Changes escrita por Bruna Pattinson


Capítulo 2
Forks


Notas iniciais do capítulo

Tá aí o segundo capítulo, espero que gostem.



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Era um dia como outro qualquer. Meus pais resolveram jantar em casa, e eu resolvi me juntar a eles. Depois de um tempo resolvi perguntar:

– Como vai o trabalho? – arrisquei. Eles me olharam surpresos, de uma forma até levemente hilária.

– Vai... Bem – meu pai respondeu.

Um silêncio se seguiu.

– Ok... – olhei ao redor. Era melhor ir direto ao ponto. – Pai, preciso do número do tio Taylor.

– Por quê? – minha mãe se intrometeu.

Alguns dias se passaram desde que tive o sonho com Anthony. Eu decidi não só seguir com a minha vida, mas também mudá-la de uma vez por todas. Eu não podia começar do nada naquela casa, naquela cidade. Eu precisava de um lugar novo. E, por mais cruel que isso soe, eu preciso, sim, de um tempo longe de meus pais. Eu preciso de um lugar onde eu esteja livre dessa minha vida. Um lugar onde eu possa recomeçar do zero sem muitas intervenções.

Quando vasculhei meus pensamentos deitada em minha cama, um rosto apareceu em minha mente. Exatamente o rosto que eu precisava. O irmão de meu pai, Taylor. O irmão bom. Ri em pensamento.

Ele tinha perdido seu filho, assim como meu pai, mas antes dele. Ele tinha adotado uma garota recentemente, acho que para aplacar a dor que sentia. Meu pai o odiava. Digamos que ele era da parte menos favorecida da família. Acho que é por isso que eu mal o via, e mal o conhecia. A última vez que o vi, foi no enterro de Anthony. Ele parecia ser uma das únicas pessoas alí que, no olhar, eu via luto verdadeiro.

Então decidi que ele era meu refúgio. Bom, não ele, mas Forks, onde ele morava.

– Eu ainda não sei ao certo. Acho que quero passar alguns tempos em Forks – respondi e meu pai se engasgou com a comida, me pegando de surpresa.

– Querido, você está bem? – minha mãe perguntou ao meu pai, aflita.

– O que diabos você quer fazer em Forks, Isabella? – ele a ignorou, gritando para mim. – Aquela cidade não é lugar para você.

– Ao contrário, eu acho que essa cidade é muito meu tipo – disse, irônica. – Não é, mãe?

– Se ela quer morar lá, deixe-a – disse ela, e essa foi a minha vez de quase engasgar com a comida. O que foi isso? Minha mãe acabou de me apoiar ou eu estava delirando? – É melhor do que ficar sozinha nessa casa. E eu quero ver por quanto tempo o Taylor vai aturar você.

Ela riu.

Claro que ela tinha concordado. Ela bem estava louca para se livrar de mim.

– Então pai, qual é o numero? – eu disse, a ignorando completamente.

–------

– Alô? – ouvi uma voz rouca do outro lado da linha.

Er... Taylor? – perguntei.

– Sim, é ele. Quem fala?

– Bom, é a Isabella... Não sei se o senhor se lembra de mim, sou filha do seu irmão – falei rapidamente. Olha que família maravilhosa eu tenho, meu pai nem sabe o nome da filha dele, acho quem ele só sabe que eu existo por causa do enterro.

– Isa-Isabella? Filha do Charlie? – ele gaguejou.

– Sim – respondi, hesitante. Alguns segundos se passaram, e eu só ouvia silêncio do outro lado da linha. Até que ele se recompôs e perguntou:

– O que deseja, Isabella?

– Eu sei que só nos vimos uma vez, e nunca nos falamos até agora, mas eu queria saber se eu poderia passar uns tempos aí em Forks – Como isso soou ruim. Soou horrível.

– Passar um tempo aqui? E seu pai? – perguntou, desconfiado.

– Ele permitiu, disse que pagará por todas as despesas, se for necessário.

Um silêncio maior que o anterior se seguiu. Eu deveria ter escrito um discuro, ou falsificado um currículo escolar cheio de notas boas para mandar para ele.

– Não quero ser rude, mas por que quer vir pra cá, Bella? – ele disse, anos depois. Me surpreendi com o novo apelido, mas gostei. Suspirei, e decidi ser sincera.

– Preciso de um recomeço. Só isso.

– Tudo bem, então – minha boca se abriu em um "O". Como isso foi fácil! Fácil demais. Semisserrei os olhos. – Você é bem vinda aqui, pedirei a minha filha para preparar o quarto de hospedes para você.

Depois que meu pai, com desgosto, acertou tudo com meu tio, peguei um avião, e logo após outro. Iria encontrar com meu tio, para viajar as horas restantes de carro. Gostei do clima frio, sempre gostei de frio mas não de chuva. E os dois se combinavam. Principalmente em Forks.

Vi meu tio caminhando em minha direção, no aeroporto. Ele era bonito como meu pai, mas de forma mais simpática. Ele me deu um sorriso sincero, e eu lhe sorri de volta, verdadeiramente.

– Olá, Bella! – ele se apossou desse apelido, sem eu nem mesmo permiti-lo, mas eu gostei.

– Oi, tio Taylor. Como está? – perguntei, tentando ser simpática.

– Estou bem, obrigada. Espero que você esteja bem também.

– Estou sim, obrigada – menti. Eu ainda não estava bem. Só estava indiferente a tudo.

O engraçado foi que ele não me perguntou se eu estava bem. Só falou que esperava que eu estivesse.

Eu tinha um pressentimento que ele sabia como eu me sentia. Ele sabia como era difícil sair do luto.

– Então... Vamos? Como você sabe teremos que viajar algumas horas de carro – ele começou a andar e me guiar com suas mãos em minhas costas. Tremi um pouco, fazia muito tempo que eu não tinha contato humano. Não que fosse ruim. Eu só tinha desacostumado. – Não sei se é desagradável pra você, mas sei que tem gente que enjoa...

– Tudo bem, isso não acontece comigo.

– Ótimo, então – disse ele.

Caminhamos em direção à saída, e vi a viatura parada no estacionamento. Me lembrei, então, de que ele era policial.

O caminho foi repleto de silêncios constrangedores. Ele me perguntou como meu pai estava, e senti que no fundo ele realmente se importava. Não era como meu pai, que o odiava simplesmente por ser o menos rico da família.

Apesar de sempre ter as melhores roupas, estudar nas melhores escolas, nunca me importei muito com dinheiro. Eu sempre tive lacunas na minha vida que não podiam ser preenchidas por coisas compráveis.

Eu ainda estranhava o fato dele ter aceitado tão facilmente que eu viesse para cá. Achava que ele era uma versão menos rica do meu pai. E que como a maioria da família, não gostasse de mim, mesmo sem motivos. Mas, acho que ele pareceu ouvir o desespero em minha voz, a vontade de sair daquela casa, daquela cidade. Eu necessito de coisas novas, pessoas novas, uma nova rotina.

Paramos na frente de uma casa simples, de uma maneira aconchegante. Ainda sim era grande, só um pouco menor do que a dos meus pais. Era toda branca, as janelas com persianas azuis, sem varanda. Uma casa muito convidativa, e eu mal esperava para ver seu interior. Mas afinal... Com uma casa dessas, ele era mesmo pobre?

– A sua casa é realmente linda – eu lhe disse, enquanto o observava tirar minhas malas do carro.

– Ah, tenho certeza de que a do seu pai deve ser bem maior e mais bonita – ele deu sua risada rouca e aconchegante. – Mas... Obrigada.

– Depende da sua definição de beleza. Se você gostar de uma casa escandalosa, cheia de fontes de água e estátuas gregas, então é mais bonita, sim.

– Acho que está claro que não – e riu-se.

– Eu diria que está transparente – disse.

Logo, uma mulher de meia idade, usando um vestido azul claro e casaco da mesma cor apareceu irrompendo a porta. Ela tinha os cabelos levemente ondulados, e um sorriso simpático no rosto. De repente, ao olhar pra ela, me senti num filme dos anos oitenta. Ela tinha a graça e o requinte de senhoras daquela época.

– Então... Você deve ser a Isabella – ela disse, sutilmente.

– Sim. É um prazer conhecê-la, Sra..?

– Allexandra. Mas pode me chamar de Allie – Me lembrei da minha antiga amiga de Los Angeles, e praticamente já tinha gostado dela.

– Ah, pode me chamar de Bella também, se quiser – Eu disse, tentando ser o mais simpática possível.

Ela me sorriu enquanto caminhávamos em direção a casa.

Ao entrarmos, percebi que a casa era ainda mais bonita por dentro. A sala tinha sofás beges, e um tapete esplêndido. Eu tinha certeza de que a minha mãe iria gostar, mas só se não soubesse que era dos meus tios. Quase revirei os olhos. A tevê de tela plana ficava a frente, em cima de um raque de madeira clara que não tirava a harmonia do local. Tudo se completava. Não de uma forma exagerada, como em minha casa. Mas de uma forma tão gentil que dava vontade de me sentar em uma das poltronas do lado do sofá e ler até pegar no sono.

Uma garota apareceu, descendo a escada. Logo percebi que era filha adotiva deles. Ela era ruiva, com leves sardas cobrindo a superfície do rosto. Os olhos azuis mostravam felicidade. Atrás dela vinha um garoto de pele morena, cabelos compridos.

– Olá, você deve ser a Isabella – ela disse.

– Bella – corrigi sem pensar.

– Ok Bella, eu sou a Sophie. E esse é meu amigo, Jacob – ela falou se referindo ao garoto.

Ele me avaliou com seus olhos castanhos, interessados em meu rosto. E deu um sorriso de canto de boca.

– Olá, Bella.


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Notas finais do capítulo

E aí? Reviews?



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