Nem Todo Mundo Odeia O Chris - 1ª Temporada escrita por LivyBennet


Capítulo 8
Todo Mundo Odeia a Lavanderia


Notas iniciais do capítulo

Curtinho... To sem inspiração hoje, mas acho que ficou bom.



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POV. CHRIS (Brooklin – 1982)

                Pra ir pra escola, eu pegava três ônibus e como eu estudava pela manhã, eu dormia 3 horas a menos que qualquer um da minha turma, com exceção da Lizzy que ia comigo todo dia. Mas ao contrário dela eu não tinha disposição de ferro, então acabava dormindo na aula. Nunca tinham me pegado dormindo na sala, mas eu sabia que um dia ia acontecer. A única recompensa que eu tinha era o sábado. Eu dormia até tarde quase sempre, mas amanhã tinha uma coisa especial.

                “E aí, Chris, vai assistir Rocky amanhã?” O Greg também gostava.

                “Vou sim, mas eu tenho certeza que minha mãe vai pôr condição. É a cara dela.” Aí eu lembrei o detalhe excruciante. “Ah, droga! Esqueci que minha TV tá quebrada!”

                “O quê?” Disseram os dois juntos.

                “Como assim? Sem TV o fds inteiro? Eu me matava!” Lizzy.

                “Eu sei. Vai ser um saco, mas não posso fazer nada.”

                “Vai fazer o quê então?” Greg.

                “Dormir e ficar na frente da casa...”

                “... conversando comigo!” Lizzy

                “Ah, é. Vocês passam bastante tempo juntos, né?” O Greg fez uma cara que eu fingi não ver. Ainda bem que não contei pra ele do beijo.

                No sábado, eu tava curtindo meu sono favorito quando fui acordado por trovões. Sim, trovões. Eles chamavam meu nome... Peraí! Desde quando trovões falam? E desde quando chamam meu nome? Abri os olhos e vi que era minha mãe gritando.

                “CHRIS! Eu e seu pai vamos sair pra comprar uma TV nova, então você vai pra lavanderia com Drew e Tonya.” WHAAAAAT? Em pleno sábado de manhã? Aquilo vai estar um caos! E eu tinha mesmo que levar a Tonya?

                “Mãe, eu não quero ir pra lavanderia, estou cansado.”

                “Mas você precisa ir. Vamos, Chris.” Aqui ela começou a me puxar. “Se você me obedecer, eu deixo você assistir o Rocky hoje.” Começou a falar minha língua. “Então não misture coloridas com brancas, e coloca a secadora no médio pra roupa não encolher. Toma o dinheiro.”

                Como eu disse, lavanderia num sábado de manhã é o caos generalizado. Ali é cada um por si e até cachorro brigava por uma máquina vazia. Eu tinha que fazer Drew e Tonya me ajudarem, mas sabia que a Tonya não ia cooperar.

                “Deixa eu ficar com o dinheiro.”

                “Não quero que perca.”

                “Eu não vou perder.”

                “Pode ficar com o dinheiro contanto que se comporte.” Dei o dinheiro pra ela e ela foi trocar por moedas pras máquinas.

                Ok. Eu separei a roupa branca da colorida e tive que esperar uma máquina desligar. Só que fui esperar dormindo. Pedi pra Tonya me acordar. Pensei que se tratando da roupa dela, ela não ia desobedecer. Maior vacilo. Mas tinha alguém me chamando e não era a Tonya. Abri os olhos.

POV. LIZZY

                Saco!!!! Odeio acordar cedo em um sábado de manhã!(sentimento compartilhado por muitos, eu acredito.) Minha mãe tá virando uma sem noção. Ela me acordou cedo pra comprar sapatos! Dá pra creditar? Tinha uma loja que ela gostava sempre de ir, era a Fashoes. Sem poder argumentar, fui com ela. Ela demorou uma hora escolhendo um sapato. Eu não tava aguentando mais.

                “Mãe, posso dar uma volta? Isso tá me sufocando.” Ela fez que sim friamente e eu saí. Ai, que alívio! Eu sabia que ela não ia sair dali por mais duas horas, então fiquei passeando. Poucas lojas abriam no sábado, mas tinha um lugar mais na frente que estava lotado. Pensei que fosse uma liquidação e fui lá ver. Engano. Era a lavanderia.

                Estava lotada, mas só tinha negros. Eu sabia que lavanderias só são usadas por pobres, mas eu não tinha preconceito com isso. Eu era amiga de um negro que era surrado quase diariamente na escola. Então, sem preconceito. Fiquei olhando pela janela e vi um garoto negro sentado em uma cadeira e ele me pareceu levemente familiar. Peraí! Era o Chris! É. Faz sentido. Ele vem pra lavanderia. Sem medo de chamar atenção, eu entrei. Todo mundo olhou pra mim. Ok. Eu era a única branca, mas assim era demais. Eu tava me sentindo num palco com todos aqueles olhos em mim. Ignorei. Lentamente eles voltaram ao que estavam fazendo.

                Fui na direção do Chris, ele tava dormindo. Sacudi ele de leve pra acordar.

                “Chris. Acorda, Chris.” Ele abriu os olhos.

POV. CHRIS

                Ah, era a Lizzy... A LIZZY?

                “O que tá fazendo aqui?”

                “Minha mãe tá comprando sapatos e eu resolvi dar uma volta. Olhei pela janela e ti vi.”

                “É. Um saco. Ainda bem que você me acordou. Pedi a Tonya, mas ela não ajuda.”

                “Eu não vi ela. Vi só o Drew lutando artes marciais com o vento. Eles não te ajudam?”

                “Não. Só atrapalham, mas eu to acostumado.”

                “Quer ajuda, então?”

                “Por favor.” Ela me ajudou a pôr a roupa na máquina.

                “Cadê a Tonya? Eu preciso do dinheiro que tá com ela.”

                Naquele momento a Tonya apareceu com uma lata de refrigerante na mão.

                “Por que não me acordou?”

                “Você não manda em mim.”

                “Onde conseguiu isso?”

                “Naquela máquina ali.”

                “Gastou nossas moedas?”

                “Eu estava com sede.”

                “Mas agora não vai sobrar dinheiro pra secadora.”

                “Não é problema meu.” Quando eu ia abrir a boca pra responder, a Lizzy falou. Ela tava ficando vermelha de raiva.

                “Olha aqui, sua garota estúpida! Uma vez na sua vida seja útil pra alguma coisa! Você só sabe atrapalhar e encrencar os outros! Desde que eu fiquei amiga do Chris eu não vejo você usar essa sua cabeça pra fazer uma coisa que preste! E eu só não te desci o braço ainda porque tenho muita amizade pelo teu irmão! Agora, senta aí e não atrapalha mais!”

                Ok. Eu fiquei chocado, mas eu adorei. Há muito tempo eu sentia uma vontade enorme de gritar com a Tonya, mas se eu fizesse isso ela ia contar pro papai e ele ia me dar uma bifa. Então eu me segurava. Mas a Lizzy falou tão sério que a Tonya ficou sem reação e sentou bem quietinha até a gente voltar pra casa. A gente foi ajeitar a roupa e eu esperei ela falar.

                “Desculpa, Chris. Por eu ter gritado com a sua irmã. É que com tudo que você já me contou, eu não gosto do que ela faz com você. Ela nunca se dá mal e isso me irrita muito.”

                “Não faz mal. Eu adorei.” Ela me olhou surpresa.

                “Sério?”

                “Muito sério. Sempre senti vontade, mas nunca fiz por que sabia que me daria mal de novo. E você me defendeu de novo.”

                “Ainda não se acostumou com isso? Somos amigos, Chris. Eu sempre vou te ajudar assim como sei que você também sempre vai me ajudar.” Ela sorriu e eu senti mais uma vez o peso de uma amizade de verdade. Eu seria amigo dela pra sempre.

                Eu ia colocar roupa branca com colorida por que a Tonya tinha gastado o dinheiro, mas a Lizzy não deixou.

                “Nada disso. Você não vai colocar misturado.”

                “Mas o dinheiro não vai dar. A Tonya gastou.”

                Ela foi lá na máquina de trocar dinheiro, colocou uma cédula e voltou com um montinho de moedas.

                “Ah, não. Eu não vou aceitar.”

                “Vai sim. Se te faz sentir melhor, depois você me devolve.” Isso me fez sentir bem melhor.

                “Ok.”

                Apesar da lavanderia ser um saco, era bom ter alguém me ajudando pra variar. A Lizzy me ajudou a lavar e secar a roupa. Se não fosse por ela, eu teria colocado a secadora no máximo e as roupas teriam encolhido. Eu não tava lembrando o que minha mãe tinha dito.

                “Chris, tenho que ir agora. Minha mãe deve estar terminando. Te vejo mais tarde.”

                “Tá bom. Tchau e obrigada.”

                “Que nada.” Eu rio sempre do bordão dela.

                Quando a secadora terminou, juntei a roupa e fomos pra casa. Drew subiu e a Tonya só falou quando estávamos na escada.

                “Por que deixou ela gritar comigo? Você é meu irmão, devia ter me defendido.” Eu não aguentei, tinha que falar.

                “Por que eu ia defender alguém que só quer me ferrar? Se não fosse pela Lizzy você teria feito a mamãe me dar uma surra por ter deixado a roupa branca colorida e encolhida. Você só me atrapalha. Sempre sou eu que pago por todas as coisas ruins que você faz. Eu te odeio, Tonya.” Ela subiu correndo e eu subi atrás.

                Quando nossos pais chegaram com a TV eu já tava fazendo festa em pensamento. Eu tinha feito tudo certo e poderia assistir o Rocky. Mas faltava um tempo pro filme começar então eu desci pra calçada e assobiei três vezes.

                “Oi.”

                “Oi. Meus pais compraram uma TV nova.”

                “Que bom. Agora vai poder assistir o Rocky.”

                “Valeu por hoje. Se não fosse você eu teria me encrencado.”

                “Que nada. E desculpa de novo por gritar com a Tonya.”

                “Não posso te julgar, fiz a mesma coisa.”           

                “Como assim?” Contei pra ela o que tinha dito pra Tonya.

                “Você disse que odiava ela?” A cara dela não era boa.

                “Disse. Foi errado, né?” Eu sabia que sim, mas precisava que ela dissesse.

                “Por mais que eu não goste dela, foi errado sim. Eu tenho uma irmã, Chris. Nós somos muito amigas agora, mas também tivemos nossas brigas. A verdade é que ela sempre vai ser sua irmãzinha e você nunca vai se ver livre dela. Por ela ser uma criança, não espere uma atitude madura dela. Certo que nós também não somos adultos, mas temos uma ideia melhor do que é certo e errado. E eu sei que você vai fazer a coisa certa. Tchau.” Ela fez um carinho no meu rosto e entrou.

                Fiquei pensando no que ela disse e resolvi falar com a Tonya. Ela tava sentada perto da escada.

                “Achei que você ia falar pro papai.”

                “Eu ia, mas desisti. Você me odeia mesmo?” Pensei naquilo e vi que não.

                “Não, eu não te odeio. Mas você me irrita muito.”

                “Desculpa.” Como assim? Ela, pedindo desculpa? “Ainda vou te encrencar de novo, sabe né?”

                “Ainda vou dizer que te odeio também.”

Levantei e fui pra sala assistir meu filme.

...

Por: LivyBennet


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Notas finais do capítulo

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