Capítulo XIII

Quinn Fabray

Eu podia sentir meu coração se apertando, tamanho minha raiva e ódio. Quem Blair Bitch pensava que era para mexer com a minha garota daquele jeito? Eu sempre soube que ela era uma vadia sem coração, mas magoar alguém como Rachel Berry era demais, até para os padrões dela. Amaldiçoei-me por ter deixado meu carro estacionado tão longe da casa de Rachel. Tudo o que eu queria era dirigir pro Lima Hotel, e quebrar a cara daquela filha da mãe. E eu não sentiria nenhum remorso em fazer isso, assim como não sentira da última vez.

Flashback On

Eu ouvira os boatos. As pessoas apontavam para mim quando eu andava pelos corredores, e quando não estavam rindo, lançavam-me um olhar de pena. Não podia ser verdade. Ela não podia ter feito aquilo comigo. Foi aí que eu a vi. Ela estava encostada displicentemente no seu armário, cercada de várias garotas tão idiotas quanto ela. Aproximei-me, e empurrei uma das garotas que estava na minha frente. Blair me encarou, arqueando a sobrancelha direita.

–– O que foi, irmãzinha?

–– É verdade? – perguntei, tentando conter minha fúria. – Diz Blair, é verdade?

–– Saiam daqui – disse Blair, encarando suas amigas. Elas nem sequer hesitaram. – Quinnie...

–– Não me chame assim! – gritei irritada. – Só me diz se é ou não verdade, Blair!

Mas eu já sabia, e me detestei por sentir as lágrimas caindo do meu rosto. Eu sempre soube que Blair era uma vadia, mas eu nunca pensei que ela fosse foder a própria irmã. Como ela podia fazer aquilo comigo? Depois de tudo o que eu fizera por ela! Se não fosse por mim, ela nunca teria sido uma líder de torcida. Se não fosse por mim, ela nunca nem teria vindo para Nova York!

–– Sinto muito, Quinnie – disse Blair, sem aparentar um pingo de remorso.

Levantei a mão para meter um belo tapa na cara dela, mas alguém segurou meu pulso, puxando-me para longe de Blair. Levantei a cabeça, e mal pude acreditar quando vi que era ele.

–– Tire essa mão imunda de cima de mim! – gritei irritada.

–– Lucy – sussurrou ele. – Por favor, a culpa não foi minha, eu...

–– A culpa não foi sua? – pronunciou-se Blair, dando uma gargalhada. – Seja homem e assuma, Adams! Foi ele quem me beijou, Quinnie.

–– E foi você que abriu as pernas para ele – gritei, apontando o dedo em sua direção. – Você é pior do que eu pensava. Tão egoísta, tão egocêntrica. O mundo não gira em torno de você, Blair! Mas um dia alguém vai te magoar. Um dia, alguém vai quebrar a sua cara e vai te fazer ver que você não é dona do mundo. Que você, na verdade, é uma das pessoas mais patéticas que já conheci!

Eu sentia a raiva transbordando em meu peito, junto com a mágoa e a humilhação. Eu nunca mais queria me sentir daquela maneira de novo. Foi aí que tudo mudou. Naquele momento, Lucy Quinn Fabray deixara de existir. Eu nunca mais seria aquela garota meiga e inocente, eu nunca mais seria pisada por ninguém. Eu me transformaria em uma Rainha do Gelo, eu não deixaria ninguém me ferir. Rainha do Gelo... Ice Queen... Quinn. Sim, daquele momento em diante eu seria Quinn Fabray. E, daquele momento em diante, a Blair não era mais a minha irmã.

–– Vocês dois são ridículos – disse, lançando-lhes um olhar de desprezo. – Você não me surpreende, Adams. Você é fraco, é um idiota.

–– Lucy...

–– Não fale comigo – gritei irritada.

E então, eu fiz o que eu já deveria ter feito: dei um murro na cara de Jonh Adams. Ele me encarou, parecendo surpreso e magoado ao mesmo tempo. Magoado! Como ele ousava me olhar daquela maneira, quando ele fora o desgraçado que ousara partir meu coração? Blair tinha um sorrisinho no rosto.

–– Não seja boba, Quinnie. Se existe alguém patético aqui, esse alguém é você. Estou transando com seu namorado há meses!

–– Exatamente! – rebati. – Meu namorado! Porque por mais que você abra as pernas para ele sempre que ele quiser, no final do dia, é para os meus braços que ele volta, não é? Você dorme com o namorado dos outros porque não tem competência de consquistar um homem para si mesma. Não Blair, bitch, eu não sou a patética, você é.

E então, eu dei um tapa na cara dela.

–– Nunca se esqueça disso, porque eu nunca me esquecerei. A partir de hoje, você não é mais minha irmã. Espero que você morra engasgada no próprio veneno.

Virei-me e saí andando. E desde então, eu nunca mais olhei para trás.

Flashback Off

Respirei fundo algumas vezes, e quase sorri ao lembrar que Blair Bitch acabara se tornando o apelido da minha querida irmã. Eu me mudara para Lima, onde minha mãe morava, e fui para um colégio qualquer. Entrei para as líderes de torcida, e nunca mais deixei ninguém pisar em mim. Eu aprendera a minha lição.

Parei em frente ao meu carro, cansada de ter corrido o caminho todo até ali. O que eu faria agora? Iria atrás da Blair? Meteria a porrada nela? Não, eu me vingaria. Eu me vingaria pelo que ela fez com a Rachel, e pelo que ela fez comigo.

Elizabeth Blair estava completamente fodida.

Blair Fabray

Eu andava de um lado para o outro no quarto do Lima Hotel. Eu não podia acreditar que a vira... Quinnie, minha irmãzinha caçula. Senti meu peito apertar ao ver o olhar de ódio dela na minha direção. E quem podia culpá-la? Eu ainda tinha nosso último encontro gravado na minha mente. Meu Deus, como eu fora estúpida! Lucy estava certa, eu era mesmo patética. Eu achava que o mundo girava ao meu redor, e que todos deveriam me amar, que todos deveriam cair aos meus pés.

A verdade é que eu inveja minha irmãzinha. Ela era doce, meiga, inocente... Todos a amavam pelo que ela realmente era, e ninguém realmente me amava, só andavam comigo porque eu era uma líder de torcida. E eu fazia questão de tirar tudo da Quinnie, porque eu pensava que talvez assim ela ficasse mais próxima de mim, talvez assim ela percebesse que eu era tudo o que ela tinha. Mas a verdade é que ela era tudo o que eu tinha, e eu nunca percebera isso até vê-la indo embora. Eu detestei cada segundo que passei em Chicago, e fiquei extremamente aliviada quando fui aceita na Universidade. Mas a verdade é que eu também não me encaixei lá. De caçadora, eu me tornei a caça. Quinnie estava certa –– eu quebrei mesmo a cara, e mais de uma vez.

Eu estava no fundo do poço quando fiz o teste para um filme em Hollywood, e eles miraculosamente me aceitaram. Foi quando eu senti que havia um lugar para mim. Eu mudei. Eu me arrependia de tudo o que tinha feito no passado, e quando vi Lucy, eu soube que nossa relação era algo que eu precisava consertar.

–– Eu só espero que você me perdoe, Quinnie – sussurrei, soltando um pequeno suspiro.

E eu faria de tudo para conseguir aquele perdão, nem que para isso eu precisasse me humilhar aos seus pés. Peguei meu celular e disquei o número da minha mãe. Eu duvidava muito que depois do acidente, Lucy continuasse a estudar no Lima High. Mamãe me contara que ela andara estranha recentemente, vestida de punk, com os cabelos rosas. Mas a Quinn que eu vira estava de volta ao uniforme as cheerios, e com os cabelos perfeitamente pintados de loiros. Eu não falava com a minha mãe há muito tempo, mas se eu quisesse mesmo fazer as pazes com a Lucy, eu precisava saber um pouco mais dela. E eu estava disposta a aprender tudo. Eu estava disposta a consquistar aquele perdão.

–– Alô? Mãe?

–– Blair? Meu amor, como você está?

–– Estou bem, mãe. A senhora está em Lima?

–– Sim, querida. Estou sim.

–– Será que podemos conversar amanhã?

–– Você vem me visitar de novo?

–– Sim... Que horas Quinnie saí para a escola?

–– Às sete.

–– Passo aí às oito.

E então, eu desliguei. Amanhã seria um longo dia, e eu estava preparada para enfrentá-lo.