – Por que você tem isso? Não vai me dizer que é um tarado psicopata. – Jogou a caixa com repulsa no chão, esfregando as mãos na perna da calça azul escuro. – Bem que desconfiei de você, frutinha. Credo!

    - Não é nada disso, seu idiota. Nem sei por que você fica mexendo nas minhas coisas – deixou a palheta de cores, os pinceis e as tintas na cama, se abaixou para pegar os tampões do chão rapidamente. Ela estava ficando da cor de carmim com tudo aquilo.

   - Estava procurando filme para uma das minhas maquinas fotográficas antiga. Não troque de assunto. Se não é um pervertido é o que?

   - Bem... – Pensa Sakura. Alguma coisa geniosa. Esquece. Qualquer coisa serve agora –... e-eu as vezes sangro pelo nariz, minha mãe me ensinou que esses tampões são ótimos para isso. – Pegou um deles, tirando a capinha protetora, relutante colocou no nariz. – Viu? Ele absorve tudo quando sangra – deu de ombros para ver se ele engolia essa.

   Sasuke olhou, franzindo o cunho e balançando a cabeça. Logo depois pegou um tubinho de cima da cama, devia ser o filme para á máquina, se levantou da cama.

   - Frutinha com hemorragia nasal maluca. Você me assusta. Fique longe de mim – disse encarando ferozmente, saindo em seguida.

   Ela caiu ao chão, esgotada. Quase tinha sido descoberta. Pelo menos ele parecia ter engolido a desculpa. Contorceu o rosto, fazendo força na narina tampada, até o absorvente sair voando, até fez barulhinho.

   - Parabéns Sakura. Continue assim que não sobreviverá nem o primeiro mês aqui. – falou para si. Pegou todos os tampões e colocou de volta na caixa, escondendo-a, dessa vez, melhor.

   Trancou-se no banheiro. Precisava de um tempo sozinha. Mas não em forma de Chay e sim de Sakura. Tirou a peruca, deixando somente a redinha de cabelo e os grampos. Tirou o blazer, desfazendo a gravata, abrindo alguns botões da camisa azul. Era o máximo de Sakura que podia se dar agora. Olhou seu reflexo no espelho da pia do banheiro, passando a mão no reflexo.

   - Você andou um pouco sumida garota. Por onde andou? – brincou. – Sei que quer voltar, mas agüenta um pouco. Precisamos fazer isso para nosso bem – talvez, somente talvez, estivesse pirando mais que o necessário, estava até falando com seu reflexo.

   Sentou-se na borda da banheira de porcelana, que ficava no centro do banheiro, pegou seu pequeno celular, procurando o número de sua amiga. Assim que o achou, esperou até o quarto toque para ela atender. Tinha que estar tudo pronto para o final de semana.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se gostaram, comentem, pliss



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sonhos Distorcidos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.