Mind Readers escrita por lovemyway


Capítulo 35
Capítulo XXXIV


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, esse é o antepenúltimo capítulo da Fanfic (sem contar Epílogo). Eu pensei em colocar como sendo o penúltimo, só que ia ficar muito longo, e talvez eu tivesse que cortar coisas, então foi melhor assim.
Eu sei que muita gente não deixa reviews com frequência, e tal, e deve ter pessoas que não deixaram até agora, mas é muito importante para mim que vocês digam o que acharam da história. O que vocês mais gostaram? O que vocês acham que poderia ser melhorado? A opinião de vocês é muito importante para mim *-*
Enfim, boa leitura! :)



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Capítulo XXXIV



Rachel Berry



Eu sabia que aquela situação havia chegado a um momento em que tudo poderia acontecer. Eu podia sentir um nó se formando em minha mente, e eu não tinha ideia de como desfazê-lo. Tudo aquilo era complicado demais, e nada parecia fazer o menor sentido.

Eu podia sentir o olhar de Wonder sobre mim. Ela provavelmente estava analisando todos os pensamentos que corriam pela minha mente, e isso nunca me irritou tanto. Saber que uma pessoa poderia ler tudo o que se passava dentro de minha cabeça. Saber que uma pessoa poderia saber tudo o que estava acontecendo comigo no momento. E então, a frase surgiu em minha mente com rapidez, como se estivesse lá o tempo todo, apenas esperando para ser ouvida.

Você não entende, porque fechou completamente sua mente”.

Eu fechei completamente a minha mente para a Quinn. O que ela disse? Que era a única que não podia me ler? Porque eu a afastava mais do que aos outros? Será que eu podia fechar minha mente aos demais? Mordi o lábio inferior com força e levantei a cabeça para encarar Wonder. Ela tinha uma expressão surpresa no rosto, e arqueou uma de suas sobrancelhas. Concentrei-me com todas as minhas forças em mantê-la de fora, e rezei para que desse certo.

–– O que você está fazendo? –– perguntou-me.

Privacidade. Algum problema com isso?

–– O que foi? –– perguntou Brittany, saindo do seu “transe”.

Brittany passou os últimos minutos encarando o teto da van com uma expressão estranha no rosto. Eu não podia culpa-la, afinal, eu não deveria estar muito diferente. Wonder fechou a cara e lançou um olhar irritado em minha direção. E foi aí que eu soube que estava funcionando. Ela não estava conseguindo me ler. Abri um sorriso radiante, e me virei na direção de Brittany.

Eu não confio nela, Brittany” disse em minha mente. “Eu consegui bloqueá-la, como faço com a Quinn”.

Os olhos de Brittany se arregalaram em surpresa. Respirei fundo, mas acabei por também deixa-la de fora. Eu não queria que ninguém soubesse o que eu estava pensando. Passei a mão pelo rosto e suspirei. Droga, aquela história não fazia nenhum sentido! Como Shelby podia ser a vilã daquela história? Wonder não explicara direito, mas eu entendi o que ela queria dizer. Shelby dissera que precisava nos entregar. E, no dia seguinte, Wonder aparecia para miraculosamente nos salvar. Como ela sabia que estávamos em perigo, afinal de contas? Nem Quinn e nem Brittany tinham conversado com ela. Além do que, Shelby estava tentando me proteger, não estava?

Talvez não. Shelby era uma incógnita tão grande quanto Wonder. Será que eu podia acreditar nela, afinal de contas? Ela dissera que ia entregar Quinn e Brittany. Não seria tão difícil chegar até mim através delas. Talvez fosse esse o plano de Shelby. Quinn e Brittany eram capturadas, e o Governo chegava a mim por conta delas. E então, a Corcoran podia continuar com sua fachada de que estava querendo apenas me proteger, e poderia explorar todo o meu “potencial”. Ela me conhecia o suficiente para saber que eu iria aonde Quinn fosse. Ela me conhecia o suficiente para saber como me manipular.

Cerrei o punho com força e soltei a respiração que nem sabia ter prendido. Brittany ainda me encarava confusa, e Wonder ainda parecia irritada com minha reação. Será que... Será que eu conseguia entrar na mente dela? Será que eu conseguiria lê-la? Mordi o lábio inferior com força, e os olhos de Wonder encontraram os meus.

É uma boa hora para a nossa mente se abrir.

Talvez não. Se ela abrir, podemos não ser capazes de fechá-la.

Mas pelo menos saberemos a verdade.

Será que a verdade vale a pena?

Eu não sabia. Porra, eu não sabia de nada! A van parou, e a porta traseira se abriu. Um dos brutamontes indicou a porta com a cabeça, e Wonder foi a primeira a sair. Brittany respirou fundo e foi atrás dela. Segui-as. Olhando ao redor, eu tive certeza de que não estávamos em Lima. Franzi o cenho. Há quanto tempo estávamos na estrada? Eu fiquei tão entretida em meus próprios pensamentos que sequer percebi.

–– Onde estamos? –– perguntou Brittany.

Wonder indicou um armazém com a cabeça. O brutamontes abriu a porta, e fez sinal para que o seu parceiro estacionasse a van, e Wonder caminhou decidida para dentro do armazém, indicando que Brittany e eu deveríamos segui-la.

–– Onde estamos? –– perguntou Brittany novamente.

–– Em um lugar seguro –– disse Wonder.

–– Hum... –– resmungou Brittany. –– Um armazém no meio da estrada? Isso não é meio óbvio? Quero dizer, com o Google Maps e tudo, não é nenhum lugar difícil de achar.

–– Certo, porque o primeiro lugar que Shelby vai procurar é um armazém na estrada –– retrucou Wonder. –– Vai levar um tempo para que ela encontre, e esse lugar é temporário.

–– O que você quer dizer com isso? –– perguntei.

–– Que vamos despistá-la. Fazê-la acreditar que estamos saindo de Lima.

–– E então nós voltamos para a cidade? –– perguntei desconfiada.

–– Sim –– concordou Wonder. –– Talvez seja melhor se vocês mudassem de cidade. Wapakoneta é a mais perto.

–– Wapakoneta? –– perguntei sarcasticamente. –– Ah, claro, porque se foi tão fácil nos achar nos trinta quilômetros de Lima, então vai ser muito mais difícil nos achar nos quatorze quilômetros de Wapakoneta.

–– Springfield? –– sugeriu Brittany. –– Sempre quis morar na mesma cidade que os Simpsons.

–– Não é uma má ideia –– disse Wonder, dando de ombros. –– Mas uma coisa de cada vez. Primeiro, nós precisamos encontrar uma forma de tirar Quinn das garras da Corcoran.

–– E como você pretende fazer isso? –– perguntei.

–– Será que eu devo mesmo falar? –– perguntou Wonder, arqueando uma sobrancelha.

–– O que você quer dizer com isso? –– perguntei irritada.

–– Que você é filha da Corcoran, e pode estar do lado dela.

–– Ela não faria isso –– negou Brittany.

–– Não tenho tanta certeza –– disse Wonder. –– Por que você fechou sua mente? E quem te ensinou a fazer isso? Você pareceu ter um pouco de facilidade para explorar seu potencial, levando em consideração que você nem sequer deveria saber que o tinha.

–– Não, eu não confio em você –– esclareci. –– Assim como não confio em Shelby. Eu não conheço nenhuma de vocês duas, mas tudo o que fizeram até agora foi ferrar a minha vida. Shelby veio atrás de mim só para me deixar em pedaços, e agora, por sua causa, nós estamos em um maldito Armazém no meio do nada, e falando de fugir de Lima para morar em Springfield.

–– Não é minha culpa! –– gritou Wonder.

–– Não? –– perguntei irritada. –– Então de quem é? Porque se você nunca tivesse vindo para Lima, então ninguém nunca teria chegado até Brittany ou Quinn. Shelby poderia ter vindo até mim, mas ela nunca saberia de Brittany, porque nem eu sabia. E muito menos da minha namorada.

–– Você enlouqueceu! –– gritou Wonder, apontando um dedo na minha cara. –– Foi o Governo que descobriu que havia Readers aqui.

–– Mesmo? –– perguntei. –– E como exatamente o Governo descobriu isso?

–– Você tem um site na Internet –– disse Brittany. –– Um site dizendo que você lê mentes.

–– Ninguém acredita nessas coisas! –– exclamou Wonder. –– Todo mundo pensa que eu sou uma charlatã!

–– Se todo mundo pensasse isso, então essa merda não estaria acontecendo! –– explodi irritada, encarando Wonder com raiva. –– A culpa é toda sua, sua vadia. Você foi imprudente e idiota. Você que atraiu minha mãe e esse maldito Governo para cá. Você que é responsável de tudo isso estar acontecendo. Você quem ferrou as nossas vidas!

–– E agora eu estou tentando salvá-las! –– disse Wonder. –– Você deveria ser um pouco mais agradecida, garota!

–– Salvar? –– perguntei irônica. –– Sabe, eu não estou tão convencida de que esse Governo possa ser tão ruim.

–– Rachel... –– disse Brittany.

–– Quero dizer, pensa só, Britt, ela conseguiu fugir, não é? E eu supostamente não posso ler mentes. E o seu tio... Ele trabalha lá, não é? Então ele pode proteger você, assim como Shelby disse estar fazendo comigo. E Quinn... Bem, ela poderia fugir. Nós a ajudaríamos. Isso é, se ao menos precisássemos chegar a esse ponto. Quem me garante que você não é a vilã da história?

–– Você quer a verdade, Rachel? Então aqui vai a verdade. Eu trabalhei para o Governo, e eu pensava exatamente da mesma forma que você. O pai de Quinn, Russel, era um cara legal. Ele me apoiava, e nós tínhamos a ingênua ideia de construir uma “ala” só nossa. Nós queríamos mais apoio. Nós queríamos mais respeito. Nós estávamos cansados de sermos tratados como aberrações. Mas a sua mãe? Ah, ela não se importava! Ela pisava em cima de tudo e de todos. Ela destruía tudo, absolutamente tudo! Ela não queria encontrar outras pessoas como nós porque ela não queria concorrência. Vai ver por isso ela nunca te procurou. Vai ver ela tinha medo que o Governo soubesse da sua existência, e que seu potencial fosse maior que o dela. Vai ver por isso ela mandou te matar. Não é só o que ela faz? Ela só te machuca, não é?

“Shelby é ambiciosa, mas ela já está ficando velha. Acho que ela pensa que você pode substituí-la no comando, já que ela não é mais tão útil quanto antes. Eu? Bem, eu sou uma opção viável, mas também não sou tão jovem, e em breve seria substituída. Eles querem gente nova. Eles querem vocês. E o que eu quero é impedir que vocês cometam o mesmo maldito erro que eu cometi. Mas se quiser continuar a desconfiar de minhas razões, então é problema seu”.

E quando Wonder terminou o seu discurso, ela estava ofegante. Arqueei uma sobrancelha, e antes que pudesse dizer qualquer coisa, o som de um toque de celular chamou a nossa atenção. Wonder respirou fundo e tirou o próprio celular do bolso, e toda a cor do seu rosto desapareceu quando ela olhou para o nome na tela. Eu não podia ler sua mente, mas eu tinha certeza absoluta de quem estava ligando.



Quinn Fabray



–– Um encontro –– disse Shelby. –– Você sabe que precisamos resolver isso.

–– O que eu ganho com isso, Corcoran? –– escutei a voz de Wonder vindo do outro lado da ligação. Apertei a mão em forma de punho e me controlei para não socar o painel do carro.

–– O que você fez com elas? –– perguntei irritada.

–– Quinn, é você? Oh meu Deus, você está bem!

–– Vadia! –– exclamei irritada. –– Cadê minha amiga e minha namorada?

–– Elas estão bem, Q. Mas você é quem precisa tomar cuidado.

–– O que você quer dizer com isso? –– perguntou Shelby irritada. –– A única cobra aqui é você.

–– Eu sou a cobra? –– perguntou Wonder, e sua voz tinha um tom de desprezo. –– Você é quem me dá nojo, Corcoran. A cobaia do Governo... Sim, eu fiz o que você nunca ia fazer. Eu vou proteger Brittany e Rachel das suas garras, e eu não vou permitir que você faça nada contra a Quinn.

–– A vaca da história é você! –– exclamei.

–– Eu? –– perguntou Wonder irritada. –– Não acredite nessa mulher, Quinn. Ela só quer te usar para chegar até Rachel.

–– Ela disse que você é quem me queria –– retruquei.

–– Sim, eu quero te proteger, mas nada além disso. Será que você esqueceu quem trabalha para o Governo?

–– Eu não acredito! –– exclamou Shelby. –– Como você ousa insinuar que eu sou a traidora aqui? Sua vadia! Fique longe da minha filha!

–– Eu não sou sua filha!

Meu coração saltou no peito, e eu pude ver que os olhos de Shelby estavam arregalados. Ela encarava o celular surpresa, e sua boca estava entreaberta. Então Wonder não estava mantendo as meninas como prisioneiras? Encarei Shelby com uma sobrancelha erguida. Então talvez ela quem fosse a verdadeira vilã da história. Não era ela quem estava querendo nos dedurar? Não era ela que estava falando do “potencial” da Rachel? E Wonder nunca fizera realmente nada contra mim. E se ela estivesse falando a verdade? E se ela estivesse tentando nos salvar?

–– Rachel... É você, amor? –– perguntei insegura.

–– Minha mãe é uma vadia, Quinn! Não acredite nela!

–– Wonder está tentando nos ajudar –– garantiu Brittany. –– Você precisa se afastar dela, Quinn, ou ela vai te entregar!

–– Vocês estão sendo manipuladas! –– gritou Shelby desesperada. –– Pelo amor de Deus, será que vocês não percebem? Wonder está usando vocês duas para chegar até mim. Ela me odeia! Ela quer vingança!

–– Eu só quero ser deixada em paz! –– exclamou Wonder. –– Foi você quem voltou para nos assombrar, Corcoran. Foi você quem trouxe o Governo e os colocou na nossa mira.

–– A culpa não é minha! –– gritou Shelby. –– Eu nunca denunciaria minha própria filha!

–– Não? –– perguntou Rachel sarcasticamente. –– Por que ontem você disse que ia nos entregar!

–– Eu não faria isso, Rachel!

–– E como você pensava em se livrar do Governo? Entregando Wonder? Você ainda é uma traidora –– disse Brittany irritada. –– Rachel faz certo em te odiar.

–– O que vocês querem? –– perguntou Shelby irritada. –– O que você quer, Wonder? Deixe-me adivinhar. Um encontro?

–– Eu quero Quinn, e que você saía de nossas vidas.

–– Engraçado –– disse Shelby sarcasticamente. –– Porque eu quero que você desapareça do mapa de uma vez por todas.

–– Tem um armazém fora da cidade –– disse Wonder. –– Eu estarei esperando você aqui, mas nem pense em chamar o Governo. Eu tenho dois amigos, e eles farão o que for necessário para acabar com você e te impedir de nos dedurar.

–– Sim –– disse Shelby. –– Tenho certeza de que eles fariam qualquer coisa para acabar comigo. É o que você deseja, não é, Alexia? Você quer ser aceita de volta no Governo, mas eles disseram que não precisavam mais dos seus serviços. Eles te descartaram, e agora você quer voltar a ser uma peça importante.

–– Se eu queria tanto voltar para o Governo, Corcoran, então por que estaria fugindo?

–– Do que você está fugindo, afinal? –– perguntou Shelby. –– Eles não te querem. Nós não viemos aqui por você. Mas você deu um jeito de se intrometer na história, não é? O que você vai fazer? Nós vamos chegar aí, você vai “deixar” as garotas fugirem e se entregar heroicamente?

–– Eu quero eles longe de mim, Corcoran.

–– Então por que você anunciou na Internet que podia ler mentes?

–– Porque eu nunca pensei que ninguém fosse acreditar!

–– A culpa disso tudo é sua! –– exclamou Shelby. –– Mas eu não vou deixar você acabar com a vida de mais ninguém. Em uma hora, eu estarei aí. E então, nós vamos resolver isso.

–– Pode apostar que sim.

Shelby desligou o telefone e o jogou no banco de trás com uma força desnecessária. Seus olhos brilhavam de raiva, e ela parecia prestes a atacar. Afastei-me dela o máximo possível e mordi meu lábio inferior. Eu estava confusa. Em quem deveria acreditar? Em Shelby ou em Wonder? Qual das duas estava falando a verdade?

Isso é uma merda.

Eu não sei o que pensar!

Em quem você acredita, Quinn? Você precisa escolher.

–– Sim –– concordou Shelby amargurada. –– Você está certa, Quinn. Você precisa mesmo escolher. Eu fui sincera com você. Eu abri a minha mente e te contei tudo o que eu sabia. Mas se você prefere acreditar na mulher que você mal conhece do que numa mãe desesperada para manter sua filha segura, então o problema é todo seu. Eu vou fazer o que puder para ajudar vocês, mas não será de muita utilidade se você decidir confiar na pessoa errada.

Respirei fundo e analisei Shelby. Ela me tinha, afinal de contas. E eu sabia que se ela continuasse comigo, então Rachel viria atrás da gente. Portanto, ela não teria motivos para fazer aquele teatro todo, certo? Suspirei e passei a mão pelo rosto.

–– Você a ama? –– perguntei.

–– Você não tem ideia do quanto –– disse Shelby.

E então, eu decidi.


Brittany Pierce


Eu não sabia muito bem o que Wonder estava planejando, contudo, eu confiava nela. Wonder e eu nós conhecíamos há mais de um ano, e seria idiotice minha deixar de acreditar nela e aceitar as palavras de Shelby de que era Wonder quem estava tentando nos machucar. De fato, a mãe da Rachel parecia uma cascavel, e eu podia escutá-la balançar seu chocalho antes de começar a nos atacar. Mas Wonder disse que, às vezes, a melhor arma é o ataque. E então, nós mudamos de plano –– que era fugir de Lima para Springfield assim que conseguíssemos resgatar Quinn ––, para atrair Shelby para o nosso “esconderijo” e tentar resolver aquela situação de uma forma pacífica. Mas se conversar não desse certo, então Wonder estava falando sério. Seus “amiguinhos” fariam absolutamente qualquer coisa para nos proteger.

–– Você está bem? –– perguntei a Rachel.

Eu sabia que a resposta era não. Rachel bloqueara seus pensamentos –– e sabe-se lá como diabos ela conseguiu fazer isso ––, e com exceção das vezes que ela abriu a boca na ligação, ela estava completamente calada desde de sua discussão com a Wonder. Ela sequer respondera com palavras quando perguntamos se ela estava de acordo com o plano. Ela apenas acenou com a cabeça, e soltou um pequeno suspiro.

–– Tudo ok –– mentiu Rachel.

Eu podia ver em seu rosto o quanto ela estava assustada. Talvez porque eu passara mais tempo cuidando dela do que queria admitir, e talvez porque ela era realmente óbvia em transparecer seus sentimentos em seu rosto. Mas independentemente do motivo, eu sabia que a qualquer momento Rachel Berry poderia explodir. E era exatamente isso o que mais me preocupava.

Ela tinha concordado em talvez tirar a própria mãe do caminho, e Wonder deixara bem claro que aquilo não acabaria nada bem. Nós não estávamos esperando que a situação chegasse a esse ponto –– pelo menos eu não estava ––, contudo, a cada minuto que passava, a “alternativa b” parecia se tornar cada segundo mais razoável. Não que alguma de nós estivesse pensando em matar Shelby. Mas deixa-la inconsciente e trancada naquele armazém por um tempo, só para que tivéssemos uma chance de nos despedir de nossos amigos e parentes, para depois partir...

Senti meu coração apertar no peito ao me lembrar de Santana. Não que eu realmente a tenha esquecido, mas preferi focar minha mente em qualquer coisa, exceto o fato de que eu acabara de tê-la em meus braços, e que talvez estivesse muito próxima de perdê-la. Xinguei baixinho. Merda, aquilo não era nem um pouco justo! Eu levei anos para fazer aquela latina cabeça quente admitir que sentia alguma coisa por mim, e agora tudo estava completamente arruinado! Minha vida, minha garota, eu mesma. Por que diabos tudo precisava ser tão difícil? Como se ler mentes não fosse ruim o bastante! Como se lidar com o que eu lidava já não fosse assustador o suficiente! Sem Santana na minha vida, eu não tinha ideia do que seria de mim.

Sorte dela”, pensei amargamente, encarando a silhueta encolhida de Rachel. “Pelo menos ela vai ter Quinn ao seu lado”.

Mas eu sabia que estava sendo injusta. Se aquela era uma situação difícil para mim, eu nem sequer conseguia imaginar o quão difícil poderia ser para Rachel. Descobrir que você tem o “potencial”, descobrir que sua mãe é uma tremenda vadia, descobrir que essa tremenda vadia tem a vida da sua namorada nas mãos... Pelo menos Santana não estava envolvida naquilo, e eu sabia que não importava o que fosse acontecer comigo, porque Santana estaria a salvo de qualquer jeito. É claro que meu peito estava se dilacerando por não poder ficar perto dela, mas saber que ela estava bem era um certo tipo de consolo.

–– Será que esse pesadelo nunca vai ter fim? –– perguntou Rachel baixinho.

–– Eu não sei –– admiti.

A baixinha se levantou do canto em que estava sentada e caminhou em minha direção com os braços estendidos. Foi uma imensa surpresa sentir aqueles mesmos braços rodeando minha cintura, e uma surpresa maior ainda sentir Rachel descansar a cabeça em meu peito. Suspirei e abracei-a de volta. Eu tinha que admitir que, por mais que Rachel Berry fosse irritante, eu realmente gostava dela. E me preocupava. A baixinha me atormentou o ano todo à procura de respostas, e embora eu fizesse o possível para ignorá-la, eu sempre acabava por verificar uma vez ou outra se estava tudo bem com ela. E à noite, quando ela voltava pra casa sozinha, eu fazia questão de segui-la o caminho inteiro, apenas para me certificar de que ninguém fizera o mesmo. Eu salvei a vida dela, afinal de contas. Seria uma puta sacanagem ter me arriscado só para vê-la ser machucada algum tempo depois.

–– Vai ficar tudo bem, Rach –– sussurrei em seu ouvido, e passei a mão por suas costas.

–– Você não sabe disso –– resmungou Rachel, apertando-me com um pouco mais de força. –– Desculpe, Britt.

–– Pelo que? –– perguntei confusa.

–– Se nós nunca tivéssemos nos conhecido... Se você nunca tivesse salvado minha vida, não sei... Talvez você não estivesse nessa situação.

–– Rachel –– repreendi-a. –– Isso não é culpa sua.

–– Pensei que tínhamos concordado que era minha –– comentou Wonder amargurada.

Mordi o lábio inferior e tentei não sorrir. Wonder ficou muito magoada com a acusação de Rachel de que tudo aquilo que estava acontecendo era culpa dela, e... Bem, a verdade é que a baixinha tinha um ponto. Wonder foi realmente imprudente em ter colocado o site na Internet, mas ela provavelmente não imaginava –– pelo menos não na época –– que houvesse algum outro Reader em Lima. Além disso, não era culpa dela se Shelby Corcoran era uma maluca obcecada.

–– Você os atraiu –– resmungou Rachel. –– Mas não foi por sua causa que eles vieram. Não inteiramente, na verdade.

–– O que você quer dizer com isso? –– perguntei, franzindo o cenho.

–– Veja, eles vieram atrás de Wonder... Mas você não acha muito estranho eles estarem tão envolvidos nessa história? Porra, alguém tentou me matar! É óbvio que alguém já sabia que eu tinha esse tal de “potencial”. E esse alguém era a Shelby. E se Wonder está certa...

Rachel não precisou concluir seu pensamento, porque eu tinha entendido onde ela queria chegar. Wonder foi apenas a isca, mas Rachel que era o peixe. O peixe grande, que de quebra puxou mais dois consigo. Apertei-a contra o meu corpo com um pouco mais de força, e eu pude jurar que ela estava chorando. Continuei a passar a mão pelas suas costas, e eu queria lhe confortar de alguma maneira, mas eu simplesmente não sabia o que dizer. Porque ao final das contas, Rachel estava certa. Ela também era culpada.

O som de um carro estacionando que nos separou. Rachel deu um pulo para trás e seus olhos estavam arregalados. Wonder indicou os dois brutamontes –– que descobrimos chamar Philipe e Max –– com a cabeça, e eles desapareceram por uma porta aos fundos. Eu não tinha ideia de onde aquilo ia dar e, honestamente, eu não fazia questão de saber.

Estiquei a minha mão na direção de Rachel, e ela a agarrou com força. Caminhamos até duas cadeiras localizadas bem no centro do espaço amplo, e Wonder caminhou até a porta do armazém. Ela deu um último olhar em nossa direção, e então, a porta se abriu.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora pra postar, pessoal. Não foi de propósito! É só que eu andava meio pra baixo, e não tava conseguindo escrever nada. Além do que, eu levei uns 4 dias para escrever esse capítulo (um pouquinho de cada vez). Esse capítulo é muito importante, e o próximo será emocionante, hoho.
De qualquer forma, espero que tenham gostado! Vou tentar não demorar tanto T.T. Até o próximo :)
P.S.: Eu sei que tinha deixado de usar o travessão, só que eu sempre escrevo assim e, honestamente, fiquei com preguiça de mudar para as aspas '-'