Por você mil vezes - Jacob e Sofia escrita por Anne


Capítulo 39
2xO3 - Adaptações


Notas iniciais do capítulo

Meninas, meninas, meninas. MIL PERDÕEEEEEEES! Sério, eu sei que fiquei dois dias sem postar e tudo mais, maaaas eu tive minha razões, tive alguns problemas pessoais e se possivel eu queria que vocês me entendessem, por favor. E espero que gostem do capítulo viu, beeeeeeeijos, e mais uma vez DESCULPA!



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Comecei a arrumar minhas coisas para poder finalmente voltar para casa.

- Você já avisou para Kim e para o resto dos seus amigos que já recebeu alta? - Minha mãe falou enquanto me ajudava a ajeitar a mala que ela havia trazido.

- Não e nem pretendo.

- Por quê?

- Porque eu não quero que ninguém me veja assim mãe, não agora pelo menos.

- Não dá pra ficar fugindo do mundo e das pessoas Sofia. - Só fiquei calada, sabia que aquela conversa não iria dar em nada.

Chegamos em casa com, além das minhas coisas, um novo acessório que eu odiava. Muletas. Era ridículo ter ficar andando com aquilo direto, e machucava, mas era o que eu tinha pra poder tentar andar.

- Acho que vamos ter um pequeno problema aqui. - Disse olhando para a enorme escada que estava em minha frente. - Não dá pra subir com essas muletas.

- É para isso que você tem esse pai forte e sarado pra te carregar. - Meu pai disse rindo e me pegou no colo.

- Parece que eu voltei a ter um ano de idade e não posso mais fazer nada sozinha. - Resmunguei.

- Seria bom se você pesasse o que pesava quando tinha só um ano de idade.

- Pai. - Revirei os olhos. - Sem piadinhas, por favor. - Ele apenas sorriu.

Parecia que algum anjo, se isso existe mesmo, tinha mandado meu pai de volta justo quando eu mais precisaria dele. Porque mesmo estando sem o Jake aqui e mesmo tendo meu futuro simplesmente destruído, eu ainda tinha minha família, que estava comigo sempre. Tentei manter minha mente focada nesse fato, porque se passasse o dia pensando em tudo o que eu havia perdido eu provavelmente iria a loucura.

Eu queria retomar minha vida, queria mesmo. Tentar ao menos deixar ela o menos pior possível de se viver. Mas alguma coisa dentro de mim simplesmente me impedia. Sempre eu pensava em fazer algo, dizer algo, tomar alguma atitude, tinha uma voz na minha cabeça que me dizia que eu não ia conseguir que eu não era capaz, não mais. Com o passar dos dias, minhas limitações ficaram mais amostra, o que me frustrou bastante, eu não estava acostumada a não conseguir fazer alguma coisa. Porque por mais que eu não conseguisse fazer algo antes, eu tinha pelo menos a chance de tentar, errar e tentar de novo. Agora não. Agora as coisas tinham ficado mais complicadas. Mesmo com a companhia da Alice, do Giorgio, da Kim e dos meus pais, eu me sentia terrivelmente sozinha e inútil. E não adiantava dizer para mim mesma que isso não era verdade. Eu estava ali, viva, não inteira como antes, mas eu estava viva, certo? Isso já não é motivo bastante para superar as coisas? Então o que havia de errado comigo?!

Tinha completa convicção das coisas boas que eu recebi com tantos acontecimentos traumáticos na minha vida, eu ganhei experiência, porque com a vida te derrubando tantas vezes de formas diferentes, você aprende que pode sim se colocar de pé e ir à luta de novo. E se você cair? Levanta mais uma vez.

Em tese pareciam ótimos conselhos, mas não para mim, não era o suficiente. Eu estava triste, deprimida e sem vontade de fazer nada.

- Acho que já está passando da hora de você voltar para o colégio, não acha? - Minha mãe disse entrando em meu quarto.

- Na verdade... Estou pensando seriamente em terminar os estudos em casa.

- Mas só falta um semestre pra você se formar.

- Exatamente. Apenas um semestre e o ensino médio acabou. Pra quê voltar para o colégio? Já perdi tantas aulas que nem sei se ia conseguir acompanhar. Eu prefiro estudar por conta própria.

- E você vai perder todas as coisas do ensino médio? A formatura? O baile?

- Isso nunca foi prioridade mãe, e não é agora que vai começar a ser. Se eu consegui me formar, já acho grande coisa.

- Então você vai se isolar das pessoas agora?

- Não, vou evitar aborrecimentos por conta das pessoas, é diferente.

- Isso não faz o menor sentido...

- É claro que faz mãe. Já é difícil ter que aguentar vocês me olhando assim, imagina no colégio. O que é que vão ficar falando de mim? Acredite em mim mãe, será muito melhor se eu puder evitar certas coisas. - Ela assentiu com a cabeça e saiu.

Acho que no fundo ela sabia que iam ter pessoas que iriam me fazer sentir diferente, excluída, claro que iriam ter. O que seria do mundo se não existissem os idiotas?

O problema é que esses idiotas não iriam perceber que apesar de tudo, eu era a mesma Sofia, a mesma garota de sempre. Desastrada, complicada, meio louca... Mas eles não iriam mais me ver assim, iriam me ver como "A pobre menina que sofreu um acidente, que não pode mais dançar e que foi abandonada pelo namorado". Quando Jake e eu terminamos ficou insuportável ficar naquele lugar, com todo mundo comentando da nossa vida, imagine agora, se eu apareço manca?

Eu estava na fase de tirar tudo o que me fizesse mal e deixar apenas coisas boas perto de mim. Era o mínimo que eu podia fazer por mim mesma.

Olhei para o criado mudo ao lado da minha cama e reconheci um papel que havia colado ali há bastante tempo. Tinha escrito: "O para sempre é muito tempo, mas eu não me importaria de passar ao seu lado.”.

Um "flashback" literalmente invadiu minha mente. Vi e revi todas às vezes, todos os dias e os momentos que passei ao lado "Dele", foi automático, um sorriso se formou em meu rosto, mas logo se desfez por conta de uma lágrima que insistia em cair de um dos meus olhos com um gosto amargo, culpa da saudade.

Acho que aos poucos eu começava a entender o significado do amor que ele tanto falava. Eu não o queria, desesperadamente, perto de mim se não fosse o melhor para ele. Eu só queria saber se ele estava bem, se estava feliz. Eu sentia sua falta, a cada minuto que passava eu sentia sua falta, mas eu começava a pensar que Jake foi sábio na decisão que tomou. Um tempo, era só isso que ele estava me pedindo, um tempo para ele.

Tirei o tal papel do criado mudo, aquilo não me servia mais. Peguei uma folha nova e coloquei novas palavras nele, palavras que se encaixavam mais com meu atual estado.

“Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferida e que quase morri. Não dizer nada. Fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingir dormir, fingir que tudo está certo e que mesmo com o coração rasgado, eu vou ficar bem.”.


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