Nem Todo Mundo Odeia O Chris - 1ª Temporada escrita por LivyBennet


Capítulo 15
Todo Mundo Odeia Dia dos Namorados


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem a ausência!
Provas, trabalhos, faculdade. Tô ficando esgotada.
Demorou, mas chegou!



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POV. CHRIS (Brooklin – 1983)

Antes de fazer treze anos eu nunca tinha ligado pro Dia dos Namorados. Eu era criança, então garotas não eram tão interessantes. Mas em 1983 a coisa mudou de figura por que eu era adolescente. Eu saía e via todo mundo abraçado ou se beijando e me dava uma inveeeeeeja. Lá na escola tava tudo flores e corações pregados nas paredes e eu tava boiando por que sabia que não ia ganhar nada. Todo mundo trocava cartões, menos eu. Eu não tinha pra quem mandar e nem quem mandasse pra mim.

“Que cara é essa, Chris?” Lizzy.

“Nada não.” Não ia falar pra ela. Ela ia pensar o quê? Que eu era um carente!

O Greg chegou e cumprimentou a gente. Abri meu armário e pra minha colossal surpresa tinha um envelope lá.

“Abre, Chris! É de uma garota.” Como o Greg consegue ser tão óbvio?

“Humm. Arrasando corações.” Eu sei que ela riu às minhas custas.

Abri e pela primeira vez o Greg não foi tão óbvio. Não era de uma garota, era do Caruzo. E o descarado apareceu na hora e ainda recitou uns versinhos.

“Sai fora, Caruzo! Será que você não consegue deixar a gente em paz?”

“Quem disse que eu quero deixar vocês em paz?”

“Eu digo! Sai daqui, elefante ruivo!” Ela o empurrou e ele caiu. Ri disso por vinte minutos. Fomos os três pra sala e deixamos o elefante ruivo lá.

Desde que a Lizzy se mudou pra casa ao lado da minha, ir pra escola não era mais tão ruim. Eu não ia sozinho e não era tão alvo de preconceito por que andava com uma branca. Mas apesar de andar com uma garota, isso não me impedia de olhar pras outras. E mesmo sabendo que minha chance era mínima, eu tive minhas paixonites. Uma delas foi a Tangee. Era minha paixonite do ônibus. Ela só falava ‘oi’ comigo. Não sei se era por que eu tava com a Lizzy, mas não passava disso. O problema é que era tinha um namorado. O cara era o maior grosso e insuportável, e eles viviam brigando dentro do ônibus. A Lizzy rolava os olhos e fingia que não ouvia, mas eu ficava assistindo.

Lá em casa enquanto eu recebia cartões do Caruzo, o Drew recebia ligações de garotas. Minha mãe não gostou nada e mandou ele dizer pra elas pararem. Por idiotice acabei soltando que tinha recebido um cartão com ‘eu te odeio’. Minha mãe perguntou de quem foi, mas eu desconversei. Não queria falar pra ela na frente de todo mundo.

No outro dia eu tava conversando com a Lizzy e o Greg nos armários quando uma garota chegou e entregou um cartão pro Greg. Senti como se fosse uma bofetada na cara. O Greg ganhou cartão do Dia dos Namorados e eu não! A Lizzy me olhou com pena.

“Não liga não, Chris. Você vai ganhar um.”

“Valeu.” Abri meu armário e vi outro envelope. Fiquei até na esperança, mas eu já sabia de quem era. Outro versinho do Caruzo. Que ódio! Já tava começando a me irritar.

Li em voz alta, mas quando terminei a Lizzy tomou o cartão da minha mão, rasgou e jogou no lixo.

“O Caruzo é mesmo um idiota.”

Ver a Tangee era algo inesperado, então eu ficava todo feliz quando ela entrava no ônibus. A Lizzy ignorava minha cara de bobão, mas eu nem ligava. O problema da Tangee continuava sendo o namorado e eles continuavam brigando. Um dia a briga foi tão feia que eu tomei coragem e me meti. Não sabia o que ia fazer, o cara era mais alto que eu. A Lizzy até tirou o headphone e ficou me olhando. Só não levei uma surra por que o motorista mandou o cara descer. Fui conversando com ela dali até a parada dela. Foi bem legal e ela me deu um cartão de Dia dos Namorados e um beijinho na bochecha. Cheguei em casa nas nuvens. Só acordei quando ouvi a Lizzy rindo.

“Tá rindo do que?”

“Da sua cara de idiota. Chris, ela é só alguém que você conheceu no ônibus.”

“Mas eu gosto dela.”

“Ok. Se você tá dizendo. Até amanhã.”

“Até.”

“E vê se compra um cartão pra ela.”

“Vou comprar.” E entramos.


POV. LIZZY

O Chris é muito engraçado. É só uma garota falar ‘oi’ pra ele que ele já se apaixona por ela. É hilário. Não sei como ele não se apaixonou por mim, mas ainda bem que não. Esse negócio de amor é uma furada e eu não ia gostar de dar um pé nele. Mas não vou negar que sinto falta de alguém que cuide de mim. Ele de vez em quando faz isso. É meu melhor amigo.

E por falar em melhor amigo, meu projeto tá a todo vapor. Logo o Chris vai ter uma surpresa ótima. Pelo menos eu acho que ele vai gostar. Eu não vou ter problemas com isso, mas se ele achar que é muito invasivo eu dou um jeito de desfazer. Mas eu só vou saber isso quando eu terminar. Mãos à obra!

POV. CHRIS

O Caruzo continuava me mandando cartões e eu tava me irritando cada vez mais. Minha frustração passou quando eu comecei a falar da Tangee pro Greg. A Lizzy já sabia então se isolou um pouco da gente com o headphone. Ele ficou revoltado quando disse que tinha ganhado um cartão. Disse que era pra eu ter ligado pra ele pra contar. Eu lá tenho cara de fofoqueiro? Contei pra ele a história toda e ele ficou mais animado do que eu que ganhei o cartão.

Na loja de cartões o problema era encontrar o cartão perfeito: eu pra Tangee, e o Greg pra Joy. A gente quase implorou a Lizzy pra ir com a gente pra dar opinião já que ela era uma garota. Ela fez uma cara de enjoo e disse que ia pela amizade. Todos os cartões que a gente escolhia ela dizia não. Até que eu encontrei um estilo ‘blackpower’ e o Greg achou um estilo ‘nerd’. Eram aqueles mesmo. Os envelopes eram iguais, então tínhamos que decorar qual era de quem.

“Me dá aqui.” Lizzy. Ela pegou os envelopes e colocou a primeira letra do meu nome no meu e a primeira letra do Greg no dele. “Pronto. Agora ninguém se confunde mais.”

“Valeu.” Dissemos juntos.

“Agora, por favor, me libertem desse martírio.”

“Ok. Vamos.”

No outro dia a Joy chegou antes do que nós esperávamos e o Greg quase teve um infarto.

“Me dá o cartão!” Peguei o primeiro cartão que tava na minha frente e entreguei pra ele. Quando ele ia entregar pra Joy, a Lizzy chamou nossa atenção.

“Greg!” Ela passou pelo meu armário, pegou o outro cartão e entregou pra ele, pegou o que tava com ele e entregou pra mim. “Você deu o errado.” O Greg entregou o cartão pra Joy e ela saiu.

“Valeu, Lizzy.”

“Vocês são uns tapados quando se trata de garotas.” Ela tava rindo da nossa cara.

“Muito engraçado.” Me virei pro meu armário e vi um envelope como nos outros dias. Eu sabia que era do Caruzo e resolvi explodir igual à Lizzy. Quando eu ia rasgar o envelope...

“Chris, não rasga!”

“Como assim não rasga? Você sabe que é do Caruzo.”

“Na verdade não é. É da Srta. Morello.” O queeeee??????

“O que?”

“Eu vi ela colocando no seu armário hoje.”

Abri e era dela mesmo. Fique feliz por pelo menos a psicopata da Srta. Morello se lembrar de mim.

Quando eu entreguei o cartão pra Tangee eu pensei que seria no mínimo bem recebido. Vacilo. Ela me esculachou bonito. Reclamou que eu só tinha comprado um cartão, que queria coisa melhor, me mandou calar a boca. Eu fiquei só escutando. Ser esculachado no ônibus foi uma das piores experiências da minha vida amorosa. Olhei pra Lizzy e vi que ela já tava ficando vermelha: péssimo sinal. Me preparei pra explosão.

“Olha aqui, sua sem noção. Quem você pensa que é pra falar assim com o meu amigo? Ele tentou te agradar te comprando um cartão e é assim que você agradece? Se eu fosse ele nem olhava mais na sua cara. Mal agradecida! Ele mal te conhece e você já quer que ele te compre mais que um cartão? Ah, me poupe. Você devia ter ficado com aquele idiota do seu namorado mesmo. Vocês dois combinam.” Eu não sei o que a Lizzy tem que quando ela dá lição de moral em alguém, a pessoa fica sem reação. Não diz uma única palavra. Mas eu só digo que é um dom no dia que eu ver isso funcionar com a minha mãe. Ela levantou, me puxou pela mão e a gente desceu na nossa parada.

“Uau! Sou seu fã.” Ela riu. Fomos andando.

“Sempre termina assim.”

“Eu sei. Você sempre me defende. Às vezes me sinto um idiota por isso.”

“Por ser defendido por uma garota? Pára com isso. Você é meu amigo e eu sei que faria o mesmo por mim.”

“É, só que eu não sei como fazer e nem tenho coragem. Você sempre resolve suas coisas sozinha. Nunca precisa da minha ajuda.” Isso me incomodava às vezes. Ela sempre me ajudava e eu não podia devolver o favor.

“Ninguém é forte o tempo todo, Chris. Um dia eu vou precisar e eu sei que você vai me ajudar. E sinto muito por não ter dado certo com a Tangee.”

“Também. Eu gostava dela.” Ela me olhou de lado.

“Gostava mesmo?” Pensei direito.

“Na verdade, não. Eu só fiquei a fim dela por que ela falou ‘oi’ pra mim.”

“Sério?” Ela tava rindo de mim de novo.

“Você sempre ri. Eu sou tão engraçado assim?”

“Você não tem noção.” Ela ria que perdia que o fôlego.

“Mas, quer saber? Foi bom não ter dado certo. Eu já tenho uma mulher que grita comigo todo dia: minha mãe. Pra que eu ia querer outra?” Rimos até chegar em casa.

“Até amanhã, Chris.” Ela virou pra entrar, mas desistiu e virou pra mim de novo. “Toma.” Ela abriu o caderno e me entregou um cartão.

“Pra mim?”

“Claro. Eu também não tenho pra quem dar.” Peguei o dela e decidi dar o que eu ia dar pra Tangee pra ela.

“Quer ficar com ele?”

“Quero. Escreveu algo dentro?”

“Não, foi mal. Posso abrir o meu?”

“Pode.” Cada um abriu o seu. O meu dizia:


Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente

E se inaugura aqui mesmo o seu começo.
  Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu.
 "Ser seu amigo, já é um pedaço dele..."


Não importa o que os outros digam

Será sempre meu amigo!

Lizzie

Eu não sabia o que dizer. Eu gostava muito daquela garota. Como eu não tinha escrito nada no meu, resolvi dizer pra ela que me importava com a única maneira que conhecia: um abraço.

“Valeu, Lizzie. Eu também me importo muito com você.”

“Eu sei, Chris.” Ainda abraçada comigo ela deu um beijo no meu rosto. “Te vejo amanhã.” Nos separamos.

“Até amanhã.”

Entrei e subi as escadas pra casa mais feliz que pinto no lixo.

...

Por: LivyBennet



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Notas finais do capítulo

Reviews! Reviews!
O que vcs acham que a Lizzy tah tramando hein?